domingo, 22 de abril de 2012

Génova

A cidade de Génova é bem diferente da maioria das cidades italianas e, na minha opinião, não é, de todo, das mais interessantes deste país. Tinha cá vindo numa passagem fugaz durante um inter-rail e não fiquei com grande vontade de voltar, e passaram quase 30 anos para esse regresso. Mas, desta vez, a cidade pareceu-me bastante diferente, sobretudo na zona do porto, que era apenas um porto industrial e agora toda aquela zona é uma imensa marina e um dos locais que mais atrai os habitantes da cidade e todos os que a visitam.

Historicamente a cidade é um local de referência, a antiga república marítima de Génova teve um papel de destaque na exploração do mar e no descobrimento de novas terras ao longo dos séculos da sua existência. Terá mesmo sido o berço oficial de um dos principais marinheiros da história, Cristóvão Colombo, ou Cristoforo Colombo, um genovês que descobriu meio mundo, embora nunca em representação do seu país natal... mas, a realidade talvez não seja bem essa e talvez o grande almirante nem seja sequer genovês, mas isso são teorias de conspiração que mais à frente vou desenvolver. 

A cidade é bastante grande, mas os locais mais interessantes para uma visita turística acabam por se concentrar em três bairros, ou distritos, que incluem o porto e o centro histórico, com um emaranhado de ruelas e becos, ou Caruggi, como aqui são chamados. Foram esses três bairros, San Vincenzo, Molo e Maddalena, que percorremos ao longo do dia que passámos na cidade de Génova. Terminámos depois de uma breve paragem em Boccadasse, um antigo bairro típico de marinheiros e pescadores. 

Quartieri di San Vincenzo:

Começámos pela Piazza Giuseppe Verdi, junto ao edifício monumental da estação ferroviária e seguimos pela Via San Vincenzo, uma rua pedonal, bastante pitoresca e cheia de lojas.

Chegámos depois à avenida mais ampla, a Via XX Settembre, com o comércio mais rico da cidade, sobretudo nas galerias que se formam sob as arcadas dos edifícios imponentes que ficam já próximos da Piazza de Ferrari.
Desviámos na direção da Piazza Dante onde se encontra, junto à Porta Soprana, a Casa de Cristóvão Colombo, um pequeno edifício com uma fachada degradada onde, supostamente, terá nascido e vivido a sua infância, o famoso navegador e explorador do Novo Mundo, e onde está atualmente o museu La Casa di Colombo.

Quando viajamos ficamos surpreendentemente interessados por temas que nos eram completamente indiferentes, mas que, agora, nos fazem todo o sentido. Isso está sempre a acontecer e, no caso concreto da cidade de Génova, é quase natural que se tente refletir um pouco sobre a figura daquele marinheiro que descobriu meio mundo e que terá nascido e vivido naquele local.

Mas, neste caso, existe ainda uma dúvida que é também uma curiosidade interessante, porque, na verdade, não há a certeza de que Cristóvão Colombo tenha nascido naquela casa, nem sequer que tenha nascido em Génova. Para mim - e lá vem a teoria da conspiração - Cristóvão Colombo não era o filho de um tecelão genovês... pelo contrário, Cristóvão Colombo era bem português. Um português nascido no século XV em Cuba, no Alentejo, não foi um acaso ter batizado com o mesmo nome a maior ilha que descobriu no mar das Caraíbas. Era judeu e era fidalgo, porque um filho de um tecelão não chegaria a comandante de uma armada e jamais poderia desposar uma fidalga, como Colombo, que casou com Filipa Moniz, uma portuguesa filha do governador (na altura, capitão donatário) da ilha de Porto Santo.

Mas, se era português, por que razão D. João II lhe negou o apoio da coroa portuguesa para uma expedição na busca do Novo Mundo? E foi essa a razão que o fez rumar a Espanha e foi em nome da coroa espanhola que o navegador se fez ao mar e encontrou as américas em 1492.

A resposta é, também ela, parte da teoria da conspiração. A verdade é que os portugueses já conheciam o que existia a Oeste nas suas incursões por aquelas bandas, embora só tenham formalizado o descobrimento do Brasil seis anos depois de Colombo ter descoberto a América. Mas, conhecendo aquela linha de continente, os portugueses já sabiam que não seria daquele lado que se iria encontrar aquilo que todos procuravam, que era a Índia. Vá-se lá saber porquê mas, naquela época, os reis passavam-se com pimenta e canela e outras ervas de cheiro.

Assim, Colombo foi para Espanha enviado por D. João II justamente para fazer com que a armada espanhola seguisse para Ocidente, desviando-se irremediavelmente da direção que os levaria até à India. E a América foi um efeito secundário, uma espécie de prémio de consolação. 

E foi desta forma que alguns anos depois, Portugal, representado por Vasco da Gama, já durante o reinado do rei D. Manuel I, descobriu o caminho marítimo para a Índia entre 1497-1499. Ou seja, ficámos nós com as especiarias, no bem-bom, enquanto eles tiveram de se contentar com a América e as Caraíbas... se calhar sou só eu, mas isto não me soa lá muito bem!!!

Só para rematar... esta teoria não é minha e já li justificações que a vão provando ao longo das várias fases da vida de Cristóvão Colombo. E eu, que até sou um bocado sético, achei que faziam todo o sentido.

Mas sendo português ou genovês, a verdade é que esta é a casa oficial do grande almirante Cristóvão Colombo e é aqui que podemos visitar o museu feito em sua honra e memória.
A Porta Soprana ou Porta di Sant'Andrea, que fica logo ao lado da Casa de Colombo, foi uma das antigas portas da cidade. Foi construída na época medieval, mas o seu aspeto atual, apesar das diversas restaurações a que foi sujeita, reproduz ainda o projeto original, com um arco central e duas torres laterais.
Esta porta assinala o limite entre a zona nova da cidade, com uma arquitetura clássica, e o seu centro histórico, a cidade medieval, constituída por uma teia de ruelas apertadas, autênticos becos, como a Salita del Prione ou a Via di Ravecca.
Antes de entramos definitivamente pela parte velha da cidade, voltámos à zona mais nobre e mais clássica, chegando à Piazza de Ferrari, ou Piazza Raffaele de Ferrari. É talvez a praça mais emblemática de toda a cidade, fica localizada no seu coração, quase no limite do centro histórico, e é conhecida pela sua fonte majestosa, que é quase um ícone da cidade de Génova.

Na envolvente desta praça existem vários edifícios clássicos, de escritórios, sedes de bancos e companhias de seguros, o que torna este local como o principal centro financeiro e de negócios da cidade de Génova. No final do século XIX, Génova era um dos principais centros financeiros de Itália, juntamente com Milão, e a Piazza de Ferrari foi o lugar onde algumas das principais instituições se estabeleceram, como a Bolsa de Valores, o Crédito Italiano e uma importante filial do Banco da Itália.

A Piazza abriga ainda o alçado lateral do Palácio Ducal, o Museo Accademia Ligustica di Belle Ar, o Teatro Carlo Felice e o monumento a Victor Emmanuel II.

Apesar de estarmos bem no limite do bairro do Molo e do centro histórico quisemos ainda percorrer algumas das ruas mais chiques e monumentais do bairro de San Vincenzo, como a Via de Roma e a Galleria Giuseppe Mazzini, até chegarmos à Piazza Corvetto, com a estátua equestre de Victor Emmanuel II.
Nesta zona, os monumentos e praças majestosas sucedem-se uns aos outros. Ainda no bairro de San Vicenza, mas mesmo à entrada do centro histórico, e do bairro do Molo, encontra-se a Chiesa del Gesù e dei Santi Ambrogio e Andrea, uma das igrejas mais antigas da cidade.

Quartieri di Molo:

Começámos a visita ao centro histórico, no bairro do Molo, pela Piazza Giacomo Matteotti com o magnífico Palazzo Ducale ou palácio dos Dodges, onde residiam os Dodges, ou governantes, de Génova. É um palácio do século XVI e possui vários salões luxuosos, dois pátios e várias galerias em arcadas. Atualmente funciona como centro de arte e cultura e acolhe, no andar nobre, importantes mostras de arte e, nos pátios e arcadas, funcionam estabelecimentos comerciais e de restauração.
Passámos ainda pela Chiesa di San Matteo, uma pequena igreja de estilo gótico muito próxima do Palácio Ducal. 

Entrámos depois no coração do centro histórico, com ruas estreitas e becos, os chamados Caruggi, que caracterizam esta parte da cidade, e que vão intercetando pequenas praças, quase sempre ocupadas por esplanadas de restaurantes ou cafés, como é o caso da Piazza d’Erbe.
Já pelo meio das ruelas medievais da cidade velha passamos junto à torre Maruffo e, logo ao lado, fica a Via San Lorenzo e ergue-se a majestosa Cattedrale di San Lorenzo, a maior igreja da cidade. O Duomo é a igreja consagrada a San Lorenzo, fundada no século IX e escolhida como catedral devido à sua localização protegida, no interior das muralhas da cidade.

Tem uma fachada com listas negras e brancas e caracteriza-se por conter os diversos estilos arquitetónicos da cidade de Génova, desde o portal lateral de San Geovanni, no estilo românico, datado do século XII, aos elementos barrocos de algumas capelas laterais e, no extremo oeste, os três portais em estilo gótico francês. A capela mais luxuosa da catedral é dedicada a São João Batista, o santo padroeiro de Génova, com um sarcófago do século XIII, onde outrora foram guardadas as relíquias do santo.

O Museo del Tesoro di San Lorenzo, localizado no piso inferior e com entrada pela sacristia, alberga vários tesouros, como um prato de vidro verde que, supostamente, terá sido usado na Última Ceia e um prato caledónico azul onde, alegadamente, foi apresentada a Salomé a cabeça de São João Batista.
Nesta zona do centro histórico da cidade encontramo-nos num autêntico emaranhado de ruelas e pracetas entaladas nos edifícios, normalmente altos e com as fachadas pintadas a cores pastel da Ligúria. São os chamados Caruggi, uma espécie de becos muito característicos do centro histórico desta cidade, que são bem diferentes de outros tipos de ruelas que encontramos nas outras cidades italianas.
Chegámos um pouco depois ao nível do mar, uma marginal ampla e extensa junto à marina, com um imenso espaço pedonal, mas que é, inusitadamente, atravessado por uma via rápida em viaduto, certamente produto de uma época em que esta zona da cidade não tinha a nobreza que atualmente lhe é conferida. 

Já em plena marina existem vários polos de interesse, como a zona do Porto Antico ou o Museo Nazionale dell'Antartide, bem junto à baía. E, numa área mais recuada, já depois do viaduto da via rápida, no início da maior praça desta zona, a Piazza Caricamento, ergue-se um bonito edifício, sobretudo pela sua fachada decorada com pinturas, o Palazzo San Giorgio. O palácio foi construído no século XIII para separar e elevar o poder do governo da república do poder religioso do clero, centrado na Catedral de San Lorenzo. Na sua construção foram utilizados materiais da demolição da embaixada veneziana em Constantinopla, que foram oferecidos pelo imperador bizantino como recompensa pela ajuda genovesa contra os venezianos. O palácio chegou a ser usado como uma prisão mas também como edifício residencial, e o seu morador mais notável foi mesmo o explorador Marco Polo, curiosamente uma das grandes figuras da nação veneziana.
Voltando de novo para junto da baía surge o Aquário de Génova, um edifício moderno que se estende ao longo da marina. O aquário é um dos maiores da Europa e atrai mais de um milhão de visitantes por ano. Os tanques contêm seis milhões de litros de água, onde vivem mais de cinco mil animais aquáticos de cerca 500 espécies diferentes. Nos mais de 70 tanques e nichos encontram-se golfinhos, tubarões, tartarugas, pinguins, fundos de mar em coral e até se recriam rios de florestas tropicais, o mar Vermelho e o oceano Índico. Toda a exposição é focada na interação com o homem como grande responsável do mar e do ambiente aquático.

Vale a pena uma visita, embora nós, portugueses, estejamos bastante bem servidos com o nosso oceanário e já não nos deixamos deslumbrar facilmente.
Voltámos à Piazza Caricamento, a maior praça da zona do porto, com alguns edifícios interessantes e uma estátua de bronze de Raffaele Rubattino, um armador naval e figura de destaque da cidade no século XIX. 

É nesta zona em que atingimos o outro bairro do cento histórico da cidade, o Bairro da Maddalena, que nasce junto ao porto e sobe pela encosta através de ruelas estreitas, pracetas e edifícios medievais, tal como no bairro vizinho do Molo.

Quartieri di Maddalena:

Ainda junto à marina percorremos a marginal em torno do Galeone Neptune. O Neptuno é uma réplica de um galeão espanhol do século XVII, construído em 1985 para o filme Os Piratas, de Roman Polanski, e que hoje funciona como museu e é um dos ex-líbris da marina de Génova.
Do galeão até ao Museo del Mar, fica uma zona da marina que abriga barcos de pesca, bem próxima da Porta dei Vacca, uma das antigas portas da cidade, por onde entrámos de novo no centro histórico, seguindo os trilhos que formam o bairro da Maddalena.
Passando pela Porta dei Vacca entrámos então novamente no centro histórico percorrendo, de forma mais ou menos aleatória, a teia de ruas e ruelas que nos foi levando até a alguns dos monumentos da cidade velha, como a Chiesa Dell'Annunziata ou a Basilica di San Siro, e pelas principais praças e ruas mais amplas, como a Piazza Fossatello e as Vias Cairoli e Garibaldi.

E por entre essas ruas mais espaçosas continuam a surgir algumas praças onde emergem pequenas igrejas, como a Chiesa di Sta Maria di Vigne ou a Chiesa di San Pietro in Banchi.
Mas, em cada recanto, a cidade vai-nos surpreendendo com novos becos e novas pracetas, os Caruggi de Génova, que mantêm ainda o mesmo aspeto das ruas estreitas do antigo centro da cidade, e são ainda hoje, como eram antes, o seu coração palpitante. 
Existem mesmo passeios organizados para se conhecer os Caruggi de um dos maiores centros históricos medievais de toda a Europa.
Terminámos a visita ao centro da cidade chegando de novo à Piazza S. Lorenzo e saindo depois da cidade velha pelo bairro de San Vincenzo.

Boccadasse:

Para terminar a visita à cidade de Génova é necessário voltar ao carro e fazer um percurso de cerca de 5 km até à costa do lado Nascente da cidade. O objetivo é visitar o bairro do Boccadasse, um antigo bairro típico de marinheiros e pescadores.

O local é bastante pitoresco, com as casas de pescadores pintadas nas cores da Ligúria, com semelhanças evidentes com as aldeias das Cinque Terre.
O bairro é visitado por muitos turistas que são atraídos pelas suas bonitas imagens que figuram em todos os folhetos turísticos sobre a cidade de Génova. Em Boccadasse encontramos uma pequena praia e uma plataforma que a contorna de um dos lados, onde são guardados os típicos barcos dos pescadores. 

A origem do nome do bairro resulta da forma da baía em que este se situa, sendo o nome formado a partir da abreviatura do termo genovês para boca de burro, que é boca d'aze

Foi assim, depois de um final de tarde nublado mas encantador, que terminámos a visita à cidade de Génova, depois de um percurso, desde Veneza até à região da Ligúria.



sábado, 21 de abril de 2012

Riviera Italiana

A zona da Riviera é uma das mais elegantes e glamourosas de Itália, sobretudo Portofino, um local que me encantou logo na primeira visita, ainda nos anos 80, o que me fez lá voltar depois disso mais três vezes. 

São cidades ou aldeias com grande charme, embora sejam frequentadas de forma massiva na época balnear, apesar das praias não terem a qualidade a que estamos habituados no nosso país e, muitas delas, serem privadas. Mas além dessa afluência mais popular em época alta, a Riviera é também o local de concentração das grandes fortunas, de Itália e de França, tal como a Riviera Francesa, por onde circulam nos seus Bentleys ou Ferraris entre os campos de golf, os restaurantes de altíssimo nível, e as marinas apinhadas de barcos de luxo. Atrizes e atores, top-models e milionários são alguns dos frequentadores desta zona que tem uma arquitetura preciosa, que consegue misturar a traça pitoresca da Ligúria com toda uma envolvente luxosa.

E nós, turistas portugueses, tentamos experimentar o luxo e o charme de alguns locais, mas sem direito a andar de Ferrari e sem nos esticarmos muito nos restaurantes. Mas, ainda assim, é um local onde nos sentimos bastante bem, e acaba por ter uma oferta tão grande de restaurantes e esplanadas, que se conseguem preços perfeitamente razoáveis em espaços muito interessantes.

Dormimos em Rapallo, a maior cidade da zona da Riviera, e passámos um dia tranquilo, sem grandes pressas, em torno de três locais desta região, Portofino, Camogli e a própria cidade de Rapallo. Fomos também percorrendo alguns dos locais mais bonitos que se vão revelando ao longo da costa, com paisagens magníficas, do contraste do mar azul com as encostas verdejantes adornadas pelas casas de luxo, sempre coloridas, com os tons típicos da Ligúria. 


Rapallo

Tivemos o primeiro contacto com Rapallo já à noite, quando saímos para jantar depois de regressarmos das Cinque Terre. E ficámos encantados com a quantidade e qualidade de restaurantes que a cidade disponibiliza, para todos os gostos e todas as bolsas, sobretudo com uma oferta à base de peixe e marisco, principalmente ao longo da marginal, que é esplendorosa e que à noite é particularmente marcada pela presença do castelo iluminado sobre uma pequena língua de terra que invade o mar junto à costa. 
Já de manhã voltámos a ter contacto com a zona marginal e com a marina, revelando-se então uma bonita paisagem curiosa que enquadra o castelo “flutuante” com as casas coloridas e as mansões que preenchem a encosta verdejante, também elas com as cores ocre e caril da Ligúria.
Desta vez calhou-nos um hotel bem no centro histórico da cidade, na praça principal, a Piazza Cavour, junto à Basílica dei SS Gervasio e Protasio e mesmo no prédio onde se ergue o arco que dá acesso à praça. Ficámos num “alberggo” tradicional italiano (meio típico – meio manhoso), no último andar de um prédio antigo, pintado a amarelo caril, mesmo ao lado da torre da basílica, de onde se ouviram o martelar vigoroso dos sinos a cada hora da madrugada.

A cidade desenvolve-se em torno de uma baía circular com cerca de 500 m de diâmetro, e apresenta um centro histórico muito característico, também com os edifícios coloridos, tanto os mais clássicos como os mais modernos. 

Ao longo da marginal, no contorno de toda a baía, dispõem-se várias praias privadas e todo o lado Poente é ocupado por uma vasta marina. 
Do lado Nascente, mais ou menos a meio, ergue-se o ícone principal desta zona da marina, o Castelo. 

O Castello di Rapallo encontra-se em pleno espelho de água da baía, ao contrário da maioria dos castelos, que se localizam nas colinas mais altas. A sua construção remonta ao século XVI e contém, no seu interior, uma pequena capela dedicada a San Gaetano.

O monumento é o símbolo principal da cidade de Rapallo e foi declarado como um monumento nacional italiano... e é sobretudo uma preciosidade paisagística, quando enquadrado na magnífica baía de Rapallo. 


Portofino:

Umas horas depois chegámos a Portofino, infelizmente o céu começou a ficar nublado e a aldeia adquiriu um aspeto mais melancólico e algo diferente do que se espera duma zona balear como esta. 

E isso fez-me recordar uma referência cinematográfica que me leva a este lugar, no filme "Al di là delle nuvole" (Para além das nuvens), um conjunto de quatro contos encantadores, criados de forma sublime por Michelangelo Antonioni. E, no segundo conto, Portofino surge cinzento e enevoado, tal como neste dia, como cenário para as cenas de um amor impudico, entre Sophie Marceau e John Malkovich.

Saindo do cinema, mas ainda por fora do mundo real, Portofino era também a referência das passerelles internacionais por onde passavam as super top-models (naquela época era a Claudia Schiffer que estava no topo), nos desfiles que passavam por cá na TV, realizados em plena Piazza Martiri dell'Olivetta, junto à baía que banha esta aldeia.

Depois, havia ainda a recordação do que o meu pai me dizia sobre esta aldeia pitoresca, um dos sítios que mais tinha gostado de todos quantos tinha visitado em Itália, e que me deixou curioso sobre este lugar, quase insignificante de tão pequeno, mas que seria certamente muito especial... e era mesmo verdade.

E são essas imagens e essas referências que me estimulam e me tocam de cada vez que percorro as ruas de Portofino e contemplo as suas paisagens, não é apenas aquele momento que ali estou a viver, há todo um lastro de memórias, algumas são pouco mais que imaginação, mas que me fazem sentir que estou num local que me é familiar. 

Por tudo isso, as sensações que experimento cada vez que visito a pitoresca aldeia de Portofino, vão muito para além do que conseguirei descrever nesta crónica... fica aqui apenas o meu registo, mas cada um terá de viver as suas próprias emoções, que serão muito pessoais e, certamente, diferentes da minha.

Mas, mesmo para além de todas as memórias, o que é incontornável neste local, é a sua própria beleza... e não são precisas referências ao cinema para reconhecer que estamos perante um lugar mágico e encantador.
No meio de um conjunto montanhoso e estreito, que avança sobre as águas do Mediterrâneo, surge uma baía recortada, como uma enseada, onde repousa a pitoresca aldeia de Portofino, que se transformou numa marina natural lindíssima, ornamentada pelas casas coloridas e as encostas pintadas de um verde viçoso... e o resultado final é fantástico.
Chegar a Portofino não é a coisa mais fácil do mundo. Existe um parque de estacionamento a cerca de 3 km, junto à praia Giò e Rino, na estrada que vem de Santa Margherita Ligure, onde se pode deixar o carro por 1€/hora (em 2012) e seguir depois de autocarro. A outra alternativa será levar o carro até Portofino e estacionar numa garagem em pleno centro, mas preparem-se para pagar 5,5€/hora e pode não haver lugar e terem que esperar algum tempo. Mas foi dessa forma que fizemos e nem tivemos que esperar, aliás foi sempre assim que fiz das vezes em que lá cheguei de carro.

A aldeia é toda ela um centro turístico, todos edifícios ou são lojas, muitas delas de marcas top, ou são bares e restaurantes, ou gelatarias. 

Apesar de ser um local que atrai milionários, alguns deles chegam nos seus iates, a verdade é que se consegue almoçar ou jantar nas esplanadas do paredão, a centímetros do espelho de água, por preços razoáveis. Essa é uma particularidade que só encontramos em Itália, mesmo nos restaurantes mais luxuosos, para além dos pratos mais caros, há sempre alguns pratos mais acessíveis, como as massas, as pizzas ou as saladas.

Visitar esta terra impõe que se possa desfrutar daquelas esplanadas, para almoçar, jantar ou, pelo menos, para tomar uma bebida ou comer um gelado, caso contrário não entraremos verdadeiramente naquele ambiente glamouroso e seremos só meros espetadores e não players da dinâmica que aquele local oferece. Por isso, não deixámos de aproveitar a boa comida italiana num almoço tardio numa esplanada sobre o mar, que foi muito além de uma simples refeição.
Além do comércio e da restauração, que aguardam pelos turistas, o centro da aldeia tem também uma pequena igreja, a Chiesa di San Martino, que vale sobretudo pelo seu enquadramento na paisagem, onde a sua torre se destaca dos demais edifícios envolventes. 
Saindo depois do centro podemos percorrer os paredões em todo o contorno da baía e subir ao topo da encosta Poente. Esta subida leva-nos até à Chiesa San Giorgio, uma igreja localizada na cumeeira da colina, que nos permite observar o mar do lado oposto ao da baía. 
Mas o interesse principal nesta escalada até à Chiesa San Giorgio será a possibilidade de nos posicionarmos com uma vista especial sobre a aldeia e a sua baía. 

E este é um daqueles lugares onde paramos e de onde não nos apetece sair... mesmo sabendo que a tarifa do estacionamento não dará tréguas.

Nas duas últimas passagens por esta aldeia, em 2005 e em 2012, fizemos uma dessas paragens demoradas neste local e, registo agora, vendo as fotografias, que enquanto nós vamos envelhecendo, ou crescendo, como a Martinha, que está nas duas fotos, Portofino vai-se mantendo igual e sempre deslumbrante. 

Um último adeus com esta imagem da bonita aldeia de Portofino, neste caso corresponde à nossa visita de 2005, num sábado soalheiro, quando o local se encontrava bastante cheio, de turistas e de embarcações de alto luxo... ao contrário do seu aspeto num dia de semana enovoado, em abril de 2012, mais vazia e mais melancólica.

Continuando pelas estradas sinuosas da Riviera num percurso de cerca de 15 km, chegámos a Camogli, uma das muitas praias que esta zona vai oferecendo ao longo de toda a costa até Génova. No entanto, embora os locais sejam bastante charmosos, as praias não se aproximam do nosso conceito daquilo que é uma praia. Além de não haver areia branca, e às vezes nem há mesmo areia, as praias são praticamente privadas, porque a grande maioria do espaço fica ocupada pelos concessionários que criam um espécie de esplanadas com espreguiçadeiras, e nada se assemelha à imagem habitual das nossas praias.


Além disso, durante o Verão estas praias ficam apinhadas de banhistas e o local perde grande parte da sua beleza, por isso esta zona torna-se claramente mais bonita e interessante fora da época alta, como foi o caso das nossas duas últimas viagens, ambas na Primavera.


Camogli:

Das várias zonas balneares desta costa escolhemos Camogli, por ser muito mais do que uma simples zona de praia, mas sim uma vila já com alguma dimensão e bastante interessante, sobretudo pela sua arquitetura pitoresca que se desenvolve ao longo de toda a praia e na baía do porto.
Estacionámos junto à estação ferroviária e iniciámos uma pequena caminhada que nos iria levar até à praia e, depois, até ao porto, de recreio e também de pesca, até regressarmos pelas ruas do interior da vila, também elas bastante pitorescas.
Mal saímos da estação atravessámos a primeira linha de edifícios que ficam junto à baía, todos eles altos e com cores bem vivas, sempre aquelas cores da Ligúria. 
Já junto à praia estende-se um calçadão pedonal, a Via Giuseppe Garibaldi, cheia de restaurante e gelatarias, com várias esplanadas a ocupar a calçada ao longo da rua. Do lado do mar são visíveis as infraestruturas dos concessionários balneares, os chamados Bagni, que nesta altura se apresentavam fechados e desertos, mas que, na época alta, ocuparão quase toda a praia com as espreguiçadeiras e chapéus de sol, que fazem com que o acesso se torne praticamente privado, sobrando apenas umas pequenas línguas de areia (ou, neste caso, de calhau) para utilização pública... um problema que, felizmente, não temos em Portugal, onde todas as praias são públicas.

A baía desenvolve-se numa extensão de cerca de 400 m e é sempre acompanhada pela Via Garibaldi, que começa por ser apenas uma ruela por entre as casas, mas depois, já junto à praia, percorre toda a baía até ao lado oposto onde se ergue a Basilica di Santa Maria Assunta.
A Basílica de Santa Maria Assunta é o principal lugar de culto católico da vila de Camogli e localiza-se junto à praia a poucos metros do mar. A igreja está construída sobre uma pequena ilha rochosa que separa a praia e o porto da marina, mas, atualmente, a ilha desapareceu tendo dado lugar a uma pequena península.

Em novembro de 1988, o Papa João Paulo II elevou a igreja ao estatuto de uma pequena basílica. A sua beleza interior é reconhecida e faz parte dos registos de culto deste espaço, mas, certamente, nada será mais singular e mais precioso nesta igreja do que a própria beleza do edifício naquele enquadramento tão pitoresco, entre as casas coloridas e as águas do Mediterrâneo. 

Ainda na mesma ilha ou península, ergue-se sobre o rochedo, por detrás da basílica, o Castello della Dragonara, também ele visível no bonito enquadramento paisagístico que ali se desenha.
Passando para outra baía, atrás do castelo, encontramos uma marina, que é também um porto de pesca, totalmente rodeada por edifícios idênticos aos demais desta vila, conferindo a este porto um aspeto pitoresco e uma paisagem muito peculiar, que não se encontra noutros locais, mesmo aqui em Itália.

Na envolvente do porto e da praia são várias as esplanadas que nos convidam a uma paragem para um lanche ou uma bebida. Fizemos essa paragem e só não nos demorámos mais longamente porque o céu tinha ficado coberto de nuvens o que retira grande parte do fascínio deste lugar.

Antes de regressarmos ao carro percorremos ainda as ruelas, autênticos becos e sempre muito típicos, que envolvem toda a zona do porto. Atravessámos depois a rua principal, que passa longitudinalmente ao longo de toda a vila, a Via della Repubblica, mais uma rua interessante e também ela bastante típica.

Esta vila é muito peculiar e, sobretudo fora da época alta, justifica certamente uma paragem a quem viaje pela Riviera italiana. 

Todos estes locais da Riviera e até das Cinque Terre podem também ser visitados de barco e existem várias alternativas de passeios ou pequenos cruzeiros com saídas de todos os portos para visitar, dessa forma, estes locais que fui referindo ao longo desta crónica... dependerá da vossa escolha, ou da vossa bolsa.

No final do dia seguimos ainda até Génova sempre nas estradas secundárias ao longo da costa, evitando propositadamente a autoestrada que atravessa as montanhas entre túneis e viadutos.


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sexta-feira, 20 de abril de 2012

Cinque Terre


Saímos de Parma para ir dormir a La Spezia, na costa do Mediterrânio, num percurso de cerca de 130km em autoestrada, atravessando o Parque Nacional dell'Appennino, na cordilheira dos montes Apeninos, que percorrem longitudinalmente toda a Itália.

A cidade de La Spezia vai servir de base para visitar as Cinque Terre, um conjunto de aldeias classificadas como património mundial. 
Às aldeias principais das Cinque Terre acrescentámos uma outra, também ela incluída na classificação de aldeias património, trata-se de Portovedere. Localizada a Sul da costa da Ligúria, a apenas 13 km da cidade de La Spezia, uma distância que percorremos de carro, logo pela manhã, porque iria ser um dia muito longo. 


Portovedere:

É uma das típicas aldeias da Ligúria, com as suas casas pitorescas com fachadas pintadas a cores pastel, contrastando, entre si, de forma muito característica. Enquanto percorremos a Via Calata Doria, a marginal junto ao porto, vamos apreciando a beleza do conjunto de casas que forma a aldeia, que nos delicia, de tão pitoresca que é.

Ao continuarmos o nosso passeio pela marginal, ao longo de toda a aldeia, acabamos por atingir o Promontorio dell'Arpaia, formado por um rochedo, sobre o qual, se ergue a Chiesa San Pietro.
Voltando à aldeia focámo-nos agora no castelo, cujas muralhas contornam a parte posterior das casas no alto da montanha, onde surge também uma torre de igreja... formando um conjunto bastante bonito, entre a montanha e o mar, com as casas coloridas em evidência.
Depois da visita a Portovedere, que demorou um par de horas, voltámos a La Spezia e seguimos então até à zona das Cinque Terre e, para tal, vou recomendar duas alternativas. 

A alternativa que escolhi não é aquela que recomendo. E o que fiz foi percorrer de carro um caminho sinuoso entre montanhas, até à aldeia de Monterrosso. Depois deixámos o carro num estacionamento que existe junto à praia e visitámos as restantes aldeias de comboio. 

Ou então, pode ser escolhida a alternativa que mais recomendo e que consiste em deixar o carro na estação de La Spezia e sair de comboio numa viagem de cerca de 10 min até chegarmos às primeiras aldeias das Cinque Terre.

Em qualquer dos casos podemos adquirir um bilhete, uma espécie de passe, que permita sair e voltar a entrar no comboio. No caso de ficarmos a dormir na cidade de La Spezia, ainda podemos voltar a algumas aldeias durante a noite, porém, conta-me quem já lá esteve ao serão, que não se encontra grande animação e, pior ainda, as aldeias não estão sequer devidamente iluminadas, e o resultado pode ser uma certa desilusão. 

De qualquer forma, vindo de La Spezia ou de Monterrosso, o comboio atingirá a estação de Riomaggiore em menos de 10 minutos e foi exatamente nessa estação que fizemos a nossa primeira paragem.


Riomaggiori:

É uma das aldeias mais bonitas com as suas casas pintadas com as cores típicas da região, quase amontoadas entre si e dispostas sobre as encostas de um vale muito inclinado que se encaminha para o mar, que aqui é de um azul forte e brilhante. 
Para além de ser uma atração turística muito procurada, a aldeia é também conhecida pelo vinho que é produzido nas vinhas que se dispõem ao longo das encostas. São visíveis em alguns locais destas aldeias, pósteres ou fotos que mostram a vinha plantada em socalcos nas encostas íngremes, bem como o processo da vindima, feito de forma totalmente artesanal, com recurso a uma espécie de funiculares improvisados para transportar os cestos das uvas. O vinho é um branco seco, não é soberbo mas é muito razoável.

A rua principal de Riomaggiore é a Via Colombo, onde se encontra o principal comércio da aldeia, atualmente direcionado para o consumo turístico, com restaurantes, bares e lojas.
Apesar desta e das restantes aldeias serem atravessadas por uma linha de comboio, a maior parte dos trechos dessa linha são em túnel e quase não interferem na paisagem. Aqui, o comboio só sai do túnel mesmo na estação, que fica sobre um viaduto com vãos em arco, por onde passam as ruelas da aldeia em direção ao mar. 

Como a aldeia se desenvolve nas encostas de um vale muito íngreme todas as ruas vão convergindo para a rua central, que passa sob a estação e desce até ao mar, numa pequena praia de calhau preto com uma rampa para apoio na entrada e saída das embarcações de pesca.
É um daqueles locais que nos faz apetecer ficar ali parados, apenas a contemplar a paisagem, e existem vários pontos onde conseguimos uma vista privilegiada para essa reflexão. 

Um mar imenso de um azul brilhante a beijar a aldeia numa pequena enseada, formando um conjunto que é quase comovente.

E a própria aldeia, que é uma terrinha de pescadores, chega a fazer-nos lembrar alguns filmes italianos, como o “Il Postino” (O carteiro de Pablo Neruda), que não foi ali rodado (aliás foi rodado numa aldeia muito menos bonita, na Sicília), mas o ambiente de aldeia piscatória está lá e é bem evidente.

Toda esta pureza e este enquadramento estético poderão, no entanto, ser perturbados se as condições atmosféricas não ajudarem, porque num dia cinzento a beleza daquele lugar perde-se completamente. Por isso diria que a escolha certa para esta viagem seria no Verão, quando as condições metrológicas serão, provavelmente, mais favoráveis. No entanto, nessa altura estaremos em plena época alta e o local estará, talvez insuportavelmente, cheio de turistas, ao contrário do que aconteceu na nossa estadia na Primavera de 2012, quando nem existiam assim tantos turistas e o local estava encantador. 
Para seguirmos até à próxima aldeia resolvemos dispensar o comboio e fizemos o percurso a pé seguindo pela Via dell'Amore, um trilho estreito, com cerca de 1 km, esculpido na encosta, e que nos leva num trajeto sobre o mar até à aldeia de Manarola, com paisagens magníficas.
É considerado como o caminho do amor porque os casais apaixonados têm vindo a escolher aquele local, de paisagens românticas e sublimes, para celebrar e reforçar as suas relações amorosas, fazendo declarações de amor ou mesmo pedidos de casamento. Outros prendem um cadeado ao corrimão que percorre todo o trilho e que, supostamente, se irá manter firme, e com ele, aquela paixão será reforçada. 
Mas o mais comum e não menos intenso será o casal celebrar o seu amor de forma introspetiva e no final guardar apenas uma fotografia, para mais tarde recordar.
Chamo aqui a atenção para o facto deste caminho ter sido fechado ao público devido a um aluimento de terras no final do ano de 2012, alguns meses depois da nossa visita. Reabriu de novo em 2015, mas apenas num pequeno trecho, mas voltou a ser interditado, desta vez prevendo-se que a reabertura só ocorra em abril de 2019... ou seja, é melhor confirmar previamente se este caminho estará ou não transitável.


Manarola:

No final do trilho chegámos à aldeia de Manarola, a segunda do Parco Nazionale delle Cinque Terre (e quem for de comboio irá sair numa estação que fica bem no centro desta bonita aldeia).

É uma das aldeias mais pequenas, mas não deixa de ser uma das mais bonitas, com as casas, sempre naquelas cores pastel desta região, a amontoarem-se sobre um rochedo que cai abruptamente onde o mar desenha uma lagoa que é também o seu porto de pesca. 

Tal como Riomaggiori, também Manarola tem vivido da vinha e da pesca, mas atualmente é sobretudo uma aldeia turística. 


Corniglia:

A partir de Manarola a aldeia seguinte será Corniglia, mas esta é a única das cinco aldeias que não tem acesso direto por comboio. Embora, no mapa ferroviário, a linha passe muito próxima da aldeia... mas, na verdade, enquanto Corniglia fica no alto de uma montanha rochosa, o comboio cruza essa mesma montanha através de um túnel, quase ao nível do mar.

Mas existem duas formas de se visitar Corniglia. Uma delas será continuar até à próxima paragem de comboio, já na aldeia de Vernazza, e daí apanhar um autocarro que faz o percurso de cerca de 6 km até ao alto da encosta, para, assim, poder visitar a aldeia de Corniglia. No final da visita deverá depois fazer o trajeto inverso. 

A outra hipótese, será descer na estação de Corniglia e fazer uma longa caminhada, sempre a subir até chegar à aldeia, passando pela Scalinata Lardarina, uma escadaria icónica, difícil de subir, mas o esforço vai valer a pena, pelas paisagens que se vão contemplando ao longo do caminho.
Corniglia é talvez a aldeia menos interessante das cinco e, por isso, a maioria dos visitantes acabam por nem ir lá, devido a toda a logística que é necessária ou ao grande esforço da caminhada sempre a subir. De qualquer forma, a aldeia não deixa de ser interessante, sobretudo quando a observamos à distância, e aldeia nos aparece mostrando algumas imagens bastante bonitas. 



Vernazza:

Mais tarde, vindos de Corniglia ou vindos de Manarola, o destino seguinte será a aldeia de Vernazza, mais uma das Cinque Terre. Uma aldeia com uma arquitetura mais rica que as demais, incluindo alguns monumentos, como o edifício da Comune di Vernazza, o Castello Doria di Vernazza, junto ao mar, e a Chiesa di Santa Margherita di Antiochia, junto à baía que serve de praia e porto, de recreio e de pesca.

As ruas não passam de pequenas ruelas ou becos que nos levam numa escalada até à parte superior da aldeia de onde conseguimos contemplar uma bonita imagem da baía.


Monterrosso:

Faltava apenas a aldeia de Monterrosso ou Monterrosso al Mare, a última das Cinque Terre e a única que que tem uma praia, embora com areia escura e calhau, mas é uma praia apetecível pela água de um azul vivo e com uma boa temperatura, como em todo o Mediterrâneo.
A estação ferroviária fica mesmo junto à praia que se desenvolve ao longo de uma baía com cerca de 400 m. No contorno da praia existe um calçadão pedonal, a Via Fegina, que é um espaço bastante agradável para caminhadas, com esplanadas e gelatarias. Percorre toda a baía e leva-nos por um túnel pedonal que atravessa o penhasco, que separa a praia da aldeia.
Já do outro lado, ao chegarmos à aldeia, encontramos uma outra baía, também bastante bonita, e uma outra praia, menor que a anterior, com cerca de 200 m.

Entrámos depois nas ruelas da aldeia com casas coloridas, como nas aldeias vizinhas, mas não tão bonitas. Encontrámos aí a igreja católica que é o único monumento da terra, a Chiesa di San Giovanni Battista.
Voltámos necessariamente à primeira baía, onde se apanha o comboio para La Spezia ou o carro que havíamos estacionado logo a seguir à praia no início desta viagem às Cinque Terre.
Falta-me ainda falar da gastronomia local e, porque estamos na Ligúria, será incontornável experimentarmos o molho de Pesto, originário desta região de Itália, um preparado com manjericão, pinhões, queijo e alho.

Assim, na paragem que fizemos para almoço, numa das esplanadas que estas aldeias oferecem, experimentámos justamente um prato típico da região, o Trofie al Pesto. Pode ser considerado o prato mais clássico da Ligúria, por ser feito com o pesto local e com trofie, um tipo de massa que é também da região, bastante bom mas com um aspeto um pouco duvidoso, mais parecem umas “minhocas” brancas.

Mas o conjunto é excelente, sobretudo porque o acompanhámos com um branco seco (muito fresquinho) feito das uvas de vinhas plantadas nas encostas da Ligúria.

Terminámos uma viagem de um único dia à região das Cinque Terre, que pode ser suficiente desde que o dia seja bem esticado, começando bem cedo e terminando já tarde, o que facilita se for numa época de dias longos, na Primavera ou no Verão.

O local é uma preciosidade e deixa-nos encantados. Pode ficar uma sensação de que poderíamos demorar mais tempo mas, na realidade, para além de percorrermos as ruas e desfrutarmos das paisagens, não há muito mais que possa ser feito... a não ser parar nalguma esplanada para almoçar ou tomar uma bebida. Mas tudo isso cabe tranquilamente dentro de um só dia... e será certamente um dia inesquecível, como foi este dia.

Já ao pôr-do-sol fizemos ainda o trajeto até à Riviera Italiana e fomos ficar à cidade de Rapallo.