domingo, 3 de setembro de 2023

Desfiladeiro de Vintgar


Neste dia saímos de manhã cedo de Liubliana até ao Vintgar Gorge, já nas proximidades do Lago de Bled, num percurso de pouco mais de 60 km, quase sempre em autoestrada. Este é um dos lugares mais interessantes para se fazer uma visita se optarmos por vir até a esta região de Bled.

Chegando à zona do desfiladeiro, começámos por pagar o estacionamento, que funciona na berma da estrada ou nuns pequenos espaços transformados em parques. Depois pagámos também o acesso ao desfiladeiro, nesta altura, em 2023, foram 10 € por pessoa. E como decidimos reforçar o pequeno-almoço antes da caminhada, fomos gastar mais uns euros, desta vez na esplanada de um dos restaurantes que ali se encontram, disfrutando de uma bonita vista para o rio.
Tomámos um café, para carregar as baterias para o percurso que íamos fazer, mas aproveitámos também para provar uma das especialidades eslovenas, o típico bolo de Bled, chamado Kremsnita. Apesar de ter um aspeto super enjoativo, não é particularmente doce e torna-se até bastante agradável.
Continuámos depois até ao desfiladeiro, ao longo de uma garganta que foi esculpida pela passagem furiosa do rio Radovna, com as suas águas cristalinas, formando tons verde-esmeralda que são uma beleza e que quisemos apreciar calmamente durante o nosso percurso.

No último período interglacial, o descongelamento dos glaciares da cordilheira dos Alpes Eslovenos, foi alimentando o caudal do rio Radovna, que foi descendo vertiginosamente o declive entre as montanhas e os vales.

Durante milhares de anos, a força deste rio foi esculpindo um desfiladeiro ao longo de 1.600 metros, rasgando os maciços rochosos por onde passava. Atualmente, toda a extensão do desfiladeiro pode ser percorrida, ou por caminhos naturais em terra batida, ou por passadiços, que percorrem as margens nas zonas rochosas menos acessíveis, como que pairando sobre as águas, que nas zonas mais agitadas, vão expelindo uma espécie de neblina que se espalha pelo vale.

O caminho é bastante soft, sem grandes desníveis e muito bem cuidado, com a maior parte dos troços em passadiços de madeira.

Podemos percorrer tranquilamente todo o percurso sem grande confusão, pois, apesar de poder ter muita gente, o caminho é de sentido único, com um ponto de entrada e um ponto de saída, evitando o cruzamento dos caminheiros, o que certamente criaria mais confusão.

Assim, podemos ir ao nosso ritmo, mais depressa ou mais devagar, conforme nos apeteça… e desta vez fomos numa passada tranquila para observar as magníficas paisagens que nos iam sendo oferecidas.


Ao longo dos cerca de 1.600 metros do desfiladeiro, cruzámos várias vezes o rio Radovna através de pontes de madeira, passámos sobre rápidos e cascatas e encontrámos pequenas piscinas naturais, onde os tons verde-esmeralda se tornam ainda mais vivos.

É nestas zonas de águas mais calmas e, aparentemente, irresistíveis, que tentamos experimentar se será uma boa ideia aproveitarmos para nos refrescar… mas é mesmo só uma ideia e não é nada boa, pois assim que molhamos os pés os ossos começam a regelar e acabam-se logo os calores.

O último troço atravessa uma zona muito bonita em que passamos por trechos onde o vale alarga, mas também por algumas quedas de água, e termina junto à parte superior da Cascata Sum, onde voltamos a encontrar um quiosque de apoio, com casas de banho e uma pequena cafetaria.


É nesta zona que temos de tomar a decisão de qual o percurso de volta que iremos escolher. Depois dos 1,6 km já percorridos pelo fundo do vale, teremos agora duas opções de regresso; ou pela margem esquerda, contornando o alto da montanha envolvente, num trilho de 2,8 km; ou pela margem direita, percorrendo um caminho que se vai afastando do curso do rio, num total de 3,7 km, com registo de uma atração pelo caminho, a pequena igreja de St. Katherine… nada imperdível.

As opções estão representadas neste mapa, tornando-se evidente que o caminho assinalado a vermelho é muito mais curto e igualmente interessante… só não passa por nenhuma igreja, mas que se dane a igreja, sempre se poupa quase um quilómetro.
 
Mas antes de começarmos a subir do fundo do vale até ao topo da margem esquerda, percorremos ainda a zona que fica abaixo da Cascata Sum, para contemplarmos a própria cascata, com os seus 16 metros de altura.

Já no percurso de regresso, o primeiro troço obriga-nos a subir a montanha, num desnível que não foi nada fácil, até chegarmos a uma zona de planalto, no sopé da cordilheira do Alpes. Aqui encontrámos uma pequena aldeia que se dedica à agricultura e pecuária, com vacas e cavalos, e onde o único sinal de civilização é dado pela passagem de uma linha de comboio, mas que nem pára ali perto.


Continuando pelo trilho que se encontra devidamente assinalado no local, vamo-nos aproximando do rio e seguimos depois pela parte superior da ravina que forma a sua margem esquerda, numa zona muito arborizada e bastante bonita, onde vamos sendo acompanhados pelo ruido das águas do rio, que correm furiosas no fundo do vale, mas que nem conseguimos avistar.


Chegámos ao local onde tínhamos começado a nossa caminhada, algumas horas e alguns quilómetros depois da partida, com uma sensação de grande satisfação por uma experiência muito interessante, diria mesmo, imperdível, para quem vier visitar esta zona do Lago de Bled… para onde nos dirigimos de seguida.