sábado, 21 de maio de 2005

Itália - Toscana

Ao longo das últimas décadas tenho viajado e voltado a viajar pelas mais fascinantes regiões de Itália, esse país que sempre me faz sentir como se estivesse em casa, pelas suas paisagens, os hábitos e os paladares, e por uma envolvente mediterrânica que se sente em cada detalhe desta terra e que, a mim, me agrada particularmente. Foram já oito viagens de Norte a Sul, desde a primeira, feita de comboio em 1984, ou outra em auto-caravana, em 1994, e mais algumas feitas com carro alugado a partir dos aeroportos para onde voei.
Quando penso num lugar onde gostaria de viver, imagino quase sempre uma das regiões italianas que visitei. É aqui em Itália onde mais facilmente me consigo sentir como se estivesse em casa, talvez porque os hábitos italianos sejam tão próximos do estilo de vida que mais aprecio, de passar os dias de forma prazerosa, o chamado dolce far niente italiano... o almoço prolongado à sombra de um alpendre, com a família ou os amigos, o prazer da comida que alguém cozinhou com todo o gosto para nos agradar, o paladar dos vinhos que nos acompanham. 

E é aqui, na Toscana, que melhor enquadramos este estilo prazenteiro de viver, com as paisagens mais bonitas que nos são oferecidas para onde quer que se olhe... com as linhas do horizonte marcadas pela imagem de vinhas infinitas, salpicadas aqui e ali, por uma casa senhorial assinalada pelo carreiro de acesso ladeado por ciprestes.

Inspiro fundo e aprecio mais uma destas paisagens que a Toscana nos oferece... que lugar tão mágico e tão acolhedor, onde nos apetece ficar sempre mais um bocadinho, demorar um pouco mais para um último copo de Chianti e para mais uma côdea de pão estaladiça molhada em azeite, e olhar em volta  e pensar que está tudo no sítio certo, os espaços, as casas, as cores da terra, a luz do entardecer, os aromas e os silêncios profundos... tudo é prefeito.

Por tudo isto, é natural que tenha escolhido começar a escrever a minha primeira crónica de viagens neste blogue, exatamente sobre a Toscana, este lugar encantador.

(6 dias em Maio de 2005)

Foi a minha segunda viagem à Toscana, mas já a quarta visita à cidade de Florença, a capital do Renascimento e também desta região italiana. Foi em Maio de 2005, eu e a Ana, a minha mulher, desta vez com a Beatriz, com seis anos, e com a Martinha, com apenas nove meses. Uma viagem com dois carrinhos de bebé, o que é um dado importante para que se registe que é perfeitamente possível viajar com crianças ainda pequenas.
Chegámos a Florença com um carro alugado e instalámo-nos num hotel na periferia, uma das muitas villas toscanas que se encontram na região, quase todas com uma pequena piscina, muitas vezes um pátio mediterrânico ou um alpendre, para refeições ou apenas para alguns momentos de lazer ou de leitura. Escolhemos o hotel Boscolo Granducato, que fica a 25 km do centro de Florença, o que facilitava o acesso às viagens que pretendíamos fazer.
O nosso objetivo era percorrer as aldeias e cidades da Toscana, tentando utilizar algumas estradas secundárias, fugindo às autoestradas e esperando a sorte de encontrar as mais bonitas paisagens rurais, o que não é difícil, num local tão fascinante como este.
Assim, fixámos dois dias para visitar Florença e outros dois para passear pela região Sul da Toscana e ainda um último dia, já a caminho do Norte, em que iríamos passar pelas cidades mais emblemáticas da parte junto litoral da Toscana.
De notar apenas que não existem voos diretos a partir de Lisboa para Florença (ou não existiam, nesta altura) e, por isso, o mais comum seria voarmos para um dos aeroportos com voos low-cost diretos de Lisboa ou do Porto, ou seja, Roma, Milão ou Bolonha. Em qualquer dos casos obrigaria sempre a um percurso entre os 250 e os 400 km, pelo que, seria necessário prolongar a viagem mais dois dias, tanto para os voos como para os trajetos entre o aeroporto escolhido e Florença. Assim, neste mês de maio de 2005, voámos para Milão e fizemos depois os 400 km em carro alugado até à villa Toscana reservada.


Arezzo:

Saímos de manhã cedo, demorando apenas o tempo que o pequeno-almoço requintado justificava, e seguimos pela autoestrada até Arezzo.
Uma das maiores cidades da região, com vários monumentos numa arquitetura medieval que define o estilo das ruas e praças, como a Piazza Grande, cheia de comércio, restaurantes e bares, e que nos leva ao imaginário do filme de Roberto Benigni, A Vida é Bela, rodado em 1997 nas ruas desta cidade.
Optámos por um passeio tranquilo sem visitas a monumentos, que não nos pareceram suficientemente grandiosos, mas com paragens para café e souvenires, identificando alguns dos recantos representados nas fotografias expostas em vários locais com imagens do filme de Benigni.

         


Cortona

Voltámos à autoestrada até Cortona, ainda na província de Arezzo, localizada no limite Sul da região da Toscana, sobre uma colina a 600 m de altitude. Cortona é uma das cidades mais antigas nas colinas da Toscana e um destino turístico muito concorrido, devido à sua localização geográfica e por ser um belo labirinto de ruas antigas e construções medievais, com uma vista sem fim sobre as planícies com vinhas e campos de feno.
Nas esplanadas e restaurantes espalhados pelo empedrado das ruas e praças, apetece parar e experimentar algumas especialidades locais mais ligeiras, uma salada, um carpaccio ou mesmo uma pizza, ou apenas umas fatias de pão ou de focaccia para molhar em azeite com alecrim e “aceto” balsâmico de Modena, e sempre um copo de um tinto desta região de Chianti.


         

À saída de Cortona em direção de Motepulciano, (e depois, mais tarde, no caminho para Monteriggione, através da região vinícola de Chianti) optámos por estradas secundárias à descoberta da Toscana mais profunda, entre paisagens rurais intercaladas por aldeias de influência etrusca, numa inspiração de um imaginário medieval.

Fomos andando e parando vezes sem conta, com o pretexto de mais uma foto, mas ficando cada vez mais tempo em cada paragem, para apreciar o ambiente inspirador que vem da beleza sublime destes locais.
         


Motepulciano

Ao fim de alguns quilómetros chegámos a Motepulciano, mais uma vila no alto de uma colina, como todos os povoados nesta região, com o mesmo tipo de ruelas apertadas e casas de aspeto medieval, de onde se destacam as praças junto às igrejas, quase sempre rodeadas por esplanadas e lojas.



         
As paisagens do alto das muralhas que circundam a aldeia de Motepulciano são magníficas, com uma vista infinita sobre os verdes viçosos dos campos, que nos impressionaram a todos... dos mais velhos aos mais pequeninos.

         



Zona de Chianti e Monteriggione

No percurso seguinte entrámos pelas terras da região demarcada de Chianti, sempre por estradas rurais e sempre a um ritmo lento e com tempo para longas paragens, para aproveitar ao máximo as magníficas vistas, que adquirem agora tonalidades diferentes, marcadas pelo entardecer.

No meio deste percurso pelas aldeias e campos da região de Chianti, acabámos por chegar a Monteriggione, uma pequena aldeia cercada por muralhas e ameias, que nos permite observar toda a paisagem envolvente, num ângulo de 360º.

Ficámos a ver o entardecer e o cair do sol que foi alterando as cores da paisagem, marcada pelo contraste dos verdes dominantes, dos amarelos dos cereais secos e dos vermelhos vivos dos campos de papoilas.




Que privilégio foi poder desfrutar de paisagens tão sublimes e tão distintas... de uma colina avermelhada de argila lavrada ao amarelo-torrado das plantações de cereais já maduros, dos campos verdejantes, por vezes pontilhados pelos enormes rolos de feno seco, ao vermelho vivo dos campos de papoilas… e toda esta contemplação marcada por um silêncio celestial. E além de tudo isto há ainda o poder dos aromas. O cheiro ativo da terra húmida, das plantas e dos campos cultivados, cheiros que se tornam ainda mais marcantes num final de tarde de Primavera. 

Está um entardecer magnífico, que sensação de grande tranquilidade! É o que se sente quando espreitamos por uma das portas das muralhas com vista sobre um campo imenso, quando os amarelos começam a escurecer.


Faltava apenas terminar o dia com um jantar ao ar livre numa esplanada na praça principal de Monteriggione, numa noite amena e muito agradável, que foi a recompensa pelo cansaço saboroso deste dia quente e longo, e extraordinariamente inspirador.
Era a hora das iguarias mediterrânicas, os queijos, os azeites e os vinhos, claro… que prazer sublime, os melhores dos paladares num jantar com direito à contemplação de uma noite estrelada e magnífica, ao som do mais profundo dos silêncios.

Encerrámos assim, da melhor maneira, este dia extenuante, que nos levou pelas estradas da Toscana num percurso de mais de 300 km, entre as 9h da manhã e as 10h da noite... um dia fabuloso e uma jornada inesquecível.


San Gimignano

Saímos de Florença diretamente até San Gimignano, um dos polos turísticos mais concorridos da região.
Há que estacionar num parque municipal a cerca de 1 km e apanhar um minibus até à porta das muralhas. Funciona bem mas faz-nos antever que se trata de um local demasiadamente concorrido, nada parecido com os locais tranquilos do dia anterior. Mas a silhueta da cidade vista de fora faz-nos acreditar que se trata de uma cidade muito especial.
Quando entramos na cidade confirmamos a presença de um mar de gente, de italianos a diversos europeus, de americanos a japoneses. Lá dentro, embora com a mesma traça medieval e as mesmas ruas e praças empedradas, desta vez a marca arquitetónica dominante surge de um conjunto de torres que são o ex-libris da cidade.
Atualmente existem um total de 14 torres, embora alguns historiadores vêm referindo que, na Idade-Média, terão existido 72. De qualquer forma, tanto no passado como na atualidade, San Gimignano é definitivamente a cidade das torres.
As maiores são a torre de La Rognosa, com cerca de 50 m de altura, que é também a mais antiga da cidade e que era utilizada como prisão e a Torre Grossa, com 54 m, localizada na Piazza Duomo, ao lado do Palazzo Nuovo del Podestà.
Os polos principais a visitar são a Piazza Duomo, o centro político e religioso da cidade e a Piazza della Cisterna, com o seu poço, que é o principal ponto de encontro de turistas, que costumam atirar moedas, como se faz na Fontana di Trevi, em Roma.
Nesta mesma praça encontra-se uma “gelateria" de referência (e premiada, segundo diz no letreiro sobre a porta), o espaço ideal para fazer uma pausa e experimentar um sorvete inesquecível, pelo menos foi assim que me soube (com o inconveniente da existência de uma longa fila de clientes).
É ainda inevitável um circuito pelas lojas de artesanato e também, dependendo da hora (e no nosso caso passámos pela hora de almoço), pelos restaurantes ou esplanadas (existem para todos os gostos e carteiras), com as especialidades gastronómicas locais.



A paisagem da envolvente, que pode ser contemplada do lado de fora da cidade, é também encantadora, tal como nos mais belos locais da Toscana profunda, visitados no dia anterior.

Por isso, para fugir da multidão que, naturalmente, se concentra no centro histórico, recomendo que se afastem alguns quilómetros e façam uma paragem para um passeio tranquilo, e aí, além dos encantos da Toscana rural, que vão encontrar, terão ainda a imagem, à distância, da silhueta da cidade, marcada pelas suas 14 torres, levando-nos inevitavelmente para um imaginário medieval.



Siena

A cerca de 40 km de San Gimignano fica Siena, cidade Património Mundial da UNESCO e uma das mais belas de Itália, e também o principal centro urbano da zona Sul da Toscana. Entrar em Siena é viajar no tempo até à Idade-Média. Segundo os registos históricos, a atual cidade mantém um aspeto semelhante ao dos séculos XIII a XIV.
É uma cidade que atrai todos os anos milhares de turistas de todo o mundo, e esse é quase sempre o grande problema das mais bonitas cidades de Itália. Mas Siena é também uma importante cidade universitária, em que a universidade, fundada no século XIII, é uma das mais prestigiadas de Itália, famosa pelas faculdades de Direito e Medicina.
A catedral, construída entre os séculos XII e XIII, é um exemplo típico da arquitetura gótica italiana. Para além do seu aspeto exterior majestoso e da magnífica fachada em mármore trabalhado, no seu interior podem também observar-se esculturas, pavimentos em mosaicos e os afrescos nos tetos e abóbadas, que são de uma riqueza artística impressionante. 
Mas aquilo que mais me interessou na visita ao interior desta catedral foi a possibilidade de subir até ao alto da sua torre e contemplar toda a cidade, as suas ruas e praças e os telhados dos seus edifícios, numa imagem onde a presença nefasta dos turistas se dissipa, o burburinho que eles provocam desaparece, e ficamos ali, deslumbrados, a olhar em volta, com a certeza de que viajámos mesmo no tempo e acabámos de chegar à Idade-Média.
Pelas ruas é comum encontrar bandeiras e faixas coloridas com os brasões de cada bairro ou “contrade”, como se designam os bairros desta cidade, o que acentua ainda mais o ambiente medieval envolvente e aquele imaginário que associamos aos torneios medievais, talvez por força de tantos filmes da época a que assistimos. 

Qualquer passeio pelas ruas de Siena, por entre lojas, restaurantes e gelatarias, tem invariavelmente o mesmo destino, porque todos os caminhos vão dar ao mesmo sítio... trata-se da Piazza del Campo, a lindíssima praça principal da cidade com a sua forma em meia-lua. É o centro da cidade e o local de concentração de milhares de turistas. É lá que se encontra o Palazzo Pubblico (Câmara Municipal no século XIV) e a alta Torre del Mangio, com o famoso Campanile (campanário), e ainda a Fuente Gaia, com as suas esculturas em baixos-relevos.
Nesta praça é inevitável ficarmos sem ligar ao tempo que passa, sentados no chão ou nalgum degrau ou, melhor ainda, numa das muitas esplanadas, quer seja para almoçar ou jantar, ou apenas para um café ou um sorvete. E ali ficamos, a observar o palpitar da cidade, a chegada e a partida dos turistas, a mudança de cor dos edifícios que vai surgindo com o cair do sol.

O final da tarde e início da noite é o momento ideal. Os turistas começam a abandonar a cidade e ainda não começou a chegar uma nova vaga, na busca dos restaurantes. É nessa altura que a cidade se torna mais genuína... um final de tarde de um dia soalheiro no coração de Siena é, podem crer, um momento inesquecível.
É também na Piazza del Campo que se realiza a famosa e emocionante corrida de cavalos, num regresso quase literal à Idade-Média, o Palio di Siena

O Palio é feito duas vezes por ano, a 2 de Julho e a 16 de Agosto, desde o século XVII. Participam os 17 bairros da cidade (os tais contrades), desfilando pela Piazza del Campo com trajes tradicionais e bandeiras. Mas, na corrida propriamente dita, participam apenas dez cavalos e cavaleiros, de cada um dos 10 bairros escolhidos por sorteio. Cada bairro tem as suas cores, o seu brasão e o seu hino. Ganha o cavalo que chegar primeiro, após três voltas ao redor da praça, mesmo que o jóquei já tenha caído. Nos dias de corrida os habitantes e turistas (aos milhares) concentram-se na Piazza para assistir ao evento. A corrida dura apenas 90 segundos mas a celebração do evento dura várias semanas.

Na minha primeira visita a Siena, em 1994, aconteceu ter lá estado no dia 15 de Agosto, ou seja, na véspera do dia do Palio (de que eu nunca tinha sequer ouvido falar). Assim sendo a cidade estava naturalmente diferente, os habitantes locais em grande número e numa enorme azáfama, as ruas enfeitadas com bandeiras e faixas, o que dava à cidade uma imagem ainda mais fantástica. Mas existiam também outros detalhes menos positivos, como uma maior quantidade de turistas, tornando quase impossível a utilização de locais públicos e ainda a circunstância de todo o empedrado da Piazza del Campo se encontrar coberto por uma camada de areia, permitindo assim melhorar a aderência dos cascos dos cavalos ao piso, durante a corrida... mas esse é um pecado imperdoável, aquela praça, sem aquele piso de pedra à vista, não é a mesma coisa. 

Uma década depois, passei algum tempo sentado naquele mesmo empedrado e foi lá que a Martinha, a minha filha mais pequenina, ensaiou os primeiros movimentos de gatinhar, usando aquele piso quente e acolhedor, que costuma ser o local ideal para ver a cidade a respirar, e que se tornou, naquele momento, num lugar inesquecível.
À noite, depois de jantar, voltámos se novo à nossa villa, e fechámos assim mais um grande dia pela região da Toscana.


Sul da Toscana e Umbria

Desta vez, depois de Siena seguimos logo até Florença, mas, numa outra viagem que tinha feito a esta região há cerca de 10 anos, usei mais um dia completo e aproveitei para explorar a parte mais a Sul da Toscana, já bem abaixo da cidade de Siena, e tendo mesmo entrado na vizinha região da Umbria.

O percurso realizado nesse dia foi seguindo o roteiro representado neste mapa:

O primeiro ponto de paragem neste caminho para Sul foi uma fonte termal onde encontramos cascatas e lagos de águas quentes e sulfurosas, as Terme di Saturnia.

A imagem das quedas de água e das piscinas, que se formam em socalcos, até cria um efeito visual interessante, porém, este tipo de termas naturais atrai muitos visitantes, que resolvem ficar de molho, esperando que aquelas águas lhes curem qualquer coisa, que nem sei bem o que é… e assim, com tanta gente, o local perde toda a graça.
Mas este não é um tipo de local que eu aprecie e jamais entraria naquelas piscinas. Fez-me lembrar a imagem de uma antiga leprosaria, e com um cheiro nauseabundo a enxofre, que também não ajudava nada. Assim, deixo aqui apenas uma foto, que mostra os magotes de pessoas em cura de águas… pelos vistos haverá quem aprecie.

Chegamos depois a Pitigliano, uma aldeia bastante fotogénica, por se encontrar no topo de um maciço rochoso, ficando bem visível o seu aspeto de aldeia medieval.
O penhasco sobre o qual se ergue esta aldeia é composto por formações de tufos vulcânicos, que são rochas porosas e de baixa densidade, e facilmente escaváveis. Por isso, os penhascos encontram-se cheios de cavernas e a própria aldeia tem bastantes túneis e sepulturas de origem etrusca.

Pitigliano tem ainda uma importante história de presença judaica, pela sua Sinagoga e por ter tido um bairro judeu desde a Idade-Média. Durante a segunda guerra mundial o número de judeus reduziu drasticamente, apesar de muitos dos membros da comunidade tivessem conseguido sobreviver graças às famílias católicas que os esconderam. Por tudo isso, a aldeia é conhecida como a pequena Jerusalém da Toscana.

Hoje em dia é ainda possível visitar os locais com as marcas da presença judaica, como o antigo gueto judeu, com uma rede de túneis escavados no tufo, e a sua Sinagoga. É também visitável a Chiesa di Santa Maria, a igreja católica mais antiga do vilarejo, cuja torre sineira é visível na bonita silhueta da parte velha da aldeia.

O trajeto seguinte levou-nos para além dos limites da Toscana, entrando na região vizinha da Umbria. O objetivo era, sobretudo, visitar a aldeia de Assisi, ou Assis, terra que vive muito em torno da figura do seu santo padroeiro, o frade franciscano São Francisco de Assis.

Enquanto percorremos a região da Umbria, muito semelhante à parte mais a Sul da Toscana, começamos a avistar ao longe a silhueta de Assis, um belo vilarejo medieval que mantém a sua traça original, garantindo a manutenção das numerosas obras de arte e locais de culto, que por lá existem, na maioria, criados em honra de São Francisco.
A aldeia acomoda-se ao longo da encosta de uma montanha arborizada, fazendo realçar os contrastes entre os tons de areia da maioria dos edifícios, com os verdes viçosos da colina.

A paisagem, tal como a própria aldeia, é dominada pela figura de São Francisco de Assis, neste caso com a presença do majestoso Convento de São Francisco, cuja construção remonta ao século XIII. A minha visita a este local ocorreu em 1994, ou seja, três anos antes de um terremoto que haveria de provocar graves danos, não só neste Convento, mas em toda a povoação de Assis… mas, depois disso, após uma grande quantidade de obras de reabilitação, voltaram a recuperar toda esta aldeia.
A Basílica que fica na parte superior do Convento foi construída em estilo gótico e apresenta, no seu interior, uns painéis decorados por Giotto e outros pintores da época, com temas da vida de São Francisco. É também no seu inferior que se encontra a cripta de São Francisco.
Embora esta Basílica seja a principal atração de Assis, existem outros pontos de interesse que também devem ser visitados. Posso falar da Catedral, construída no século VIII e reconstruída no século XII, mas acho até mais apropriado referir que a aldeia é toda ela uma peça de arte, reproduzindo as imagens de uma Idade-Média devidamente lavada e polida, onde encontramos um sem número de lojas e restaurantes que são sempre um local obrigatório de paragem.


Na volta para Norte, de novo até Siena, o caminho passa pela capital da Umbria, a cidade de Perugia. Assim, não podia deixar de fazer uma breve visita a esta cidade, mas reconheço que foi mesmo muito breve.

Fui diretamente para o coração do centro histórico, começando pela Piazza della Repubblica e seguindo pela rua principal, o Corso Pietro Vannucci. Ao final desta rua chegamos à Piazza IV Novembre onde surgem os mais importantes monumentos de toda a cidade.

Primeiro o Palazzo dei Priori e depois grande igreja desta cidade, a Cattedrale of San Lorenzo, que se desenvolve nesta praça, mas com um dos alçados já à entrada da Piazza Ignazio Danti.


A cerca de 300 m para o interior da parte mais antiga da cidade surge o Acquedotto medievale di Perugia que desce ao longo da Via Apia, junto a uma imensa escadaria, que é um dos ex-líbris da cidade velha.


Termino aqui um desvio relativamente à viagem que fizemos em 2005, feito uma década antes, e que me permitiu visitar alguns lugares interessantes do Sul da Toscana e até ir um pouco mais longe, entrando mesmo na Umbria.

No regresso ao Norte, tanto nessa altura como na viagem mais recente, o destino seguinte foi a cidade de Florença, a capital da região da Toscana.


Florença

Fomos finalmente para Florença, a grande cidade e capital desta região. É um dos principais centros culturais e artísticos de Itália, considerada como a capital do Renascimento. Com um centro histórico que é património da UNESCO, desenvolve-se a partir das margens do rio Arno, com uma paisagem onde se destacam três dos monumentos mais marcantes em todo o panorama mundial da história de arte: a Ponte Vecchio, o Duomo de Santa Maria del Fiore (a Catedral de Florença), com a sua cúpula majestosa, e o Palazzo Vecchio, de onde se salienta a imensa torre.

Para além dos percursos pela cidade, que naturalmente são obrigatórios, e dos museus ou monumentos que haveríamos de visitar, existe um lugar imperdível na cidade de Florença, ou Firenze, em italiano: a Piazzale Michelangelo. É dessa praça-miradouro que se pode contemplar a cidade em todo o seu esplendor e é dali que todos os monumentos, as casas, com a sua arquitetura medieval, as pontes, sobretudo a Ponte Vecchio, ganham a sua real dimensão. 

Florença só é a cidade que é, porque pode ser contemplada da Piazzale Michelangelo, desta forma tão poética, como se de um fresco se tratasse.
Nos dois dias em que visitámos Florença caminhámos passando pelas principais atrações da cidade, seguindo, mais ou menos, os percursos assinalados neste mapa:
 
No nosso primeiro dia em Florença começámos pela margem direita do “fiume” (rio) Arno e deixámos para o dia seguinte a margem esquerda, onde se encontra a principal praça-miradouro da cidade. 

Começámos por uma das pontes mais famosas do mundo, a Ponte Vecchio, uma ponte em arco medieval, com o seu tabuleiro totalmente ocupado por lojas e mercadores de rua, que desde a Idade-Média mostram as mercadorias sobre as bancas, sobretudo ourivesarias e joalharias. Foi já destruída algumas vezes, devido a cheias, mas também devido aos bombardeamentos alemães na Segunda Guerra Mundial e conta-se que esses bombardeamentos terão tido uma ordem direta de Hitler.

Saídos da ponte, na direção da Basílica di Santa Maria Novella, andando ao longo do curso do rio, onde a paisagem é das mais deslumbrantes da cidade, com a vista da própria Ponte Vecchio e do amontoado de casas medievais quase a querem galgar o rio.


Depois da Basílica di Santa Maria Novella, continuámos para a zona de San Lorenzo, primeiro o Mercato e a seguir a Basílica, descendo depois até à Catedral de Florença (Santa Maria del Fiore), onde parámos para uma visita ao Battistero di San Giovanni e à própria catedral.
O Duomo di Firenze, cuja construção levou 130 anos, entre o fim do século XIII e o início do século XV, é das obras mais representativas da arquitetura gótica italiana e uma das maiores catedrais do mundo. Desenvolve-se em planta numa cruz latina, com três naves, com 153 m de comprimento por 90 de largura, podendo acomodar até trinta mil pessoas no seu interior. A cúpula, que marca toda a imponência deste monumento, atinge os 54 m.
A beleza e riqueza arquitetónica resultam das suas formas e contornos, mas também do revestimento de toda a fachada em mármores brancos, verdes e rosas, no típico estilo gótico italiano.

A visita ao interior da catedral é imprescindível como exemplo marcante da arquitetura monumental de Itália. E há imenso para ver, sobretudo os magníficos painéis pintados nos tetos e abóbadas, contudo, a minha prioridade foi encontrar a escada de acesso à torre ou cúpula mais alta, onde pudesse contemplar a cidade de uma forma especial. Neste caso pode-se subir até à torre do sino e desfrutar da vista panorâmica sobre o centro histórico da cidade.

Só nestes miradouros conseguimos deixar de ver os milhares de turistas que enchem as ruas e passamos a observá-los apenas como um conjunto de pequenos pontos, como enxames em movimento, e assim, a cidade parece-nos mais genuína e menos o parque de diversões que nos aparenta ser no meio do rebuliço diário.
Depois da visita à catedral seguimos pelo Centro Storico, espaço declarado como património da UNESCO, e deambulámos pelo labirinto de ruelas, sem destino, só pelo palmilhar de cada empedrado, a admirar cada construção de traça medieval. 
Há nessa zona uma habitação que nos desperta especial curiosidade, a Casa di Dante Alighieri, onde o autor da Divina Comédia terá nascido.
Para fazer uma pausa seguimos até à Piazza della Repubblica. Os cafés históricos desta praça foram, durante décadas, locais de culto para intelectuais, artistas e políticos. Alguns destes cafés são ainda pontos de visita obrigatória, como é o caso do Caffè Gilli, um dos mais antigos da cidade.

Em tempos fizemos uma paragem no Gilli (não na viagem de 2005, mas numa viagem anterior, em 2000). Naquele fim de tarde frio em Dezembro de 2000, parámos e tomámos chá com biscoitos e foi inesquecível, pelo requinte, pela carga histórica, que se percebe na decoração e no ambiente... e também pelos preços de tudo o que escolhemos (mas um dia não são dias). Desta vez, com as miúdas, optámos por uma gelataria na mesma praça, mais apropriada ao calor do final de Maio.
Mais à frente surge a Piazza della Signoria, dominada pelo Palazzo Vecchio, a praça central de Florença que está rodeada por estátuas, entre as quais a Fonte de Neptuno e uma a cópia de "David", de Michelangelo (a estátua original encontra-se num museu da cidade, a Galleria dell´Academia).

O Palazzo Vecchio, que funciona atualmente como Câmara Municipal, contém uma coleção de arte de referência e um conjunto de espaços com enorme riqueza arquitetónica. Visitei o Palazzo uma única vez das quatro visitas que fiz à cidade e o meu objetivo principal foi poder chegar ao topo da Torre de Arnolfo e contemplar a paisagem, em mais um cartão-postal que esta cidade nos oferece.
A Galleria degli Uffizi, a poucos metros da Piazza della Signoria, é um dos museus de arte mais prestigiados de todo o mundo e uma das maiores atrações turísticas de Florença. Uma visita a esta galeria obrigará a reservar uma tarde adicional, por isso, desta vez optámos por não a visitar, preferindo aproveitar mais algum tempo pelas ruas, num final de tarde que se avizinhava apetecível. A Galleria degli Uffize é composta por cerca de cinquenta salas, a maioria dedicadas aos grandes mestres do Renascimento, com as mais importantes obras de artistas como Leonardo da Vinci, Michelangelo, Rafael, Tiziano e Botticelli.
Voltámos para as ruas, desta vez tomando a direção da Piazza di Santa Croce. A Basílica com o mesmo nome é uma das principais igrejas franciscanas em toda a Itália e, segundo os historiadores, terá mesmo sido fundada pelo próprio São Francisco de Assis. 

É também uma espécie de Panteão não-oficial dos italianos, onde estão sepultadas algumas das mais ilustres figuras do país, como Michelangelo, Galileo Galilei, Maquiavel e Rossini.
Com as cores do entardecer, ficámos a apreciar só mais uma das muitas paisagens inspiradoras que a cidade nos oferece.
Terminámos depois o dia numa esplanada para um jantar onde pudemos provar as melhores iguarias da Toscana, as pastas, claro, mas também as saladas e as focaccias, e o vinho, sempre um inevitável Chianti, para brindar a mais um dia tão cheio e tão rico.
Neste dia percorremos apenas cerca de 4 km em passo lento, seguindo este guia de referência, mas que fomos sempre adaptando em cada momento ao sabor das vibrações da cidade.
Há ainda tempo para um passeio noturno, porque à noite as cidades adquirem uma outra face, como se fossem cidades diferentes. 

É nesta altura que nos conseguimos livrar do grande flagelo da cidade Florença... os turistas. Mas é curioso porque, afinal, também nós somos turistas e passamos o tempo todo a lamentar a sua existência. Mas o turista português é diferente... diferente dos magotes de japoneses ou das camionetas de excursão ou dos grupos de adolescentes em viagens de finalistas. Nós deixamo-nos absorver pelas cidades, pelo seu balanço, pelas suas palpitações... pelo menos é o que eu acho, mas pode ser apenas pretensão minha.

Depois de voltarmos ao carro resolvemos ainda fazer uma paragem junto ao miradouro da Piazzale Michelangelo e apreciar a vista sobre uma cidade que vai adormecendo e vai ficando cada vez mais bela.


O dia seguinte ia ser um novo dia em Florença e, neste caso, programámos visitar a colina que se desenvolve ao longo da margem esquerda do rio, começando exatamente pelo mesmo local onde tínhamos acabado o dia anterior, a Piazzale Michelangelo, para contemplar a mesma vista da cidade, mas agora iluminada pela luz do sol.

A mim apetece-me sempre demorar-me nestas zonas de observação das paisagens mais arrebatadoras, deixar-me ficar sentado a contemplar o que nos envolve... e nenhum outro lugar é tão apropriado para uma pausa como este miradouro. É quase como se consultássemos um mapa, vamos registando a posição de cada monumento, cada praça, cada ponte que corta o rio... e vamos ficando encantados.
O tempo passava e não éramos capazes de nos ir embora, não queríamos ter que nos despedir desta extraordinária vista e quisemos ainda guardar uma outra imagem, desta vez com a nossa princesinha italiana... para mais tarde recordar.
Mas lá retomámos a nossa marcha, é sempre assim, desta vez seguimos na direção do Palácio Pitti, junto à Ponte Vecchio. O caminho faz-se sempre na proximidade do rio, em ruas menos frequentadas por turistas do que na margem direita. Só quando chegámos à rua de acesso à ponte e virámos à esquerda para o Palácio, é que o burburinho recomeça e os magotes de japoneses ou coreanos, ou lá o que eles são, começam a dominar a paisagem.

O Palácio Pitti é uma construção renascentista imponente e foi usado durante séculos como residência da família que dominou Florença na época da Renascença, os Médici. Mais uma vez não quisemos entrar, ficámos apenas na Piazza Pitti onde fica a sua ampla fachada, embora tivesse curiosidade em conhecer, não tanto o palácio, mas sobretudo os Jardins Boboli, que dizem ser esplendorosos (mas que nunca visitei), e que ocupam uma área imensa e têm um aspeto que faz lembrar Versalhes.
Mas com o calor que estava decidimos encurtar este dia em Florença e assim perdemos um passeio por entre árvores, flores, fontanários e esculturas e, também, entre muitos japoneses… visto assim, talvez tenha sido uma boa opção!

Mas para regressarmos ao carro havia ainda que percorrer um longo caminho pela margem do rio, voltando a atravessar algumas das ruas do centro histórico num último passeio, que já era de despedida, deixando-nos melancólicos, a suspirar pelo adeus à cidade.


O dolce far niente italiano... numa Villa da Toscana

A nossa escolha de encurtarmos a visita a Florença teve um propósito que se recomenda vivamente, que é tentar usufruir um pouco da villa onde ficámos hospedados. Na verdade, o espaço é bastante acolhedor e só o tínhamos utilizado como dormitório. Assim, resolvemos passar algum tempo na piscina e no alpendre e aproveitar a oferta que nos era proporcionada.

Na época desta viagem, no fim de Maio, nem era suposto que os dias fossem tão quentes, mas essa foi uma boa surpresa. Assim, passámos o resto da tarde relaxados, na piscina ou ao sol, sob o alpendre ou à sombra de uma árvore, num verdadeiro dolce far niente... e, ao anoitecer, brindámos ainda por esta despedida com mais um jantar de paladares requintados, com uma nova oportunidade para inspirar os aromas, sentir o silêncio que nos envolvia e olhar uma última vez para o céu estrelado da Toscana.



Lucca

Havia ainda um novo dia por terras da Toscana, mas já no caminho final de volta ao aeroporto de Milão, onde tínhamos que apanhar um avião nessa mesma noite. Assim, não havia tempo a perder porque, para além dos mais de 400 km que tínhamos de percorrer, programámos ainda duas paragens em outras tantas cidades da Toscana mais ao litoral, que não podíamos deixar para trás.

A cidade de Lucca, segue a mesma linha arquitetónica medieval das cidades anteriores, e como em quase todas as cidades italianas, existe também aqui a habitual catedral ou Duomo, com uma torre, ou campanário, que, ainda assim, não é a torre mais alta da cidade. A mais alta das torres de Lucca e que constitui um miradouro preferencial para observar o resto da cidade, é a chamada Torre Guinigi.
Mas os traços medievais são visíveis nas ruas e praças e, principalmente numa praça circular que é um verdadeiro ex-libris da cidade, a Piazza dell’Anfiteatro, rodeada de casas, com acessos através de passagens em arco sob os edifícios. É a praça mais importante da cidade e também a mais concorrida.

A maior torre da cidade, a Torre dei Guinigi, tem 45 m de altura e foi construída na época medieval, em pedra e tijolos, e destaca-se sobretudo devido às árvores que crescem no seu topo, numa espécie de jardins suspensos.
Entre as maiores torres que pertenciam às famílias que dominavam a cidade, esta é a única que não foi demolida. Atualmente a torre é visitável como miradouro que permite observar o centro histórico da cidade, nomeadamente a referida Piazza dell’Anfiteatro.


Pisa

O próximo destino é, naturalmente, um destino imperdível. Localizado já próximo do litoral da Toscana, é daqueles locais que toda a gente tem que visitar uma vez na vida: Pisa, isto é, a Torre de Pisa.
E tudo o que visitámos nesta cidade foi o seu Duomo, com o relvado que o rodeia e, claro, a sua torre inclinada.
Depois de percorrermos a Toscana fica-nos a ideia de que já vimos tanta coisa, que esta torre já não acrescentaria grande coisa… mas, o facto de ter sido mal construída ou mal calculada, fez desta construção a torre mais famosa do mundo. Depois houve a intervenção providencial que fez com que a torre não tivesse caído nem tivesse sido recolocada na vertical.

Por isso, continua inclinada, mas estável, e lá vamos todos nós em romaria... os japoneses, desde logo, mas nós também. E todos tiramos a fotografia da praxe, com a mão a amparar o vazio, para que dê a ilusão de que é a pessoa fotografada que está a impedir que a torre caia.
Mas agora, analisando de uma forma mais positiva, sem considerar que a presença massiva de turistas transforma aquele local numa espécie de parque de diversões... na verdade, aquele complexo em torno do Duomo até é bem interessante. Tem o nome de Piazza dei Miracoli e, ao longo do extenso relvado que cobre toda a praça, tem alguns monumentos religiosos de grande importância, e com uma arquitetura preciosa. Desde logo a própria Torre, claro, mas também a Catedral, o Batistério e a Torre Sineira, entre outros.

E foi por ali que passámos o tempo que estivemos em Pisa, sentados naquele relvado rodeado por peças de arte da arquitetura... mas, apesar da beleza dos monumentos não se capta qualquer magia, apenas assumimos o chip de quem está um parque turístico e não num complexo religioso, e até acabamos por ficar com os olhos em bico.
        
Será uma visita imperdível?... sim, talvez seja... acho que se justifica o desvio para fazer uma visita rápida, mas só uma vez na vida e para ver como é que é esta torre na realidade... e fica visto!

Terminámos assim este último reduto da região da Toscana, agora faltava apenas chegar até ao aeroporto e regressar a Lisboa. 

E a viagem acabou, deixando-nos com uma sensação de missão cumprida. Era assim que nos queríamos sentir quando planeámos estes dias em Itália. Cumpriram-se as aspirações mais otimistas, o tempo foi soalheiro e ajudou bastante, os locais revelaram-se sublimes, as emoções foram vividas com intensidade, os paladares, os aromas, a luz e os silêncios... tudo foi definitivamente perfeito. 

Carlos Prestes
Maio de 2005