A cerca de 100 km a Sul do Mar do Norte, seguindo o trajeto do rio Elba, encontra-se a cidade portuária de Hamburgo, a segunda maior cidade da Alemanha.
Foi devido à existência de um porto em pleno rio Elba, e ao facto desse rio ser navegável até ao mar, que esta cidade se desenvolveu, sendo atualmente um dos principais polos industriais na Alemanha, concentrando cerca de dois milhões de habitantes.
Além do curso principal do Elba, onde se encontra o famoso Porto de Hamburgo, existe também uma imensa rede de canais, que faz com que haja atualmente cerca de duas mil pontes, que são uma das marcas desta cidade, mas também alguns lagos, como é o caso do Lago de Binnenalster, que constitui o seu principal ex-libris.

Hamburgo tem algumas ruas de referência, como a Mönckebergstraße ou a Jungfernstieg, tem também várias igrejas importantes, quase todas grandiosas, mas o que mais se destaca nesta cidade é o seu porto, o famoso Porto de Hamburgo, que é um dos maiores da Europa, e toda a área adjacente de armazéns históricos, conhecida como Speicherstadt, e que foi declarada Património Mundial da UNESCO... e foi um pouco de tudo isso que visitámos ao longo de um dia completo em que estivemos na cidade.

A história de Hamburgo remonta a mais de mil anos, o que a torna numa das cidades mais antigas da Alemanha. A sua localização estratégica nas margens do Elba e a proximidade com o Mar do Norte, contribuíram significativamente para o seu desenvolvimento como um importante centro comercial e portuário desde há muitos séculos.
Hamburgo veio a ter a sua fundação oficial a 7 de maio de 1189, quando o Rei Frederico I, conhecido como o Barba Ruiva, concedeu a Hamburgo o estatuto de Cidade Livre Imperial e atribuiu-lhe o direito de isenção de impostos, desde a cidade e ao longo do traçado do rio Elba até à sua foz no Mar do Norte.
Na Idade Média, entre os séculos XIII e XV, Hamburgo teve um rápido crescimento e desempenhou um papel vital no comércio de mercadorias como peixe, grão, madeira, tecidos e metais, o que a tornou numa das cidades mais prósperas da região.
Durante o século XVI, Hamburgo aderiu à Reforma Protestante e tornou-se uma cidade protestante-luterana, o que é ainda hoje uma referência, com as suas igrejas protestantes, que são uma marca da cidade.
No século seguinte, a cidade enfrentou vários conflitos e guerras, incluindo a Guerra dos Trinta Anos, que causou grande devastação e um declínio económico significativo.
No século XIX, Hamburgo viveu um novo período de prosperidade, num renascimento económico que resultou da industrialização da cidade e impulsionou o seu crescimento, e nessa época o Porto de Hamburgo tornou-se um dos maiores e mais importantes da Europa.
Durante a Segunda Guerra Mundial Hamburgo foi duramente bombardeada pelos Aliados, resultando numa ampla destruição de grande parte da cidade. No entanto, a reconstrução no pós-guerra permitiu que fosse completamente recuperada e tivesse prosperado como uma cidade moderna… quer pela sua importância como centro comercial e industrial quer pela concentração de espaços artísticos e culturais, mas também pela sua vida noturna, que, em conjunto, fazem de Hamburgo um destino popular tanto para turistas quanto para os próprios residentes.
Chegados à cidade pela estação ferroviária, dividimos a nossa visita em dois percursos, um deles mais periférico, passando por parte da zona portuária e dos típicos armazéns de Speicherstadt; e um outro visitando as principais atrações do centro histórico… tal como se representa neste mapa da cidade:
Hamburger Hauptbahnhof
A estação ferroviária, a Hamburger Hauptbahnhof, foi o ponto de chegada a esta cidade nas duas visitas que aqui fiz. Em ambas as viagens, primeiro em 1985, e agora, 40 anos mais tarde, em 2025, viajava pela Europa com um bilhete de inter-rail… e a primeira imagem de Hamburgo foi sempre a da imensa nave interior da estação de comboios.

Saímos pela Rua Mönckebergstraße, uma das mais importantes da cidade, deixando para trás o edifício da estação, enorme e muito marcante, e que junta duas alas opostas e com uma arquitetura bastante distinta. De um lado, a fachada enorme da nave principal feita em estrutura metálica e vidro e, do outro lado, o edifício com duas fachadas laterais em pedra, cada uma com a sua torre do relógio, que dão a este conjunto uma marca diferenciada.
Rua Mönckebergstraße
Saindo da estação entramos a rua pedonal mais conhecida e movimentada da cidade, a Mönckebergstrasse. Se quiséssemos comprar roupa, sapatos, malas ou joias, tudo de primeira qualidade, estaríamos na rua certa, pois é por ali que se encontram algumas marcas de luxo.
Mas não é disso que estamos à procura, por isso, limitamo-nos a apreciar a dinâmica desta rua… e, quanto muito, podemos fazer uma pausa para um pequeno-almoço num dos cafés mais concorridos da cidade, o Starbucks, que fica num edifício clássico da praça Barkhof, localizada em plena rua Mönckebergstrasse.
Ao final da tarde haveríamos de percorrer de novo esta rua, a mais importante do centro, e que nos conduz entre lojas e grandes monumentos, passando pelo Rathausmarkt, o magnífico palácio da Câmara Municipal e, pelo caminho, por uma das grandes igrejas da cidade, a Hauptkirche St. Petri… mas isso ficará para mais tarde, pois agora, iriamos virar na direção da zona portuária da cidade.
Igreja principal de St. Jacobi
Mal viramos na direção do porto, ainda a poucos metros da Mönckebergstrasse, encontramos uma das igrejas importantes de Hamburgo, a chamada Igreja principal de St. Jacobi.
É uma das cinco principais igrejas da cidade e um dos exemplos mais notáveis do estilo gótico criado em tijolo. As suas origens remontam ao século XIII, quando foi construída como capela para acolher os peregrinos que seguiam o Caminho de Santiago, facto que explica a sua dedicação a St. Jacobi (que é o nome hebraico de São Tiago).
Ao longo dos séculos XIV e XV o edifício foi ampliado até assumir a forma de uma imponente igreja de três naves e com uma imensa torre, que pode ser visitada através dos 544 degraus que levam até ao topo… aliás, aproveito para referir que as igrejas em Hamburgo são todas espantosamente grandes e com torres muito altas, e esta não foge à regra.
No século XVII, a igreja recebeu um dos seus maiores tesouros, um órgão barroco construído por Arp Schnitger, considerado até hoje como um dos instrumentos históricos mais importantes do mundo e que é ainda utilizado em concertos.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a St. Jacobi sofreu graves danos devido aos bombardeamentos de 1944, mas foi cuidadosamente reconstruída, preservando tanto a sua identidade arquitetónica como o valor histórico e espiritual.

Zona Portuária
Saindo da igreja de St. Jacobi seguimos os trilhos que nos conduziram até à zona do Porto e, pelo caminho, fomos apreciando a zona de antigos armazéns que constituem uma das maiores atrações da cidade.
Chilehaus e outros edifícios de referência
Nesta zona de antigos armazéns, que constituem atualmente um extraordinário exemplo da arquitetura moderna da cidade, que aproveita a belíssima traça dos edifícios originais, complementada com as fachadas do novos prédios, vamos começar por encontrar a chamada Chilehaus, ou Casa de Chile.
Trata-se de um edifício de escritórios que foi declarado Património da Humanidade pela UNESCO e é um bom exemplo do movimento arquitetónico dos anos 1920, conhecido como “expressionismo em tijolo”. O edifício ocupa uma área de 5.950 m² e conta com dez andares, num formato bastante diferenciado do aspeto comum dos prédios de Hamburgo.

Nesta zona portuária vamos encontrando mais alguns edifícios modernos, que se diferenciam dos edifícios típicos, maioritariamente com fachadas em tijolo, formando um conjunto de contrastes que enriquecem a arquitetura local.
Bairro Speicherstadt e Igreja de Santa Catarina
Mas o mais distinto desta zona portuária é o chamado Bairro Speicherstadt, com grande concentração de antigos armazéns, hoje maioritariamente recuperados. Esta área contém um grande complexo de edifícios do estilo neoclássico, que são separados pelos canais da cidade e são adornados por várias pontes… numa imagem extraordinariamente bela, e totalmente diferente de tudo o que temos conhecido por este mundo fora.
Uma das imagens de referência deste bairro é aquela que observamos a partir da Poggenmühlen Bridge, com um edifício que fica a meio do canal, ligado por uma ponte de cada lado.

Apesar da recuperação do bairro, e do aumento generalizado do interesse turístico, o Speicherstadt continua a ser utilizado como depósito de mercadorias, sendo um complemento ao Porto de Hamburgo. Essa utilidade dos armazéns e o seu estilo arquitetónico, agora com os prédios devidamente conservados, faz deste local um ótimo exemplo de arqueologia industrial, o que levou a que todo o bairro tivesse sido declarado como Património Mundial da UNESCO.
Mas durante os nossos percursos nem distinguimos quaisquer edifícios de referência, limitamo-nos a seguir sem destino, observando o que nos aparece, sem sabermos de que edifícios se tratam, mas aproveitando para contemplar a beleza de cada conjunto que ali nos vai surgindo.
Mas no meio dos vários edifícios e armazéns indiferenciados desta zona do Speicherstadt, surgem alguns que são mais distintos, como é o caso da Igreja de Santa Catarina, cuja silhueta surge enquadrada com os canais, as pontes e os próprios edifícios do bairro, formando um belíssimo conjunto.
Um outro exemplo é o Miniatur-Wunderland, um museu de miniaturas, neste caso trata-se da maior exposição de modelismo ferroviário do mundo e uma das atrações mais visitadas de Hamburgo… não é um estilo que aprecie muito, mas fica a imagem do edifício, também ele um dos característicos prédios de tijolo vermelho.
Hamburg Hafen (Porto de Hamburgo) e Elbphilharmonie
O HafenCity, ou Porto de Hamburgo, é um dos principais motores da cidade. É o terceiro em movimentação de carga em toda a Europa e, por essa importância, tornou-se num frequente polo de atração turística, onde as pessoas passeiam, admiram os barcos entrando e saindo do porto, e podem também embarcar numa das muitas viagens panorâmicas pelo rio e pelos canais, que ali são oferecidas.
Percorrendo ao longo das margens do rio nesta zona portuária, vamos encontrando alguns edifícios modernos, juntamente com os tais antigos armazéns agora recuperados, formando conjuntos bastante atrativos.
O principal edifício moderno que ali encontramos é o Elbphilharmonie, uma enorme sala de espetáculos, que funciona num edifício grandioso e muito bonito.
O Elbphilharmonie Concert Hall é, provavelmente, o exemplo mais destacado nesta cidade da ponte entre a tradição e a modernidade. A sala de concertos foi projetada pelos arquitetos suíços Herzog & de Meuron, numa combinação de paredes de tijolo vermelho de um antigo armazém, que servem de base ao edifício, e as fachadas em painéis de vidro dos elementos superiores. O antigo armazém tinha sido usado até o final do século passado como um depósito para chá, tabaco e grãos de cacau, e hoje serve de base para o extraordinário salão filarmónico que atinge uma altura total de 110m e é formado pela enorme caixa de cristal, que captura os reflexos do céu, da água e da cidade.
A sala de espetáculos é uma referência no panorama artístico alemão, já visitada por mais de 2,6 milhões de visitantes, que assistiram a mais de mil concertos ali realizados… mas na nossa visita à cidade, não tivemos oportunidade para poder assistir a qualquer evento nesta sala. Também se organizam visitas guiadas, mas nem para isso tivemos tempo. Nestas visitas poderíamos ver, para além das três salas de concertos, também um hotel de luxo e 45 apartamentos luxuosos exclusivos.

Stintfang e St. Pauli Landungsbrücken
O Stintfang é uma colina de 26 metros de altura, num local onde existiam as antigas muralhas da cidade, e que constitui uma plataforma de observação sobre o cais de desembarque de St. Pauli, um elemento importante na paisagem urbana de Hamburgo.
O St. Pauli Landungsbrücken é o nome dado ao histórico cais de desembarque de passageiros do porto, que existe neste bairro de Hamburgo. O cais original, agora completamente desaparecido, foi construído em meados do século XIX, mas a construção atual já é de 1907.
A estrutura do terminal inclui vários arcos, cúpulas e uma torre do relógio, e está listado como monumento arquitetónico de Hamburgo desde 2003. A Oeste do terminal existe um edifício isolado, com uma grande cúpula, que corresponde à entrada para o antigo Túnel do Elba, também ele listado no registo de monumentos.

Na extremidade Leste do terminal fica a Torre do Relógio, um campanário quadrangular construído em estilo medieval, que exibe em cada uma das quatro faces do topo da torre um mostrador de relógio com algarismos romanos. A função original desta torre era a de uma torre de medição, projetada para indicar aos navios e moradores do distrito portuário o nível da água em qualquer momento. Desta forma, cumpria o duplo objetivo de orientar a chegada de embarcações em função das marés e de alertar os moradores sobre o risco de inundações.

Bairro de St Pauli e Reeperbahn
St. Pauli é um dos bairros mais icónicos de Hamburgo, conhecido pela sua atmosfera inebriante, multicultural e boémia. É ali que se encontra a famosa Reeperbahn, uma das ruas de entretenimento mais destacadas da Europa, muitas vezes comparada a lugares como o Red Light District de Amsterdão.
Originalmente, toda esta área, e a Reeperbahn em particular, estava associada à indústria naval e à prostituição, mas ao longo do tempo foi-se transformando num ponto turístico e cultural, atraindo visitantes de todo o mundo, mas sem nunca perder a sua essência original, mantendo assim os bares de striptease e a presença mal disfarçada de prostitutas.
Mas durante o dia a Reeperbahn é só mais uma rua comum da cidade, apenas com alguns vestígios da sua face noturna.
Para além de ocuparem a Reeperbahn, que constitui o eixo principal desta zona, os locais de divertimento noturno vão-se espalhando por outras ruas, como as transversais Herbertstraße e Große Freiheit, onde se encontra, por exemplo, o famoso clube de table-dancing, o Dollhouse, e algumas das várias casas de passe ou de alterna que por ali existem, como é o caso do icónico Pink Palace.
Toda esta zona deveria ser visitada à noite, mas, desta vez, não tivemos essa possibilidade, pois tínhamos de estar na estação de comboio antes das 20 h. Mas tenho ainda a memória da primeira visita que fiz a este bairro, e lembro-me bem de como era animado e, na altura, até um pouco chocante… embora atualmente já não são estas coisas que me chocam.
Os Jardins de St. Pauli
Ao sairmos desta zona a caminho do centro, mas ainda no bairro de St. Pauli, atravessámos dois jardins.
No primeiro, o Alter Elbpark, destaca-se o chamado Monumento a Bismarck, uma estátua grandiosa feita em granito, que ocupa o alto de um morro que se ergue no meio do jardim. Este monumento, que representa a figura de Otto Von Bismarck, um importante estadista alemão, foi construída após a sua morte, no ano de 1898.

O segundo jardim é chamado de Große Wallanlagen, ou jardim das Grandes Muralhas. Aqui encontramos o edifício do Museu de História de Hamburgo, um longo espaço relvado e um rinque de patinagem, que, na maior parte do tempo, será para patinarem no gelo.
Em paralelo com este jardim situa-se um imenso terreiro, que é chamado de Heiligengeistfeld, e que, muitas vezes está completamente deserto, parecendo uma zona meio abandonada, mas que, em certas épocas, serve de base para a realização da Hamburger Dom.
Trata-se de uma feira que ocorre em três períodos distintos em cada ano (Primavera, Verão e Inverno) e que dura um mês inteiro de cada vez, mas, nesta altura de abril, embora o parque não estivesse deserto, viam-se algumas atrações de maior porte, mas estava fechado ao público.
Pelas fotos que vi esta feira é grandiosa, e é mesmo considerada como a maior de toda a Alemanha, atraindo cerca de dez milhões de visitantes por ano. Além de ser um enorme parque de diversões, a Hamburger Dom é também é utilizada como Volksfest, ou festival de cerveja.
Em abril de 2025 encontrámos apenas alguns vestígios daquilo que este local pode ser, mas se tivermos curiosidade podemos espreitar a imagem da feira que ali acontece uma parte do ano.

Centro da Cidade
No fim do jardim Große Wallanlagen, ergue-se o edifício do Tribunal Distrital de Hamburgo, cuja fachada principal fica situada na praça que é conhecida como Fórum de Justiça, onde começámos o trajeto seguinte, desta vez percorrendo algumas das principais ruas do centro histórico.
Justice Forum
Além do Tribunal Distrital, nesta praça encontra-se ainda o Edifício de Justiça Criminal e o Tribunal Estadual Superior Hanseático (a palavra Hanseático corresponde a uma confederação, da qual, a cidade de Hamburgo faz parte).
Esta praça surge assim como um espaço monumental e grandioso, mas sem grande vida, por se tratar de uma zona de edifícios públicos.

Laeiszhalle Hamburg
O Laeiszhalle é uma das principais salas de concertos da cidade de Hamburgo, que funciona como sede da Orquestra Sinfónica local, desde a sua inauguração, em 1908.
Este imenso teatro é formado pelo chamado Grande Salão, com capacidade para 2025 lugares (curioso número, considerando o ano da nossa visita), e pelo Pequeno Salão, com 640 lugares.
Antes da construção do Elbphilharmonie, este teatro era o mais importante da cidade de Hamburgo, tendo servido de palco à apresentação de espetáculos das grandes figuras das várias épocas, como Richard Strauss, Igor Stravinsky e Maria Callas.
Na nossa visita à cidade, não tendo oportunidade para assistir a uma apresentação nesta sala de concertos, ficámo-nos pela Johannes-Brahms-Platz, onde se pode apreciar as fachadas majestosas deste edifício, com os detalhes típicos do neobarroco alemão.

Großneumarkt e Igreja de São Miguel
O Großneumarkt é uma praça pitoresca que é utilizada como zona de mercado, e que tem quase 400 anos de história. A praça é hoje caracterizada pelos belos edifícios antigos, de um lado, e por um conjunto de cafés e restaurantes com as suas esplanadas.
Apesar de ser um espaço que às vezes se anima, com as esplanadas cheias de gente, o mercado que ali funciona regularmente, é bastante modesto, uma espécie de feira da ladra, onde se vendem produtos em segunda mão… o que, na minha opinião, será pouco interessante.

A uma pequena distância desta praça ergue-se uma das chamadas Hauptkirche, um conjunto de cinco grandes igrejas luteranas históricas da cidade. Aqui encontra-se a Hauptkirche St. Michaelis, ou Igreja de São Miguel, que foi construída em 1912, em homenagem a São Miguel Arcanjo. Foi construída em estilo barroco e destaca-se pela sua torre quadrangular de 132m, visível de longe e usada historicamente como referência para navegadores no rio Elba. O miradouro, acessível por escadas ou elevador, permite uma vista panorâmica impressionante da cidade e do porto. O interior é amplo e luminoso, e tem capacidade para mais de 2.500 pessoas.
Hopfenmarkt e Memorial São Nicolau
O Hopfenmarkt (que significa Mercado de Lúpulo) é uma praça no centro histórico que, em tempos, foi a praça principal da cidade medieval.
Esta praça fica encostada à Igreja de São Nicolau de Hamburgo, cujo campanário é um marco paisagístico da cidade, e contém um museu subterrâneo onde estão parte das muralhas circundantes do chamado Novo Castelo do período medieval, datadas de 1021.
A praça vai ser objeto de uma intervenção, transformando este local num espaço atrativo, que vai enquadrar as muralhas do Novo Castelo medieval, e o Memorial São Nicolau… esta transformação torna-se necessária, pois, atualmente, a Hopfenmarkt não é minimamente apelativa.
Quanto à Igreja de São Nicolau, ou Hauptkirche St. Nikola, trata-se de uma catedral neogótica e é também uma das cinco principais igrejas luteranas da cidade de Hamburgo. A capela original, uma construção de madeira, foi concluída em 1195, tendo sido substituída por uma igreja de tijolos no século XIV, que acabou por destruída por um incêndio em 1842.
A igreja foi completamente reconstruída em 1874 e foi o edifício mais alto do mundo de 1874 a 1876. Na Segunda Guerra Mundial um bombardeamento sobre a cidade destruiu grande parte desta igreja. A remoção dos escombros deixou apenas a cripta e a torre, em grande parte completamente oca, exceto por um grande conjunto de sinos. Essas ruínas foram, entretanto, transformadas num memorial sobre o tema da guerra.

Rathaus
Entrámos de seguida no centro da cidade e encontrámos o seu edifício mais impressionante, a Câmara Municipal, ou Rathaus. Trata-se de um palácio de estilo neorrenascentista, que foi erguido entre 1886 e 1897, e que é a sede do poder executivo do município.
Para além do edifício, que é bastante bonito, todo o espaço envolvente é também muito interessante, desde logo a Praça do Município, ou Rathausmarkt, que funciona diariamente como um mercado, onde acontecem pequenas feiras de artesanato, bancas de comidas típicas e onde se dispõem alguns barris, onde se vende e consome cerveja tradicional.

Lago de Binnenalster, Jungfernstieg e Alsterfontäne
O lago de Binnenalster, também chamado de “Lago do Interior”, pois ficava no interior das antigas muralhas de Hamburgo, é um lago menor, mas é claramente um dos ex-líbris desta cidade, e funciona como o seu principal centro, sobretudo ao longo da Jungfernstieg, uma rua que contorna as suas margens.
É a partir da rua Jungfernstieg que entramos nas principais ruas de comércio da cidade, como a Große Bleichen ou a Neuer Wall. Outra das atrações da zona comercial, é o Hamburger Hof, um edifício comercial que agrega um conjunto de 20 lojas.
Mas voltando ao lago, a sua principal beleza resulta do enquadramento dos edifícios que o contornam, com destaque para as torres do Rathaus e das igrejas que ficam nesta zona do centro, e com um apontamento especial, criado pela fonte do Alsterfontäne, com uma coluna de água que pode atingir os 60 metros.

Planten un Blomen e Fernsehturm de Hamburgo
Saindo um pouco da zona do lago pela rua Colonnaden, mais uma rua pedonal da cidade, chegamos ao Planten un Blomen, um parque e jardim botânico com 47 hectares. O nome do parque significa “plantas e flores” e o seu fundador foi Johann Georg Christian Lehmann, que plantou a primeira árvore do parque, a qual continua viva até hoje e fica justamente na sua entrada.
Ao longo deste parque lindíssimo, vamos encontrando lagos, estufas, e muitos espaços arborizados e ajardinados… e vamos também conseguir avistar a Torre de Telecomunicação que é chamada de Fernsehturm de Hamburgo.

Hamburger Kunsthalle
Ao votarmos de novo até às margens do lago, chegámos perto de um conjunto de três galerias que é designado por Hamburger Kunsthalle. A criação deste espaço foi acontecendo ao longo do tempo, com o prédio principal a ser inaugurado em 1869, o Kuppelsaal em 1921 e a Galerie der Gegenwart em 1997.
É pena não podermos ficar mais um dia nesta cidade, porque assim teríamos tempo para visitar o interior de algumas destas atrações, nomeadamente das galerias de arte.
A Galerie der Gegenwart, ou Galeria do Presente, foi criada em 1997 como um novo espaço de exposição de arte contemporânea O museu tem uma área de mais de 5.600 metros quadrados, sendo um dos maiores edifícios de arte contemporânea da Alemanha.

A Kunsthalle foi fundada em 1817 pela Hamburg Kunstverein, uma sociedade de arte local, e é um dos poucos museus cuja coleção permanente leva os visitantes por sete séculos de história da arte, desde os altares medievais até à cena artística contemporânea.
Os destaques da coleção incluem pinturas de artistas holandeses do século XVII, incluindo Rembrandt, obras-primas do Romantismo alemão, Impressionismo e Modernismo Clássico, bem como arte contemporânea internacional.

Ruas do centro e Igreja de São Pedro
Voltando ao centro, fomos andando ao sabor do movimento que se encontra nesta zona da cidade, passando pelas principais ruas e praças, como a Kontorhaus Bergstraße ou Gerhart Hauptmann Square, até chegaremos depois à Igreja de São Pedro.
A Hauptkirche St. Petri, mais uma das cinco igrejas luteranas, tem uma presença imponente no centro da cidade, e é uma igreja emblemática, que marca a sua presença com uma arquitetura impressionante e com o seu pináculo imponente, com 127,5 metros de altura.
A Igreja é uma obra-prima da arquitetura gótica, com uma série de caraterísticas impressionantes, quer na torre e nas suas fachadas quer também no seu interior, com trabalhos em pedra, vitrais com cenas bíblicas e decorações ornamentadas.

Chegámos ao fim da tarde e voltámos de novo para perto do lago de Binnenalster, ficando por ali algum tempo, numa espécie de bancada que nos desafia a contemplarmos as paisagens envolventes. Nesta altura, já as imagens se iam transformando enquanto se aproximavam as cores do entardecer.
Ficámos algum tempo junto ao lago, até para descansar um pouco de um dia que foi muito longo - é que a cidade é grande, bem maior do que parece quando olhamos para o mapa, pois cada um dos locais a visitar, que parecem estar todos muito próximos, na realidade ficam bastante longe uns dos outros… e são quilómetros e quilómetros que temos de palmilhar. Talvez devesse ter programado a visita de outra forma, em que o regresso ao centro fosse feito de transportes públicos ou de Uber.
Nesta altura de fim de tarde estávamos já perto da estação ferroviária, para onde voltaríamos pouco depois para apanharmos o próximo comboio… desta vez com destino a Berlim.
Deixámos para trás mais uma cidade lindíssima e com uma identidade muito própria, com a sua marca inconfundível, diferente de tantas cidades do Norte que já conhecíamos, sobretudo pela sua zona portuária, tão distinta e tão interessante.