sábado, 2 de setembro de 2023

Zagreb


Apesar de ser a capital da Croácia, talvez o mais ilustre de todos os países que faziam parte da antiga Jugoslávia, Zagreb é apenas uma pequena cidade, tão pequena que nem nos parece tratar-se de uma capital europeia.

Além de pequena, Zagreb também não é uma cidade particularmente bela, nem sequer tem um rio, o que ajudaria a criar alguns recantos bucólicos que melhorariam a sua imagem, e também nem tem grandes monumentos, à exceção de uma igreja especialmente bonita e, sobretudo, da sua catedral.
Mas ainda assim, Zagreb não deixa de ser uma cidade simpática e acolhedora, que visitamos com grande facilidade, num percurso muito tranquilo que nos vai levar até às principais atrações que estão assinaladas neste mapa:
A caminhada que fizemos na visita à cidade começou pela Rua Ilica, devido à proximidade do hotel que reservámos. A Ilica é uma das mais movimentadas e populares ruas comerciais de Zagreb, onde se encontram vários tipos de lojas, das mais caras às mais baratas, mas também alguns cafés e até restaurantes.

Apesar de ser uma rua bastante movimentada, sobretudo durante as principais horas do comércio, não se trata de uma rua pedonal, pois os peões continuam a ter de conviver com os automóveis e, sobretudo, com os elétricos, que estão sempre a passar, quer os mais antigos quer as composições mais modernas do Tram (ou Metro de Superfície)… todos de cor azul, numa imagem de marca da própria cidade.
Trata-se de uma rua pavimentada com paralelepípedos, com cerca de 5 km de extensão, por onde vão desfilando as principais lojas de marca da cidade, e também algumas pastelarias apelativas, onde escolhemos tomar o nosso pequeno-almoço.

Dirigimo-nos depois até ao Funicular de Zagreb que liga as duas partes da cidade, a parte mais moderna e o centro histórico. Os trajetos deste funicular são a cada 10 minutos e um bilhete de ida custa 0,66 €, que corresponde a um cêntimo por cada metro, uma vez que a extensão a percorrer é de 66 metros, o que faz com que este funicular seja o mais curto do mundo. Para uma distância tão curta talvez não faça sequer sentido utilizá-lo, mas é essa a graça de andarmos neste funicular. E tendo em conta que foi instalado em 1890, ele é também o mais antigo e o primeiro meio de transporte público da cidade.

Recentemente, a European Best Destinations elegeu o Funicular de Zagreb como um dos mais bonitos da Europa e, além disso, é também considerado como o mais seguro… pois nunca teve um único acidente em toda a sua existência de mais de um século.
Zagreb desenvolveu-se a partir de duas cidades medievais situadas em duas colinas vizinhas, Kaptol e Gradec. O primeiro registo escrito nesta zona é datado de 1094 e confirma o estabelecimento da diocese em Kaptol. A cidade vizinha, Gradec, foi proclamada cidade real livre em 1242. Ambas as cidades estavam cercadas por muralhas e torres fortificadas, algumas delas são ainda visíveis, e desenvolveram-se separadamente até 1850, quando foram finalmente unidas e batizadas como Zagreb.

Até à sua unificação, estas duas cidades sempre foram hostis e viveram séculos de que violentas disputas. Hoje em dia já não encontramos o riacho que as separava, nem uma das pontes que o atravessava, que foi batizada como Ponte do Sangue, como resultado destas batalhas constantes entre os dois povoados vizinhos.

Depois da formação de Zagreb, enquanto Kaptol se desenvolveu como uma cidade moderna, com grandes jardins e palácios, típicos da imagem do império Austro-húngaro, Gradec continuou a ter o mesmo centro histórico, que mudou muito pouco desde o fim da Idade-Média.

Ora, ao subirmos o funicular vamos entrar nesta zona histórica que corresponde à antiga cidade medieval de Gradec, e onde vamos encontrar alguns vestígios dessa época.

Logo à chegada do funicular encontramos a Lotrščak Tower, uma fortificação construída em 1266 para proteger o portão Sul da cidade, um pequeno portão que foi demolido em 1812, durante a reconstrução do passeio sul, hoje chamado de Strossmayer Promenade. A torre tinha um sino, chamado sino dos ladrões, que tocava à noite para sinalizar o encerramento dos portões, garantindo a sua proteção à entrada intrusos e bandidos, quer devido às constantes batalhas com a vizinha cidade de Kaptol quer durante as invasões do Império Otomano.

Com o fim das invasões otomanas e com a unificação das duas cidades, os edifícios medievais foram restaurados e esta torre não foi exceção, o que resultou na criação de mais dois andares e ainda uma torre de madeira sobre o telhado, para observação de eventuais focos de incêndios.

Atualmente a torre tem 30 metros de altura e encontramos ainda um antigo e pequeno canhão numa das janelas do último piso, o chamado Canhão de Gric, que, diariamente ao meio-dia, faz um disparo para que as igrejas da cidade tomem conhecimento do horário e, assim, toquem os seus sinos… neste momento este disparo serve apenas como curiosidade turística e para que os croatas acertem os seus relógios.
Ao lado da torre encontramos o acesso ao passeio pedonal que contorna esta zona Sul da colina de Gradec, o Strossmayer Promenade, e uma zona de jardim e miradouro chamada de Strossmartre, uma espécie de Montmartre de Zagreb… é o que dizem, mas é preciso muito boa vontade para fazer esta comparação. De qualquer forma, existe um bar e alguns artistas de ruas que expõem os seus trabalhos e é daí que surge a semelhança.
De qualquer forma esta zona do jardim encontrava-se em obras e limitámo-nos a apreciar as vistas sobre esta parte da cidade… e reconheço que não são vistas extraordinárias, a menos da modelo escolhida, claro.
Seguindo depois no sentido oposto, encontramos um patamar de observação sobre a zona mais baixa da cidade, de onde podemos contemplar uma bonita paisagem, com destaque para a silhueta da torre da Igreja de S. Maria (Crkva sv. Marije, em Croáta), e a fachada principal da Catedral de Zagreb.
O ponto de passagem seguinte é um edifício onde encontramos um curioso espaço… trata-se do Museu das Relações Quebradas (Muzej Prekinutih Veza), onde se expõem objetos que estão ligados aos processos de separação, de casados ou namorados, ou até de amigos que se zangaram.
Começou por ser criado um espólio de um único casal, que resolveram expor os objetos que foram disputados nas partilhas da sua casa, alguns deles, que não sabiam sequer como dividir. Depois da breve exposição da coleção privada deste casal, o espólio sobre esta temática foi crescendo com muitos outros objetos de muitíssimos casais que foram trazendo voluntariamente para este espaço, quaisquer itens que estivessem ligados à sua relação e ao seu rompimento.

No final, esta coleção cresceu tanto que foi transformada num museu, que vai sendo aumentado todos os dias, com a incorporação das doações de novos visitantes, desde que deixem identificadas as histórias associadas a cada objeto.
No final da mesma rua do museu, fica a Igreja de São Marcos ou Crkva Svetog Marka. Esta igreja foi construída no século XVIII em estilo gótico, e é uma preciosidade, sobretudo devido ao seu fantástico telhado.
Trata-se de uma igreja ortodoxa muito elegante, quer pela sua torre sineira quer, principalmente, pelo seu telhado composto por telhas multicoloridas, desenhando o brasão da Croácia, Dalmácia e Eslavónia no lado esquerdo e o brasão da cidade de Zagreb no lado direito.
Nesta mesma praça encontramos também o Hrvatski Sabor, o edifício do Parlamento Croata, no lado Leste (ou à direita) e o Banski Dvori, no lado Oeste (ou à esquerda), que é atualmente a Sede do Governo Croata.

Saindo da praça da igreja e começando a descer chegamos à chamada Kamenita Vrata, ou Porta de Pedra. Trata-se do único pórtico que sobrou da época medieval para atravessar as muralhas que dividem Gradec de Kaptol, dos cinco que existiam originalmente.
Esta porta está associada à história de um grande incêndio que ocorreu no século XVIII, queimando o edifício existente e matando quase todas as pessoas que ali moravam, à exceção de uma senhora viúva. Na sua casa, ao resgataram a sobrevivente, encontraram também um quadro com a figura da Nossa Senhora com o Menino ao colo, que se encontrava intacto, apesar do fogo… e o quatro foi logo considerado como ícone para a igreja católica local.

Foi por isso construído um altar e uma pequena capela no interior da Porta da Pedra onde guardaram o quadro ali encontrado. Hoje em dia, este santuário é visitada por muitos devotos que ali passam em romagem a esta Santa, e são também muitos os turistas que a observam, sem sequer se saberem que aquela imagem representa a Nossa Senhora da Porta da Pedra, a principal Santa de Zagreb e que é também a Padroeira da Cidade.
À saída da Porta da Pedra está uma estátua equestre com a figura de Ruđer Bošković, um padre jesuíta da região da Dalmácia, e que era também físico, astrónomo, matemático, filósofo, diplomata e poeta… uff, ou seja, nada de especial, é apenas um ilustre croata montado a cavalo.
Ao contornarmos a estátua entramos na Rua Radićeva e, um pouco mais abaixo, no nº19, chegamos ao Túnel Grič, um túnel pedonal localizado sob o bairro histórico de Gradec, que é também conhecido apenas por Grič.
O túnel atravessa a colina de Gradec e foi construído durante a Segunda Guerra Mundial para servir como abrigo antiaéreo, e após a guerra rapidamente deixou de ser usado. Mas, infelizmente, a Croácia voltou a estar envolvida num outro conflito, desta vez a Guerra da Independência contra a Sérvia, que ocorreu na década de 1990, e o túnel voltou a ser utilizado como abrigo. Em 2016, este túnel foi reformado e aberto ao público, servindo como acesso pedonal sob a colina de Gradec, mas também como atração turística e até como local para realização de alguns eventos culturais.
De seguida continuamos até à Rua Tkalčićeva ou Tkalčića, nomes estranhíssimos para aquela que é a rua mais vibrante da cidade, pelas suas esplanadas e lojas que nos acompanham ao longo de todo o percurso. Trata-se de uma rua bastante bonita, totalmente preenchida por restaurantes e cafés, mas que, durante a manhã em que a percorremos, se encontrava completamente a meio gás.

Entretanto, com o aproximar da hora de almoço a rua começa a ficar mais movimentada e à noite, quando ali jantámos, já era um spot frenético, cheio de gente e com um ambiente fantástico, talvez principalmente com moradores locais, mas também com bastantes turistas.

De seguida entrámos na parte baixa da cidade, mais moderna e também mais monumental, e que, em tempos, era a antiga Kaptol.

Começámos pelo principal mercado de rua da cidade, o Mercado Dolac, característico pelos seus chapéus de sol vermelhos que ocupam toda a imensa praça, a mesma praça onde se ergue a torre da bonita Igreja Católica de Santa Maria, ou Crkva sv. Marije.
O mercado é sobretudo um espaço de venda dos tradicionais produtos frescos, com muitas bancas de frutas e legumes, mas igualmente com zonas para venda de peixe e carne.

Mas é também ali que podemos encontrar alguns dos típicos souvenires de viagem, como os habituais hímenes para o frigorífico, ou alguns artefactos regionais, como aquele que é o símbolo da cidade, que é um coração vermelho que foi criado a partir de uma história de amor local… atualmente, este coração já é mesmo protegido pela UNESCO.

Mas há também as gravatas croatas, que terão sido uma invenção deste país. A história mais popular sobre este adereço remonta ao século XVII, quando vários soldados croatas que estavam ao serviço em França, usavam uma espécie de uns cachecóis, para proteção do pescoço e decoração das fardas. Os franceses, sempre na primeira linha da moda mundial, decidiram pegar na ideia e desenvolvê-la com diferentes cores, desenhos e estilos… e o resultado é aquilo que se pode imaginar. Como a palavra “croata” em francês se diz “cravate”, estes adereços foram batizados como Cravates, que em português significa Gravatas… assim, pode-se dizer que a péssima invenção das gravatas teve origem no penduricalho que estes tipos inventaram, e que agora faz parte da farda-tipo dos executivos ocidentais.
Voltando ao mercado, animado e cheio de gente neste sábado de manhã, mas também cheio de imensos enxames de vespas que atacavam as bancas de forma assustadora, embora ninguém se preocupasse, achavam tudo normal.

Ainda assim, lá afastámos as vespas e resolvemos comprar alguma fruta, que iriamos lavar cuidadosamente antes de comer. A fruta tinha um ótimo aspeto, mas, atualmente, já não existem quaisquer surpresas regionais, e esta fruta sabia exatamente ao mesmo do que sabe a nossa fruta… nem as vespas lhe apuraram o paladar.

Ainda no mercado é bem visível a imagem das torres da principal igreja da cidade, a Catedral de Zagreb, para onde fomos de seguida.
Ao chegar à Praça Kaptol encontramos a Catedral de Zagreb, ou Catedral da Assunção da Bem-Aventurada Virgem Maria. Trata-se do edifício mais alto e mais emblemático da cidade, com as suas torres a atingirem 108 metros e cuja construção inicial remonta ao século XI. Mas o que hoje ali encontramos já não é, nem pouco mais ou menos, a construção original, pois a primeira catedral foi altamente danificada durante a invasão mongol e, mais tarde, já no século XIII, um grande incêndio quase destruiu completamente o edifício existente. Finalmente, foi ainda seriamente danificada pelo terramoto de 1880, tendo sido então restaurada em estilo neogótico, o que a transformou na catedral que hoje ali encontramos.
Trata-se de um edifício sacro monumental de grande valor arquitetónico e é dedicado à Assunção de Maria e aos reis Santo Estêvão e Santo Ladislau. A catedral é tipicamente gótica, assim como a sua sacristia, e as suas torres são consideradas como um símbolo de Zagreb, estando visíveis de grande parte da cidade. Uma dessas torres foi danificada recentemente, durante um terremoto que ocorreu em 2020, o que justifica a existência constante de obras, com os andaimes a perturbarem a beleza da sua fachada.

Na praça da catedral ergue-se o monumento da Bem-Aventurada Virgem Maria, com uma bonita escultura dourada da Nossa Senhora, que parece focar-se na catedral, como se cuidasse dela.
      
Além das fachadas do edifício da igreja, o interior da Catedral é também bastante interessante e deve ser visitado. A sua sacristia é de grande valor arquitetónico, mas a joia da coroa é o seu órgão, que pertence à linha de órgãos de concerto com características sonoras românticas, e este está mesmo classificado entre os dez órgãos de alta qualidade de todo o mundo e é considerado um bem cultural protegido.

Mas existe ainda uma outra preciosidade no interior desta igreja, que se trata de uma referência à criação do alfabeto Cirílico, que foi aqui inventado depois do ano de 863, após a vinda de dois frades gregos, que eram irmãos, São Cirilo e São Metódio.

Nessa época as pessoas quase não escreviam e os poucos que o faziam, usavam o latim. Foi aqui, na cidade de Zagreb, que, sobretudo São Cirilo, dedicou a sua vida à criação de um novo alfabeto para que as pessoas se pudessem exprimir através de uma linguagem escrita, e além de ter concebido um novo alfabeto, também traduziu a Bíblia, o missal e os rituais, usando esse novo tipo de escrita. O resultado foi o alfabeto Glagolítico que, mais tarde, viria a ser batizado como alfabeto Cirílico, em homenagem ao seu criador, São Cirilo, e que é ainda hoje adotado por milhões de pessoas em todos os países eslavos.

No interior da catedral, nas suas enormes paredes, vamos encontrar escrituras feitas neste alfabeto glagolítico, que são uma preciosidade histórica, pois correspondem aos primeiros escritos de que há registo.
Mas para a cidade de Zagreb a Catedral é bem mais do que um simples local de culto religioso, ela representa também a sua identidade arquitetónica e é visível quase de todo o lado, dominando completamente a paisagem, como uma marca incontornável da própria cidade.

Uma das formas de se contemplar a verdadeira dimensão da catedral devidamente enquadrada no centro histórico da antiga Kaptol, será a partir de um edifício envidraçado, alto e deselegante, que se ergue junto à Praça Ban Jelačić, a principal praça da cidade.
Vista de baixo, esta praça, a Praça Ban Jelačić, está rodeada por um conjunto de edifícios clássicos e bastante bonitos… mas está também próxima da tal torre envidraçada muito feia, que estraga todo o conjunto, embora seja um ótimo miradouro para observar a cidade.
A praça Ban Jelačić é vibrante e movimentada, com muitas coisas para ver e fazer, podendo ser considerada como o coração da cidade de Zagreb. Ao centro está localizada a estátua que lhe dá o nome, com o General Ban Jelačić montado a cavalo, um antigo governador do Reino da Croácia e herói nacional do século XIX.
Encontramos ainda de um dos lados desta praça a Fonte Mandušsevac, que fornecia água potável aos habitantes da cidade até ao final do século XIX, e hoje serve para que os visitantes se possam refrescar nos dias mais quentes.
Seguindo depois de novo até à Rua Ilica, vamos encontrar, do lado esquerdo, duas ruas que dão acesso à Praça Petar Preradović, nas quais surgem vários restaurantes que ocupam quase toda a largura destes arruamentos. Já na praça, estamos perante a Catedral da Transfiguração do Senhor, que é também designada com Catedral Ortodoxa da Sérvia.

A religião ortodoxa nos Balcãs é dominada pela igreja Sérvia, e isso é algo que já passa a envolver questões étnicas, que vão para além da religião. Esta ligação a uma etnia, de pessoas que se sentem sérvios ou croatas ou bósnios, é algo que nos custa a perceber, pois não tem a ver nem com raças nem com religião, são formas de um nacionalismo étnico que são assumidas, muitas vezes de modo intenso e até violento, tendo gerado vários conflitos, desde os tempos mais remotos até à mais recente guerra da independência, durante a década de 1990, quando a Jugoslávia se desagregou.

Devido às consequências desta guerra recente, as diferenças étnicas geraram ódios profundos e insuperáveis, pelo que a existência de uma catedral ortodoxa sérvia no centro da capital da Croácia, pode ser encarada como um sinal de tolerância… mas talvez seja só uma forma de paz-podre, que foi encontrada para que se mantenha a coabitação de pessoas diferentes, que continuam a ter as suas feridas bem abertas, até que o tempo venha a suavizar os ódios ocultos.

Assim, encontramos em pleno centro da cidade este antigo templo, construído em 1866, que é hoje considerada uma catedral da igreja Ortodoxa Sérvia, e que nem é um edifício particularmente bonito, mas tem o peso de servir de abrigo cultural e religioso, a todos os sérvios que habitam na cidade de Zagreb.
Saindo desta praça para o lado Sul, vamos entrar num imenso jardim rodeado por edifícios clássicos, o Park Zrinjevac, que constitui uma longa faixa verde que liga o centro histórico à estação ferroviária.

À entrada do jardim começamos por encontrar a chamada Coluna meteorológica, ou Meteorološki stup. Trata-se de uma relíquia bastante rara, feita e 1884 por um médico e meteorologista amador, e que está equipada com instrumentos científicos para registar a temperatura, a humidade e a pressão do ar ao longo do tempo, recorrendo a quatro tipos distintos de instrumentos, um em cada um dos lados da coluna.

Atualmente, quase 140 anos após a sua construção, estes instrumentos extremamente precisos, já não são utilizados para medições oficiais, mas continuam a fazer o seu trabalho e as pessoas, sobretudo os turistas, passam por lá e confirmam as condições locais, fazendo desta estação meteorológica uma atração para quem gosta de descobrir os lugares mais inusitados das cidades.
Ao percorrermos o jardim vamos passando por alguns bonitos espaços, até encontrarmos, já no lado Sul, o edifício Umjetnički Paviljon, ou Pavilhão de Arte, um palácio construído em homenagem ao primeiro rei da Croácia, Tomislav, cuja estátua equestre também se encontra ali, já no final do jardim.

No topo Sul deste jardim fica o edifício da estação ferroviária da cidade. Foi aqui que cheguei no ano de 1984, durante o meu primeiro inter-rail, e ao sair desta estação, tive um primeiro contacto com um país de Leste, naquela altura a Jugoslávia. Ao contrário da atualidade, a cidade era pobre e cinzenta, com algumas referências e estilos inspirados na União Soviética, como os carros, com modelos paupérrimos de marcas russas. Nessa época, a única coisa que me agradou nesta Croácia jugoslava, foram os preços, bem mais baixos do que em Portugal, mas, na verdade, também pouca coisa de interesse havia para comprar, mas as refeições eram claramente mais baratas.

Até a fachada da estação me pareceu pobre e feia dessa primeira vez, sendo que, talvez seja só do dia de sol, mas agora já encontrámos este bonito e majestoso edifício.
No caminho seguinte ao longo das típicas ruas, sempre marcadas pela imagem dos elétricos locais de cor azul, fomos ainda encontrando alguns edifícios monumentais, como é o caso do Esplanade Zagreb Hotel, um dos hotéis clássicos mais charmosos da cidade.

Ao chegarmos mais tarde à zona do Campus Universitário, passámos por algumas escolas e, sobretudo, pelo edifício monumental do Teatro Nacional Croata de Zagreb, que é a ópera nacional da cidade.
Logo ao lado surge a Academia de Música da Universidade de Zagreb, um edifício moderno com um corpo saliente mostrando um degradé de cores bem visível, que lhe confere uma imagem muito peculiar.
Estávamos de novo nas proximidades da Rua Ilica, onde se encontrava o nosso alojamento e onde terminámos a visita a esta cidade. Não se pode dizer que se trate de uma das grandes capitais europeias, está muito aquém das grandes cidades que temos conhecido. Mas também não se pode dizer que se trata de uma cidade feia, pelo contrário, é até bastante acolhedora, e até a população nos pareceu bastante simpática.

Assim, deixo apenas um conselho a quem visite a Croácia, escolhendo sobretudo as principais atrações, que ficam mais a Sul e junto ao litoral… que não deixe de passar por Zagreb, a capital de um país é sempre o seu coração, e esta cidade é suficientemente interessante e agradável para merecer a nossa visita.

Carlos Prestes