sábado, 31 de agosto de 2019

Roma Antiga

A cidade de Roma que hoje encontramos, moderna e glamourosa, mostra ainda em cada recanto os vestígios da Roma Antiga, a grande capital do império romano, que prosperou durante mais de mil anos, desde o século VIII a.C..

Durante um dos dias da nossa visita à cidade escolhemos o percurso que nos levaria aos principais vestígios da Roma Antiga, embora, nos restantes dias e noutros percursos, fomos sempre tropeçando noutras ruínas romanas que, por si só, poderiam ser convertidas em sites arqueológicos de referência, mas que ali, naquele santuário arqueológico, não adquirem um particular destaque. 

Por isso focámo-nos apenas nos vestígios mais grandiosos da civilização romana que encontramos ao longo da cidade, e percorremos mais ou menos os trilhos assinalados no mapa seguinte:

Largo di Torre Argentina

Esta praça surge-nos logo pela manhã como um aperitivo para o que nos iria ser mostrado ao longo deste dia. À partida seria só um simples conjunto de ruínas dos muitos que a cidade vai revelando, mas este lugar tem uma importante histórica especial, porque era ali que se reunia o senado romano e foi também neste local que, no ano 44 a.C., ocorreu o assassinato de Júlio César, um dos grandes estadistas da antiga República de Roma. Aliás, a sua morte marca mesmo o fim dessa República e o início do chamado Império Romano.
Com o excesso de poder de que dispunha, Júlio César criou um sistema ditatorial diminuindo o poder do Senado. Foi por esta razão que foi atraindo inimizades e acabou a ser vítima de uma conspiração, tendo sido assassinado neste local com 23 facadas disferidas por um grupo de 60 senadores, liderados por Caio Cássio e por Marcus Julius Brutus, o seu filho adotivo.

Júlio César ainda começou por tentar defender-se, mas desistiu assim que notou a presença de Brutus entre os traidores… proferindo então a sua última frase, que ficaria para a história: “Até tu, Brutus, filho meu? “. 

Piazza Venezia

É uma das principais praças da cidade onde se intersectam duas das suas avenidas mais importantes, a Via del Corso e a Via dei Fori Imperiali, ligando, dessa forma, o Centro histórico à Roma Antiga, que nos é mostrada pelos vestígios que se encontram no Fórum Romano, logo depois desta praça. Foi por isso que inclui a Piazza Venezia neste percurso da Roma Antiga.

Mas esta praça não é só a porta de entrada para um dos principais sites arqueológicos de todo o mundo, a Piazza Venezia vale por si própria, sobretudo pelas suas principais atrações, como o imponente Monumento Nazionale a Vittorio Emanuele II, também chamado por Altare della Patria ou pelo nome popular de "Bolo de Casamento".
Trata-se de um monumento concebido por Giuseppe Sacconi em 1885, e somente concluído em 1935, com o objetivo de homenagear Vittorio Emanuele II, o primeiro rei da Itália unificada, que surge numa estátua equestre ao centro do monumento.

De um dos lados da praça encontramos o Palazzo Venezia, ou Palazzo Barbo, um edifício castanho alaranjado que atualmente abriga o Museo Nazionale di Palazzo Venezia.

Ao longo da sua história este palácio serviu de quartel-general a um dos governantes mais marcantes da história de Itália, embora pelas piores razões. Era justamente naquela varanda, que se ergue ao centro da fachada deste edifício, que Benito Mussolini fazia os seus discursos mobilizadores para a multidão que se aglomerava na praça. 

De um dos lados desta praça, junto ao Monumento a Vittorio Emanuele II, ergue-se o Monte Capitolino, uma das sete colinas da cidade, no topo da qual se localizam a igreja de Santa Maria in Aracoeli e três palácios que formam os chamados Museus Capitolinos. A praça que encontramos no topo da colina, a Piazza del Campidoglio, tal como o palácio central, o Palazzo Senatorio, e a rampa de acesso, a chamada Cordonata Capitolina, foram projetados por Michelangelo e são preciosidades da arquitetura.
O Palazzo Senatorio, cujo nome regista o facto de ter sido um antigo senado, funciona hoje como sede da comuna romana, e é o edifício dominante na Piazza del Campidoglio, ao centro da qual encontramos a estátua equestre de Marco Aurélio, o antigo imperador romano.
Lateralmente ao Palazzo Senatorio, já com vista para o Fórum Romano, encontra-se sobre um pedestal uma réplica da Lupa Capitolina, uma escultura que é também um importante símbolo da cidade de Roma. 
A Loba Capitolina, que alimenta os gémeos Rómulo e Remo que, segundo a mitologia romana, terão sido os fundadores da cidade, é uma escultura de bronze que se encontra exposta nos Museus Capitolinos, e cuja réplica podemos apreciar no exterior, constituindo um ponto de paragem obrigatória para quem visita o Monte Capitolino.
Descendo de novo até à Piazza Venezia, e já no início da Via dei Fori Imperiali, que nos leva ao longo do Fórum Romano até ao Coliseu, encontramos a Chiesa di Santa Maria di Loreto, uma igreja do século XVI localizada de frente para a Coluna de Trajano.

Fórum Romano

A Coluna de Trajano, construída por ordem do Imperador com o mesmo nome, assinala o início de um conjunto de ruínas da cidade antiga, que ali começam e que se distribuem ao longo de uma vasta área designada por Fórum Romano. 
O primeiro dos vestígios arqueológicos que nos aparece é o Mercado de Trajano, que faz parte de um moderno complexo de edifícios da época romana localizado na encosta do monte Quirinal, e que atualmente é utilizado como Museu dos Fóruns Imperiais.
O Fórum, propriamente dito, aparece depois do lado direito da estrada, numa área retangular ocupada por centenas de ruínas de várias construções públicas da Roma Antiga.
No meio de tantas ruínas destacam-se ainda alguns dos monumentos de referência daquela época, como o Arco de Sétimo Severo ou o Templo de Saturno.

E, claro, encontramos também o monumento mais importante de toda esta cidade em ruínas, o grande Anfiteatro Flaviano, que todos conhecemos como Coliseu de Roma. 

Coliseu de Roma 

Ao fundo da Via dei Fori Imperiali surge a imagem do monumento que é a principal referência, não só da própria cidade, mas de todo o Império Romano. 

Foi construído no século I, por ordem do imperador Flávio Vespasiano. As obras demoraram oito anos e, quando ficaram prontas, já Roma era governada por Tito, o filho de Vespasiano que, em homenagem ao pai, batizou esta construção como Anfiteatro Flaviano.
O Colosseo di Roma é um monumento imponente em forma de elipse, com 189 m no eixo maior e 156m no menor, e com 48,5 m de altura. 

Não se sabe ao certo quem foi o arquiteto que o projetou, mas é indiscutivelmente o maior e o mais célebre de todos os símbolos do Império Romano e, apesar de se encontrar em ruínas, mostra ainda o grande anfiteatro de outrora, usado para combates entre gladiadores ou onde os cristãos eram lançados aos leões. 

Os jogos que decorriam neste anfiteatro levavam o público ao delírio, e tinham a presença habitual do Imperador de Roma, num camarote próximo da arena, onde era reverenciado pelos gladiadores antes de cada luta, com uma saudação que se tornaria famosa: “Salve, César! Aqueles que vão morrer te saúdam”. 

Numa das minhas viagens a Roma experimentei visitar o interior do Coliseu, mas foi só isso, não voltei a repetir, desde então opto apenas por uma volta completa pelo exterior da arena, apreciando as fachadas, que constituem a riqueza principal deste monumento. 

Nesse percurso de 360º em torno do Coliseu, encontramos o Arco de Constantino que foi construído para comemorar a vitória de Constantino I - o Grande, na Batalha da Ponte Mílvia, no ano de 312, e que é o mais moderno de todos os arcos erguidos na Roma Antiga.
Junto a este arco, do lado do Fórum Romano, encontra-se o Templo de Vénus e Roma. Foi construído pelo imperador Adriano no século II e era um dos maiores templos de Roma, dedicado às divindades de Vénus Félix e Roma Eterna.


Monte Palatino 

Ao nos afastarmos do Coliseu, embora sem sair daquele ambiente de ruínas romanas, surge o Monte Palatino, que corresponde à mais central das sete colinas de Roma e a uma das partes mais antigas da cidade. Tem uma elevação de cerca de 40 m acima do Fórum Romano, para o qual tem vista de um dos lados, enquanto que, do lado oposto, no limite deste monte sobre o vale ocupado pelo Circo Máximo, se encontra o Templo de Apollo Palatinus, um templo que foi dedicado pelo imperador Augustus ao seu Deus e patrono Apollo. 

Circo Máximo

Logo depois do Templo de Apollo Palatinus encontramos os vestígios de uma outra arena, o Circo Máximo, neste caso em forma oval, como uma espécie de estádio, que era utilizada para diversos jogos de entretenimento na Roma Antiga.

O Circo Máximo, ou Circus Maximus, marcou profundamente o início da história de Roma, no século II a.C.. Era o principal estádio para jogos e diversões criados pelos antigos réis etruscos de Roma, tornou-se palco de grandes jogos e corridas de bigas, como aquelas que foram imortalizadas no filme Bem-Hur. 

Inicialmente, era formado por uma estrutura de madeira, da qual nada encontramos atualmente, restando apenas os terrenos envolventes numa forma de arena, e os contornos do que teriam sido as antigas pistas de corrida.

Bocca della Verità 

Um pouco abaixo do grande estádio do Circo Máximo surge a Basilica di Santa Maria in Cosmedin, uma igreja bastante simples, sobretudo quando comparada com tantas outras igrejas da cidade, embora tenha um campanário bastante bonito e que a diferencia.
Mas aquilo que é realmente singular nesta igreja, e que a torna num ponto de paragem obrigatório em qualquer visita turística à cidade de Roma, é a estátua que encontramos na nave de entrada, feita de mármore rosado e representando uma enorme cara com a boca aberta, a chamada Bocca della Verità.
Diz a lenda que se um mentiroso colocasse a mão dentro da Bocca della Verità, esta fechava-se decepando-lhe os dedos. Por isso, todos aguardamos na fila para chegarmos até à estátua e, sem quaisquer receios, podermos pôr a mão dentro da boca e assim tirarmos a foto da praxe.
Em frente à igreja fica o Fórum Boário, mais um local de vestígios da Roma Antiga, onde encontramos, entre as ruínas de vários monumentos, a Fontana dei Tritoni.


Terminámos o percurso planeado ao longo das principais referências históricas da Roma Antiga, que constitui uma das atrações imperdíveis para quem visita esta cidade. 

sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Roma - Centro Histórico

A cidade de Roma tem sete colinas, tal como Lisboa, embora muito menos íngremes, mas isso é algo de que mal nos apercebemos, porque é na zona mais plana, a Nascente do Rio Tibre, que se desenvolve o centro histórico onde encontramos as principais atrações da cidade, e até o centro da Roma antiga, edificada há muitos séculos atrás, está também localizado nessa zona de planície. 

Por isso, é fácil descobrir a Roma mais monumental apenas caminhando, de praça em praça, de monumento em monumento, sem ser necessário percorrer grandes distâncias, como quem se move entre os salões de uma galeria de arte, apreciando cada preciosidade que esta cidade-museu nos proporciona.

Poderíamos iniciar este percurso pelo cento histórico de muitas formas, mas resolvemos começar pela Via del Corso, a avenida que é o principal centro de comércio da cidade, derivando depois pelos locais e monumentos mais emblemáticos, seguindo, mais ou menos, o itinerário representado neste mapa:

Via del Corso

É uma das principais avenidas da cidade de Roma, com quase dois quilómetros, sempre em linha reta, entre a Piazza del Popolo e a Piazza Venezia. Cerca de metade da sua extensão, do lado a Piazza del Popolo, é apenas de uso pedonal e concentra várias lojas de marcas de referência, o que faz desta avenida o principal centro de comércio da capital italiana. 


Este eixo principal vai-nos levando a visitar os mais importantes monumentos do centro histórico, mas, desde logo, guia-nos pela Via dei Condotti, talvez a rua mais glamourosa da cidade, pelas lojas de primeiríssimo nível que encontramos, como uma Gucci, Prada ou Dior, e que é também particularmente reconhecida pela imagem que se avista ao fundo da imensa escadaria da Piazza di Spagna.



Piazza di Spagna

Esta bonita praça de Roma, cujo nome se deve à localização da embaixada espanhola, é sobretudo famosa pela escadaria ampla, que nos leva até à Chiesa della Trinità dei Monti.

A escadaria é um importante símbolo do mundo da moda ao ser utilizada para o desfile Donne Sotto le Stelle, que ocorre anualmente em meados de julho, e traz a este local as mais célebres top models mundiais, numa gala única de glamour e beleza, com o cenário magnífico que a praça proporciona. 
No centro da piazza encontramos a Fontana della Barcaccia, uma obra de Bernini, criada para o Papa Urbano III, no século XVII.
Tivemos a coragem de subir os 135 degraus da escadaria até à igreja de Trinità dei Monti, uma escalada que vale bem a pena, tanto pela visita ao interior da igreja, como pela maior proximidade do Obelisco Sallustiano, e ainda pela vista que nos é oferecida a partir topo.


Descendo a escadaria de volta à praça, e já na Piazza Mignanelli, encontramos a Colonna dell'Immacolata, uma coluna, ou obelisco, onde se ergue uma estátua da Imaculada Conceição. Este monumento foi construído no século XIX em homenagem à Virgem Maria e tem tido uma importância considerável para as autoridades do clero. 

Há vários anos atrás presenciámos um evento em que o Papa, na altura João Paulo II, se deslocou à Piazza Mignanelli especialmente para fazer uma oração junto à imagem desta Nossa Senhora.


Fontana di Trevi

Resolvemos deixar o alinhamento principal da Via del Corso e entrar pelas ruelas mais estreitas do centro histórico, com a típica arquitetura romana, as casas coloridas nas cores de barro ou de ocre, contrastando com o verde viçoso das trepadeiras… sempre muito bonitas.

É no fim duma dessas ruas que se abre uma pequena praça onde se encontra a mais bela de todas as fontes, a maravilhosa Fontana di Trevi.
Não tenho dúvida em classificar esta fonte como a mais bonita, não só de Roma ou de Itália, mas de todo o mundo, especialmente quando se encontra devidamente restaurada, como estava nesta nossa visita em 2019. 

A sua origem remonta ao ano 19 a.C. quando, naquele local, existia uma zona de abastecimento no final do aqueduto Aqua Virgo, que fornecia água à cidade. Mas a primeira fonte só foi construída durante o Renascimento, sob as ordens do Papa Nicolau V.

A versão que hoje encontramos da Fontana di Trevi, com aquele aspeto e aquelas esculturas, só foi finalizada em meados do século XVIII por Giuseppe Pannini.
O nome de Fontana di Trevi resulta do termo Tre Vie (três vias), já que a praça onde a fonte se encontra é um ponto de confluência de três ruas. E é por essas três ruas que todos os dias chegam a este local vários milhares de pessoas, na sua maioria turistas, preenchendo toda a praça enquanto desfrutam do privilégio de observar aquela que é a mais bonita fonte do mundo.
A Fontana está ainda associada a um mito popular, que não é mais do que uma réplica de um filme de 1954, Three Coins in the Fountain ou, A Fonte dos Amores, onde se diz que quem atirar uma moeda na fonte, voltará a Roma - se atirar duas, encontrará o amor com uma bela italiana (ou italiano) - e se forem três, irá mesmo casar com a pessoa que conheceu. Para que isso funcione é recomendável que a moeda seja arremessada com a mão direita e sobre o ombro esquerdo. Demasiados requisitos para tão poucas esperanças… felizmente não estabelecem o valor de cada moeda, mas, ainda assim, todos os anos retiram da fonte cerca de um milhão de euros, mas pelo menos o dinheiro é doado a instituições carenciadas.

Mas, com mais ou menos fé nos mitos populares, não haverá quase ninguém que passe por este lugar e não atire à água, pelo menos uma moeda. Por isso, a zona do murete junto ao espelho de água está permanentemente ocupada por turistas, de costas viradas para a fonte, que se preparam ou executam o arremesso de mais uma moeda… todos o fazem, e nós também o fizemos, quisemos pelo menos assegurar que voltaríamos à cidade.
E esta fonte, que é, indiscutivelmente, a mais bonita do mundo, não perde a sua beleza durante a noite. Com a luz suave que a ilumina e com muito menos turistas, a Fontana di Trevi torna-se ainda mais encantadora.

Piazza Colonna e Palazzo Montecitorio

Voltámos à Via del Corso, que serve de eixo orientador nesta parte da cidade, e chegámos a uma zona onde encontramos alguns edifícios públicos de referência. Começámos pela Piazza Colonna, uma praça quadrangular rodeada por alguns edifícios imponentes, como o Palácio Chigi (a residência oficial do primeiro ministro e sede do governo italiano), ou o edifício monumental onde funciona a Galleria Comercial Alberto Sordi.
Mas o que realmente domina esta praça, e lhe dá o nome, é a enorme Coluna de Marco Aurélio. Foi erguida no século II, após a morte do imperador Marco Aurélio para celebrar as suas vitórias. A coluna foi construída com um relevo em espiral e, na parte superior, existe ainda uma estátua de bronze do apóstolo São Paulo.
Logo depois, a poucos metros da Piazza Colonna, fica a Piazza di Monte Citorio onde se encontra a sede do parlamento italiano, o Palazzo Montecitorio.
Ainda na proximidade, na Piazza di Pietra, encontramos a fachada, constituída por um conjunto de colunas, do Templo de Adriano, dedicado ao marcante imperador romano.

Panteão

Percorrendo apenas mais algumas das ruas apertadas e muito frequentadas, desta zona, sempre com muita animação, atingimos a Piazza della Rotonda onde se ergue o mítico Panteão de Roma.

É uma praça ampla, ao centro da qual se encontra mais uma das fontes romanas, a Fontana del Pantheon, encomendada pelo Papa Gregório XIII no século XVI, constituída por um conjunto de estátuas em mármore e por um obelisco com os habituais caracteres egípcios.

Mas o que faz com que esta praça atraia milhares de turistas todos os dias, não é nem a fonte nem a bonita arquitetura dos edifícios envolventes, aquilo que todos querem ver é o imponente Panteão, que ocupa um dos lados da praça. 

A grande fachada retangular, em pórtico, é composta por 16 colunas de granito de 14 m de altura e esconde a enorme cúpula, da qual só nos apercebemos a partir do interior.
O edifício é uma das obras-primas da arquitetura da capital italiana, pela grandiosidade e pela perfeição das suas dimensões, mas também por ser o edifício da Roma Antiga que se encontra em melhor estado de conservação. A construção da estrutura que encontramos atualmente aconteceu nos tempos de Adriano, na primeira metade do século II. 

Um pormenor que surpreende na arquitetura do Panteão são as suas dimensões, o edifício circular tem exatamente o mesmo diâmetro do que a altura da cúpula: 43,30 m. O centro da cúpula abre-se num óculo de 8,92 m de diâmetro, o que permite que a luz natural ilumine todo o seu interior.
O nome Panteão deriva do termo Pantheion, do grego antigo, e que significa, comum a todos os deuses. Ou seja, este era um templo dedicado a divindades dos tempos antigos, provavelmente incluindo o culto aos deuses planetas, como Mercúrio, Vénus, Marte, Júpiter e Saturno. Mas, no início do século VII, o templo foi doado ao Papa Bonifácio IV que o transformou numa igreja católica.

Depois dessa transformação numa igreja o seu interior foi sendo enriquecido, com forras e colunas de mármore e várias obras de arte, e passou também a ser utilizado como mausoléu das sepulturas de alguns réis de Itália e de certos personagens de referência, como é o caso do pintor e arquiteto renascentista Rafael.

Campo dei Fiori e Piazza Farnese 

O ponto de paragem seguinte foi o Campo dei Fiori, uma praça que é atualmente, e desde 1869, transformada diariamente num dos mais populares mercados de rua da cidade. Todas as manhãs, de segunda a sábado, são montadas as bancas onde são vendidos alimentos e flores, mas também outro tipo de produtos. E é nesse período que a praça se torna mais interessante, com a azáfama do mercado a funcionar em pleno. Mas, infelizmente, não estivemos atentos a esse pormenor e só lá chegámos à tarde, e encontrámos apenas escassos vestígios do mercado desse dia.

Mas a história desta praça vai muito para além do local que hoje encontramos e onde se compram frutas e verduras. Foi construída em 1456 por ordem do Papa Calixto III num lugar onde existia um imenso campo de flores. Após a construção de alguns edifícios importantes naquela época, esta praça chegou mesmo a estar na moda e a ser frequentada pelas personalidades mais importantes da cidade.

Mais tarde, tornou-se mais popular e transformou-se num lugar associado ao trabalho dos artesãos, com a instalação de várias oficinas de artesanato e de alguns albergues, e começou aí o primeiro mercado de rua, para venda de cavalos.

Mas o Campo dei Fiori chegou também a ser um local de execuções públicas, e a recordação desse período é feita através da estátua que se eleva no centro da praça com a figura de Giordano Bruno, um filósofo e frade dominicano que foi queimado pela Inquisição neste mesmo sítio, no ano de 1600, acusado de heresia. Três séculos depois foi construído este monumento em sua homenagem.
Mas esta praça, que durante o dia é usada como mercado, à noite transforma-se completamente e, cheia de esplanadas e sempre com artistas de rua, é um dos locais mais agradáveis para um jantar e uma saída noturna.

Uns poucos metros depois do Capo dei Fiori, fica a Piazza Farnese, onde encontramos a já costumeira fontana, e vários edifícios grandiosos, com destaque para o Palazzo Farnese, onde fica atualmente a Embaixada de França.

Piazza Navona

Talvez seja a principal praça da cidade de Roma, a Piazza Navona ocupa o mesmo espaço onde, no século primeiro, se situava o estádio de Domiciano, ou Circo Agonal, construído pelo imperador Dominicano, com capacidade para mais de 30.000 espectadores, onde se assistiam aos jogos atléticos, que seguiam o modelo dos jogos olímpicos gregos da antiguidade.

Com o passar dos séculos foram acontecendo várias modificações, mas aquilo que mais marcou esta praça foi a construção das suas principais atrações, as três fontes mandadas executar sob o mandato do Papa Gregório XIII, no início do Século XVI, e que foram aperfeiçoadas no século seguinte, sobretudo pela mão do artista Gian Lorenzo Bernini. 

Além disso, foi também construída a Chiesa Sant'Agnese in Agone e vários edifícios que, até aos dias de hoje, continuam a ser bastante bonitos, dando a todo este conjunto uma imagem requintada e de grande valor artístico, e que é um dos principais cartões de visita da capital italiana.

As principais relíquias desta praça são as suas três fontes, todas inspiradas na água, no mar ou nos rios. 

A Fontana del Moro, localizada na entrada do lado Sul, foi criada por Giacomo della Porta mas as esculturas foram aperfeiçoadas posteriormente por Bernini, que incluiu alguns golfinhos com um aspeto bizarro. Representa um mouro, ou africano, de pé sobre uma concha, lutando com um desses estranhos golfinhos, e cercado por quatro tritões ajoelhados sobre conchas. O detalhe das esculturas é impressionante, como acontece em todas as obras de Bernini.
A Fontana dei Quattro Fiumi, ou Quatros Rios, também construída por Bernini em 1651, localiza-se bem ao centro da praça. É formada por quatro estátuas que representam os quatro rios mais importantes daquela época: o Nilo, o Danúbio, o Ganges e o Rio da Prata. 
Sobre as esculturas eleva-se um obelisco de 16 m de altura que pertenceu ao Circo de Maxêncio, que foi encontrado na Via Apia, na saída para Sul da cidade.
Recentemente, a Fontana dei Quattro Fiumi foi palco de uma das cenas mais relevantes do livro (e filme) Anjos e Demónios, de Dan Brown, com uma luta nas águas da fonte quase mortal para o professor Langdon (mais tarde, interpretado por Tom Hanks).

A Fontana del Nettuno, está localizada no extremo Norte, e foi criada por Giacomo della Porta, tal como a Fonte do Mouro, mas permaneceu ao abandono desde a sua criação até ao ano de 1873, quando foi finalizada, com a inclusão de estátuas decorativas feitas pelos escultores por Gregorio Zappalà et Antonio Della Bitta. 
Esta é, para mim, a mais bonita das três fontes, não só pelas esculturas decorativas, mas também pelos edifícios envolventes… e até pelas beldades que lá encontrei😊.
A Chiesa Sant'Agnese in Agone, outra das atrações da piazza, é uma igreja barroca, construída no século XVII. A sua arquitetura grandiosa é dominante na configuração da praça, o que leva a que a maioria dos visitantes acabem por entrar na igreja, ainda que, ao fim de algum tempo na cidade de Roma, já nos sentimos um pouco enfastiados de tanta igreja. 
Mas acreditem que vale bem a pena visitar esta igreja, a entrada é livre, e vamos poder apreciar várias esculturas, um altar precioso e uma magnífica cúpula com afrescos pintados por Ciro Ferri, que é uma autêntica obra-prima.

Além da exposição artística, das fontes e da igreja de Sant'Agnese in Agone, a Piazza Navona tem também uma grande oferta de restaurantes, quase sempre cheios, o que faz dela um dos principais pontos de concentração de turistas, e a torna muito animada e com grande atividade. 

A afluência é o mais eclética possível, dos apreciadores de arte sacra, aos turistas de pé-descalço, dos visitantes estrangeiros, de todas as proveniências, aos turistas italianos, e há também os artistas de rua, dos mais variados tipos, que vão animando o ambiente. E, em conjunto, todos contribuem para que esta praça seja um dos locais mais agradáveis e interessantes da cidade de Roma, praticamente a qualquer hora, tanto de dia como à noite, sendo que à noite, adquire ainda uma beleza mais apurada.


Terminamos assim um dos circuitos possíveis para conhecer uma parte do centro histórico da cidade de Roma. Nos próximos dias faremos novos percursos em que iremos visitar algumas das atrações deste mesmo centro histórico, que não foram incluídas no dia de hoje, apenas por uma questão de proximidade geográfica e de otimização dos percursos.