sexta-feira, 27 de junho de 2025

Prestes a Partir – Blogue de Viagens


Chamo-me Carlos Prestes, sou engenheiro civil e professor na faculdade, mas sou também um apaixonado por viagens, por fotografia e pela escrita sobre as experiências vividas nos locais que vou visitando. Assim, este espaço surge de forma quase natural, permitindo o registo das crónicas de viagens que tenho feito, com descrições e relatos das aventuras e emoções vivenciadas, sempre ilustradas com as fotos mais representativas.   
Este Blogue surgiu pela sugestão, quase persistente, de vários amigos, que foram também companheiros de algumas das viagens que aqui vou relatar, e constitui, sobretudo, um veículo para fazer perdurar as memórias e emoções vividas ao longo de mais de três décadas, por quase 40 países e 300 locais, que aqui vou tentar recordar.

Aqui encontraremos crónicas detalhadas de cada viagem, sendo o acesso a cada uma dessas crónicas feito através dos links ativos que surgem ao longo do índice representado nas páginas que organizei por continentes, sendo que, até agora, a grande maioria dos locais visitados e aqui descritos, ficam no continente europeu, esperando gradualmente vir a visitar outros destinos mais longínquos, cujas crónicas irei trazendo a este espaço.



Complementando ainda a narrativa exibida na forma de crónicas detalhadas, mostro-vos um breve registo feito em vídeo, com algumas das viagens relatadas, apresentando as principais fotos que foram utilizadas.

Estas crónicas não são um espaço de escrita apenas pessoal, porque as viagens aqui descritas foram muitas vezes uma partilha de experiência e emoções com aqueles que me acompanharam. Desde logo a minha companheira de todas as aventuras de uma vida e cúmplice desta paixão de viajar, a minha mulher Ana Lúcia, a quem vou dedicar cada um dos textos e imagens que aqui venha a registar. Às minhas quatro filhas, nem sempre companheiras de viagem, mas sempre as principais fontes de inspiração, dedico também cada uma das memórias que aqui vou relatar.

Vou também escrever para quem me queira ler, quem queira conhecer os meus relatos, não apenas pela curiosidade mas também pela informação que vou tentar transmitir, tornando este Blogue numa espécie de guia de viagens. Não terei a preocupação de ser consensual nas escolhas que aqui vou relatar, pelo contrário, tentarei ser sempre fiel às viagens que fiz, tal como as fiz, sem quaisquer filtros, ainda que, em várias situações, um determinado destino ou uma determinada escolha não se tenham revelado como os mais favoráveis. O registo de viagens que aqui vou referir será necessariamente o meu, com a minha busca daquilo que mais gosto, da forma e no ritmo que entendi ser o mais adequado a cada situação e em cada local. Não existem fórmulas para que uma viagem cumpra o seu objetivo de nos encher a alma e nos fazer sentir vivos, por isso, cada um de vós, leitores, terá de seguir o seu próprio caminho e escolher o seu próprio ritmo, tal como eu e os meus parceiros de viagem, seguimos e escolhemos os nossos.

Antes de iniciar a escrita senti necessidade de organizar a forma de apresentação dos relatos de cada viagem, sabendo que algumas estão ainda bastante presentes e outras estão já muito distantes. Mas, para que esse efeito de memória, mais viva ou mais vaga, não se torne evidente na escrita, decidi recordar cada uma das viagens de forma totalmente aleatória. E será desta forma que serão publicados, pela ordem em que os vou escrevendo e não pela sua ordem cronológica.

Termino com a ligação a uma outra página, para quem pretenda uma visão mais instantânea de alguns lugares, sem entrar no detalhe que o formato da crónica impõe, recomendo também a ligação ao Blogue que criei recentemente com esse conceito mais light. Neste caso, e como o nome indica, a cada foto corresponderá apenas uma breve história ou descrição: 

(site em construção)


Carlos Prestes
Abril de 2015

José Carlos Prestes
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Engenheiro Civil e Professor no Instituto Superior de Engenharia de Lisboa

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quinta-feira, 12 de junho de 2025

Costa Amalfitana


Nas duas vezes em que visitei a região da Catânia, que inclui toda a envolvente à cidade de Nápoles, não deixei de explorar a zona mais glamourosa do Sul de Itália, e uma das mais afamadas em todo o país, a Costa Amalfitana. 

De ambas as vezes em que visitámos esta costa tão especial, primeiro em 2019 e, mais recentemente, em 2025, instalámo-nos numa pequena cidade ligeiramente afastada dos locais que ocupam a marginal, onde os preços dos alojamentos são quase proibitivos. Assim, optámos por ficar na simpática cidade de Cava de' Tirreni, localizada já na província de Salerno, no lado Nascente desta costa turística, a apenas 6 km da costa. 

Foi a partir deste local que fizemos os diversos percursos nos quais explorámos os principais destinos da Costa Amalfitana, que seguiram aproximadamente os trilhos representados neste mapa:     


Pela Costa Amalfitana

Esta belíssima costa, que é conhecida pelo nome da sua principal cidade, Amalfi, é um dos trechos do litoral mais famosos e deslumbrantes de todo o mundo, marcado por falésias dramáticas que mergulham no mar Tirreno, vilas coloridas incrustadas nas encostas e estradas sinuosas com vistas de tirar o fôlego. 

Reconhecida como Património Mundial da UNESCO, esta zona italiana reúne história, cultura e natureza em perfeita harmonia, com cidades vibrantes como Amalfi, Positano ou Sorrento, e vilarejos tranquilos como Atrani e Praiano, sem esquecer os jardins e palácios de Ravello.

Além das paisagens, a região é conhecida pela gastronomia mediterrânica, pelos limões gigantes que dão origem ao limoncello, e pelo charme inconfundível de cada pequeno porto e suas praças à beira-mar. É um destino que combina autenticidade com beleza natural e glamour, e apela em cada detalhe por um clima de romance, que ali se vive com naturalidade.
Ao chegarmos junto à costa, entramos por uma estrada sinuosa que é um autêntico carrossel de adrenalina, entre a excitação da beleza daquele local e o risco que adivinhamos ao percorrer um caminho tão estreito e tortuoso. Vamos vencendo as enseadas que se sucedem ao longo da encosta, e começamos a encontrar as primeiras povoações turísticas da zona... e vamos usufruindo do próprio caminho, sempre perante paisagens lindíssimas, com o verde vivo da vegetação ao redor e o mar azul lá em baixo.
Os locais de veraneio vão-se sucedendo, todos eles com as suas praias muito típicas, com as areias negras densamente ocupadas por toldos com cores vivas, como em Minori ou em Marmorata, ou noutros locais que revelam, para além das praias, também algumas construções monumentais que marcam a silhueta da paisagem de quem percorre a estrada, como nos casos de Maiori ou de Atrani.


Mas a viagem pelas estradas desta costa tem tanto de belo e fascinante, como de assustador e desconfortável. A estrada estreita, as curvas apertadas e o trânsito intenso na contramão, sempre a fazer-nos pensar que é desta que vamos bater, ou que na próxima o carro não vai passar… demoramos tempos sem fim para fazer meia dúzia de quilómetros, com paragens, por vezes demoradas, nas interceções com os autocarros que por ali abundam.

E desta vez senti-me um condutor merecedor de um prémio-coragem, ao conseguir a proeza de fazer toda a estrada, entre o seu início a Nascente, junto a Vietri sul Mare, até Sorrento, no lado Poente, num percurso de pouco mais de 50 km, dividido em dois dias, em que demorámos um total de mais de duas horas.

Como princípio, esta é uma das mais bonitas estradas onde podemos conduzir, combinando as belas paisagens das encostas e das povoações, com alguns traços tipicamente italianos, como as vespas, que nos rodeiam por todos os lados enquanto tentamos sobreviver naquele caos, ou os belíssimos Fiat Cinquecento, que mantêm o design vintage que os caracterizam.

Mas esta não é a regra, o mais comum é encontrarmos a estrada apinhada de carros bastante normais e sem traços vintage, que cortam as curvas, passando por nós, onde parece que não cabe mais do que um único veículo ligeiro, e onde surgem a toda a hora vans e autocarros, que não nos tocam por milímetros.

Só parando um pouco nos escaços locais de parqueamento que surgem ao longo da estrada, conseguimos ter tranquilidade para respirar fundo e apreciar as paisagens... mas mal voltamos ao carro e recomeça a confusão.

Assim, será uma boa opção tentar estacionar o carro e continuar o percurso de barco. Esta era uma alternativa que já tínhamos previsto e, por isso, tinha como referência um parque de estacionamento em Amalfi… mas não pensem que é algo corriqueiro, porque se enganam, o estacionamento na Costa Amalfitana é um bem raro e precioso. Selecionei o único parque de jeito desta zona, o Luna Rossa, à entrada de Amalfi, do lado Nascente, todo ele feito em túneis escavados na rocha e, apesar de ser bastante grande, ainda faz uma fila cá fora num pinga-pinga, esperando a saída de cada carro, para a entrada do seguinte. E quanto ao preço, nem quero saber… que é uma coisa que faço de vez em quando, nem olhar para o preço para não me sentir mal, e foi o que fiz em ambas as vezes em que aqui estacionei.

Assim, de ambas as vezes que por aqui andámos, largámos a estrada sinuosa e perigosa e fomos apanhar uma das várias carreiras de barco que nos são oferecidas no porto de Amalfi, e que nos iriam dar uma paisagem privilegiada desta costa, agora a partir do mar, mas sempre lindíssima, com as suas encostas íngremes e verdejantes.

Foi assim que percorremos o trajeto entre duas das principais terras desta costa, de Amalfi a Positano... algo que já tínhamos feito em 2019 e repetimos agora no verão de 2025.  



Positano

Que lugar fantástico - foi do mais gostei em toda esta zona do Sul de Itália - o glamour, o ambiente, os aromas, as cores, as paisagens de nos tirar o fôlego - tudo é tremendamente tentador e deixa-nos completamente encantados.
Mal chegamos ao porto e a paisagem desta vila a partir do mar prende-nos logo e revela-nos que estamos perante um lugar belíssimo e especial, o que nos deixa até com algum nervosismo e impaciência, para começarmos a descoberta.

As praças e as ruas dispõem-se ao longo de duas encostas íngremes, onde as casas se aglomeram em sucessivos degraus, por entre a vegetação e alguns limoeiros, numa mistura de cores que parece criada por um artista plástico. 

E desta vez escolhemos começar por explorar a encosta do lado esquerdo, que corresponde a uma das imagens de referência deste local.
E para entrar na própria encosta seguimos por uma escada junto ao mar, ao virarmos à esquerda assim que saímos do porto, e que nos levou ao longo da costa, proporcionando paisagens muito bonitas ao entrarmos numa zona mais selvagem, com destaque para as águas azul-turquesa, o verde da vegetação e até uma praia muito mais reservada do que a praia principal junto ao porto. 


Regressando ao porto vamos entrando pelo meio do casario onde se encontra um dos edifícios de referência deste local, a Chiesa di Santa Maria Assunta. Fica próxima da praia e é sempre o primeiro ponto de paragem para quem chega de barco. 

Mas, num sítio tão bonito como este, não será certamente uma igreja que nos vai deslumbrar. O que realmente nos encanta nesta terra, são as ruas cheias de gente, algumas não passam de pequenos becos, com os turistas que as sobem e descem por escadas e rampas, visitam as lojas e deliciam-se com as paisagens fascinantes que, aqui e ali, nos são oferecidas… e há também o glamour que se adivinha, reservado aos melhores hotéis e restaurantes, mas que encontramos um pouco por todo o lado, como nas lojas ou boutiques, que têm sempre um toque de requinte. 

     
Nesta subida voltámos a virar para o lado esquerdo, seguindo por uma estrada até chegarmos ao alto desta encosta e apreciarmos as paisagens sobre o casario e a praia, que aqui nos surgem de um ângulo que é menos habitual.

E chegados ao topo começamos a ter acesso a vários pontos de observação que nos permitem contemplar o lado direito desta vila magnífica, num enquadramento fantástico com os azuis vivos do Mediterrâneo e as cores da vegetação que envolve o casario.

Do alto desta encosta torna-se bem visível a cúpula da Chiesa di Santa Maria Assunta, que daqui se destaca pelo belíssimo revestimento, que é feito com azulejos coloridos.
Fizemos aqui uma pausa para almoço antes de descer esta encosta, ao contrário do que tínhamos feito há seis anos, quando escolhemos um do restaurantes do outro lado, que nos oferecia também magnificas vistas... como aqui se recorda.
Dessa vez tínhamos escolhido o Ristorante Bruno, já na encosta do lado direito de quem sobe, onde pudemos desfrutar de um dos grandes prazeres do dolce far niente italiano, que é a comida maravilhosa que este país sempre oferece, e neste caso provámos umas bellissimas pastas, daquelas que nos ficam na memória, e acompanhadas por uma paisagem de tirar o fôlego.
E por ali ficámos demoradamente, sem conseguirmos deixar de contemplar insistentemente esta preciosidade, tirando sempre mais uma nova foto, uma após a outra, só mais uma vez, sempre a mesma imagem, sempre a mesma emoção em forma de fotografia, mas que não quisemos deixar de repetir, tal a beleza de toda aquela envolvente... que paisagens maravilhosas, que local inesquecível.

E seis anos depois ali estávamos nós no mesmíssimo local, repetindo sensações com as mesmas imagens deslumbrantes. 
E a caminho da praia iriamos agora percorrer de novo alguns dos recantos mais belos desta vila, que escondem verdadeiras preciosidades.

Para terminar o dia em beleza, quer na primeira vez quer depois em 2025, faltava ainda aproveitar o prazer das águas tépidas e transparentes do mar que banha toda esta costa. 

Descemos assim de novo toda a encosta sinuosa até à base da enseada, onde se estende um grande areal (sim, não é um areal dos nossos, falta-lhe a areia branca, mas a água é quentinha, e isso faz toda a diferença). E lá nos fizemos ao mar, para receber o aconchego que nos faltava para nos retemperar, e fechar esta tarde fantástica de forma memorável.


Voltámos depois ao barco já ao final da tarde, com o coração apertado e com uma enorme vontade de ali permanecer por mais uns dias, para usufruir daquilo que um local como este tem para oferecer. É uma pena estarmos sempre limitados em tempo e até em budget, porque esta seria uma aposta segura para umas férias mais prolongadas.

Mas, por agora, ficou uma sensação de que jamais iríamos esquecer este local magnífico e este dia que ali passámos, guardando uma última imagem deste terra magnífica à qual teríamos de voltar... e voltámos mesmo seis anos mais tarde e saímos de novo com a mesmíssima sensação que nos deixou tristonhos e introspetivos, por esta segunda despedida.



Amalfi

Tendo estado antes em Positano, Amalfi já não nos deslumbra da mesma forma. É algo muito injusto para certos locais que acabam por perder algum do seu brilho, porque são ofuscados pela proximidade de outros lugares ainda mais especiais e deslumbrantes. Talvez devesse ter invertido a ordem, deixando Positano para o fim, mas, a verdade, é que não sabia que isto poderia acontecer.

Porque, à primeira vista, Amalfi tem tudo para nos encantar… uma bonita vila junto ao mar, com uma belíssima baía rodeada por penhascos íngremes, onde nascem construções históricas dispostas de forma prodigiosa e em perfeita harmonia. O resultado é uma paisagem extraordinária - maldito Positano, que não nos deixa apreciar toda a dimensão desta beleza.


Apesar de ter um certo aspeto de aldeia histórica, Amalfi não deixa de ser um centro de veraneio, visitado por quem procura o mar, para um dia de praia ou para a prática de um dos desportos náuticos que por aqui se podem experimentar. E lá encontramos de novo as praias da areia preta e calhau, mas com aquelas águas quentinhas que o Mediterrâneo nos oferece.

Mas, de qualquer forma, são sempre bonitas estas praias italianas, pelo enquadramento, claro, que é lindíssimo, mas também pelo jogo de cores criado pelos chapéus de sol que cobrem o areal.


E todas estas zonas costeiras parecem-nos ainda mais bonitas quando são vistas do mar, a partir de um barco, e aí torna-se mais evidente o enquadramento da paisagem, com os habituais contrastes entre as encostas e o mar, e a forma rara com que esta aldeia se dispôs, meio encavalitada nos rochedos, como que posando para que um pintor consiga fazer uma aguarela perfeita. 

Mas, mesmo quando regressamos a terra, Amalfi surge-nos como uma vila simpática, cheia de gente que anda entre lojas e esplanadas, apreciando o ambiente, que é bastante agradável e tem um toque de glamour… mas não tanto como o “maldito” Positano, claro. 


Esta terra cresce sobretudo ao longo das encostas, sobrando apenas uma pequena zona ao nível do mar, por detrás da marginal que faz o contorno da praia e do porto. É nessa zona que encontramos a praça central da vila, a Piazza Duomo, conhecida pela Fontana Sant'Andrea, onde todos aproveitam para se refrescar e encher as garrafas de água, que ali é bastante fresca.

Mas aquilo que mais impressiona nesta praça é a presença da imponente Catedral de Amalfi e da sua escadaria colossal. 
Ninguém esperaria encontrar uma catedral tão exuberante em plena costa amalfitana. O Duomo di Amalfi, também chamado de Duomo de Sant'Andrea, é uma igreja católica romana medieval, com uma fachada bizantina listada, muito bonita e em ótimo estado de conservação. A catedral é dedicada ao apóstolo Santo André, cujas relíquias estão guardadas na sua cripta.


Atrani

Saindo de Amalfi a pé, estamos a cerca de 500 m até chegarmos a Atrani, uma pequena vila desta costa. Fomos apreciando o próprio caminho, onde vamos passando por algumas zonas de estrada com apontamentos bastante bonitos, e vamos também desfrutando da paisagem que é marcada pelo azul forte das águas deste mar.

Escondida entre as falésias e o mar, surge então Atrani, que conserva ainda uma atmosfera autêntica e tranquila, distante do turismo em massa que invade as vilas vizinhas de Amalfi ou Positano, mas poupa esta pequena terriola.

As ruelas estreitas com algumas passagens em arco e as suas casas onde o branco é dominante, criam um cenário quase medieval. No coração da vila está a Piazza Umberto I, pequena e charmosa, onde a vida parece correr num ritmo próprio, rodeada de cafés e restaurantes familiares, em torno da icónica escadaria da torre do relógio da Chiesa di San Salvatore de' Birecto.
A praia, protegida pelas encostas, é pequena e desimpedida, ideal para quem quiser experimentar um mergulho nas águas calmas e tépidas, fora da confusão das outras praias desta costa, que sofrem a pressão de um turismo massivo.
Mas a imagem de marca desta baía é a da torre da Igreja de San Salvatore de’ Birecto, uma obra do século X, ligada à história da República Marítima de Amalfi.
Em suma, Atrani é um lugar para quem busca a essência da Costa Amalfitana na sua forma mais genuína, com simplicidade, beleza e uma atmosfera intimista, difícil de encontrar noutros destinos da região.

Além disso, podemos ainda encontrar um outro atrativo... é que foram ali rodadas várias cenas de uma série recente da Netflix, chamada de Ripley (baseada na mesma novela da escritora Patrícia Highsmith, que deu origem ao filme O Talentoso Mr Ripley, de 1999). Atrani surge nesta série como um dos cenários mais marcantes e contribui decisivamente para a atmosfera visual da narrativa. Esta pequena vila aparece a preto e branco com as suas casas encaixadas nas encostas que descem até ao mar, criando um pano de fundo pitoresco e, ao mesmo tempo, claustrofóbico, com as ruas estreitas, os seus arcos e as longas escadarias labirínticas, que reforçam a sensação de isolamento e de comunidade fechada, onde cada movimento parece ser observado… e as imagens da série tiram partido dessa estética de uma forma perfeitamente extraordinária.

Apesar de filmada a preto e branco, as imagens potenciam o contraste entre luz e sombra que caracteriza Atrani... com as fachadas iluminadas pela luz mediterrânica e as suas sombras, destacando as passagens escuras e as vielas sombreadas, acentuando uma atmosfera de film noir, que reforça o tom psicológico e ambíguo da história.
   
Mas com a minha máquina fotográfica pouco sofisticada, e os meus parcos conhecimentos de fotografia, não fui capaz de ir além daquilo que os olhos veem, sem conseguir potenciar o clima quase obsessivo pelas escadas desta povoação, que é retratado na narrativa desta série... mas não deixei de fixar algumas imagens semelhantes ao que tínhamos encontrado, como a belíssima escada da torre do relógio, localizada em plena Piazza Umberto I.

Ao regressarmos a Amalfi o dia aproximava-se do fim… um dia fantástico, sobretudo pela beleza e glamour de Positano, mas também pela bonita cidade de Amalfi, e dos momentos de reflexão na vila de Atrani, para além das paisagens encantadoras ao longo de toda a costa, vistas do mar ou pela estrada tortuosa que percorremos.

É daqueles locais que abandonamos com a ideia de que goraríamos de regressar, e já com um aperto nostálgico da despedida… era já a tal saudade, algo tão nosso, tão português, mas que vamos sentindo por onde as nossas viagens nos vão levando.

Mas aqui, em plena Amalfi, tão de repente e tão inesperadamente, enquanto pensava neste sentimento bem português, já no regresso ao carro para terminar o dia, deparei-me com uma bela referência portuguesa que jamais imaginava poder encontrar ali, a poucos metros da praia da Amalfi… um imenso mural de azulejos do nosso Cargaleiro. 
Estes pequenos apontamentos lusitanos que encontramos pelo mundo fora, fazem-nos sempre sentir um orgulho, talvez meio patético, de ser português, e foi dessa forma que terminámos este grande dia.


Cava de'Tirreni

Foi escolhida Cava de'Tirreni apenas por estar perto da Costa Amalfitana e ter uma oferta de alojamento a preços mais normais, sem o disparate que se encontra nas povoações costeiras, que pedem fortunas por um quarto de hotel. 

Além disso, ao contrário do que acontece nos locais mais turísticos, aqui é mais fácil estacionar (mas atenção, que desta segunda visita a este local, em 2025, os estacionamentos na rua passaram a ter uma tarifa de 2,5€/hora a partir das 22h, o que torna caríssimo passar o serão e toda a noite nas proximidades do centro histórico. A solução será encontrar uma garagem que presta este serviço de parqueamento a preços mais razoáveis e, normalmente, os alojamentos dão-nos essa indicação) 

Como a nossa escolha foi feita apenas para conseguir hotel a um preço que não fosse um assalto à carteira, não contávamos com nada mais deste local, mas, na realidade, acabou por ser uma agradável surpresa. 

Trata-se de uma pequena cidade, bastante simpática, com um ambiente histórico e monumental, e muito interessante.
Aquilo que mais caracteriza esta terra é a existência de uma rua, o Corso Umberto I, que nos seus primeiros 500 m é acompanhada por fachadas em arcos de ambos os lados, o que dá um total de 1 km de arcadas, ocupadas por todo o tipo de comércio e por bastantes restaurantes e esplanadas. É esta imagem de marca da cidade que a torna especial, e foi isso que mais nos agradou na nossa visita.

Pelo caminho vamos passando por algumas piazzas, bem ao estilo das cidades italianas de província, como é o caso da Piazza Vittorio Emanuele III, onde fica uma das principais igrejas da terra, a Concattedrale S. Maria della Visitazione.
Mas do que mais gostei nesta cidade foi o facto de ser também um espaço bastante agradável durante a noite, pois, quem aqui se aloja para visitar a Costa Amalfitana, só cá regressa ao final da tarde. E, na verdade, quando saímos à noite para jantar, encontramos uma cidade movimentada, bastante bonita, com as suas arcadas iluminadas, e com vários restaurantes bem acolhedores.

Para jantar experimentámos alguns restaurantes bastante bons, como a Braceria Scacciaventi, um restaurante com uma decoração interessante, muito ao estilo wine-house, que se estende pelo exterior numa esplanada sob as arcadas. Tem uma ótima garrafeira, com todo o tipo de vinhos italianos, e um menu variado, muito para além das habituais pastas... uma ótima escolha, tanto o restaurante como a cidade.


Ravelo