quinta-feira, 6 de abril de 2023

Paris


Paris foi durante muitos anos a minha cidade favorita e, com o passar do tempo, não perdeu essa posição no meu ranking das cidades mundiais, apenas passou a partilhar o primeiro lugar com a cidade de Nova Iorque. Tudo isso porque, diga-se o que se disser, Paris será sempre uma grande cidade e um local encantador e, por muito que se viaje por este mundo fora, e nos possamos prender a muitos outros lugares, no final sabemos bem que… we'll always have Paris.
Descobri a "Cidade da Luz" ainda muito jovem quando entrei de comboio na Gare du Nord, num dia de agosto do ano de 1984, vindo de Bruxelas, quase ao fim de um mês completo explorando a Europa com um passe de Inter-rail. E os encantos da cidade prenderam-me logo de forma irreversível nessa primeira vez, o que me fez voltar sempre que pude... e voltei muitas vezes. 

Tive ainda a sorte de ter de ir a Paris várias vezes em trabalho, o que faz com que o número de visitas que fiz a esta cidade seja já de bem mais de uma dezena. Mas não deixo de me fascinar de cada vez que aqui regresso, em cada rua ou boulevard que percorro, em cada monumento com que me deparo, ou em cada ponte que atravesso, Paris deixa-me sempre deslumbrado, dia após dia, ano após ano, como se nunca tivesse deixado de pertencer a este lugar.

Mas mesmo depois das muitas viagens que fui fazendo a esta cidade, continuará a haver espaço para uma nova visita, e Paris estará sempre na minha lista dos locais a visitar. E foi assim, de forma natural, que voltei a esta cidade, desta vez em abril de 2023... cuja experiência vou tentar incorporar nos textos deste blogue já escritos e publicados anteriormente.

Haverá mil maneiras de visitar esta cidade, desde a forma mais desordenada de nos deixarmos vaguear sem destino, até à mais espartilhada, com percursos e horários pré-definidos. Vou escolher algo intermédio e, por todas as vezes em que explorei esta cidade, já a organizo por zonas e por percursos, pensando sempre que uma cidade destas deve ser percorrida a pé, embora, por vezes, sejam necessários alguns trajetos mais extensos de metropolitano.

Assim, vou descrever a cidade num conjunto de crónicas que se baseiam em sete percursos distintos, que cada um dos leitores deverá reproduzir como mais gostar, em mais ou em menos dias, e pela ordem que entender… que essa responsabilidade já não pode ser minha.

De seguida apresento sete longas crónicas, seguindo sete percursos distintos, onde serão incluídos todos os monumentos e atrações que fui encontrando e visitando ao longo dos trajetos percorridos e das experiências repetidas várias vezes durante toda uma vida de sucessivas viagens:




Mas ainda antes de entrar em profundidade em cada uma destas crónicas começo por fazer uma referência à minha primeira atração por um monumento que é um símbolo da cidade de Paris, mas é também uma obra de engenharia notável, e que sempre me fascinou… a extraordinária Torre Eiffel, uma obra que me continua a atrair da mesma forma, vista cá de baixo ou subindo até ao alto. 

Atualmente, a Torre é um poderoso espaço para divulgação de uma imagem francesa dominadora, que aproveita a força do audiovisual… como aconteceu quando a torre continuou a projetar as cores da bandeira francesa, logo depois da final do Euro 2016, e apesar do campeão ter sido a nossa seleção, os franceses resistiram em assumir as cores verde e rubra, não querendo acreditar no que lhes tinha acontecido e quase como que se quisessem mudar a realidade. Mas em 2010, vários anos antes da glória portuguesa por terras francesas, encontrei esta mesma Torre em tons rubros e verdes, a que acrescentei uma textura a fazer lembrar os quadros impressionistas, formando um conjunto que se assemelhava às cores da nossa seleção, e que deixo aqui como uma espécie de homenagem ao maior feito português de sempre nesta cidade, e que é também uma memória inesquecível que Paris nos pode fazer recordar.
E ainda na Torre, desta vez no alto de um dos seus patamares, apreciava a cidade lá em baixo pela primeira vez, deslumbrado com um cenário que, já naquela altura, em 1984, me fazia arrepiar… como continuou a acontecer em todas as outras ocasiões em que voltei a subir ao alto desta magnífica Torre.

E da Torre para a cidade, quem fizer, como eu fiz algumas vezes, os percursos que acabei de descrever através do conjunto de crónicas publicadas, ficará a conhecer com o detalhe necessário o essencial da capital francesa, e certamente sentirá, como eu sinto sempre, que esta é uma cidade encantadora e apaixonante.

De cada vez que aqui venho tenho a sensação de voltar a casa, uma casa que adotei como minha há mais de 30 anos, desde a minha primeira visita... e saio sempre daqui com a mágoa profunda da despedida, uma mágoa que voltei agora a sentir enquanto relembrava cada instante aqui vivido, ao escrever os textos publicados.

Para mim, Paris é mais do que uma cidade, é quase como um palco onde desempenhei alguns papeis determinantes do meu percurso de vida, e onde terei de voltar quantas vezes forem necessárias, para que este encantamento jamais se possa perder nos confins da minha memória... esperem por mim, que talvez esteja de volta em breve.


Carlos Prestes
De 1984 a 2023