A cidade de Marbella é o grande centro da região turística da Costa del Sol, mas nem tudo nesta cidade tem um particular interesse que justifique uma visita. A cidade desenvolve-se por uma extensão de quase seis quilómetros ao longo da costa mediterrânica, onde se incluem áreas urbanas e até zonas industriais, mas contém também vários aldeamentos turísticos.
Marbella poderia ser só mais um espaço urbano da Costa del Sol, apinhado de turistas nas ruas e nas praias, como outros que não nos despertaram qualquer interesse, (de Estepona a Fuengirola, ou de Benalmádena a Torremolinos, locais que tínhamos visitado há muitos anos e que não quisemos repetir desta vez). Mas, apesar de tudo, esta cidade é especial, apenas porque o seu Casco Viejo, ou Centro Histórico, é algo realmente singular e muito interessante, construído após a reconquista cristã em 1485 e com traços visíveis dos antigos edifícios do período muçulmano.
E foi isso que quisemos visitar nesta nossa paragem em Marbella… as ruelas estreitas e as praças floridas do pitoresco centro histórico da cidade, com as típicas casas brancas dos pueblos da Andaluzia.
Junto aqui o mapa desta zona da cidade, que inclui ainda o trajeto que nos leva até à marginal e às praias, que também haveríamos de visitar. Assinalo alguns dos pontos de passagem ao longo da cidade velha, que percorremos de forma completamente aleatória, passando várias vezes pelas mesmas ruelas e praças, ao sabor da torrente daquilo que nos ia atraindo.
O Centro Histórico
A visita a esta parte de Marbella, que não é mais do que uma pequena aldeia dentro da cidade, leva-nos, sem destino, a percorrer aquilo que nos vai inspirando a cada momento, das praças mais concorridas, onde surgem as igrejas que se erguem no bairro, às ruelas mais estreitas, quase sempre adornadas pelo colorido das buganvílias… e há também um sem-número de restaurantes que aproveitam cada pequeno espaço para as suas esplanadas que perfumam o bairro com os aromas dos seus cozinhados, convidando-nos a parar para umas tapas e uma copas… mas que deixámos para mais tarde.
Num bairro tão pequeno como este há ainda espaço para duas igrejas católicas, embora, uma delas seja uma pequena capela, a Ermita del Santo Cristo, que encontramos na bonita Plaza Santo Cristo.
Depois basta percorrer pouco mais de 200 m, descendo pela Calle Virgen de los Dolores, e chegamos à Plaza de la Iglesia, que fica meio-escondida no centro do bairro e onde se ergue a Iglesia de Nuestra Señora de la Encarnación, a maior e mais importante igreja católica da cidade de Marbella.
Bem próximo desta igreja surge a principal praça do bairro, a Plaza de los Naranjos. Trata-se do verdadeiro coração deste centro histórico, uma praça composta pelas típicas casas brancas andaluzes, onde encontramos o edifício do Ayuntamiento de Marbella, a Câmara Municipal da cidade.
O centro da praça tem um pavimento feito em calçada decorativa de calhau rolado preto e branco, e é cercada por laranjeiras, plantadas em meados do século XX, as quais dão à praça o seu nome atual.
Num dos cantos da praça encontramos uma fonte renascentista e ainda uma pequena capela, a Ermita de Santiago. Mas aquilo que mais se destaca atualmente, é que a praça se transforma diariamente num imenso restaurante, com esplanadas ininterruptas ao longo de todo o seu contorno, que se enchem de turistas, sobretudo com o aproximar do final da tarde.
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Para além destes polos de interesse, religioso e turístico, o centro histórico de Marbella tem uma rede com múltiplas ruelas que percorremos como quem descobre a saída de um labirinto, para chegarmos depois às praças e pracetas, quase sempre aproveitadas como espaço de esplanada de bares e restaurantes.
Sem mencionar especificamente quais as ruas ou praças que deverão ser visitadas, diria apenas que nos devemos deixar levar ao sabor do que nos vai atraindo, palmilhando cada rua e explorando cada recanto e, certamente, encontraremos lugares pitorescos e de grande beleza, como neste pequeno largo… com estas flores tão lindas!
As Praias de Marbella
A saída da cidade velha para a Marbella moderna faz-se através do Parque de la Alameda, um jardim urbano com uma vegetação densa, o pavimento em mármore decorativo, e duas fontes, uma delas bem ao centro, a Fuente Virgen del Rocío.
De seguida entramos pela alameda que liga o parque ao Paseo Marítimo, a chamada Avenida del Mar, uma praça urbana moderna e com pouca vegetação, apenas alguns canteiros, com todo o pavimento em mármore decorativo amarelo, e espetacularmente adornada com fontes, pérgulas e, principalmente, com uma coleção fantástica de esculturas feitas a partir de desenhos de Salvador Dalí.
A coleção reúne 10 esculturas em bronze desenhadas por Dali, um extraordinário museu a céu aberto, que podemos apreciar de perto e de forma gratuita, mas, talvez por isso, por ter acesso livre, muitos turistas passam por esta preciosidade sem valorizarem minimamente aquilo que estão a ver.
Este é daqueles lugares que merece uma paragem demorada e tranquila em plena praça, para nos deixarmos envolver fisicamente por aquela raridade, e podermos experimentar a sensação de ficarmos cercados de estátuas concebidas por Salvador Dali, que podemos tocar e apreciar dos vários ângulos e sem limitações... só por esta avenida e já se justificou plenamente este desvio à cidade de Marbella.
Queríamos ainda experimentar a praia, apenas porque estava calor e a água costuma ter uma ótima temperatura. Mas, como em todas as praias desta costa, com aquela areia horrível, grosseira e escura, e com o amontoado de banhistas que encontrámos, rapidamente resolvemos desistir. Há quem não seja impressionável com a areia escura, mas, para mim não é assim, é tão importante uma boa areia, como uma boa água… se calhar, sou só eu que sou um bocado picuinhas.
Deixámo-nos ficar junto à praia até ao cair da tarde, quisemos desfrutar da brisa mais fresca que corre no calçadão, e que acalma o calor de uma tarde típica da Andaluzia… iríamos ainda voltar ao centro histórico para jantar num dos muitos restaurantes de rua, aproveitando aquele ambiente extraordinário, mas, por agora, ficaríamos um pouco mais junto ao mar, apreciando as cores do entardecer.