sábado, 13 de abril de 2019

Uma Turquia (quase) Maravilhosa

(Abril de 2019)

A Turquia Maravilhosa era o nome do circuito que escolhemos para conhecer este país que nos leva da Europa mais distante até à chamada Ásia Menor, pelas terras carregadas de história da antiga Mesopotâmica. E foi com base nesse programa que partimos até Istambul para uma semana de férias em abril de 2019 e nos juntámos a um grupo organizado, que nos levaria a conhecer a tal Turquia das maravilhas, que o catálogo anunciava.
Esta forma de viajar não é, de todo, aquela de que mais gosto para explorar um país, mas na Turquia não é assim tão comum a opção de viajarmos por nós próprios com carro alugado....só se vêem autocarros e minibus’s. De qualquer forma a organização do tour cumpriu os requisitos logísticos para uma viagem destas e o grupo com quem viajámos era bastante agradável.

O programa incluía o essencial deste país, desde as principais cidades, aos locais com um peso histórico mais relevante e também alguns dos prodígios com que a natureza brindou esta região asiática. Ao longo da viagem percorremos cerca de mil e 800 quilómetros de autocarro, seguindo mais ou menos o trajeto assinalado no próximo mapa, e fizemos ainda um voo de regresso até Istambul a partir de Izmir.

Geograficamente a Turquia é o primeiro dos países asiáticos, embora ancorado à Europa através da cidade de Istambul, o que vai alimentando o objetivo de todo um povo de poder ser verdadeiramente europeu. Mas o que afasta a Turquia da Europa não é tanto a separação geográfica que o estreito de Bósforo impõe, são sobretudo os hábitos e os valores culturais do seu povo, principalmente aqueles que resultam da religião islâmica, esmagadoramente maioritária em todo o país, embora o Estado se tenha declarado como laico, talvez numa tentativa de seduzir os demais parceiros europeus.

E sendo assim, o que seria de esperar de um país com estas características era algo que misturasse o tradicional, quase exótico, com uma modernidade, quase europeia. Mas a realidade é um pouco dececionante, nem o moderno é tão moderno, nem o tradicional se revela assim tão exótico.

Mas ainda assim a Turquia não deixa de mostrar os seus encantos, mesmo para além da Capadócia, que é claramente o ponto alto desta viagem, é impossível não ficarmos sensibilizados com locais que nos arrasam pela gigantesca carga histórica, que é impressionante. 

Mas a mim, que valorizo muito a paisagem que nos vai envolvendo, impressionou-me particularmente aquela que é a imagem de marca da Turquia, com as suas mesquitas muito peculiares, onde se erguem diversos minaretes em torno de uma abóbada central majestosa, marcando assim a paisagem das cidades turcas e, sobretudo, da cidade de Istambul, onde a presença de várias mesquitas imponentes constitui a principal referência na silhueta da cidade.
Esta crónica será dividida em textos que correspondem a cada um dos principais locais visitados, aqui apresentados pela sequência do percurso efetuado:
Istambul - Com um pé em cada continente
Ankara - A capital de Atatürk
Passeio de balão na Capadócia - What a wonderful world
Pamukkale - O castelo de algodão
E terminámos assim esta viagem ao longo de quase toda a Turquia, um país fascinante pela beleza natural e pelas misturas culturais, da influência cristã à presença muçulmana, dos traços europeus às referências asiáticas, da modernidade ao exotismo. Mas o melhor que encontramos neste país e o que o diferencia de qualquer outro lugar, é aquilo com que nos deparamos na Capadócia, uma região onde a mão divina da natureza esculpiu uma paisagem preciosa e inigualável.

Mas esta maravilha que a Turquia poderia ser nem sempre é devidamente aproveitada, sobretudo devido a certas circunstâncias que prejudicam a qualidade da viagem. A verdade é que existem vários fatores perturbadores que afetam a imagem final que guardamos deste país. 

Desde logo as distâncias a percorrer são enormes, mil e 800 quilómetros numa semana é brutal. Mas em relação a isso haverá alternativas com recurso a alguns trajetos de avião que podem atenuar o peso das viagens, embora encareça bastante o programa. 

Depois há sempre a quantidade de turistas, que é colossal, a maioria desloca-se de autocarro ou minibus e vão exatamente aos mesmos locais que nós queremos visitar, o que torna tudo numa espécie de disneylândia. 

E, por fim, há a própria organização do tour que, para uma oferta a preços mais baixos e competitivos, levam-nos para hotéis de grande dimensão e com acesso massivo de turistas, o que, na maioria dos locais, até nem é muito prejudicial, mas no caso da Capadócia é algo imperdoável. Desta forma perdemos a oportunidade de desfrutarmos plenamente daquela região, como aconteceria se pernoitássemos num hotel nas aldeias locais e pudéssemos, por exemplo, assistir ao espetáculo dos balões visto cá de baixo. Ora isso não nos foi concedido e é algo que eu não perdoo….nem a mim, por ter feito uma escolha errada, nem aos organizadores do tour, por não nos terem proporcionado essa experiência.

E são estes pecados que justificam o nome que dei a esta crónica, quando lhe chamei “Uma Turquia (quase) Maravilhosa”, e que revela uma certa amargura em vez da plena satisfação pela maravilha que uma viagem a este país poderia ser.

Carlos Prestes
Abril de 2019

(Os meus agradecimentos ao Carlos Resendes, pelas fotos que me deixou utilizar)


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