terça-feira, 5 de setembro de 2023

Split


Saindo de Zadar e após uma viagem de 160 km, quase sempre em autoestrada, chegámos à cidade de Split, onde ficámos duas noites.

O hotel era perto de centro, o que será muito conveniente para nos deslocarmos à vontade pela cidade, voltando ao quarto sempre que quisermos, sem a preocupação de ter de ir de carro e, pior ainda, ter de estacionar. Mas, para isso, além de um hotel próximo também teremos de encontrar um parque nas redondezas, e assumir que vamos pagar uma conta pesada de estacionamento. Ou então, e foi isso que fizemos, escolher um hotel com parque privado.

Depois de ultrapassadas estas questões logísticas que sempre nos acompanham nas viagens, seguimos então para explorar esta cidade, que nos surpreendeu revelando-se quase como um museu a céu aberto, onde a parte muralhada do seu centro histórico é formada por um antigo palácio romano, o Palácio de Diocleciano.

Escolhemos dois percursos distintos, um deles seguindo os pontos de interesse mais periféricos em relação ao centro da cidade, e só depois entrámos no coração da cidade velha. Nos dias em que ali estivemos percorremos várias vezes os mesmos locais, a horas diferentes e com diferentes tons, desde o amanhecer até se fazer noite escura, seguindo aproximadamente os roteiros assinalados neste mapa:
 
Começámos no lado assinalado mais à esquerda do mapa, que corresponde ao flanco ocidental da cidade velha, onde se alinham uma série de ruas movimentadas até chegarmos à marginal.

Ao começarmos na parte de cima, onde ficava o nosso hotel, passámos várias vezes pelo Croatian National Theater, um bonito edifício do século XIX que é o principal teatro da cidade para espetáculos de ópera e bailado… e nas noites de calor chegam a ser apresentados nos seus jardins alguns espetáculos de música, abertos à população que vai passando.

De seguida podemos passar por duas ruas alternativas que nos conduzem até ao mar, uma delas mais estreita e mais discreta, a Rua Matošića, e uma outra, a Rua Marmontova, que se assume claramente como a rua principal de comércio nesta zona da cidade velha.

Entre estas duas ruas, já na proximidade da marginal, surge a Praça da República, ou Prokurative, que dizem fazer lembrar a Praça de São Marcos de Veneza (talvez, mas com muito boa vontade), mas apesar da maior ou menor parecença com aquela praça veneziana, não deixa de ser um espaço bonito.

A praça é constituída por três edifícios neorrenascentistas de cor avermelhada, onde se destaca o primeiro piso, formado por um conjunto de arcos e colunas venezianas. Os edifícios estão dispostos em forma de U, com a abertura virada para o lado sul, e o terreiro empedrado da praça termina com uma escadaria que chega à marginal e nos conduz até à baía de Split.

Entrando nesta zona da marginal encontramos uma fonte circular que exibe, de vez em quando, alguns repuxos artísticos, e que à noite está iluminada com luzes decorativas. Do lado esquerdo da fonte vê-se a bela imagem da Riva, o grande calçadão cheio de esplanadas, que é o coração desta cidade, mas onde só iriamos mais tarde.

Do lado direito surge a Igreja e Mosteiro de São Francisco, um edifício que inclui a igreja e o mosteiro, e que foi construído no século XVII em estilo barroco. Durante o verão são apresentadas algumas exibições de música clássica na igreja, mas isso não aconteceu nos dias em que ali estivemos.

Permanecemos algum tempo nesta zona da marginal e dirigimo-nos depois para o lado Oeste da baía, seguindo o caminho até ao miradouro do monte Marjan, mas antes desviámos ainda na Matejuska.

Trata-se de um pequeno pontão que é utilizado como ponto de concentração de jovens, sobretudo à noite, mas o seu principal atrativo será permitir observar a marginal a partir deste lado do mar, e foi dessas vistas que fomos à procura… com as imagens da marina onde ficam ancorados os barcos que fazem as viagens às ilhas; ou a fachada principal dos edifícios da Prokurative; mas sobretudo a paisagem que enquadra o centro histórico, dominado pela torre sineira da Catedral de São Dômnio.


São paisagens bastante bonitas, mas se quisermos uma vista mais global da envolvente do centro histórico e da baía de Split, devemos subir até ao Miradouro do Monte Marjan. Foi o que fizemos, caminhámos por um trilho ao longo da colina, seguindo por várias escadas, numa extensão de cerca de 400m, começando pela escadaria Marjanske skale.

No ponto mais alto encontra-se o Café Bar Vidilica, que fica cheio de turistas perto do pôr do sol, e um amplo espaço de miradouro, que nos permite disfrutar das mais bonitas paisagens sobre baía de Spit, sempre assinalada pelo seu farol, a torre do campanário da Catedral de São Dômnio.
Podemos também observar para o lado do mar, com a silhueta das ilhas ao fundo, e sempre com alguns navios de cruzeiro, que fazem deste porto e desta cidade um ponto de paragem obrigatório.
Mas o centro histórico da cidade será sempre a principal atração deste miradouro, chamado de Prva vidilica na Marjanu, ou Viewpoint to Marjan.
Ao regressarmos até à baía, num passeio agradável passando por ruas bastante bonitas, estaremos de novo na elegante e animada Promenade de Riva, ou apenas Riva, uma marginal pedonal por onde fizemos alguns passeios à beira do Adriático durante os dois dias da nossa estadia.

Nesta Riva podemos andar de um lado para o outro, absorvendo o ambiente envolvente, e depois voltar ao entardecer e até à noite, para aproveitar os restaurantes e as esplanadas do centro da cidade.

Ao longo de toda a marginal vamo-nos aproximando do Centro Histórico, que constitui a principal atração da cidade e uma representação viva de vários séculos de história.

Split tem uma história de 17 séculos, com origem na época em que o imperador romano Diocleciano decidiu construir o seu Palácio nesta península, perto da antiga cidade romana de Salona, ​​onde queria passar os últimos anos da sua vida. Ao longo dos anos o Palácio transformou-se gradualmente numa cidade, que ainda hoje seduz quem a visita, com a sua tradição e com a beleza do seu património.

O Palácio Diocleciano e todo o núcleo histórico de Split estão na lista do Património Mundial da UNESCO desde 1979. Todas as camadas históricas desde a antiga Roma, passando pela Idade Média e até à atualidade, são ainda hoje visíveis neste conjunto riquíssimo que forma a cidade de Split.

Um passeio pelo centro leva-nos através do tempo, ao longo de grandes exemplos da arquitetura antiga, onde os portais renascentistas das casas nobres, as fachadas barrocas e a arquitetura moderna se fundem com o património histórico das épocas mais antigas.

Encontramos assim um local que se tornou num cenário irresistível para imperadores, reis e mestres artistas, construírem grandes edifícios e monumentos, e o resultado é uma cidade cheia de tesouros arquitetónicos que nos fascinou pela riqueza do seu património histórico, sobretudo na zona do centro que se encontra rodeada pelas muralhas da cidade.

Este centro histórico parece ter sido esquecido pelo tempo, resultando da evolução de um Palácio imperial envolvido pelas suas ruas antigas, que seguem uma disposição geométrica típica da maioria das cidades romanas, e está rodeado pelas muralhas que resistem há 1700 anos.


O acesso ao Palácio faz-se pelos mesmos portões que existem nas muralhas da cidade desde a antiguidade, o Portão de Bronze, o Portão de Ouro, o Portão de Prata e o Portão de Ferro. Estes portões sempre tiveram uma importância estratégica na vida da cidade, pelo que, antes de falar do próprio Palácio, vou-me referir a cada um deles.

O Portão de Bronze ou de Latão, está localizado na fachada Sul do Palácio do Diocleciano, e liga diretamente à Riva e ao mar, descendo pelo piso das catacumbas. É a porta mais pequena e mais modesta das quatro, e é a única que é encerrada ao final da noite, enquanto todas as outras são pórticos abertos, que nunca fecham.

De qualquer forma é por esta porta que encontramos o melhor caminho para chegarmos ao centro histórico, levando-nos diretamente da marginal até ao Persitilo, onde fica o coração do palácio.
O Portão de Ouro é a mais nobre de todas as portas, pois foi por ali que o imperador Diocleciano entrou no Palácio pela primeira vez no ano de 305. Está localizada na muralha do lado Norte e a sua fachada foi decorada com vários nichos contendo esculturas, mas que atualmente já não existem, embora o pórtico mostre ainda a grandeza da antiga fachada.
À saída desta porta os visitantes podem entrar no parque Josipa Jurja Strossmayera e aproveitar aquela zona arborizada para refrescar um pouco, sobretudo nos dias mais quentes. Mas optámos por não fazer ali qualquer paragem, ao sair da Porta Dourada fomos apenas até à escadaria que nos conduz ao jardim, onde se encontra a escultura do Bispo Grgur Ninski, uma obra marcante do escultor croata Ivan Meštrović, que é atualmente um ponto turístico obrigatório de Split.
O Portão de Prata, que fica do lado Leste, serve como acesso ao eixo principal que atravessa o Palácio até Pjaca, do lado Oeste. De cada lado do portão são visíveis os restos das torres octogonais que ladeavam esta porta na antiguidade.

Esta porta adquiriu recentemente uma notoriedade especial quando, no ano 2000, o Papa João Paulo II escolheu entrar na cidade passando por ela, enquanto admirava a beleza da Catedral de São Domnius, onde mais tarde iria rezar.
O Portão de Ferro fica do lado Oeste do centro histórico e liga diretamente com a chamada Pjaca, ou Praça do Povo. No século XI foi construída por cima desta porta uma pequena igreja onde se ergue, ainda hoje, a torre de um relógio renascentista, que conheceremos melhor mais à frente.
De todas estas alternativas, escolhemos fazer a nossa entrada no centro histórico através do Portão de Bronze, descendo diretamente até às Catacumbas do Palácio. Esta parte das catacumbas, que pertence ao conjunto de câmaras subterrâneas do palácio, é de acesso gratuito e foi transformada num espaço para receção aos turistas, com uma série de bancas para venda de souvenires, mas não deixa de ser uma amostra representativa das antigas catacumbas.

As restantes câmaras que formam o subterrâneo do palácio, mais extensas e com outro peso histórico, só podem ser visitadas pagando o respetivo ingresso… esta visita é mais procurada pelos fãs da Guerra dos Tronos, por terem sido ali rodadas algumas gravações da série.

Saindo pela escadaria do lado oposto ao da Porta de Bronze, entramos então na zona histórica da cidade. É dentro das muralhas, para lá dos portões, que se encontra o centro histórico de Split, que é formado pelo antigo Palácio de Diocleciano, num emaranhado labiríntico de ruas e vielas que percorremos várias vezes sem qualquer destino, disfrutando apenas de uma viagem ao passado que ali nos é oferecida.
          

Mas neste conjunto histórico que constitui o Palácio de Diocleciano, além das ruas e becos mais comuns, encontramos também os seus monumentos principais, que são as grandes atrações da cidade. É o caso do Peristilo, que é o coração do Palácio, ou a imponente Catedral de São Dômnio e a respetiva Torre Sineira, ou ainda o Templo de Júpiter.

O Palácio de Diocleciano é um dos monumentos da arquitetura romana mais bem preservados do mundo. Foi mandado construir no longínquo século IV d.C. para o imperador romano Diocleciano, como uma combinação de uma villa luxuosa e um acampamento militar romano, tendo sido um refúgio para este imperador depois de ter abdicado do seu império devido a problemas de saúde. Diocleciano era originário da Dalmácia, uma região que inclui esta costa do mar Adriático, e queria voltar a viver na sua terra natal e, para isso, mandou construir este enorme Palácio em Split, que servia simultaneamente como uma fortaleza e casa de veraneio.

O Palácio do imperador ocupa uma área retangular de cerca de 215 x 180 metros, e estava dividido em quatro partes com duas ruas principais. A parte Sul do Palácio era, neste esquema, destinada ao apartamento do Imperador e às respetivas cerimónias governamentais e religiosas; enquanto a parte Norte era para a guarda imperial - militares, criados, arrumos, etc.

Enquanto o antigo imperador ali morava, o complexo foi sendo cercado e protegido pela imensa muralha, formando uma aldeia onde passaram a viver muitos dos seus súditos. Ao longo dos séculos, os habitantes do Palácio e, mais tarde, também os cidadãos de Split, adaptaram partes do Palácio às suas próprias necessidades, pelo que os edifícios interiores, bem como as paredes exteriores foram integradas nos edifícios da atual cidade. Mas no interior do palácio mantêm-se ainda as principais preciosidades históricas que ali foram construídas e que podemos visitar ainda hoje.
Além do próprio palácio, Diocleciano mandou também construir um mausoléu, onde foi enterrado e onde se encontra o seu túmulo até hoje, dentro da Catedral de São Dômnio.

Muitos materiais trazidos para o Palácio e para o mausoléu, vieram do Egito, como é o caso desta esfinge que protege o local fúnebre, uma escultura com 3500 anos e perfeitamente preservada.

O Persitilo, que corresponde a um recinto rodeado de colunas, constitui a área central do Palácio e conectava, ao mesmo tempo, o apartamento imperial, o antigo mausoléu e três templos, um deles a Catedral de São Dômnio. Devido à sua beleza única e a uma acústica incomum, o Persitilo tornou-se um cenário habitual para representações de teatro e de ópera.

Atualmente, este recinto é ainda o ponto de encontro de todos os visitantes e é o local mais concorrido de toda a cidade de Split.

A imagem do Persitilo é dominada pela fachada principal, ou Protyron, uma estrutura sustentada por quatro colunas coríntias que dava acesso ao apartamento imperial e ao Vestíbulo, uma imensa abóboda que servia de hall de entrada à parte residencial do palácio.

O Vestíbulo tem uma acústica ainda melhor do que o Persitilo, o que faz com que se organizem ali algumas apresentações musicais… mas em qualquer altura poderemos ser surpreendidos por um grupo coral a interpretar, à capela, uma música tradicional da Dalmácia.

Nos edifícios e ruelas envolventes desta zona do apartamento imperial, encontramos um dos mais belos e premiados hotéis de Split, convenientemente chamado de Hotel Vestibul Palace.

A igreja de São Domnius resulta da evolução do Mausoléu do Imperador Romano Diocleciano, que remonta ao século IV, e que se transformou numa catedral durante o século VII. Assim sendo, a atual Catedral de São Dômnio é mesmo a catedral católica mais antiga do mundo que mantêm a sua estrutura original, devido ao seu mausoléu octogonal, ainda existente.

Esta igreja é dedicada ao santo padroeiro da cidade de Split, Sveti Duje, ou São Dômnio, o primeiro bispo da Dalmácia, ironicamente perseguido, martirizado e morto por ordem de Diocleciano.

O edifício da catedral encontra-se junto ao Peristilo por entre colunas coríntias e mantém ainda o seu formato hexagonal e, no seu interior, mantém também o antigo Mausoléu onde estão guardados os restos mortais do Imperador Diocleciano.
Mas a referência mais marcante desta catedral resulta da presença da sua Campanile, ou Torre Sineira, que se eleva ao seu lado até aos 57 metros de altura. A torre sineira da Catedral foi iniciada no século XIII, seguindo a traça da arquitetura medieval da Dalmácia. Mais tarde chegou a ser totalmente reconstruída, mas não perdeu a sua beleza.

Nesta altura a torre é acessível e podemos subir até aos 57 metros de altura e disfrutar das melhores vistas 360º sobre toda a cidade de Split e do próprio Palácio.

Para acesso à catedral, ao mausoléu e a outros locais do Palácio, podemos adquirir bilhetes para cada atração ou para um conjunto de atrações. Nesta data, em 2023, pelo preço de 14€ teríamos acesso a um ingresso combinado que dava para a Torre Sineira, para o Tesouro da Catedral, para a Cripta e o Batistério de São João Batista, que fica no Templo de Júpiter.
Saindo agora do Peristilo para Oeste através de um beco apertado, vamos chegar ao Templo de Júpiter, mais um dos templos do Palácio de Diocleciano, mas este já deixou de ser aquilo que era há muito tempo e foi transformado num batistério.

Trata-se de um monumento de planta retangular que servia para celebrar o culto a Júpiter, mas, ainda na antiguidade, com a construção de uma cripta sob o edifício, foi transformado naquilo que é chamado de Batistério de São João Batista.

Na frente deste edifício foi colocada uma das esfinges de granito que Diocleciano terá trazido do Egito, esta encontra-se com o corpo bem preservado, mas está sem cabeça.

Ao lado da entrada do Templo de Júpiter podemos passar pela rua mais estreita da cidade, e provavelmente do mundo… uma rua que tem literalmente o nome de “Deixe-me passar, por favor”.

Próximo do Templo de Júpiter e logo depois do Portão de Ferro, encontrámos a chamada Velha Torre do Relógio.

No século XI, foi construída por cima da Porta de Ferro uma pequena igreja dedicada à Nossa Senhora do Campanário, com uma bela torre sineira românica.

Esta torre, que pode ser observada da Praça do Povo, ou Pjaca, ostenta um relógio lindíssimo, que tem a particularidade de ter um mostrador com 24 horas, em vez dos habituais 12 dígitos, o qual está ainda em perfeitas condições de funcionamento, dando horas certas, confirmadas pelos nossos telemóveis com horários sincronizados automaticamente.
      
Ao sairmos por cada um dos portões das muralhas saímos também do centro histórico que é formado pelo Palácio de Diocleciano. Neste caso, a saída que usámos foi a da Porta de Ferro e, por isso, entrámos diretamente na Cidade Velha, que se encontra fora das muralhas… e desta vez entrámos logo na mais importante praça desta parte da cidade, a chamada Pjaca, ou Praça do Povo.

É uma bonita praça, totalmente empedrada, como acontece com toda a cidade velha e com o centro histórico, que estão totalmente pavimentados com lajetas de pedra.

É ali que se encontra o edifício gótico da antiga Câmara Municipal, uma bela construção do século XV, mas vamos também encontrar vários cafés e restaurantes de rua, o que faz desta praça o centro popular de Split, e marca o ritmo da vida social desde há várias décadas, para toda a população, da elite intelectual ao comum habitante.


Ainda na principal praça da cidade velha, encontramos também a livraria mais antiga do mundo, chama-se Morpurgo… mas hoje transformou-se numa livraria moderna cheia de artigos de informática, e não é nada do que estávamos à espera.
As ruas da cidade velha são como uma extensão das ruelas que ficam entre muralhas, igualmente estreitas e empedradas, e com a mesma imagem de cidade medieval, que nos fascina como se fizéssemos uma viagem no tempo.

Assim, saímos da Praça do Povo e deixámo-nos também fluir por esta parte da cidade, sem grande destino, apreciando os mais belos recantos que ali se formam e a oferta de lojas, gelatarias e restaurantes, que é rica e variada.
Quando nos deslocamos da Pjaca até à marginal vamos atravessar uma das praças de referência desta zona velha da cidade, a Praça Braće Radić, também conhecida como Praça das Frutas, que dá acesso direto à Riva, tem um conjunto de edifícios bonitos e é dominada pela presença do Mletački kaštel, ou Castelo Veneziano.

Encontramos ali duas das três torres deste castelo medieval construído no século XV, com um contorno em forma pentagonal. No início do século XIX, o castelo perdeu a sua função defensiva e as muralhas foram demolidas durante as Guerras Napoleónicas e, atualmente, o que resta do castelo é a grande torre central e a torre menor oriental, mantendo-se também o troço de parede que as liga entre si.

No centro desta praça ergue-se um monumento de homenagem a Marko Marulic, um escritor croata do século XV.

Chegados de novo à Riva voltámos a percorrer esta bonita marginal, desta vez na direção Leste, até chegarmos ao chamado Pazar ou Mercado Verde. Os mercados são muitas vezes os melhores locais para sentir a pulsação da cidade e este é o principal mercado desta zona velha, vendendo produtos hortícolas frescos, como fruta e vegetais, mas também carne, queijos e flores... mas não faltam também as bancas de artesanato e souvenirs.

Depois de mencionados os principais pontos de interesse da cidade, podemos agora continuar, quase sem destino, seguindo a palpitação deste local e das pessoas que ali vamos encontrar, visitando e revisitando quantas vezes quisermos cada um destes locais, uma vez que estamos numa cidade tão pequena que não nos iremos cansar.

E em cada um dos dias em que ali pernoitámos, voltámos de novo ao centro histórico já de noite, apreciando uma cidade mais tranquila, pois grande parte dos turistas, que são provenientes dos mega cruzeiros, regressam aos seus navios para continuar a viagem.

E é durante a noite, quando a cidade fica mais vazia, que a encontramos mais bonita e mais autêntica, fazendo-nos quase acreditar que fomos levados pelo tempo até à Idade Média.

         



Terminamos assim a visita à cidade de Split, que nos surpreendeu muito pela beleza da sua arquitetura e por toda a envolvente medieval tão presente. E há também uma grande proximidade com o Adriático, aqui mais do que em qualquer outro local da Croácia, sentimos uma forte presença mediterrânica, e somos levados a experimentar um passeio de barco que nos leve a explorar as ilhas e praias que rodeiam a cidade.

Apenas uma nota negativa, por fazer parte dos circuitos dos cruzeiros mediterrânicos, Split recebe diariamente alguns mega navios que descarregam literalmente milhares de turistas e que invadem esta pequena cidade sem dó nem piedade.


Carlos Prestes

 

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