Durante alguns anos tive a oportunidade de viajar várias vezes até Praga, para participar em reuniões para desenvolvimento de um projeto que estava a ser construído na Madeira, mas a ser projetado na delegação checa de uma companhia alemã, consorciada da empresa portuguesa onde eu trabalhava naquela época. Foi essa circunstância que me permitiu visitar diversas vezes a cidade de Praga no início dos anos 2000, e sempre aproveitei os períodos que sobravam das reuniões e sessões de trabalhos, para conhecer e explorar esta cidade com olhos de turista.
Assim, achava que já não valeria a pena lá voltar, pois já conhecia a cidade o suficiente para não justificar uma nova visita. Mas a presença de uma das minhas filhas na capital checa durante um semestre de Erasmus, fez com que tivesse decidido voltar a Praga, desta vez, na Primavera de 2025.
É uma das mais bonitas capitais europeias e essa beleza já justificou alguns nomes elogiosos com que a cidade foi conhecida ao longo dos anos… como a Cidade Dourada ou a Cidade das Cem Torres. Mas, independentemente destes nomes pomposos, é indiscutível que se trata de uma cidade histórica lindíssima, e isso nota-se perfeitamente quando por lá andamos.
A cidade de Praga é atravessada pelas águas do rio Moldava (Vltava em checo) e é a capital da República Checa, um país que resulta da separação da antiga Checoslováquia.
A história do povoado que deu origem a este local começa com a presença dos povos celtas, que criaram a chamada região da Boémia. Com o passar do tempo, chegariam os germânicos e os eslavos, até fazer parte do chamado Sacro Império Romano durante vários séculos.
Mais tarde, em 1526, Fernando I foi eleito Rei da Boémia e, desde esse momento, e até 1918, a história de Praga ficaria ligada à Áustria e à casa dos Habsburgo, casa-mãe do Império Austro-húngaro, e é neste período que são construídos os inúmeros monumentos, palácios e igrejas, que se mantêm ainda hoje bem conservados e constituem a base de uma cidade lindíssima e monumental.

Com a fragmentação do império austro-húngaro, na sequência do fim da Primeira Guerra Mundial, em 1918, foi criado o novo estado da Checoslováquia e Praga torna-se a sua capital.
Em março de 1939 a cidade foi invadida pelo exército nazi, que ali criou um protetorado. No final da Segunda Guerra Mundial, a história da Checoslováquia passa a ser marcada por um regime comunista, que resultou da aliança criada com Moscovo.
Em 1968, e seguindo a influência do maio de 68 francês, teve início uma tentativa de superação do comunismo, com os checos a apostarem num conjunto de reformas lideradas pelo chefe de estado Alexander Dubček, seguindo uma tendência social-democrata, que se afastava das políticas totalitaristas impostas pelos soviéticos. Estas reformas foram altamente mobilizadoras, envolvendo jovens universitários e intelectuais, num movimento de protestos populares e manifestações de rua que durou ao longo de oito meses e foi chamado de Primavera de Praga.

No entanto, a cidade haveria de ser invadida pelos tanques das forças do Pacto de Varsóvia, e este movimento de luta pela liberdade acabou por ser esmagado.
Só em 1989 o país voltou a ter oportunidade de se libertar, aproveitando a crise soviética, deu início a um novo movimento, que veio a ser chamado de Revolução de Veludo, que levou ao completo afastamento do poder da URSS… o que foi concretizado no dia 17 de novembro, data que passou a ser feriado nacional.

Um dos principais ícones da Revolução de Veludo foi o escritor e dramaturgo Václav Havel, uma figura simbólica que haveria de ser consagrado como presidente da Checoslováquia, país que foi depois dividido em dois estados no ano de 1993, dando origem à República Checa e à Eslováquia.
Recentemente, a República Checa adquiriu o novo nome de Chéquia (mas mantendo ainda a anterior designação), e deu entrada na Comunidade Europeia, embora, em 2025, não tivesse ainda aderido ao Euro, mantendo a Coroa Checa (CZK) como moeda oficial (num câmbio de 100 Koruna Česká = 4 Euros).
Os cidadãos portugueses podem entrar na Chéquia com documento de identidade ou passaporte, tanto faz, e não é exigido nenhum tipo de visto.
Nesta última viagem, em 2025, também já tínhamos direito a rooming gratuito, com chamadas e dados como se estivéssemos em Portugal.
E é principalmente sobre essa viagem mais recente que vou escrever a crónica que apresento de seguida, descrevendo os passeios através dos quais fui explorando esta bonita cidade, ao longo de três dias, seguindo mais ou menos os trilhos assinalados neste mapa do centro histórico:
Percurso 1
Começámos este primeiro dia em Praga seguindo o trajeto que nos levava até à zona do zona do castelo, apreciando pelo caminho as atrações que nos vão sendo reveladas.
Ao caminharmos pela margem direita do rio Moldava, ou Vltava, começam a aparecer alguns dos edifícios notáveis, começando por aquele que menos se enquadra na arquitetura clássica, mais típica em todo o centro histórico.
Casa Dançante
Com o nome checo de Tančící dům, a Casa Dançante é uma referência arquitetónica e uma das obras contemporâneas mais importantes da cidade. Foi projetada pelos conhecidos arquitetos Frank Gehry e Vlado Milunić, e a sua construção foi concluída em 1996, representando uma imagem moderna que se destaca entre os edifícios históricos e tradicionais de toda a envolvente.
O estilo arquitetónico é o chamado desconstrutivismo, com formas ousadas e curvas que lembram um casal a dançar, e é por isso que este edifício é também conhecido como "Fred e Ginger", em referência aos bailarinos Fred Astaire e Ginger Rogers.
O edifício é usado como espaço comercial e de escritórios, além de ter também um restaurante no seu topo, que oferece uma vista panorâmica da cidade.

Torre de Água Šítkov
Esta torre, a Šítkovská Vodárenská Věž, é um importante edifício histórico de Praga, que foi construído no final do século XVI, integrado no sistema de abastecimento de água do município, e serviu, durante séculos, para bombar água do rio Vltava e garantir o fornecimento nas zonas mais altas da cidade.
A torre tem uma altura de 47 metros e foi feita num estilo renascentista misturado com elementos góticos, refletindo a transição entre os estilos arquitetónicos da época.
Não se nota muito à vista, mas a torre tem uma ligeira inclinação causada por séculos de cedências do solo de fundação… mas nada que se compare com a sua parceira de Pisa.
Embora tenha perdido a sua função original de torre de bombagem, continua a ser um edifício relevante na cidade de Praga e, por isso, os turistas não deixam de passar por lá, e observam-na sobretudo a partir da ponte de Jirásek, de onde se obtém a sua melhor panorâmica.

Palácio Žofín
Na pequena ilha Slovanský encontramos o Palácio Žofín, um edifício clássico que é conhecido pela sua história cultural e o seu papel como centro de eventos sociais, artísticos e políticos, recebendo apresentações musicais de artistas renomados naquela época, como era o caso do compositor checo, Antonín Dvořák.
O palácio foi construído em 1837 em estilo neorrenascentista e recebeu o nome em homenagem à Arquiduquesa Sophie (Žofie, em checo), mãe do imperador Francisco José I.
Hoje, o Palácio Žofín é usado para concertos, bailes, conferências, casamentos e eventos de gala, e é especialmente conhecido pelas suas tradicionais festas de dança.
Teatro Nacional
Um pouco mais à frente, continuando pela margem direita do rio, encontramos o belíssimo palácio do Teatro Nacional de Praga, junto à Ponte Legion. É um dos monumentos culturais mais importantes da República Checa e um símbolo da identidade nacional do seu povo.
Foi inaugurado em 1881 com uma grande ópera, mas sofreu um incêndio muito grave pouco depois e teve de completamente ser reconstruído, voltando a abrir em 1883.
O edifício é um exemplo notável do estilo neorrenascentista, e foi criado e decorado ao longo dos anos por diversos artistas checos, como é o caso de Vojtěch Hynais, um pintor, designer e artista gráfico checo, que criou o famoso pano da cortina da boca principal do teatro.
Esta sala foi restaurada várias vezes, sendo a última grande reforma já no início dos anos 1980, que permitiu modernizar toda a sua estrutura, mas sem perder a sua essência histórica. Desde então que este teatro tem vindo a apresentar constantemente produções de obras clássicas e contemporâneas de ballet, teatro e ópera.
É possível conhecer o Teatro Nacional se conseguirmos assistir a um espetáculo, ou participando numa visita guiada, na qual é explorada a história, a arquitetura e os bastidores desta imensa sala de espetáculos.

É aqui, na ponte de Legion, ou Legíi, que atravessamos o rio e vamos poder acompanhar a belíssima paisagem de toda a margem esquerda, com destaque para o castelo de Praga, que domina o topo da colina.
Ilha de Kampa
Do outro lado entramos na ilha de Kampa, que está separada do bairro de Malá Strana pelo canal Čertovka, um belo canal que vamos encontrar mais à frente e noutros locais desta zona da cidade. A ilha tem referências muito antigas, tendo sido mencionada pela primeira vez na época medieval, durante o século XII, quando foi formado naturalmente o Canal Čertovka, que hoje é uma referência na cidade, sobretudo na zona que fica perto da ponte Carlos, onde se erguem bonitos edifícios, formando uma paisagem bastante interessante.
Inicialmente, a ilha era usada para fins industriais e agrícolas, com moinhos de água e várias hortas, que eram mantidas por monges e moradores locais.
A partir do século XVII, começou ali a desenvolver-se um bairro residencial, com casas burguesas e uma zona verde, mas só no pós-guerra, é que foi transformado no parque público ajardinado, moderno e organizado, que hoje ali encontramos.

Nas proximidades do parque podem ser apreciadas algumas atrações, como as margens do rio Moldava, onde podemos encontrar os Nutrias, ou ratos de água, animais da família dos castores que se encontram com frequência nas margens do rio.

O parque contém algumas construções históricas, como o Museu Kampa, localizado num antigo moinho (Sova's Mill), que foi restaurado e integrado harmoniosamente no espaço verde.
Ao longo do jardim encontram-se várias estátuas e obras de arte contemporâneas, incluindo as famosas esculturas de bebés gigantes de David Černý, reforçando o carácter cultural do lugar, para além de uma outra instalação interessante, chamada "Cracking Art", que é formada por uma série de esculturas de pinguins amarelos feitos de plástico reciclado, que constituem uma atração divertida e simbólica, misturando arte contemporânea com o ambiente natural do parque.
No beco por onde saímos da ilha de Kampa existe mais um ponto de referência desta zona, um moinho de água, ou azenha, que era usado para moer cereais, numa época em que esta parte da cidade concentrava diversos tipos de industrias artesanais.

Muro de Lennon
Aqui, bem perto desta azenha, encontra-se um muro completamente grafitado, mas que constitui um ícone cultural carregado de história e simbolismo, que ganhou destaque na década de 1980 como um espaço onde os jovens da antiga Checoslováquia expressavam os seus desejos de liberdade e resistência contra o regime comunista, comandado sob influência soviética.
Foi-lhe dado o nome de John Lennon em homenagem aos ideais de paz e amor que o músico representava. Após o assassinato do músico inglês, em 1980, alguém pintou a sua imagem neste muro juntamente com algumas letras dos Beatles e isso inspirou muitos outros a acrescentarem novas mensagens de esperança e protesto. Assim, durante o regime comunista, este muro tornou-se num local para registo de mensagens clandestinas de liberdade e mudança, desafiando a censura governamental. Nessa época, as autoridades fizeram várias tentativas para limpar o muro, mas as pessoas nunca deixaram de o pintar e de escrever mensagens, fazendo deste espaço um símbolo da persistência na luta pela liberdade.
Atualmente, o Muro de Lennon é um espaço dinâmico que muda constantemente, já que os visitantes de todo o mundo continuam a adicionar mensagens, desenhos e grafites. Foi assim consagrado como um símbolo de paz, amor e liberdade de expressão, para além de ser uma popular atração turística.

Mala Strana e a Torre da Ponte
O Mala Strana, que significa Cidade Pequena, é um dos bairros mais antigos e históricos de Praga, fundado no século XIII no sopé do Bairro do Castelo, o Hradčany, e ligando-se à chamada cidade velha através da Ponte Carlos (Karlův Most), destacando-se nesta zona a silhueta da Torre da Ponte, uma das imagens icónicas da cidade.

Este bairro encontra-se num excelente estado de conservação, quer as ruas estreitas quer as suas casas e palácios, onde impera a arquitetura barroca, têm permanecido iguais ao longo dos séculos, e essa é uma das suas principais características... a beleza dos seus edifícios com as suas fachadas coloridas.

As ruas do bairro vão-se enchendo de turistas que sobem até ao castelo, muitos vão entrando nas diversas lojas de souvenires ou optam mesmo por um dos muitos cafés e restaurantes que ali existem.
Igreja de St. Nicholas
A primeira atração que surge nesta subida é a Igreja de St. Nicholas, que é uma das mais bonitas igrejas barrocas de Praga. Foi construída entre os séculos XVII e XVIII e é dedicada a São Nicolau, padroeiro dos marinheiros e comerciantes.
A igreja é um exemplo impressionante do barroco, com uma fachada ornamentada, interiores exuberantes e uma grande cúpula.
O interior é decorado com afrescos e esculturas que representam cenas da vida de São Nicolau e de outros santos. Mas tem também, com grande destaque, o seu órgão, onde Mozart tocou durante a sua visita a Praga. A igreja é conhecida pela sua excelente acústica, o que faz com que seja utilizada frequentemente para apresentações de música clássica.
A torre da igreja é acessível aos visitantes e oferece uma vista sobre a cidade de Praga, sendo um ponto turístico popular, mas em toda a encosta do castelo não faltam locais para observarmos panorâmicas sobre a cidade.
A subida à torre sempre foi paga, mas para entrarmos na igreja o acesso era gratuito, só que hoje tudo se paga, o que afasta as famílias de entrarem em algumas igrejas, onde se quer apenas ver o espaço interior e voltar a sair, o que não justifica o preço... e assim, ficamo-nos só pelo exterior a apreciar as fachadas.
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No trajeto seguinte até ao castelo seguimos por uma rampa bem difícil de escalar, por onde continuámos a passar pelas bonitas casas do bairro.
Praça Hradcany
Já no topo da colina, entrámos na Praça Hradcany, uma das mais emblemáticas da cidade, localizada no bairro de Hradčany, mesmo ao pé dos portões do Castelo de Praga, e perto de um conjunto de atrações históricas, como o Palacio Archbishop, o Palácio Toskansky, o Palácio Schwarzenberský, onde funciona a Galeria Nacional de Praga, e a Marian Plague Column.
Castelo de Praga
Entrámos depois no Bairro do Castelo, costuma-se entrar pelo Portão de Matthias, uma obra renascentista construída em 1614, durante o reinado de Matias I, mas, desta vez, encaminhavam toda a gente para uma porta lateral.

Este Castelo não corresponde minimamente à imagem tipificada dos castelos medievais com aspeto fortificado, aquilo que encontramos é um conjunto de palácios e edifícios monumentais, ligados entre si por pequenas ruelas.
Mas a sua imagem, enquanto símbolo da capital checa, torna-se familiar a quem visite a cidade, pois estará sempre visível no alto da colina que se ergue na margem esquerda do rio Moldava, com destaque para a silhueta da Catedral de São Vito, uma das obras que compõem o conjunto monumental do Castelo de Praga.

A construção deste castelo, durante o século IX, desempenhou um papel importantíssimo na história da cidade, transformando-a no centro estratégico deste território, tendo passado a ser regularmente a residência dos Reis de Boémia. Muitos anos depois disso, com a fundação da Checoslováquia em 1918, o Castelo de Praga tornou-se na residência oficial do Presidente da República.
No interior das muralhas do Castelo entramos por uma praça, cujo acesso não é pago, mas se quisermos visitar mais alguma coisa já teremos de comprar o respetivo bilhete… nas anteriores visitas que fiz a este castelo, há mais de 20 anos, não se pagava nem nas igrejas nem na Rua do Ouro. Agora, para podermos ver os mínimos, mesmo sem entrar nos palácios que fazem parte do complexo, já teremos de comprar bilhete para um dos circuitos disponíveis.
O interior deste espaço é dominado por um imenso terraço onde se ergue a Catedral de São Vito, um dos símbolos da cidade e uma das suas principais atrações turísticas.

A catedral é um exemplo da arquitetura gótica e possui uma longa história, cujo início remonta ao ano de 1344, quando começou a ser construída por ordem de João de Luxemburgo, sob a reinado de Carlos IV. Mas só veio a ser concluída, tal e qual como se encontra hoje, entre os séculos XIX e XX, e só abriu suas portas ao público no final de 1929, passando a constituir o monumento principal no conjunto do castelo.
No interior da catedral guarda-se o túmulo de Venceslau IV (o chamado Rei Bom), e as Joias da Coroa. Se quisermos desfrutar de uma vista panorâmica e desimpedida sobre a cidade, e não nos importarmos de fazer um pouco de exercício, podemos tentar subir as escadas de uma das suas torres, em que a torre mais elevada atinge os 99 metros, e as duas torres gêmeas, os 80 metros.

No complexo do Castelo, e para além da Catedral de São Vito, existem também diversos espaços monumentais, como a Basílica de São Jorge, uma das igrejas mais antigas de Praga; o Antigo Palácio Real, que foi residência dos reis da Boémia; a Torre Daliborka, que servia como prisão; a Torre da Pólvora, usada antigamente para armazenar pólvora e como um ponto de defesa; e ainda a Igreja de Todos os Santos, os Jardins do Castelo e um conjunto de Museus e Exposições
Dentro do complexo encontramos também a Rua do Ouro, uma pequena rua que é um dos lugares mais acolhedores do interior do recinto do castelo, ocupada por casinhas pitorescas e coloridas. No passado, acreditava-se que os ourives que ali moravam e trabalhavam para o rei Rodolfo II, eram alquimistas que tentavam criar ouro e a pedra filosofal.
Hoje, a rua é uma atração turística popular, com as várias casas transformadas em lojas, e é também conhecida pela sua ligação ao escritor Franz Kafka, que ali viveu durante um breve período.

Saímos do castelo pelo lado oposto de onde tínhamos entrado, e ficámos algum tempo no Jardim nas Muralhas que funciona também como uma imensa varanda com vista sobre a cidade… e foi isso que fizemos, apreciámos as paisagens, para além de descansarmos um pouco (que nesta altura estava perdido de dores numa perna).
Mais tarde descemos através das Old Castle Stairs, um conjunto de escadas históricas que ligam o Castelo de Praga ao bairro de Mala Strana, a baixa da cidade que fica junto do rio. Estas escadas são um dos caminhos mais interessantes para acesso ao castelo, sobretudo se for a descer, pois podemos apreciar as bonitas vistas panorâmicas, sem grande esforço.
As escadas datam do século XVI, mas nesta altura estão quase sempre repletas de gente, para além de alguns músicos e outros artistas de rua que criam um ambiente especial.
Chegando junto ao rio virámos para o lado esquerdo e passámos junto ao Palácio Straka, onde funciona o Gabinete do Governo da República Checa, um belo edifício com um jardim que se estende quase até ao rio.
Miradouro de de Letná
O objetivo deste percurso era chegarmos à colina de Letná, que nos iria permitir desfrutar de uma das vistas mais impressionantes sobre o centro histórico de Praga, mas, para isso, tínhamos ainda de subir uma escadaria enorme, ou um conjunto de rampas até chegarmos ao topo da colina onde se encontra o Vyhlídka na Letné, ou Miradouro de de Letná… e eu com a minha perna esquerda a latejar, mas no final valeu bem a pena.
O parque que fica no alto desta colina tem um belíssimo lago e um imenso espaço verde.
Mas aquilo que nos leva ao alto desta montanha não será propriamente o jardim que ali encontramos, mas sim o miradouro que nos oferece uma das mais incríveis imagens de Praga, com uma sequência de pontes sobre o rio Vltava - incluindo a famosa Ponte Carlos - com a cidade velha e o bairro Malá Strana ao fundo.
Seguimos depois pelo bairro da Mala Strana até à Ponte Carlos, onde acabámos o primeiro percurso. Voltaríamos ainda a explorar o centro da cidade durante a noite até terminarmos este primeiro dia, um dia fantástico, mas que quase me destruiu de tanto esforço.
Percurso 2
Escolhemos o segundo dia desta viagem para explorar a Cidade Velha, começando de novo junto à margem direita do rio e fazendo, desta vez, uma primeira paragem num dos monumentos que ali se encontram.
Fonte de Kranner
A Krannerova kašna, ou Fonte de Kranner, foi construída em homenagem ao imperador Francisco I, da Áustria. O monumento foi criado em estilo neogótico, no ano de 1850, 15 anos após a morte do imperador, e é formado por um conjunto de 26 estátuas de pedra, constituindo um importante símbolo do poder dos Habsburg.
Durante o domínio comunista, a estátua de Francisco I foi removida da fonte, mas o restante da estrutura foi preservado, e só em 2003, muito depois da dissolução da Checoslováquia, é que uma cópia em gesso da estátua foi instalada neste mesmo lugar, sendo que a estátua original ficou em exibição no Lapidarium, onde se encontra ainda hoje.
Praça Betlémské náměstí e Man Hanging Out
Ao entrarmos pelas ruas da Cidade Velha e depois de passarmos pela Praça Betlémské náměstí, encontramos uma estátua de Sigmund Freud pendurada acima de uma das casas.
Esta estátua costuma deixar as pessoas preocupadas com a possibilidade de um homem estar ali pendurado, mas não há nada para nos preocuparmos, trata-se apenas de um falso Sigmund Freud.
Esta instalação foi criada em 1996 e representa a visão do escultor checo David Černý, cujo trabalho pode ser encontrado por toda a cidade. Muitas das obras de Cerny são vistas como deliberadamente provocativas, e esta não é diferente. O Freud pendurado é surpreendentemente realista à distância, e várias pessoas acabam mesmo por se assustar com a imagem de uma pessoa em perigo.
Esta peça, mesmo sendo algo controversa, continuou bastante popular após a inauguração, e acabou até por fazer algumas viagens pelo mundo, tendo sido exibida em lugares diversos do planeta, pelo que há sempre a possibilidade de não encontrarmos o nosso Freud quando por ali passamos, mas em 2025 a peça regressou a Praga, e lá estava ela pendurada num telhado, quando passámos naquela rua estreita da Cidade Velha.
Mercado Havelské tržiště e Igreja St. Gallen
Logo a seguir encontramos o único mercado medieval do centro da velha Praga que está ainda devidamente preservado. Trata-se de um mercado de rua que remonta ao ano de 1232 e que ocupa a Rua Havelská, onde ficam as tendas e bancas de venda de frutas e vegetais, mais inclui também algumas bancas de souvenires para turistas.
Ao fundo da rua de Havelské é visível a fachada da bonita Igreja de St. Gallen. Trata-se de um edifício do século XIV, construído em estilo gótico, que apresenta uma estrutura de basílica, com três naves e uma fachada barroca, que foi concluída mais tarde, já no século XVIII.
Teatro Estates (Stavovské divadlo)
É um dos belos teatros desta cidade e neste até já tive oportunidade de assistir a um espetáculo. Este edifício neoclássico foi inaugurado em 1783 e é mesmo o teatro mais antigo de Praga e é também, ainda hoje, um dos mais famosos e bem preservados teatros de toda a Europa.
As fachadas do Stavovské divadlo são um exemplo da arquitetura neoclássica, marcada pela simetria, proporção e simplicidade, refletindo os conceitos estéticos do Iluminismo. Tanto na fachada principal, como na de tardoz, existem colunatas coríntias e um pórtico triangular, que ornamentam as respetivas entradas, e dão ao edifício um toque de nobreza.
Todo o edifício exibe cores suaves, da pintura e da pedra, que lhe dão um visual harmonioso, formando um conjunto bastante bonito.
O Teatro Estates estará para sempre ligado à figura de Wolfgang Amadeus Mozart, pois o génio da composição musical trabalhou em Praga nalgumas ocasiões, criando óperas que, posteriormente, seriam apresentadas nesta sala.
Em 1786, embora a estreia mundial de As Bodas de Fígaro tenha sido em Viena, foi em Praga, no Estates Theatre, que ela triunfou e, de facto, foi um sucesso tão grande que Mozart foi então contratado para trabalhar na cidade na sua nova ópera, Don Giovanni. Em 1787, esta ópera teve a sua estreia mundial no Estates Theatre, e foi o próprio Mozart que dirigiu pessoalmente a orquestra nesta apresentação.
Mais recentemente, foram aqui filmadas muitas das cenas de ópera do filme Amadeus, de Miloš Forman, um filme grandioso que nos deu a conhecer a vida e obra deste génio da música.
Para além da história riquíssima e da omnipresença de Mozart, esta sala é considerada como um dos mais belos teatros de toda a Europa, e tem um charme muito especial, sobretudo no seu interior, onde estivemos, eu e a Ana, no início deste século, para assistir a uma opereta de Mozart… de quem mais poderia ser? Não foi um espetáculo grandioso (era apenas uma opereta e não uma das suas grandes óperas), mas vivemos uma experiência magnífica, sobretudo pela oportunidade de conhecer o interior desta fantástica sala de espetáculos.

Praça da Cidade Velha e o Relógio Astronómico de Praga
No próximo local de paragem estamos no coração da cidade, em plena Praça da Cidade Velha, que é o seu principal centro histórico, já desde a Idade Média.

Ainda hoje, esta praça continua a ser o ponto mais concorrido da cidade, tanto para os moradores como para os muitos turistas que a visitam, e basta lá chegarmos para percebermos que ali se encontram alguns dos monumentos mais importantes da capital checa.
Mas ainda antes de entrar na praça encontramos na rua Staroměstské, a chamada Casa Minuto, que corresponde ao edifício que foi erguido onde existia a casa que foi parcialmente destruída, onde Franz Kafka nasceu e viveu a sua infância.

Voltando de novo à praça, durante o século XI, as edificações foram-se estendendo desde o bairro do Castelo, começando a ocupar a margem direita do rio Moldava, e é no final daquele século que começa a ser mencionada a existência de um mercado na atual praça da Cidade Velha. Ao longo dos dois séculos seguintes, Praga continuou a crescer pelos terrenos que fazem parte da atual Cidade Velha e, já no século XIII, adquiriu mesmo o título de cidade.
A sua principal praça é um dos lugares mais agradáveis deste centro histórico, muito antiga e acolhedora e está rodeada por vários edifícios bastante bonitos.
Ao longo desta da praça, e para além dos seus edifícios clássicos, surge, no próprio terreiro, o grandioso monumento a Jan Hus, o relojoeiro que foi o criador do principal relógio da cidade, que encontramos ali bem perto.
Mas em toda a envolvente desta praça encontram-se também vários monumentos de referência, como a Igreja de Nossa Senhora de Týn, a Igreja de São Nicolau e o Edifício da Câmara Municipal da antiga Cidade Velha… que é aquele que mais atrai os visitantes, pois é ali que está instalado o impressionante Relógio Astronómico de Praga.

O edifício, onde funcionou a sede do município até o final do século XVIII, destaca-se pela sua torre gótica de 60 metros de altura, do alto da qual podemos contemplar toda a cidade velha.

O Relógio Astronómico (Orloj)
O Orloj é considerado o relógio medieval mais famoso do mundo. Foi construído em 1410 pelo mestre relojoeiro Hanus (cuja estátua se encontra em plena praça)… e há até uma lenda que diz que os vereadores do município terão provocado a cegueira ao mestre Hanus, para que ele jamais pudesse voltar a criar uma obra semelhante. Muito mais tarde, já no século XVI, o relógio haveria ainda de ser aperfeiçoado por um outro relojoeiro checo, Jan Taborsky.
O relógio é composto por três elementos: o calendário de Josef Mánes, que tem quatro pequenas esculturas (um filósofo, um anjo, um astrónomo e um orador) – a esfera inferior da torre, que representa os meses do ano através de pinturas feitas por Manés, e onde também podem ser vistos os signos do zodíaco – a esfera superior da torre, que corresponde ao Relógio Astronómico, propriamente dito, cuja função não era dar horas, mas sim representar as órbitas do Sol e da Lua.
Há ainda uma outra atração deste relógio, que mostra os doze apóstolos a desfilarem, o que acontece sempre que o relógio marca as horas certas, num desfile que ocorre nas janelas superiores deste mecanismo.
Além dos apóstolos, também se encontram outros quatro personagens: o Turco, a Avareza, a Vaidade e a Morte, um esqueleto que marca o início do desfile ao puxar uma corda.
Se quisermos apreciar uma bonita vista sobre a Praça da Cidade Velha, podemos tentar subir à torre pelo preço de Kč130, cerca de 5,2 €.

Igreja de Nossa Senhora de Týn
Ainda na Praça da Cidade Velha encontramos um dos monumentos mais icónicos da cidade, a Igreja de Nossa Senhora de Týn, com as suas belíssimas torres góticas, formando um conjunto imponente, cuja imagem constitui um dos principais símbolos da cidade.
A igreja foi construída entre os séculos XIV e XV em estilo gótico, substituindo uma capela românica existente anteriormente. As duas torres são a sua principal marca, com os seus pináculos pontiagudos que atingem quase 80 metros de altura, numa imagem distinta, que é sempre associada à representação da própria cidade. A fachada apresenta ainda um belo portal gótico e uma grande rosácea, além da estátua dourada da Virgem Maria.

O interior possui um impressionante altar barroco e um dos órgãos mais antigos de Praga, datado do século XVII, mas se o quisermos visitar, a entrada principal não é diretamente visível da praça, tendo acesso através de um dos becos laterais.
Mas por mais interessante que seja o interior desta igreja, nada se compara à sua magnifica fachada que nos é exibida na Praça da Cidade Velha, e que constitui um dos símbolos de referência da cidade e até da própria República Checa.
Igreja de São Nicolau
Ainda na mesma praça, a Igreja de São Nicolau é uma das joias barrocas de Praga. Foi construída entre 1732 e 1737 e é, ainda hoje, considerada como uma das igrejas mais impressionantes da cidade, quer pela sua bela fachada quer pelo seu interior, bastante bem decorado.

Nesta igreja destaca-se a arquitetura barroca com detalhes muito interessantes, e o seu interior, com afrescos do artista Johann Lukas Kracker, esculturas de Ignác Platzer, e um órgão histórico, que já foi tocado pelo grande Wolfgang Amadeus Mozart.
Bairro Judeu
Saindo da Praça da Cidade Velha pela Rua de Paris vamos entrar no bairro judeu da cidade, conhecido como Josefov, que será sempre associado a uma forte carga emotiva devido à importância da comunidade judaica aqui em Praga e pelo sofrimento a que esta comunidade esteve sujeita durante a Segunda Guerra Mundial, com marcas que são ainda muito recentes.
A riqueza histórica deste bairro é evidente, mas jamais conseguiremos ter uma perceção minimamente aproximada do que foi ser judeu e habitar neste bairro ao longo do último século. Por muitas sinagogas e cemitérios judaicos que possamos visitar, nunca conseguirmos uma emersão suficiente, para nos pormos na pele das famílias que fazem parte desta comunidade… e nem falo dos tempos da ocupação nazi, falo mesmo sobre a vida atual, como vive esta comunidade de judeus em Praga no século XXI, que é algo que jamais conseguiremos entender perfeitamente.
Mas, enquanto turistas, não vamos deixar de apreciar a arquitetura do bairro, com alguma simbologia e cheia de significado e marcos históricos, como as sinagogas, museus e os cemitérios.
Um dos monumentos de maior destaque é a chamada Antiga-Nova Sinagoga, que é um monumento especial, por ser a sinagoga mais antiga da Europa, que se encontra em funcionamento contínuo, desde 1270.

Mas existem também outros pontos de referência, como a rua Bílkova, com algumas casas de influência cubista, que constituem uma marca artística do bairro e, sobretudo, as sinagogas e os cemitérios do bairro.
Refiro-me, por exemplo, à Sinagoga Espanhola, que foi construída em 1868, e ganhou o nome de “A Espanhola” devido à sua decoração mourisca, com detalhes inspirados no Alhambra de Granada.

Por toda esta riqueza histórica, não devemos deixar de visitar o bairro Josefov, e tentar captar o testemunho da vida desta comunidade, pela sua riqueza, mas também pela tragédia a que estiveram sujeitos.
Mas se quisermos visitar este bairro em 2025, entrando nas sinagogas e museus, o preço para fazermos esta visita está perfeitamente proibitivo, sobretudo se viajarmos em família. Queríamos entrar apenas numa única sinagoga e no cemitério. Porém, a única forma de acedermos a qualquer um destes monumentos, será adquirir um bilhete conjunto que permite entrar em quatro sinagogas e no cemitério, por um preço que ronda os 60€ por pessoa, se o comprarmos online, mas, no próprio dia, é habitual estar esgotado, como estava naquele dia, e aí, comprando o ingresso ao balcão de uma das sinagogas, o preço passava para cerca de 70€… um exagero, sobretudo se multiplicarmos pelo número de pessoas da família, e nós éramos quatro. Assim, recusámo-nos a ser roubados e abdicámos de entrar nas sinagogas e no cemitério, onde já tínhamos estado no princípio do século, e acabámos por nos ficar apenas pelas ruas deste bairro judeu.
Cemitério Judeu de Praga
Mas como já tinha visitado este cemitério por duas vezes, vou deixar aqui a respetiva referência. O terreno do Cemitério Judeu está localizado entre duas sinagogas pequenas, a Sinagoga Klausen e a Sinagoga Pinkas, por onde podemos entrar.
O Antigo Cemitério Judeu de Praga é mais um dos lugares surpreendentes e cheios de história do bairro Josefov, e foi, durante mais de 300 anos, o único lugar onde era permitido enterrar judeus nesta cidade.
O cemitério foi criado em 1439 e, embora tenha crescido ao longo dos anos, nunca se estendeu para fora do centro histórico, mantendo ainda hoje as suas características originais.
Devido à falta de espaço, os corpos eram enterrados uns em cima dos outros, o que faz com descansem naquele espaço muitas mais almas do que faria supor, sendo que podemos encontrar mais de 12.000 lápides, mas estima-se que possam ali existir cerca de 100.000 corpos enterrados.
Quando visitámos este cemitério, no início dos anos 2000, a entrada era gratuita e mesmo nas sinagogas eram cobrados preços simbólicos, o que não acontece atualmente, como já referi... a ganância é terrível, até dos mortos se aproveitam.

Casas Cubistas de Praga
Ainda no bairro judeu, mas na zona residencial, fora do circuito das sinagogas, encontramos uma arquitetura clássica, muitas vezes semelhante a outros bairros do centro histórico, mas nesta zona em particular, vão aparecendo algumas casas com fachadas interessantes, de influência cubista.
O bairro judeu passou por uma ampla reforma urbana entre os séculos XIX e XX e muitas estruturas antigas foram demolidas para dar lugar a edifícios modernos seguindo os estilos da época, incluindo o Art Nouveau e o Cubismo.
Este movimento artístico, que nasceu nas artes plásticas no início do século XX, com figuras como Picasso ou Braque, teve uma expressão ao nível do espaço urbano aqui em Praga que é praticamente única, tornando a capital checa no principal lugar em todo o mundo onde o cubismo se traduziu plenamente na arquitetura, design de interiores e mobiliário.
Os edifícios que aqui encontramos traduzem algumas das características desta corrente artística, como as fachadas facetadas ou geométricas, as janelas trapezoidais ou com ornamentações angulosas, e o uso artístico de volumes e sombras.
Um dos ícones da arquitetura cubista mundial é a chamada Casa da Madona Negra, projetada por Josef Gočár, mas muitos outros edifícios de referência deste movimento artístico podem ser encontrados nas ruas do Bairro Josefov e mesmo noutras ruas do centro histórico de Praga.
Rudolfinum, Faculty of Arts e Academy of Arts, Architecture and Design
Este conjunto corresponde ao complexo de edifícios culturais mais importantes no bairro judeu de Praga, situado junto às margens do rio Voltava, na praça Jan Palach. O Rudolfinum, cujo nome foi escolhido em homenagem ao Príncipe Rodolfo da Áustria, foi construído entre 1876 e 1884 em estilo neorrenascentista, e é ainda hoje conhecido por servir de casa à Orquestra Filarmónica Checa, recebendo anualmente o prestigiado Festival Primavera de Praga.
Um dos salões mais importantes deste complexo é o Dvořák Hall, que recebe o nome de uma das principais figuras da música checa, e é uma das melhores salas de concertos do mundo, devido a uma acústica extraordinária.
Além das salas para apresentações musicais, encontra-se também no complexo a Galeria Rudolfinum, um espaço dedicado à arte contemporânea.
Para quem não consiga visitar o seu interior, poderá apreciar a arquitetura do exterior, que é bastante impressionante, com a sua fachada grandiosa.

Logo ao lado do Rudolfinum fica a Faculty of Arts, que, na verdade, se refere não a uma faculdade de estudos artísticos, mas sim à Faculdade de Filosofia da Universidade Carolina de Praga.
A fundação deste espaço remonta ao ano de 1348 e é, juntamente com a Universidade Carolina, a mais antiga escola de filosofia da Europa Central.
São ali lecionados cursos de Filosofia, História, Línguas e Literatura, entre outros, e todos esses cursos têm uma extraordinária reputação, como sendo dos mais prestigiados da Europa Central. Mas o próprio edifício também nada fica a dever à importância deste espaço, revelando a bonita fachada que encontramos nesta zona da cidade.
Do outro lado da praça Jan Palach fica a Academy of Arts, Architecture and Design, que foi a primeira instituição estadual de arte nos territórios da Boémia.
Esta academia, que é a verdadeira faculdade de estudos artísticos, e não a sua vizinha, a Faculty of Arts, possuindo seis departamentos da arquitetura ao design e às belas-artes.
O edifício é majestoso e foi construído no final do século XIX, em estilo neorrenascentista, seguindo a inspiração dos palácios italianos e das academias de Paris e Viena.

Biblioteca Municipal e Klementinum
A Biblioteca Municipal de Praga foi fundada em 1891, com uma vasta coleção de livros, jornais e revistas, mapas e documentos históricos.

Se esperarmos à porta numa fila, que chega a ser demorada, vamos poder entrar gratuitamente no hall desta biblioteca, e podemos assim visitar a sua atração mais reconhecida, que é uma instalação designada por Livros Infinitos (Idiom), que foi criada pelo artista Matej Krén.
Trata-se de uma torre cilíndrica de livros com uma fenda por onde nos é permitido espreitar, quando chegamos à nossa vez na fila.
Lá dentro, um conjunto de espelhos cria a ilusão de uma pilha infinita de livros, numa imagem imperdível e perfeitamente extraordinária.
Muito perto desta biblioteca fica o Klementinum que é, atualmente, a Biblioteca Nacional da Chéquia. Originalmente o edifício ali construído era apenas uma igreja, a Igreja de São Clemente (daí o seu nome atual), fundada no século XI, mas, ao longo da sua história, foi utilizada como sede do colégio jesuíta e da universidade, até se tornar na atual biblioteca.
Em 1232, os dominicanos ocuparam a Igreja de São Clemente e construíram um primeiro mosteiro, até que, em 1556 chegaram a Praga os jesuítas e, depois de comprar o edifício, começaram uma ampliação que duraria quase 200 anos, e que levou ao atual conjunto de edifícios, que ocupa vários quarteirões e é atravessado por ruas públicas, por onde pudemos caminhar.

Há mais de dois séculos que o Klementinum se tornou na sede da Biblioteca Nacional, embora também sirva para a realização de outros eventos, como concertos de órgão e de música clássica.
As principais atrações que ali se encontram, e que podem ser exploradas através de visitas guiadas, são divididas em três partes: a Capela dos Espelhos, a Torre Astronómica e a Biblioteca Barroca… esta última, com uma imagem extraordinária, revelando um espaço místico e encantador... que já visitei uma única vez, quando o acesso não era tão dificultado nem tão caro, como acontece hoje-em-dia.

Igrejas de São Salvador e de São Francisco de Assis
Ainda antes de chegarmos ao rio, e atravessarmos a ponte mais famosa da cidade, vamos passar por mais duas igrejas.
A Igreja de São Salvador está integrada no conjunto de edifícios do Klementinum e é um dos marcos da cidade velha, devido à sua localização, bem em frente à Ponte Carlos, recebendo assim quem entra na cidade ao atravessar aquela ponte.
Esta igreja é considerada como um dos exemplos mais valiosos da arquitetura barroca na cidade, embora tenha sido construída pelos jesuítas em estilo gótico, entre 1578 e 1601, mas foi posteriormente remodelada, já a meio do século XVII, tendo sido adicionadas algumas características barrocas significativas.
A sua fachada é bastante bonita, com o pórtico principal decorado com esculturas de santos e com um nicho na parede onde se guarda uma escultura da Virgem Maria.
Do lado esquerdo, de quem vem da ponte, encontra-se a Igreja de São Francisco de Assis, que, como o nome indica, trata-se de uma igreja da ordem franciscana. A sua fachada é imponente, dominando a praça com os seus tons da pedra amarelada, inspirada nas grandes igrejas barrocas de Itália, e com destaque para a cúpula central que se eleva do conjunto.

A igreja remonta ao século XVII e, ainda hoje, vale sobretudo pela magnífica decoração do seu interior, incluindo um afresco do Juízo Final de VV Reiner na monumental cúpula de quase 41 m de altura.
Uma das formas de visitar esta igreja será assistir a um dos muitos concertos regulares de música religiosa que ali são realizados. Os frequentadores deste tipo de concertos apreciarão especialmente o som do seu órgão, um instrumento de 1702, que é o segundo mais antigo de Praga… mas também podemos simplesmente encontrar a igreja aberta para cultos religiosos e, dessa forma, poderemos entrar.

Ponte Carlos, ou ponte da cidade velha
Chegámos finalmente a uma das principais atrações da capital checa, a Karlův most, ou Ponte Carlos, com uma torre em cada margem, cuja silhueta está associada à própria imagem da cidade de Praga.
Com cerca de 500 metros de comprimento e 10 de largura, esta ponte chegou a ter quatro faixas destinadas à passagem de carruagens, mas, atualmente, é exclusivamente pedonal.
A Ponte Carlos recebe o nome do seu criador, Carlos IV, que colocou a primeira pedra em 1357, para substituir a Ponte Judite, que foi completamente destruída durante umas cheias.
Mas a grande riqueza desta ponte, e aquilo que a diferencia das outras pontes da cidade, é o conjunto de estátuas que a decoram. Ao longo da Ponte Carlos encontramos 30 estátuas, que foram construídas no início do século XVII e foram colocadas nos dois lados da ponte, sendo que, atualmente, as mais bonitas são apenas reproduções dos originais, que estão no Museu Nacional de Praga, no topo da Praça Venceslau.
E o conjunto que é formado pelo piso empedrado da ponte, com as estátuas dispostas em toda a sua extensão, e as torres que ficam nas duas margens, é de uma beleza sublime, para além de constituir uma das principais imagens de marca da cidade de Praga… é pena que raramente nos seja possível apreciar este conjunto sem os milhares de turistas que por ali se encontram quase sempre.
(Estas fotos foram tiradas numa das várias vezes em que visitei a cidade no início dos anos 2000, quando ainda era possível, em certos momentos, encontrar as principais atrações turísticas despojadas das multidões que encontramos hoje em dia).
Voltando à ponte, a primeira estátua que ali foi colocada, no ano de 1683, representa São João Nepomuceno, que foi atirado ao rio naquela parte da ponte, no ano de 1393, por ordem do rei Venceslau IV.
Mas essa estátua foi também ela atirada ao rio e, só mais tarde, depois de João Nepomuceno ter sido santificado, é que decidiram recuperar a estátua e voltaram a colocá-la no mesmo lugar onde São João Nepomuceno tinha sido atirado à água.
Atualmente encontramos uma réplica da estátua original exatamente no local onde esta tinha sido colocada pela primeira vez, há vários séculos atrás.
Atualmente, diz-se que quem ali pedir um desejo, enquanto coloca a mão esquerda sobre as figuras que estão na base da estátua, e que representam as cenas do seu martírio, terá o seu desejo realizado… e será uma boa oportunidade para pedir o Euromilhões.
Mas depois existem mais de duas dezenas de estátuas, todas de caris religioso, colocadas sobre os varandins de ambos os lados da ponte, algumas delas são réplicas de estátuas que estão guardadas em museus, mas outras são mesmo os próprios originais.
Desta vez optámos ainda por fazer um passeio de barco, que nos levou deste a zona da Ponte Carlos, até a outras pontes, passando por ambas as margens. O preço foi de 20€ por pessoa, o que não é barato nem caro, e no final achei que não é um passeio imperdível, mas não deixa de ser agradável, dando-nos acesso a outras perspetivas do rio e das suas margens e pontes.
Junto à Ponte Carlos existe uma pequena península que avança sobre o rio, onde se erguem alguns edifícios interessantes e outras atrações.
Neste espaço, existem uns restaurantes típicos de comida checa, um deles fica na esplanada que ocupa grande parte da península, e onde já tive oportunidade de jantar algumas vezes, e aí pude experimentar os pratos locais de inspiração boémia… uma comida típica, que até é agradável, mas não para mais de duas ou três vezes.
Do lado oposto fica uma belíssima torre, que é conhecida como Torre de Água da Cidade Velha, e ainda um museu e a estátua de Bedrich Smetana, um importante compositor checo.
Ainda iriamos voltar à Praça da Cidade Velha para terminar este dia, desta vez, seguindo pela Rua Karlova, uma das mais animadas do centro, quando, nesta altura de final de tarde, a rua estava mesmo a bombar, numa onda frenética em que turistas e locais vão usufruindo do belo ambiente que ali se instala.
Esta rua liga os dois principais pontos turísticos da cidade, entre a Ponte Carlos e a Praça da Cidade Velha, e mantém ainda reflexos do seu ambiente medieval, por ser uma rua estreita, sinuosa e empedrada, conservando o seu charme histórico original.
A rua é uma das mais movimentadas de Praga, cheia de turistas, lojas de souvenirs e cafés, e com vários quiosques para se experimentar uma das sobremesas de rua mais famosas da República Checa, o muito popular Trdelník, ou Chimney Cake.
O Trdelník é uma massa doce enrolada em torno de um cilindro de madeira ou metal, assada sobre brasas ou numa grelha, e depois coberta com açúcar, canela e às vezes nozes. Quando pronto, forma um tubo oco, que é crocante por fora e macio por dentro. Vendem com vários recheios, como gelado ou chantili, mas eu prefiro simples, para aproveitar o sabor da canela.

Percurso 3
No terceiro dia, fizemos um conjunto de trajetos nas zonas mais periféricas da Cidade Velha, começando pelo chamado de Parque Carlos, um bonito jardim que é um excelente local para descansar e refrescar, com bastantes sombras e bancos de jardim, e junto ao qual fica um bonito edifício histórico cuja imagem se torna visível de todo o parque.
Novo Edifício da Câmara Municipal
Apesar de ser chamado de novo edifício da Câmara Municipal (Novoměstská radnice), não é um edifício novo, nem funciona lá a atual sede do município.
Na verdade, trata-se de um edifício do século XIV, que foi projetado originalmente para receber a administração da recém-criada Cidade Nova.
A obra combina elementos góticos e renascentistas e destaca-se pela sua Torre e pelo salão gótico. Atualmente, o Novoměstská radnice é usado principalmente para eventos culturais, exposições e até festas de casamentos, mas continua a ser um belo edifício histórico.
A Rotating Head of Franz Kafka
A paragem seguinte é feita junto a uma incrível escultura cinética, representando a cabeça do escritor Franz Kafka, criada pelo artista checo David Černý.
A escultura tem 11 metros de altura e pesa 39 toneladas, e é formada por 42 camadas móveis de aço inox, que vão rodando individualmente (em intervalos regulares em cada hora certa e demorando cerca de 15 minutos), deformando o busto de Kafka, que vai adquirindo várias formas, como que sofrendo uma metamorfose, até readquirir a sua imagem original.
A escultura é chamada de Metalmorphosise e é inspirada nos temas de identidade, alienação e transformação de Kafka, utilizando a tecnologia moderna para homenagear uma das principais referências culturais da cidade de Praga.

Rua Národní e Lego Museum
Um pouco depois entramos na Rua Národní, uma animada rua de comércio, onde se encontra um museu muito especial, mas que não quisemos visitar, o Museu do Lego, ou Museum of Bricks.
Para quem estiver com crianças, este pode ser um ponto de paragem interessante (ou não, acho que as crianças de hoje em dia já não ligam muito ao Lego, no meu tempo é que era um extraordinário brinquedo), mas, no nosso caso, ficámo-nos apenas pela porta principal, de onde espreitámos para o interior.
Rua Na Příkopě
Continuando no mesmo eixo da Rua Národní, que separa a Cidade Velha (Staré Město) da Cidade Nova (Nové Město), vão-se sucedendo, mais à frente, outras ruas de comércio, como é o caso da Rua Října e da Rua Na Příkopě.
Esta última é uma das ruas mais famosas de Praga, que é bem conhecida pelos seus edifícios históricos e pelas suas lojas e boutiques de luxo e de marcas internacionais. Está é uma das ruas mais frequentadas por turistas e revela, quase sempre, uma atmosfera vibrante.
Torre da Pólvora e Obecní Dům
A Torre da Pólvora foi construída em 1475, como parte das fortificações da cidade, servindo como uma das entradas principais da Cidade Velha. O seu nome surgiu mais tarde, devido à utilização que esta torre chegou a ter, como armazém de pólvora.
Tem uma altura de 65 metros e os visitantes podem subir a escada em espiral de 186 degraus, se quiserem apreciar a vista panorâmica sobre o centro histórico.
Logo ao lado da torre, e até ligada a esta, através de um pequeno arco, surge um imenso palácio que é chamado de Obecní Dům (que em português significa Casa Municipal). Trata-se de uma das joias da arquitetura de Praga e um dos edifícios culturais mais importantes da cidade.
É um ponto de destaque, não apenas pelo seu design deslumbrante, mas também pela sua importância histórica. Foi construído entre 1905 e 1912, no estilo arquitetónico Art Nouveau, com detalhes ricos e ornamentados, incluindo mosaicos, vitrais, esculturas e pinturas. Um dos seus destaques é o mosaico na fachada, chamado de "A Apoteose de Praga", de Karel Špillar, um pintor e artista gráfico checo, do início do século XX.
Este palácio foi um importante centro cultural e político, por exemplo, foi usado em 1918 para a proclamação da independência da Checoslováquia, face ao anterior poder do Império Austro-húngaro.
Já durante o período comunista, teve várias utilizações ao serviço do governo, mas após a Revolução de Veludo, voltou a desempenhar o seu papel cultural e, atualmente, é um imenso centro de eventos culturais, com exposições e concertos, sobretudo num dos seus espaços, a Sala Smetana, a maior e mais famosa sala de concertos da cidade, usada frequentemente pela Orquestra Filarmónica de Praga.

O Obecní dům é um destino interessante para quem aprecia arte, música e arquitetura, e proporciona uma viagem pela cultura e história de Praga… mas para conhecermos este espaço precisávamos de conseguir lá entrar e a melhor forma talvez seja ir lá assistir a um concerto.
A outra hipótese, que foi o que fizemos, é entrar no café e restaurante que existe no edifício, o famoso Café Obecní dům, que é conhecido pelo seu estilo Art Nouveau, e que merece ser visitado, nem que seja só para tomar um café, ou então para uma refeição ligeira.
Teatro Hybernia
Em frente ao Obecní Dům encontra-se o Teatro Hybernia, que foi construído no século XIII, originalmente como um mosteiro, tendo passado, ao longo dos anos, por diversas transformações.
Durante o período barroco, foi usado como igreja e só muito recentemente, em 2006, foi completamente renovado e transformado num moderno teatro, atualmente dedicado a apresentações de musicais, óperas e ballets.
O Teatro Hybernia pode acomodar cerca de mil espectadores e é famoso pelas suas produções de musicais internacionais, mas também de alguns concertos de música clássica.

Centro Comercial Palladium
Perto desta zona do Obecní Dům encontramos o Palladium, o maior e mais moderno shopping de Praga, desde a sua inauguração, no ano de 2007. Como todos os grandes centros comerciais inclui uma oferta diversificada de compras, gastronomia e entretenimento, neste caso em pleno centro da cidade.
O edifício Palladium, tem uma arquitetura singular e foi erguido sobre antigas fundações medievais, que podem ser vistas em algumas áreas do piso inferior do shopping.

Além da bonita fachada, que se distingue pela cor de tijolo, bem diferenciada da maioria dos edifícios do centro histórico, o seu interior é bastante amplo e moderno, e inclui todo o tipo de lojas de marcas internacionais… hoje já tudo é igual, seja em que cidade do mundo for, até perde a graça, vamos a um shopping e é como se fossemos ao Colombo.
Torre Jindřišská věž
Mais uma das torres da cidade, a Jindřišská věž (ou Torre de São Henrique), que apresenta o mesmo aspeto de torre medieval de todas as outras. Ao longo dos séculos passou por várias restaurações e melhorias, e numa dessas reconstruções foi reconvertida em estilo neogótico.
A torre tem 65,7 metros de altura e a sua construção remonta ao século XV, como campanário da Igreja de São Henrique e Santa Cunegunda, que se encontra ao lado.
Um dos traços distintivos em relação a outras torres, é que esta tem um relógio na base da cobertura, que ali foi colocado já século XIX. Outra característica relevante é a existência de um carrilhão com 10 sinos, que tocam músicas tradicionais, num espetáculo sonoro e visual raro.
Tal como as outras torres, também esta pode ser visitada, servindo de miradouro panorâmico com vista sobre a Cidade Velha.
Fonte dos Grandes Músicos
Pouco depois da Torre Jindřišská věž, surge um pequeno jardim, no qual se salienta a existência de uma fonte muito especial.
Trata-se de uma fonte criada em homenagem a alguns dos mais importantes compositores checos.
A fonte apresenta um design elegante, com elementos que remetem ao legado dos três compositores que ali são homenageados, com esculturas e inscrições que contribuem para essa homenagem, em que cada músico representa uma fase importante da música checa: Smetana (considerado o pai da música nacional checa); Dvořák (que é reconhecido mundialmente pelas suas peças icónicas, como a Sinfonia do Novo Mundo) e Martinů (representante da modernidade, com uma abordagem inovadora na música clássica).
Jerusalem Synagogue
A Sinagoga Jerusalém é um edifício impressionante e um marco significativo para a comunidade judaica local. Foi construída em 1906 e destaca-se por uma arquitetura num estilo que combina a influência do árabe e a Art Nouveau, que faz com que este edifício se diferencie das outras sinagogas da cidade.
O exterior é decorado em cores vivas, com arcos e colunas mouriscas e tem uma entrada principal especialmente chamativa, com um grande pórtico em arco, de onde se destaca uma bonita Estrela de David.
Apesar do nome desta sinagoga, ela não se encontra no Bairro Judeu da cidade, o Josefov, mas sim na rua Jerusalém, próxima à estação ferroviária.
Atualmente, além de continuar a ser um local de culto ativo, a Sinagoga Jerusalém é também aberta a visitas, e é amplamente reconhecida como atração turística devido à sua beleza arquitetónica e à sua importância histórica… e neste caso é mais barato visitá-la, pois não faz parte do bilhete conjunto que é vendido para visitar todas as sinagogas e cemitérios do bairro judeu.

Prague Main Station
No alto da rua Jerusalém encontramos a principal estação ferroviária de Praga e a maior da Chéquia... foi aqui que chegámos há três dias vindos da Alemanha, e haveríamos de sair mais tarde, a caminho da Eslováquia.
Situada na proximidade do centro histórico, esta estação tem uma importância vital para a vida da cidade, conectando-a com todo o restante território da República Checa, e com as principais cidades da Europa Central.
A estação combina estilos históricos e modernos; a parte mais antiga foi inaugurada em 1909, e apresenta alguns elementos inspirados no estilo Art Nouveau, como a cúpula e os detalhes ornamentais da entrada principal; em contraste, a parte moderna da estação inclui uma área subterrânea com lojas, restaurantes e serviços para os viajantes.
Ópera Estatal de Praga
Junto à estação passa uma avenida cheia de carros, o que nos dificulta o acesso aos edifícios de referência que ficam nesta zona da cidade. Um deles é a Ópera Estatal de Praga, um dos principais marcos culturais da cidade e uma das casas de ópera mais belas e renomadas de toda a Europa. Esta sala de espetáculos é famosa pela sua arquitetura e pelas apresentações de alta qualidade, que incluem óperas, ballets e concertos de música clássica.

O projeto do edifício, que segue a tendência da arquitetura neorrenascentista, foi feito pelos arquitetos Fellner e Helmer, famosos pelas suas criações de projetos de teatros por toda a Europa.
A sala foi inaugurada em 1888 com o nome de Novo Teatro Alemão, que se destinava à comunidade de língua alemã durante o período do Império Austro-húngaro. Após a Segunda Guerra Mundial, esta sala de espetáculos foi rebatizada e passou a integrar o cenário cultural checo, mas só recebeu o atual nome de Ópera Estatal, em 1992.

O interior é decorado com detalhes dourados, candelabros de cristal e afrescos extraordinários no teto, representando várias alegorias musicais.
O auditório tem uma acústica impecável e uma atmosfera majestosa, com uma paleta de cores em tons de vermelho, dourado e creme.
Há duas formas de visitar esta sala de espetáculos, ou através de visitas guiadas, que permitem explorar os bastidores e aprender um pouco sobre a história e a arquitetura desta ópera; ou comprar bilhete para um dos espetáculos, e foi o que fiz no princípio deste século, não estou certo se em 2000 ou já em 2001, quando tive o privilégio de assistir à representação da ópera Tosca, de Giacomo Puccini, numa noite de gala, em que tive a oportunidade de desfrutar deste grande clássico da ópera, e também de apreciar esta magnífica sala de espetáculos.

Novo Museu Nacional
O Novo Museu Nacional ocupa o prédio que anteriormente abrigou o Parlamento Federal da Checoslováquia e, mais tarde, a Rádio Europa Livre. Este edifício foi, entretanto, renovado e adaptado para funcionar como uma parte do complexo museológico, que inclui também o seu vizinho mais antigo, o Museu Nacional, assumindo uma vertente artística mais virada para a arte moderna.

Museu Nacional de Praga e Praça Venceslau
O Národní Muzeum, ou Museu Nacional de Praga, é um dos edifícios mais representativos da cidade e o museu mais importante da capital checa.
O edifício, de estilo neorrenascentista, foi construído entre 1885 e 1891, projetado por Josef Schulz, o mesmo arquiteto que liderou a construção da Ópera Estatal.
Além das exposições temporárias que acontecem habitualmente, o Museu Nacional tem algumas coleções permanentes que podem ser interessantes para quem aprecie temáticas como pré-história da Boémia, exibições de mineralogia e litologia, paleontologia, antropologia e zoologia… a mim, até me custa escrever estas palavras, quanto mais assistir às exposições.
De qualquer forma, e quer se queira o não visitar este museu, é inevitável que se aprecie devidamente a sua majestosa fachada, que ocupa o topo da Praça Venceslau. com grande imponência e constituindo uma das imagens de marca da capital checa.

Em frente ao Museu Nacional fica a Praça Venceslau, que é uma das maiores praças de Praga, localizada no coração da chamada Cidade Nova. Apesar de ser chamada de "praça", tem o formato de um amplo e longo boulevard, com cerca de 750 metros de comprimento e 60 metros de largura.
Foi originalmente criada no século XIV pelo rei Carlos IV, como um mercado de cavalos, e o seu nome atual surgiu em homenagem a São Venceslau, o patrono da antiga Boémia, que aparece numa estátua equestre na parte superior da praça, e que é um dos seus símbolos mais distintos.

Ao longo dos séculos, a praça tornou-se um centro político e social, sendo palco de importantes acontecimentos históricos, como protestos, celebrações e manifestações, especialmente durante a Primavera de Praga, em 1968, e a Revolução de Veludo, 1989.
A parte mais baixa desta alameda é formada por um conjunto de edifícios monumentais e bem conservados e, atualmente, toda a praça constitui um dos mais importantes polos comerciais da chamada cidade nova, e atrai constantemente moradores e turistas.
É aqui que termino esta crónica que funciona como uma compilação das várias visitas que fiz a esta magnifica cidade, uma das minhas favoritas em toda a Europa.
Uma cidade histórica, com edifícios e monumentos altamente requintados, com as belíssimas paisagens da encosta do castelo e das pontes que cruzam o rio Moldava, e com uma vivência cultural rara, que nos oferece extraordinárias oportunidades de museus e espetáculos, que nos podem levar a desfrutar de uma experiência magnifica, em função das nossas preferências.
Visitei esta cidade talvez cinco ou seis vezes, e nesta última visita, em 2025, fui apenas revivendo cada uma das antigas sensações, mas com o enorme privilégio de repetir estes belíssimos locais na companhia de grande parte da família… e essa experiência torna a cidade ainda mais especial.