segunda-feira, 4 de setembro de 2023

Lagos Plitviče


O Parque Nacional dos Lagos de Plitviče, ou Plitvička Jezera, elevado a Património da Humanidade pela UNESCO desde 1949, ocupa uma área total de mais de 73 mil hectares e é o maior Parque Nacional da Croácia. É formado por dezasseis lagos que vão comunicando entre si através de um conjunto de quedas de água, que se formam de cada vez que as águas descem de um patamar para o patamar inferior.

Todas estas águas juntam-se à saída num único curso de água, o rio Korana, um rio que corre pela Croácia central e pela Bósnia e Herzegovina, com um comprimento total de cerca de 140 km, até desaguar mais a Norte, no rio Kupa, que, por sua vez, é um afluente do rio Sava, sendo que este se encontra com o Danúbio em Belgrado, terminando depois o seu percurso já no Mar Negro… onde irão parar todas estas águas que aqui caem ferozmente, em cada cascata que se forma entre os lagos.

Para complementar as paisagens de rara beleza que vamos encontrar ao longo da nossa visita ao parque, este imenso curso de água é rodeado por frondosos bosques, quase sempre magníficos, e que nos vão proporcionar várias paisagens que nos parecem retiradas de bilhetes-postais.
O parque de Plitvice conta com duas entradas e pode-se dizer que se encontra dividido em duas partes, os Lagos Superiores e os Lagos Inferiores.

Ao entrarmos por cada uma das duas portas vamos encontrar vários mapas com os caminhos do parque, um deles com todos os percursos disponíveis, e outros mapas com cada uma das alternativas. As opções são diversas, mais de uma dezena de trilhos, dos mais tranquilos, para quem queira fazer um mero passeio, até àqueles que nos levam a cada lugar recôndito do parque, proporcionando caminhadas que podem ir dos 3,5 km aos 22 km.

Como nem 8 nem 80, optámos pelo Circuito C, que considerámos bastante equilibrado ao percorrer a maioria das atrações dos Lagos inferiores, chegando também a grande parte dos Lagos Superiores. São 8 km a caminhar, que se fazem muito facilmente e, pelo caminho, tivemos ainda a oportunidade de fazer um trajeto de barco e, no fim do trilho, regressámos de autocarro até à Entrada 1 onde tínhamos começado.


Antes de começar a descrever o nosso passeio registo que comprei os ingressos através do site do próprio parque: https://ticketing.np-plitvicka-jezera.hr/Index.aspx?l=EN, onde encontrei os melhores preços comparativamente com os múltiplos sites que nos aparecem primeiro em qualquer busca no google. Os preços não são baratos, especialmente para uma família grande, e nós éramos quatro, mas depende muito da época… na primeira semana de setembro custaram 40 €/pessoa, e imagino que em agosto possa ser ainda superior. Mas na época baixa chega a atingir os 10 €. Falando ainda do custo desta operação, para além dos ingressos teremos ainda de pagar o estacionamento, mas viajar é mesmo assim… sempre a pagar.

A escolha do trilho C foi feita no momento, não era nada que tivéssemos preparado, e poderá até ser algo confuso, pois existem trilhos entre o A e o K e, à partida, não sabemos o que vamos encontrar. Mas esse desconforto é apenas aparente, na realidade existem vários troços comuns e, apesar de existirem 11 opções, quando começamos, seguimos quase todos o mesmo percurso, só mais à frente nos iremos separar.

Esta entrada é logo um belíssimo cartão de visita, pois começamos no alto de uma colina, com o vale em baixo, de um lado o primeiro lago que nos aparece e logo nos surpreende pela sua cor viva e, do outro lado, um conjunto incrível de quedas de água… ficamos imediatamente conquistados pela beleza deste lugar.

O caminho seguinte estava ali bem à nossa frente, bastava descer as rampas e escadas que iriamos encontrar até atingirmos o nível da água.

Junto ao primeiro lago encontramos caminhos de terra batida ao longo das margens e passadiços de madeira sobre o espelho de água, muito imersivos, talvez demasiado, pois faz-nos quase sentir que estamos a caminhar sobre o lago, e sem nenhum guarda-corpos que nos proteja.
Estamos nesta altura no coração dos Lagos Inferiores que nos oferecem algumas das vistas panorâmicas mais interessantes do parque e guiam-nos até bem perto da sua cascata mais emblemática, a Veliki Slao, que nos encanta tanto pela própria imagem da cascata como pelas várias quedas de água que se encontram na envolvente.

A Veliki Slap é a cascata mais alta do Parque e resulta do rio Plitvice que cai transversalmente sobre o principal curso de água, o rio Korana, numa única queda de 78 metros.
O parque desenvolve-se ao longo de um curso de água de nove quilómetros que faz parte do rio Korana, formando 16 lagos conectados entre si, descendo de sucessivos patamares, num total de quase 160 metros, por onde a água vai caindo e criando dezenas de cascatas de belo efeito. É este o cenário que se vai repetindo durante o nosso percurso, ora percorremos as margens dos lagos, ora escalamos os desníveis junto às sucessivas quedas de água que nos vão aparecendo.


Depois dos vários lagos que vamos encontrando acabamos por chegar ao maior de todos eles, o lago Kozjac. O Jezero Kozjak, como se diz em croata, é o primero dos chamados Lagos Superiores para quem vai a subir, e é aquele que fica a uma cota mais baixa... mas é também o maior e mais profundo lago de todo o parque, com um comprimento de 2,35 km e atingindo 48 metros de profundidade, o que faz com que as suas águas se apresentem com uma cor verde-escura turquesa.
Ao chegarmos a este lago podemos escolher as alternativas a seguir no próximo percurso. Aqui recomendo a escolha que fizemos, mantendo-nos fiéis ao circuito C, que indica que seja apanhado um barco que atravessa todo o lago, e cujo acesso está incluído no ingresso que comprámos para entrar no parque.

Esta alternativa evitará outros percursos que nos obrigariam a contornar toda a margem recortada do lago, acrescentando uma caminhada de vários quilómetros e sem um interesse especial, porque ao longo do lago não iriamos encontrar as quedas de água de outras zonas muito mais apelativas.

Assim, deixámo-nos ficar na fila e ao terceiro barco já conseguimos entrar, um pouco menos de meia-hora de espera, até estarmos no convés do barco que nos levou lentamente até a uma margem distante, num passeio bastante bonito e tranquilo.
Esta espera para apanhar o barco leva-me a abrir um parentese para me referir à escolha que deve ser feita em cada época de visita do parque. Os lagos Plitvice são visitados por muitos turistas, sobretudo nas épocas altas, e principalmente nos meses de julho e agosto. Ora, nessa altura, os passadiços podem estar demasiado cheios de gente, o que perturba a nossa caminhada e pode fazer com que se demore demasiado para percorrer pequenas distâncias.

Para evitar este problema podem ser escolhidos os trilhos mais afastados, que contornam os lagos e as cascatas pelas cotas superiores das montanhas, permitindo contemplar as principais atrações, mas mais à distância. Na minha opinião, esse afastamento dos lugares mais bonitos prejudica a sua observação, e acho que o passeio é mais agradável se escolhermos os trilhos mais abaixo. Além disso, estes percursos alternativos, são sempre muito mais longos.

Assim, penso que a melhor forma de evitar as grandes confusões será escolher os primeiros horários do dia e, sendo Verão, o melhor será começar logo às 7 h, que é quando o parque abre. Desta forma, antecipamo-nos às excursões que saem de Zadar ou de Split, e que chegarão sempre mais tarde... e conseguiremos chegar ao lago Kozjac de forma a podermos apanhar o barco tranquilamente (apesar do conselho, na nossa visita no início de setembro o parque estava pacífico e nem precisámos de ir tão cedo).

Ao apanharmos o barco vamos poder disfrutar do passeio até ao cais de chegada, onde voltam a aparecer novas quedas de águas e uns lagos mais pequenos, mas também mais bonitos.


O trajeto seguinte é um dos mais bonitos, com a aproximação da cascada Veliki Prštavac, uma imensa queda de água com 28 m de altura, que surge numa envolvente bastante bonita, onde podemos chegar à parte superior da cascata tal como à zona de queda da água.

Nos trilhos seguintes vamos contornar várias baías rodeadas por quedas de água, com destaque para a cascata Galovački Buk com uma altura de 16 m e uma das mais bonitas do parque.

Despois desta cascata voltamos de novo a um dos grandes lagos, o lago Galovac, seguindo agora por um trilho a uma cota superior, onde podemos contemplar outro tipo de imagens.

Ainda neste trajeto, passámos por alguns trechos de total imersão num bosque cerrado, por onde continuamos a encontrar cursos de água formando cascatas.

Estávamos já a cumprir os 8 km programados e quase a chegar a uma zona de lazer, com WC, parque de merendas, o restaurante Bistro Labudovac e um ponto de autocarros, designado por ST3. 

Foi ali que apanhámos um shuttle (incluído no preço da entrada no parque), que nos levou de volta para a zona da Entrada 1, passando primeiro pela Entrada 2, num percurso que atravessa todo o parque, sempre por entre florestas e com os lagos como fundo.
Entre o ponto de chegada do shuttle ST1 e a Entrada 1, ainda passámos por um passadiço no alto da colina que nos permitiu voltar a ver aquelas que talvez sejam as paisagens mais bonitas do parque, mostrando alguns dos chamado Lagos Inferiores, que voltámos a apreciar em jeito de despedia.

Voltámos ao estacionamento e regressámos ao carro para percorrer cerca de 150 km até ao próximo destino, a cidade de Zadar, localizada na costa da província da Dalmácia, com o seu centro histórico bem junto às margens do Adriático.