segunda-feira, 15 de junho de 2009

Outras coisas a fazer em Nova Iorque

Além dos percursos que fomos fazendo ao longo de toda a cidade, registo aqui outras coisas que também podem ser incluídas numa visita a Nova Iorque, e que recomendo... umas mais e outras menos.

Os seis percursos anteriores ocuparam-nos quatro dias completos e o quinto dia que nos sobrava foi usado para algumas das experiências que passo a mencionar:


Ir às compras

Numa visita a esta cidade existem sempre boas razões para uma paragem para compras, normalmente para comprarmos artigos de que não precisamos, mas compramos à mesma, talvez porque são mais baratos, tendo em conta que muitas vezes são marcas de nível elevado. 

De qualquer maneira, se procurarem por uma grande superfície na ilha de Manhattan, recomendo o Macy's, na 7th Avenue, a 200 m do Madison Square Garden.

Mas ainda dentro da cidade o que não faltam são lojas apelativas para as mais variadas compras, desde a contrafação mais barata do Chinatown, até às boutiques das marcas mais caras, por exemplo, na 5th avenida ou no SoHo. Mas em qualquer rua podemos ser surpreendidos por um artigo que é mesmo a compra dos nossos sonhos e não poderíamos viver mais um dia se não deixássemos ali os dólares necessários para o levarmos para casa.

A propósito dessa pequena “obsessão”, não posso deixar de mencionar um episódio, quando no interior de um táxi no bairro do Shoho, somos surpreendidos por um grito (de uma das nossas companheiras de viagem) que nos assustou a todos e fez com que o taxista travasse a fundo, deixando o seu Yellow Cab imobilizado no meio da rua. Pagámos e saímos à pressa… corremos até à montra de uma sapataria... eram umas sandálias, mas que interessante!!!

Bem, mas quem quiser fazer compras à séria, então deve ir até a um outlet de grande dimensão e, nesse caso, recomendo aquele a que fomos, o Jerseys Gardens Mall. Apanha-se um autocarro direto na estação de Bus na 8th Avenue com a 42nd Street. É um grande centro comercial com várias lojas de marca em outlet, como a Calvin Klein ou a Timberland. Em 2009 valia a pena, mas já não sei como é que serão os preços de hoje. (De qualquer forma deve ser confirmada a existência deste outlet, porque vários centros comerciais têm entrado em falência nos últimos anos).


Andar de Yellow Cab

Andar de táxi não costuma ser algo especial quando visitamos uma cidade, mas em Nova Iorque os famosos Yellow Cab’s têm uma importância singular, são como ícones da própria cidade. 

A ideia que os filmes nos transmitem é que as ruas desta cidade estão cheios de carros amarelos e que basta levantar a mão e gritar “táxi” que um deles pára imediatamente para nos apanhar. Da mesma forma que imaginamos os passeios apinhados de gente em movimento, quase como uma torrente.

E a verdade é que é mesmo assim, os largos passeios das grandes avenidas correm como um rio, num determinado sentido que não pode ser contrariado, e nas ruas aceleram centenas desses típicos táxis, os Yellow Cab’s.

Por isso não podíamos deixar de ser nova-iorquinos em Nova Iorque e fugimos da torrente de peões que enchia o passeio, chegámos ao pé do lancil e gritámos “táxi”... e em poucos segundos tínhamos um daqueles carros amarelos junto de nós, convidando-nos para uma nova viagem.


Ir ao Harlen

Quisemos aproveitar a nossa estadia em New York para dar uma volta menos comum, mas que tínhamos previsto no nosso roteiro… ir até ao Harlen, só para dar uma espreitadela no bairro afro-americano e porto-riquenho de Manhattan.

O Harlen pertence a Manhattan mas não é, de todo, um ponto de passagem natural para quem visita a cidade de Nova Iorque. É um local que sempre nos foi mostrado através do cinema, como o lado mais marginal da cidade, por isso não é propriamente uma atração turística. Mas ainda assim, quisemos visitá-lo e lá seguimos de metro, sem grandes receios, mas confesso que comecei a sentir algum desconforto à medida que as carruagens iam ficando mais vazias e menos bem frequentadas. 

Saímos do metro e percorremos apenas alguns quarteirões, sempre semelhantes e pouco convidativos. 
Registámos a existência de muitas casas com aqueles lances de escada até à porta de entrada, onde costumam estar sentados grupos de porto-ricanhos ou afro-americanos, normalmente discutindo negócios de tráfico ou a prepararem as novas ações do gang, recordando imagens de muitos filmes e, concretamente, lembraram-me alguns dos filmes do Spike Lee... mas felizmente os gangs não estavam de serviço e alguns dos degraus estavam até com uma frequência muito recomendável.
Como balanço direi que não achei grande graça e que não vale o desconforto a que nos sujeitamos... por isso, deixem-se ficar lá por baixo, pela Manhattan boa, que não perdem grande coisa.


A noite de Manhattan

A Times Square é a referência incontornável nas noites desta cidade e é naturalmente este o local que mais nos atrai durante a noite, como um autêntico olho do furação da agitação noturna.
Mas existem muitos outros espaços, que também estão sempre cheios, e convidam a longos passeios noturnos, por exemplo as avenidas e ruas principais da zona do Midtown.
Aconselho também uma noite passada na zona do Greenwich Village, com um ambiente noturno diferente, mas também interessante.
O downtown é que não terá grande interesse à noite, até porque, sendo maioritariamente uma zona de serviços, à noite tende a ficar deserta.


Os Restaurantes

Atualmente os restaurantes americanos são caros (já lá estive com preços bastante mais baratos do que em Portugal e já estive também com preços ao nível dos nossos, mas atualmente, como aliás acontece com os hotéis, os preços dos restaurantes estão muito altos).

De qualquer forma, se quisermos ir a algum restaurante que não resulte da escolha circunstancial do momento, devemos preparar essa escolha fazendo a reserva com antecedência.

Vou deixar aqui apenas duas recomendações, um restaurante no Greenwich Village e outro na Broadway, na zona dos teatros.

No Greenwich Village, a aldeia da cidade, mais do que a escolha de um restaurante, importa a escolha do bairro e do conceito de restauração, com vários restaurantes familiares e acolhedores, alguns deles italianos. Por isso a minha recomendação é que se deixem perder pelas ruas do Village ao início da noite, até escolherem um dos restaurantes locais que vos pareça mais acolhedor. A nossa escolha recaiu num restaurante muito simpático, o Porto Bello Restaurant, no 208 Thompson Street, próximo do Washington Square Park.

Mas se estiverem mesmo à procura de um restaurante italiano, então podem ir até ao bairro do Litle Italy, onde se encontra uma vasta variedade deste tipo de restaurantes. 

O outro restaurante que vou sugerir será mais pela pela piada do seu conceito do que pela comida. Fica no nº1650 da Broadway, a 300m da Times Square, e chama-se Square Ellen’s Stardust Diner. Um restaurante de comida tipicamente americana, com os hambúrgueres, os nachos com chili, as bud’s. O restaurante tem um ambiente descontraído e uma curiosidade... sempre que o volume da música aumenta os garçons e garçonetes param o serviço de mesas e sobem para o balcão, mesas ou cadeiras e cantam eles próprios, recriando o verdadeiro espirito dos musicais da Broadway. Fazem isto a noite toda e acaba por ser um serão divertidíssimo e sem termos que pagar as entradas caríssimas para um dos teatros.


Os bares

Existiam dois bares que eram imperdíveis em 1996, mas que não visitámos em 2009. De qualquer maneira são dois locais que continuo a recomendar.

O Blue Note, o clube de Jazz mítico no Greenwich Village. Dantes entrava-se fora das horas dos espetáculos para tomar uma cerveja, mas atualmente será preciso explorar qual a forma de acesso a esta sala de espetáculos.

O Café Carlyle, (perto do Metropolitan Museum), onde o Woodie Allen toca clarinete todas as quintas-feiras com a sua banda de jazz (pelo menos tocava, é preciso confirmar). 

Sinceramente não sei como é que estarão estas duas atrações, mas talvez estejam ambas inacessíveis, com o aumento dos preços e da quantidade de turistas.


Um passeio de helicóptero

Tive essa oportunidade em 1996 e sobrevoei toda a cidade, o que é algo espantoso e quase indescritível, um verdadeiro acontecimento.

Fui com o José Amorim, inicialmente estávamos ambos pouco confortáveis por irmos sobrevoar aquele emaranhado de arranha-céus, mas logo que helicóptero subiu e encarámos aquela cidade lá em baixo, que mais parecia uma cidade de brincar, a sensação foi arrebatadora... e só parou meia hora depois quando aterrámos.

Partímos de uma plataforma junto ao edifício da ONU e percorremos toda a ilha rondando os edifícios e monumentos mais emblemáticos da cidade como o Empire State Building, a Estátua da Liberdade e, na altura, também as Twin Towers do World Trade Center. 

Ainda fazem estas viagens mas temo que os preços se tenham tornado inalcançáveis desde essa altura.

É uma memória que não consigo descrever... por isso, e para terminar, deixo aqui algumas das fotos tiradas nesse voo inesquecível (ainda com uma das minhas máquinas de rolo).






Termino com esta foto que nos mostra um passado difuso e realça valores que gostaria de ver preservados no futuro. 

Um passado em sépia de uma cidade que nunca mais voltará a ser igual, e não foi só a sua silhueta que mudou, toda a cidade, toda a mentalidade, tudo mudou profundamente.

Um futuro que se espera que continue a ser orientado pelos valores de liberdade e democracia, representados aqui pelo símbolo desta cidade.




domingo, 14 de junho de 2009

New York - Percurso 6 - Upper Manhattan



Neste percurso de um dia inteiro incluímos uma longa caminhada pelo grande jardim da cidade, o Central Park, com alguns desvios para visitarmos três dos principais museus de Manhattan, todos localizados junto ao parque.
Começámos a caminhada pela praça Columbus Circle, uma zona de entrada do parque, do lado West, o da 7th Avenue, que está totalmente rodeada por arranha-céus, como acontece na entrada do lado oposto, o lado East, junto à 5th Avenue. Mas, enquanto os arranha-céus desse lado são edifícios clássicos, cheios de história e glamour, do lado da Columbus Circle os arranha-céus são moderníssimos, como é o caso do complexo designado por Time Warner Center, um conjunto de edificações com a altura máxima de 229 m, e é também o caso de uma das Trump Tower’s, onde funciona um dos hotéis de luxo da cidade.
Seguindo pela avenida Central Park West, uma caminhada de cerca de 1,5 km, entre os arranha-céus e o parque, chegamos a um dos museus mais importantes da cidade, o Museu Americano de História Natural.
American Museum of Natural History foi fundado em 1869 e é o maior museu de história natural do mundo. É especialmente reconhecido pela sua vasta coleção de fósseis, incluindo de várias espécies de dinossauros. Uma das grandes atrações do museu é uma coleção de ossos de dinossauro, com fósseis e artefactos, espalhados por várias salas de exibição. 

Logo à entrada somos recebidos pela réplica de um enorme esqueleto de um T-Rex, com cerca de 15m, que nos dá as boas-vindas para o mundo de ciência e fantasia que nos espera.
O museu tem uma secção dedicada à história da América, embora de forma bastante antiquada, uma espécie de montras com bonecos no seu interior de índios, cowboys e muitas espécies de animais. Em 2006, o museu serviu como cenário para o filme "Night at the Museum", onde alguns destes bonecos adquirem vida e tornam-se personagens do filme, como o antigo presidente americano Theodore Roosevelt, que está ligado à fundação do museu e é atualmente recordado através de um memorial com a sua estátua.

A forma como explorámos este museu foi totalmente desordenada, fomos seguindo pelos corredores sem um destino definido, fazendo paragens nas salas mais apelativas e voltando de novo ao circuito, quase labiríntico, até darmos a visita por terminada, não porque já tivéssemos visitado exaustivamente tudo o que o museu tem para ver mas, muito provavelmente, parámos porque já estávamos exaustos. 

Como recordação daquelas horas que passámos neste museu, mostro aqui duas réplicas enormes recriando a era dos dinossauros, e destaco também alguns artefactos, como duas esculturas icónicas de cabeças (são duas réplicas, claro), uma da civilização Maia da américa central e outra recriando uma das famosas estátuas Moai, da Ilha da Páscoa.


Junto ainda uma foto da réplica de um grande meteorito, que domina a ala do museu onde se podem também ver pedaços de meteoritos verdadeiros e até tocar numa pedra trazida da lua pelos astronautas das missões Apollo, dos anos 70.

À saída do museu entrámos diretamente no admirável mundo de Central Park. Para visitar o parque é importante que esteja um dia de sol, caso contrário os verdes não serão tão verdes, nem encontraremos assim tantos nova-iorquinos e turistas praticando todo tipo de atividades que o parque permite.

Mas o nosso dia era mesmo um desses dias com um sol brilhante e pudemos apreciar devidamente as imagens maravilhosas que o parque pode oferecer.
A forma certa de conhecer este jardim imenso será deixarmo-nos perder serpenteando ao longo de cada caminho, para acedermos a cada lago, cada ponte, cada relvado... sempre sem destino previamente definido. Porque o parque é sempre uma surpresa e temos que deixar que ele nos surpreenda. Por isso, apesar de termos um destino final, que seria atingir o limite do lado Este do parque, percorremos alguns quilómetros por pura diversão e sem qualquer orientação... e foi assim que fomos passando por alguns locais menos frequentados, mas sempre muitos bonitos.

Por ser um imenso bosque encaixado no coração de uma cidade como Nova Iorque, o Central Park, oferece paisagens únicas, mostrando o contraste entre o verde dos campos e dos lagos, com as fachadas dos arranha-céus que se mostram por detrás da copa das árvores, com um resultado muito peculiar e perfeitamente magnífico.

Do lado East do parque localizam-se dois museus, o Guggenheim Museum e o The Metropolitan Museum. Parámos em cada um deles mas depois voltámos ao parque e fizemos todo o final de tarde no meio da dinâmica que o parque adquire a essa hora, com centenas e centenas de pessoas por todo o lado num frenesim incrível. E passámos ainda por alguns locais carismáticos, que nos são até algo familiares, por já os teremos visto no cinema ou na televisão.

Passámos, por exemplo, pela conhecida casa dos barcos, ou The Loeb Boathouse, e pela zona da Bethesda Fountain, uma fonte tantas vezes utilizada como cenário de filmes que recordamos, tal como as suas arcadas, as Minton Tiles at Bethesda Arcade.

Chegámos depois ao imenso relvado, o Sheep Meadow, que os nova-iorquinos utilizam para todo o tipo de atividades de lazer ao ar livre. O ambiente é excelente, apetece-nos ficar por ali, fazer parte daquele mundo... e foi isso que tentámos fazer, inspirar bem fundo e apreciar devidamente aquele momento.
Mas, para além da excitação daquele momento, surgiram-me ainda memórias antigas que deram mais brilho àquele lugar, já de si espantoso. É que o Sheep Meadow é exatamente o local onde grandes músicos quiseram dar os seus concertos e gravar os seus discos ao vivo no Central Parque, mas, para mim, este local lembra-me sobretudo aquele que foi um dos álbuns de referência da minha juventude, o Simon e Garfunkel "Live in Central Parque", gravado em 1982 neste mesmo local.
Já na fase final do dia, depois de escalarmos o rochedo do parque, o Umpire Rock, como todos fazem, e quando nos preparávamos para sair do parque e mergulharmos de novo na vibração de Manhattan, tivemos ainda um último vislumbre que nos trouxe à memória muitas cenas de filmes que aqui foram rodados... falo da imagem da charrete que tantas vezes foi palco de cenas de amor passadas no grande ecrã ao longo de muitos e muitos anos.
Como última referência ao Central Park queria só mencionar o Wollman Rink, uma imensa pista de gelo onde tantos atores já por lá patinaram em tantos filmes ao longo da história do cinema americano. Em junho não há gelo e, por isso, não tivemos acesso a esta atração, mas quem visitar esta cidade no Inverno não deixe de alugar uns patins de gelo e arriscar um passeio nesta pista mítica... se caírem será o sítio certo para se aleijarem... até fica bem, se é para partir uma perna que seja a patinar no gelo no Central Park, e ficam com uma boa história para contar.

Voltando atrás, quando saímos do parque do lado da 5th Avenue, e antes de termos reentrado de novo em direção ao Sul do parque, passámos pelo Museu Guggenheim e depois pelo Metropolitan Museum.

Mas optámos por não visitar o Guggenheim, trata-se de um museu de arte moderna, tal como o MoMa, e já não sobrava tempo, nem disposição, para mais uma visita, sobretudo porque ainda tínhamos o Metropolitan para visitar.

Assim, focámo-nos apenas nos aspetos arquitetónicos do edifício e deixámos as obras de arte para uma próxima visita.


A apenas 500 m abaixo do Museu Guggenheim surge o Metropolitan Museum of Art, conhecido informalmente como The MET, e é um dos museus de arte mais visitados, não só nos Estados Unidos, como em todo o mundo.
Foi aberto ao público em 1872 e desde então que é considerado como um dos maiores e mais importantes museus do mundo. Abriga importantes coleções de pintura europeia dos séculos XII ao XX e obras de arte antiga (grega, romana, egípcia, oriental e assírio-babilónica). São salões enormes com estátuas, quadros e peças de cerâmica, onde nos poderíamos perder por um dia inteiro, e ainda assim jamais conseguiríamos analisar o detalhe que este museu tem para oferecer.
No entanto, depois de já termos visitado uma grande parte da cidade de Nova Iorque, e termos sido bombardeados com toneladas de informação e conhecimento, entramos agora no MET e tudo nos parece demasiado grandioso... diria mesmo, assustadoramente grandioso. É nestas alturas que é preciso saber dosear o tempo e definir o foco, o que é que gostamos mesmo e não podemos perder, e do que é que podemos perfeitamente prescindir, sem grande perda. E foi isso que fizemos, dispensámos toda aquela arte clássica e fomos diretos observar a coleção fascinante que ocupa toda a ala dos impressionistas.

Eu sempre fui fã dos impressionistas, e tenho visto algumas obras na Europa, nomeadamente em França, onde estão as galerias com as principais peças deste movimento. Mas a coleção dos impressionistas do MET pareceu-me ser perfeitamente extraordinária, contendo algumas das pérolas do movimento criado em França no século XIX.

E assim deixámo-nos ficar um pouco por aquelas galerias, sobretudo em torno de algumas das obras de que mais gostámos e que mais nos tocaram.

Começo por referir uma pintura de Paul Gauguin, já do pós-impressionismo, o famoso “Two Tahitian Women with Mango Blossoms”. 
Depois, já na zona dos impressionistas, passámos por algumas obras de Edgar Degas, como o “Woman with a Towel” e um dos muitos quadros que Degas pintou sobre o tema “As bailarinas”.
Renoir é talvez o meu favorito de todos os impressionistas. Embora as suas principais obras se encontrem espalhadas por alguns museus de Paris, aqui encontrámos também várias peças importantes da coleção do pintor, como o “Madame charpentier et ses filles” ou o “Femme assise au bord de la mer”.
Outro dos pintores impressionistas representados nesta ala do MET é o francês Claude Monet. Escolhi as imagens do “Regatta at Sainte Adresse” e de um dos vários “Buquê de Girassóis”. Registo também um dos famosos “Nenúfares”, sendo que a coleção principal sobre este tema se encontra no Museu Orangerie em Paris.

E chegámos a Vincent Van Gogh, com todo um espaço dedicado a este pintor, não faltando um dos seus habituais auto-retratos.
Van Gogh tem a maior parte da sua obra exposta no museu com o seu nome em Amesterdão, onde já fui duas vezes, mas foi aqui que, pela primeira vez, um quadro do pintor holandês me haveria de emocionar. 

Muito para além de todas as obras que tinha vindo a encontrar, fui surpreendido, quase esmagado, pelo magnífico quadro a óleo “Campo de Trigo com Ciprestes” de Vincent Van Gogh.

Conhecia a imagem mas não estava à espera que este pequeno quadro, com apenas 73cm x 93cm, me pudesse tocar daquela forma. Fiquei sentado, imóvel e em silêncio, observando aquelas cores, aquele emaranhado de pinceladas espessas que quase me arrepiaram, aquela luz, que parecia irradiar das camadas subjacentes de tinta, já com 120 anos de idade.

Aquele quadro tinha um efeito quase físico, um magnetismo que me impressionou de uma forma brutal... e eu não estava preparado para toda aquela beleza.

Ah, é verdade, antes de acabar ainda falta a referência ao cinema! Foi um clássico na minha juventude (quem nunca viu que procure), chama-se Vestida Para Matar, um thriller de Brian de Palma. Tem uma cena determinante em pleno museu.


Depois de sairmos definitivamente do parque voltámos então ao frenesim daquela parte da cidade a caminho da Times Square e com um único desvio, passar à porta do Carnegie Hall, a mítica sala de espetáculos nova-iorquina por onde passaram tantas figuras da música, de todo o tipo de estilos  e provenientes de todas as partes do mundo.




sábado, 13 de junho de 2009

New York - Percurso 5 - Lower Manhattan


Depois de uma manhã completa no downtown quisemos aproveitar o resto deste dia ainda na zona do Lower Manhattan, percorrendo os bairros do Chinatown, do Little Italy, do SoHo e do Greenwich Village, cada um deles com as suas características muito particulares e bem diferentes entre si, mas com a semelhança de serem todas zonas que fazem lembrar pequenas cidades ou mesmo aldeias, sem a marca dos grandes arranha-céus que domina o resto da cidade.
Começámos por visitar o bairro do Chinatown, um dos maiores bairros chineses em todo o ocidente e também um dos mais antigos enclaves asiáticos fora da Ásia, com origem em meados do século XIX.

O bairro chinês desenvolve-se entre a Chatham Square e a Canal Street, e estende-se até às margens do East River junto ao viaduto da Manhattan Bridge.

Na Chatham Square o início do bairro chinês é assinalado com a estátua de Lin Zexu um estudioso chinês da dinastia Qing, do século XVIII.
Por toda esta zona desenvolve-se um bairro ocupado por chineses, com todo o tipo de características bem orientais, do comércio à cultura, da gastronomia à economia. Mas para um turista, incapaz de perceber a complexidade daquele bairro ao nível do poder económico e financeiro das empresas chinesas que ali estão sediadas, o Chinatown é apenas o local onde encontramos restaurantes e lojas ou armazéns chineses, para venda de quase tudo, como comida, roupa, equipamentos e aparelhos eletrónicos. Existem também alguns espaços dedicados a atividades culturais e religiosas, como templos chineses ou aquelas lojas cheias de um aparente misticismo, algumas onde se tenta adivinhar o futuro.
Mas nas ruas, o que realmente faz diferença e nos faz sentir num ambiente exótico, são os letreiros sempre em caracteres chineses e é também, à porta das lojas de comida, uma quantidade imensa de patos pendurados que nos criam desconforto e não nos convidam minimamente para uma refeição naquele local.

Conhecer o Chinatown não vai além de serpentear pelas várias artérias do bairro, descer até ao rio e voltar a subir, até terminar na Canal Street... mas ir sempre entrando em algumas lojas, com ou sem interesse nos produtos que estão a ser vendidos.

Em tempos, e concretamente em 1996, a contrafação era feita naquele local sem qualquer pudor, vendiam-se, por exemplo, as melhores marcas de relógios a “ten dólar”, um preço que se anunciava à porta de cada loja como um pregão. E lá estavam as imitações perfeitas dos melhores Rollex... e que iriam durar e dar horas certas pelo tempo em que a máquina eletrónica funcionasse, o que poderia acontecer por vários anos.

Em 2009 a contrafação estava muito mais controlada e esta venda de material pirateado já não se fazia de forma descarada e massiva, e reconheço que, com essas novas regras, o bairro perdeu uma parte da piada e do interesse que tinha anteriormente.

A saída do bairro faz-se pela Canal Street, que recebe o trânsito da Manhattan Bridge, numa zona adornada por um monumento com colunas romanas. Esta é a rua principal do bairro e estão aqui as melhores lojas, nomeadamente uma série de ourivesarias... as tais que antes vendiam Rollex's a ten dólar.

Saindo da Canal Street para Norte entramos num outro bairro, com influências bem diferentes, desta vez marcadas pela comunidade de imigrantes italianos que ali se instalaram no início do século XX, formando o chamado Litle Italy.

Entretanto, com o grande fluxo de imigrantes vindos de Itália, sobretudo com a 2ª guerra mundial, foram sendo criadas outras comunidades de italianos na cidade, principalmente em Brooklyn e Staten Island, e o Litle Italy, por estar em Manhattan e ser um bairro mais caro, começou a ser ocupado por outras comunidades, tendo atualmente na sua população permanente apenas cerca de 10% de italo-americanos. No entanto o bairro continua a representar o espirito e a cultura de Itália, materializado através das lojas e sobretudo dos muitos restaurantes italianos que ali se concentram.

Nas referências no cinema às comunidades italianas, que são tão comuns, por exemplo nos filmes sobre as famílias mafiosas, a ação raramente se passa no Litle Italy mas quase sempre noutros bairros, como o Brooklyn.

Mas o Litle Italy é ainda o rosto mais visível da influência italiana na cidade de Nova Iorque.
Percorremos as várias ruas do bairro, sempre muito concorridas e com uma imensa oferta de cafés e restaurantes, e não deixámos de apreciar a boa cozinha italiana num almoço tardio que nos soube divinamente. 



Saímos do Litle Italy e caminhámos até ao SoHo, o bairro dos artistas de Nova Iorque.

O nome original do bairro resulta da abreviatura de South Houston, por ser o bairro que fica a Sul da Houston Street. Mas ao mesmo tempo representa um conceito de bairro, que existe em algumas grandes cidades, como em Londres, e que se chamam SoHo na abreviatura de Small Office-Home Office. E é este o ambiente que ali se encontra, quer na sua vivência diária quer na ocupação dos espaços urbanos, com a existência de muitas lojas, galerias de arte e ateliers. 

E assim, encontramos nesta zona da cidade, uma arquitetura residencial de grande requinte, e um sem número de lojas, quase sempre bastante acolhedoras e com grande qualidade.


O conceito SoHo de Small Office-Home Office, privilegia os espaços residenciais onde surgem pequenos negócios, normalmente em pequenos escritórios ou oficinas. E, naturalmente, os negócios mais comuns num espaço residencial como este estarão sobretudo ligados às artes, quer seja pintura e escultura quer sejam outros tipos de design, como o mobiliário, a roupa e calçado ou a joalharia, mas sempre de marcas exclusivas. 

E é esse tipo de produtos que são oferecidos em estabelecimentos que se assemelham a galerias de arte e que ocupam as ruas do bairro, intercalados com outras lojas mais comuns, mas sempre com elevada qualidade, e com restaurantes, bares ou lounges, com o mesmo nível de requinte. 


No final do SoHo entramos no Greenwich Village, a “aldeia” chique de Manhattan, cheia de restaurantes, cafés e clubes de jazz. 

Começámos a Sul na zona da Our Lady of Pompeii Church, uma das igrejas do bairro, mas o que importa fazer nesta zona da cidade é percorrer, mais ou menos sem destino, as ruas que vão oferecendo diferentes locais de interesse, como lojas ou restaurantes.


A Norte do bairro, e depois de termos encontrado, para além de muitos cafés e restaurantes, também alguns clubes de jazz, como o famoso Blue Note, chegámos ao coração do Greenwich Village, o Washington Square Park.

É um parque público com 40 mil m² de área verde e é um dos espaços mais importantes do Village. A Este do parque fica a Universidade de Nova Iorque e a Sul ergue-se a igreja protestante Judson Memorial Church.
O parque tem sido palco para a rodagem de muito filmes mas vou destacar uma única cena do filme August Rush, onde o ator Freddie Highmore, ainda miúdo, toca guitarra num improviso incrível... só visto, não só esta cena, mas o próprio filme.

O ex-libris do parque é o Washington Square Arch, um arco de triunfo construído em mármore no final do século XIX, que alinha com a 5th Avenue e marca o início desta avenida.