A cidade de Budapeste é muitas vezes chamada de Pérola do Danúbio e é considerada uma das mais bonitas capitais da Europa… o que não deixa de ser verdade.
Foi fundada pelos Romanos, mas o seu desenvolvimento esteve sobretudo ligado, quer ao Império Otomano quer também à dinastia dos Habsburgos, que foram criando um património histórico e cultural riquíssimo, que encanta, ainda hoje, todos os visitantes.
Uma das joias desta cidade é o edifício do seu Parlamento, que, para mim, é o mais belo dos edifícios governamentais de toda a Europa, localizado nas margens do Danúbio, com uma arquitetura deslumbrante, constituindo a principal imagem de marca da capital da Hungria.

Budapeste tem uma história rica e fascinante que remonta a milhares de anos, com grande importância para o período de domínio Otomano (séculos XIII a XVII) e do domínio dos Habsburgo (séculos XVII a XIX), quando a cidade fazia parte do Império Austro-Húngaro.
Em 1873, as cidades de Buda, Peste e Óbuda foram unificadas, formando oficialmente a cidade de Budapeste, que se tornou numa das capitais mais importantes da Europa.
Mais recentemente (no século XX), Budapeste continuou a sofrer profundas transformações. Durante a Primeira Guerra Mundial, o Império Austro-Húngaro foi derrotado e desmantelado, resultando daí a criação da Hungria independente. Já na Segunda Guerra Mundial, Budapeste sofreu uma forte destruição devido aos combates entre os Nazis e o Exército Vermelho soviético.
No pós-guerra, a Hungria caiu sob o domínio soviético e tornou-se num estado comunista. Em 1956, ocorreu a chamada revolução húngara, uma tentativa de derrubar o regime comunista, mas que foi brutalmente reprimida pelos soviéticos. Só em 1989, com a queda do poder soviético, a Hungria abandonou o regime de inspiração comunista, tendo-se tornado numa democracia.
Budapeste floresceu então como um importante centro cultural, económico e, sobretudo, turístico, da Europa… mas, algumas décadas depois, embora de forma democrática, os húngaros acabaram por eleger o primeiro-ministro Viktor Orbán no ano de 2010, alguém que faz com que os destinos do país voltem a ter a democracia em perigo, o que é algo lamentável, depois das conquistas obtidas com tanta luta e dificuldade.
Atualmente, a Hungria é membro da União Europeia, mas ainda não teve acesso à moeda única, pelo que continuam a usar a antiga moeda, o Florim Húngaro (HUF), que tem um câmbio em que 1 € vale 406 HUF (ou 1 HUF vale 0,0025 €.
Nesta terceira viagem que faço à capital húngara, numa estadia em que dormimos três noites, dividi a cidade em quatro percursos, que estão representados no mapa abaixo:
Começando pelo Percurso 1, ao longo das zonas mais periféricas e até chegarmos ao jardim que é chamado de Parque da Cidade e onde ficam as Termas de Széchenyi; seguindo depois pelo Percurso 2, na zona mais a Sul da cidade, incluindo o bairro judeu; através do Percurso 3, entrando, já no dia seguinte, no centro histórico da antiga cidade de Peste; e passando para a margem direita do Danúbio, subindo depois as encostas da cidade de Buda, como representado no Percurso 4.
Estações ferroviárias
O ponto de partida para as viagens que fiz a Budapeste, foi sempre nas estações ferroviárias locais, onde chegámos em todas as nossas visitas à cidade.
Aqui existem duas estações principais, a Budapest-Keleti, do lado Oriental, e a Budapest-Nyugati, que fica mais do lado Ocidental.
A estação ferroviária de Keleti, cujo nome significa exatamente "oriental" ou "leste", pois a estação historicamente ligava a cidade às regiões orientais da Europa.
O edifício, que foi construído no final do século XIX, tem uma arquitetura imponente, sobretudo pela sua bela fachada neorrenascentista, mas também pelo interior, refletindo a grandiosidade da época.
Durante os períodos do Império Austro-Húngaro e da Guerra Fria, esta estação foi um ponto estratégico de transporte de pessoas ao longo dos anos, garantindo a ligação a outras capitais europeias, como Bratislava, Praga, Berlim e Bucareste, e também Viena, de onde tínhamos vindo na anterior visita à cidade.

Porém, desta vez, vindos de Bratislava, chegámos à estação de Nyugati, que significa literalmente “Ocidental”.
Esta estação, que foi inaugurada em 1877, destaca-se pela sua fachada com uma imensa estrutura metálica no núcleo central, e foi concebida e construída pela Eiffel Company, a mesma de Gustave Eiffel.

Percurso 1
No primeiro dia seguimos na direção do Városliget, o Parque da Cidade, um dos maiores e mais famosos parques de Budapeste, e um verdadeiro refúgio verde no coração da cidade, mas também um ponto turístico importante, sobretudo pelas diversas atrações culturais, históricas e de lazer, que lá podemos encontrar.
Pelo caminho, passámos pela estação Budapest-Keleti e atravessámos o Sétimo Distrito de Budapeste, passando por uma das igrejas católica da cidade.
Igreja Paroquial de Santa Isabel da Casa Árpád
A Igreja Paroquial de Santa Isabel da Casa Árpád é dedicada a Santa Isabel da Hungria, uma princesa da Casa de Árpád que se tornou freira e foi canonizada pela Igreja Católica devido à sua dedicação às obras de caridade e à sua devoção aos pobres.
Foi construída no século XIX em estilo neogótico, e lembra as grandes catedrais europeias, com torres altas e bonitos vitrais.

Városliget, o Parque da Cidade
Ao chegarmos à zona do parque vamos começar a encontrar as atrações que ali se concentram, para além dos campos arborizados e relvados, e do grande lago que ocupa uma parte do jardim.
O primeiro monumento, localizado à entrada do Parque, é o Museu Etnográfico. Este Museu é um dos mais importantes museus da Hungria, dedicado à cultura folclórica e etnográfica do país e de diversas partes do mundo… algo que a mim não me seduz minimamente.
Neste espaço existe uma vasta coleção de artefactos, trajes tradicionais, objetos do cotidiano e exposições interativas que retratam a vida e os costumes de diferentes comunidades.
Mas o edifício onde este museu funciona, esse sim, é algo extremamente e interessante. Construído em 2022 num estilo ultramoderno, composto por uma obra arquitetónica inovadora, projetada pelo gabinete húngaro Napur Architect.
A sua arquitetura exterior tem um design moderníssimo, em que o edifício apresenta um formato curvado, que parece emergir do solo e se fundir com a paisagem do parque. A fachada é decorada com mais de 500 painéis metálicos perfurados, formando padrões inspirados na arte folclórica húngara e internacional. Encontramos jardins no teto, criando um terraço verde acessível ao público, que oferece uma vista panorâmica sobre a cidade, e descreve uma superfície semi-circular.
Já dentro do jardim, nas margens do lago, fica o Castelo de Vajdahunyad. Foi construído em 1896 para celebrar os 1.000 anos da Hungria (Milénio Húngaro), e trata-se de uma das atrações mais charmosas de Budapeste, pois está cercado por um lago, que, no Inverno, se transforma numa pista de patinagem no gelo.
Foi inspirado no castelo medieval da Transilvânia, na Roménia (o do Conde de Drácula), e combina diferentes estilos arquitetónicos (românico, gótico, renascentista e barroco), representando várias épocas da história húngara.
Chegámos depois às termas que ficam também neste parque, o Balneário Széchenyi, um espaço que foi inaugurado em 1913 em estilo neogótico, e é um dos maiores e mais prestigiados recintos termais da Europa.
Este Balneário é composto por 15 piscinas, 3 delas grandes e ao ar livre e outras 12 mais pequenas nos recintos do interior. Nesses espaços interiores encontram-se também várias saunas e salas de massagem.
As piscinas mais impressionantes são as do exterior, podendo ser utilizadas durante a noite e ao longo do Inverno, quando os banhistas, imersos numa água a 37º, deliciam-se no quentinho enquanto na rua até pode estar a nevar… mas é no Verão que estas piscinas têm maior afluência, tanto dos locais como dos turistas.

No interior, as piscinas são ainda mais quentes e talvez encontremos algum idoso húngaro a jogar xadrez dentro de água, e até podemos desafiá-lo para uma partida… o que eu jamais faria, pois aprecio pouco essa partilha de águas com desconhecidos, para além de mal saber jogar xadrez.
Reconheço que não me seduz minimamente entrar numa destas piscinas, e ficar por ali de molho, juntamente com um monte de outros desconhecidos, por isso, limito-me a apreciar a arquitetura do edifício, tanto do interior quanto das suas fachadas.
Na proximidade dos balneários fica o Jardim Zoológico e Jardim Botânico, por onde passámos até entrarmos numa das praças mais emblemáticas da cidade, a Praça dos Heróis.
Nesta praça, forma-se um conjunto arquitetónico que foi declarado Património da Humanidade pela UNESCO, com várias estátuas que homenageiam os líderes das sete tribos fundadoras da Hungria.
A Praça é um verdadeiro símbolo da identidade nacional húngara, pela sua envergadura e pelo formato, em ferradura, mas também pela localização, no final da Av. Andrássy e bem próxima ao Parque da Cidade.
No centro da praça está uma imponente coluna com o Arcanjo Gabriel no topo, cercada por estátuas de cavaleiros húngaros liderados por Árpád, o fundador da nação húngara. Esta coluna foi construída em 1896 para comemorar os 1.000 anos da chegada dos magiares ao território que é hoje a Hungria.

Nas laterais da praça estão dois edifícios imponentes, a Galeria de Arte Műcsarnok e, principalmente, o Museu de Belas Artes, um dos museus mais importantes da Hungria e um dos principais da Europa Central.
Este museu inclui uma impressionante coleção de arte europeia, com obras de mestres como Rafael, Rembrandt, Velázquez, Goya, Monet e Picasso.

A Galeria de Arte Műcsarnok, também conhecida como Palácio da Arte, ocupa um edifício neoclássico dedicado a exposições temporárias de arte contemporânea. Este museu abriu as portas pela primeira vez em 1877, especialmente para as celebrações do milénio húngaro.

Avenida Andrássy út
Saímos da Praça dos Heróis pela Andrássy út, uma das ruas mais emblemáticas e elegantes de Budapeste. Fizemos apenas um pequeno percurso, pois a avenida estende-se por cerca de 2,5km, e decidimos apanhar um Uber até ao hotel, para seguirmos depois pelos trilhos do Percurso 2.
Esta avenida é um exemplo de arquitetura do século XIX, com belos edifícios de estilo neorrenascentista, palácios e mansões, e também várias lojas de luxo, teatros, restaurantes sofisticados e cafés de charme. Mas haveríamos de voltar a esta avenida, já num outro percurso, na parte em que esta entra pelo centro histórico.

Percurso 2
Depois de uma pausa ao final da manhã, saímos de novo para explorar a cidade, desta vez na zona mais a Sul, começando pela Rua Rákóczi, um dos seus eixos principais.
Por aqui, vamos encontrar um dos principais museus, vários edifícios de referência e também um grande mercado, até chegarmos ao rio e atravessarmos para a margem oposta.
Museu Nacional da Hungria
O Magyar Nemzeti Múzeum, ou Museu Nacional da Hungria, é a principal instituição húngara dedicada à história, arte e arqueologia. Foi fundado no início do século XIX, num edifício neoclássico, projetado com influências de elementos da arquitetura grega e romana. A fachada é grandiosa, com uma série de colunas coríntias que sustentam o pórtico principal.
O museu contém uma vasta coleção que abrange desde a pré-história até os tempos modernos, incluindo tesouros arqueológicos e históricos de grande valor.
Zona das Universidades e a Rua Váci
Esta zona da cidade, onde se encontram várias universidades, tem um ritmo de vida especial, que dependerá, naturalmente, do próprio ritmo das atividades académicas. Nesta altura, decorria uma espécie de bênção das fitas e encontrámos os estudantes muito bem vestidos (mas nada de trajes académicos) e todos com ramos de flores, entrando e saindo das igrejas do bairro… numa cerimónia que me pareceu bem mais sóbria e elegante, do que o equivalente em Portugal.

Umas ruas mais frequentadas desta zona, e que nos conduz até ao mercado central, é a Rua Váci, uma das principais e mais famosas vias pedonais do centro de Budapeste. É essencialmente uma rua de restaurante e cafés, mas também com algum comércio dedicado ao turismo, com venda de souvenires. Embora não seja um local particularmente interessante e apelativo, valerá a pena percorrer esta rua, pelo menos uma vez.

Great Market Hall
No final da Rua Váci chegamos ao Grande Mercado Central (Nagy Vásárcsarnok), um dos marcos históricos da capital húngara e uma atração popular para turistas, embora também sirva como um verdadeiro mercado onde os locais compram produtos frescos e tradicionais.
O edifício tem uma estrutura de três andares e foi inaugurado em 1897, com influências do estilo neogótico, com telhados cobertos por azulejos cerâmicos coloridos. A sua fachada é marcada por um grande arco central e elementos decorativos, com um efeito visual interessante e colorido.

No andar térreo vendem-se os produtos frescos e as comidas, e dá até para experimentarmos algumas receitas tradicionais húngaras, como lángos, salames e queijos locais. O andar superior está reservado à venda de souvenirs e artesanato húngaro, como as toalhas bordadas.
Liberty Bridge, Universidade Técnica e Szkéné Theater
Saindo do mercado junto à margem direita do Danúbio, aproveitámos para uma breve paragem contemplando a margem oposta, onde fica a antiga cidade de Buda, e a ponte que ali cruza rio, a Szabadság híd ou Ponte da Liberdade.
Trata-se de uma ponte metálica com estrutura treliçada, com 333 metros de comprimento e 20 metros de largura, pintada de verde e com detalhes em art nouveau. Nos topos das torres erguem-se quatro grandes Turul, a mítica ave húngara, símbolo nacional. Por tudo isto esta ponte é uma das imagens de referência desta zona do rio e da própria cidade
Por detrás da ponte é visível o Monte Gellért, onde tentaríamos subir mais tarde, e que é assinalado por uma estátua que fica no topo, que faz parte da chamada Citadella.

Fixando-nos agora no lado esquerdo da ponte, vamos encontrar dois edifícios majestosos. O mais afastado, que é também o maior, é o Campus da Universidade Técnica e de Economia de Budapeste.
A Budapesti Műszaki és Gazdaságtudományi Egyetem – BME é uma das instituições de ensino superior mais antigas e prestigiadas da Hungria. Foi fundada em 1782 e foi a primeira universidade da Europa a conceder diplomas de engenharia.
Dentro deste complexo majestoso do campus universitário, fica localizado o Teatro Szkéné, um teatro fundado em 1970, que é um dos espaços mais importantes do teatro alternativo da cidade. Nasceu como projeto universitário e rapidamente ganhou fama pelas produções experimentais e inovadoras, acolhendo peças contemporâneas, dança e performances fora do circuito tradicional.

O outro edifício deste lado do rio é um luxuoso hotel que, atualmente, se encontra em obras, embora continuem a ser usadas as suas termas, que são uma referência da cidade.
Termas Gellért
Inauguradas em 1918, estas termas fazem parte do Hotel Gellért e são os segundos banhos termais mais famosos de Budapeste… os mais importantes são as Termas de Széchenyi, onde já estivemos.
O prédio é um verdadeiro tesouro da arquitetura art nouveau húngara, com mosaicos coloridos, colunas de mármore, vitrais e esculturas decorativas.
No interior destaca-se a piscina principal coberta, com um belíssimo teto de vidro e colunas esculpidas, mas há também um conjunto de outras piscinas, saunas, banhos turcos, jacúzis e salas de massagem. Também há uma piscina ao ar livre e até uma outra com ondas artificiais, mas isso será para reproduzir uma praia durante o verão e não para fazer tratamentos.
As águas, com temperaturas entre 35 e 40°C, que vêm das fontes termais do Monte Gellért, já eram conhecidas desde os tempos dos romanos, e são ainda bastante ricas em minerais, como cálcio, magnésio e sulfato, sendo usadas para tratamentos de saúde e relaxamento, com benefícios para as artrites, problemas circulatórios e dores nas articulações... mesmo o que eu estava desesperadamente a precisar.
A estética art nouveau, com mosaicos, colunas e luz natural filtrada pelo teto de vidro, é perfeita para um ambiente sofisticado e com um toque europeu antigo... e por isso, já ali foram gravadas as cenas de alguns filmes.

Citadella e Estátua de São Geraldo Sagredo
Confesso que depois de caminhar tanto e durante tantos dias, aquilo que mais precisava era de ficar de molho em banhos termais, para tentar recuperar o físico, que já vinha a ceder há algum tempo. Mas, em vez disso, o programa era encontrar os acessos até ao alto e subir a Colina Gellért, onde existe um importante monumento da cidade, que é chamado de Citadella, e que é também um excelente miradouro para apreciarmos uma paisagem completa sobre Budapeste.
Desta vez, deixámos de lado o planeamento e recusámo-nos a fazer esta escalada… e só isso me salvou.
Mas não deixo de mencionar que, quem tiver coragem para caminhar até ao alto do Monte Gellért (ou resolver apanhar um Uber que os leve até lá, o que recomendo), vai encontrar a Citadella, uma fortaleza que foi construída pelo Império dos Habsburgo, após a Revolução austro-húngara de 1848, com o objetivo reforçar o controle austríaco sobre a cidade e prevenir novas insurreições.
A estrutura possui 220 metros de comprimento, 60 metros de largura e paredes de 4 metros de altura e, originalmente, estava equipada com 60 canhões.
Mas mais do que as referências militares, na Citatella destaca-se sobretudo a Estátua da Liberdade, uma figura feminina que segura uma folha de palma, e que é visível de vários pontos da cidade, tornando-se até um dos seus símbolos.

Depois de um merecido período de descanso e recuperação, voltámos mais tarde ao caminho, subindo apenas parcialmente a colina de Gellért, até chegarmos à Estátua de São Gerardo Sagredo.
Este monumento é dedicado a este Santo, que foi o primeiro bispo de Csanád, e desempenhou um papel crucial na conversão dos magiares ao cristianismo, naquela época, no século XI. A estátua apresenta o São Gerardo segurando uma cruz virada para a cidade de Peste, simbolizando os seus esforços missionários. Diz-se ainda que este monumento estará situado no local exato onde o Santo foi martirizado, no ano de 1046.

Atualmente os diversos locais de visita no Monte Gellért, são principalmente miradouros turísticos, que valem pelas vistas panorâmicas que oferecem sobre a cidade e do rio Danúbio.
Regressámos à margem de Peste atravessando mais uma das pontes importantes desta cidade, a Ponte Erzsébet, que quer dizer Isabel ou Elisabeth. Foi inaugurada em 1903, dedicada à imperatriz Sissi, Elisabeth da Áustria, e era, naquela época, a maior ponte suspensa do mundo. Foi destruída na Segunda Guerra Mundial e só veio a ser reconstruída nos anos 1960, com este design moderno e minimalista em branco, contrastando com as outras pontes mais ornamentadas da cidade.

Igreja da Bem-Aventurada Virgem Maria
Ao chegarmos de novo à margem esquerda encontramos a Igreja Paroquial do Centro Histórico de Budapeste, que é oficialmente conhecida como Igreja da Bem-Aventurada Virgem Maria.
Está localizada no coração da baixa da cidade de Peste, e é talvez a principal igreja católica de Budapeste, com origens que remontam ao período românico.
Ao longo dos séculos, passou por diversas transformações arquitetónicas, incluindo reconstruções nos estilos gótico e barroco. Durante o domínio turco, foi convertida numa mesquita, e ainda hoje é possível observar um mihrab dessa época na parede Sudeste do santuário.

Edifícios clássicos da cidade
Nesta parte da cidade encontramos um conjunto de edifícios clássicos extraordinários, sobretudo junto ao eixo principal, junto à Rua Szabad sajtó, por onde entramos vindos da ponte.
Trata-se de uma zona central da antiga cidade de Peste, com uma forte densidade histórica e com vários edifícios dos finais do século XIX e início do século XX. Alguns destes edifícios foram construídos no chamado estilo eclético, que mistura a neorrenascença, o neobarroco e o art nouveau, que são típicos do apogeu da expansão urbana de Budapeste.
Um desses edifícios é chamado de Párisi Udvar, e é um dos exemplos mais impressionantes de arquitetura histórica em Budapeste, inspirado nas passages parisienses do século XIX, num estilo com traços visíveis ao estilo art nouveau.

Um outro conjunto arquitetónico relevante desta zona, também localizado na Szabad sajtó, pouco depois da saída da Ponte Elisabeth, é chamado de Palácios Gémeos. Construídos entre 1899 e 1902 para a arquiduquesa Clotilde de Habsburgo, funcionam como hotéis de luxo, o Matild Palace e o Luxury Collection Hotel.

Para selecionar só mais um dos grandes edifícios desta zona, escolho o Maverick City Lodge Downtown, mais um hotel que ocupa um elegante edifício do final do século XIX, construído também em estilo eclético. Originalmente foi criado para habitação de luxo e comércio, e hoje funciona como hotel, também de luxo… mas neste caso, e apesar de tanto luxo, será fácil conseguirmos entrar no edifício, não no hotel, mas nas lojas do Starbucks ou do Lidle que ocupam uma parte do rés-do-chão do prédio.

Baixa da cidade de Peste
Na envolvente destes edifícios clássicos, vamos encontrar um conjunto de ruas pedonais, com lojas, cafés e restaurantes, que ocupam os espaços empedrados com as suas esplanadas. São ruas animadas de uma parte da cidade com um nível muito elevado, desde logo, pela proximidade de alguns hotéis e restaurantes de luxo.

Percorrendo aleatoriamente este conjunto de ruas – onde também se encontram várias lojas com serviços de massagens tailandesas, o que será tentador, sobretudo pelo estado dos pés e das pernas de alguns caminheiros – acabamos por chegar à Rua Károly, uma alameda larga com o separador central cheio de árvores, e que é mesmo conhecida como o Pequeno Bulevar.

Ainda nesta mesma rua, ergue-se um bonito edifício histórico, o Palácio Anker. Trata-se de um prédio no final do século XIX, que é um exemplo notável da arquitetura neorrenascentista, sendo um dos marcos da cidade em termos de design.
Atualmente, o Anker Palota continua a ser um local importante, conhecido pela sua fachada imponente e os seus detalhes arquitetónicos marcantes.

Entre esta avenida e o rio fica a baixa, ou centro histórico, da antiga cidade de Peste. Esta zona deverá ser explorada um pouco sem rumo certo, só percorrendo as ruas que mais nos forem atraindo, algumas delas pedonais e mais apelativas, como as Ruas Párizsi, Haris ou Váci, que poderão também ser interessantes durante o serão, quando procurarmos por um restaurante para jantar.
Bairro Judeu e Sinagoga
Entramos agora num dos bairros típicos da cidade, o bairro judeu, onde se destaca a sua Sinagoga. Com dimensões colossais, a Sinagoga de Budapeste é a segunda maior do mundo, superada apenas pela de Jerusalém. Mede 53 x 26 m e tem assentos para 2.964 pessoas.
O edifício, que inclui ainda o Museu Judaico e o Memorial do Holocausto, foi construído entre 1854 e 1859, seguindo um estilo predominante mourisco, embora também combine alguns detalhes bizantinos e góticos.
Durante a Segunda Guerra Mundial, os nazis fizeram dos arredores da sinagoga um gueto judeu que, posteriormente, se tornou num campo de concentração. Desse lugar, muitos judeus foram enviados para campos de extermínio, mas mesmo daqueles que escaparam a este destino, mais de 2.000 morreram neste bairro de fome e frio, e os seus corpos foram enterrados no cemitério desta Grande Sinagoga.

Voltámos ao bairro judeu para jantar, já que é conhecido por ser animado durante a noite. Mas reconheço que se trata de uma vida noturna algo estranha… entrámos às 21h em restaurantes cheios de lugares, e dizem que está tudo reservado; quando finalmente nos deixam sentar, servem-nos a correr pois os restaurantes encerram às 22h, não se percebe.
Mas no meio de tudo isso encontrámos um sítio interessante, numa das ruas mais animadas, a Rua Kazinczy, com vários bares, cafés e restaurantes, e onde existe o Street Food Karavan.

Trata-se de uma espécie de mercado de street food, ao ar livre, mas com vários toldos, com diversas barracas que servem iguarias de boa qualidade, que podemos consumir numa das mesas disponíveis, em pé ou sentado, ou em alguns sofás que também compõem a decoração do espaço. A comida vai desde o paraíso do queijo Paneer, os hambúrgueres do Zing, a alternativa vegana do Las Vegan's e também alguns pratos internacionais, como a culinária italiana do Vespa Rossa ou o MexKitchen… um ambiente muito giro.
Percurso 3
Neste percurso vamos passar pelos principais locais e monumentos do centro da cidade de Peste, junto à margem esquerda do Danúbio, onde se encontra a principal atração da capital húngara, o edifício do Parlamento.
Praça Vigadó, Praça Vörösmarty e a Roda Gigante
Seguindo num primeiro trajeto de Tram, e sempre se poupam alguns quilómetros a pé, chegámos à marginal, já perto do centro histórico, na margem esquerda do Danúbio.
A primeira paragem aconteceu na Praça Vigadó, um bonito jardim junto ao teatro com o mesmo nome, o Vigadó, a segunda maior sala de concertos da cidade, embora haja registos de que a sua acústica será deficiente, mas para quem vê apenas de fora, o edifício, de meados do século XIX, é bastante bonito.

A Vörösmarty é uma das praças mais importantes de Budapeste e um ponto central e movimentado do centro histórico, rodeado por cafés, lojas e restaurantes.
A praça tem um grande monumento em homenagem ao poeta húngaro Sándor Petőfi e, durante as festas e celebrações, é um local popular para eventos ao ar livre.
Assim, é expectável que se encontre um ambiente animado, com muita gente, complementando a bonita arquitetura dos edifícios que contornam este espaço, numa mistura de elementos históricos e modernos.

A Ferris Wheel é conhecida como Budapest Eye, uma roda-gigante que atinge os 65 metros de altura e fica localizada na Elizabeth Square, muito próxima da Praça Vörösmarty. A roda foi inaugurada em 2017 e serve, sobretudo, para quem queira apreciar uma vista panorâmica da cidade, tanto de dia quanto à noite, quando as luzes da cidade iluminam a paisagem.

Ópera Estatal Húngara
O edifício da Ópera da cidade de Budapeste é um marco notável da Avenida Andrássy e um dos teatros de ópera mais prestigiados da Europa. Foi inaugurado em 1884 e é um dos edifícios mais importantes de Budapeste, tanto do ponto de vista arquitetónico quanto cultural.
A construção foi projetada em estilo neorrenascentista, com elementos de inspiração italiana e francesa. A fachada do edifício é impressionante, com colunas majestosas, esculturas e detalhes ornamentais, refletindo a grandiosidade da época.

No interior, o teatro conta com uma sala de espetáculos luxuosa, com capacidade para 1.200 pessoas, onde se encontram algumas decorações com afrescos, dourados e lustres, num conjunto que transmite uma sensação de opulência e sofisticação.
Esta Ópera é um centro cultural importante, não apenas para a música clássica, mas também para a dança, com apresentações de ballet, concertos e ópera… e quem não conseguir assistir a um espetáculo, poderá apenas apreciar o bonito hall de entrada.

Basílica de Santo Estêvão
Ao voltarmos de novo ao centro, pela Avenida Andrássy, vamos começar por encontrar o tardoz da Basílica de Santo Estêvão (ou Szent István-bazilika), um dos monumentos mais emblemáticos de Budapeste, dedicada ao primeiro rei da Hungria, Estêvão I (975–1038), cuja mão direita mumificada é preservada como relíquia no interior da igreja.

Construída entre 1851 e 1905, a basílica apresenta uma arquitetura neoclássica imponente, com a sua planta em formato de uma cruz grega e com uma cúpula que atinge 96 metros de altura, tornando-a num dos edifícios mais altos da cidade, juntamente com o Parlamento.

No interior, além da relíquia sagrada, os visitantes podem admirar decorações ornamentadas, sobretudo do seu belíssimo altar-mor, criado em estilo neoclássico, com uma estátua de mármore branco do rei Santo Estêvão e rodeada por colunas e uma cúpula semicircular.
O conjunto transmite imponência e solenidade, simbolizando a dedicação do templo ao primeiro rei da Hungria e reforçando a ligação entre a fé católica e a identidade nacional húngara.
Uma outra atração desta basílica é o seu órgão, construído em 1905 e depois ampliado, e um dos maiores da Hungria, com milhares de tubos e uma sonoridade impressionante. Encontra-se na galeria principal e é usado tanto nas missas como em concertos regulares, tornando-se numa das grandes atrações desta igreja.
Na visita à basílica é ainda possível aceder a um terraço panorâmico na cúpula, proporcionando vistas sobre o centro histórico, mas a imagem mais interessante desta igreja é aquela que podemos apreciar quando contemplamos a fachada principal a partir da Szent István tér, a Praça de Santo Estêvão.

Saindo desta praça em direção ao rio vamos caminhando ao longo da Rua Zrínyi, mais uma rua pedonal bastante animada.

Soviet War Memorial e Memorial for Victims of the German Occupation
Fizemos agora um percurso um pouco mais longo, até para ir conhecendo as várias ruas do centro, e chegámos à Liberty Square, onde se encontra o Memorial da Guerra Soviética, erguido para homenagear os soldados soviéticos que lutaram e morreram durante a Segunda Guerra Mundial na Libertação de Budapeste, em 1945, quando a cidade foi libertada do domínio nazi pelas forças soviéticas.
O memorial é composto por um obelisco de mármore com 15 metros de altura, no centro de um pequeno espaço ajardinado.
No topo está uma estrela que é o símbolo do Exército Vermelho. Na base encontram-se inscrições em russo e húngaro, dedicadas aos soldados soviéticos que morreram em 1945 durante as batalhas da libertação de Budapeste do domínio nazi.

No lado oposto da Praça da Liberdade há uma outra instalação mais moderna, o Memorial das Vítimas da Ocupação Nazi.
Este Memorial foi erguido em 2014 por iniciativa do governo de Viktor Orbán para assinalar a ocupação alemã da Hungria em março de 1944. É formado por uma escultura que mostra um Arcanjo Gabriel (símbolo da Hungria) sendo atacado por uma águia imperial alemã (símbolo do Terceiro Reich), e pretende homenagear “todas as vítimas da ocupação alemã”, independentemente da sua origem.
Mas este Memorial gerou forte controvérsia dentro e fora da Hungria, sob o argumento de que a obra passa uma imagem de inocência da Hungria, como se o país tivesse sido apenas vítima da ocupação nazi, ignorando o papel ativo do regime húngaro da época (o governo de Miklós Horthy) na colaboração com os nazis e na deportação de cerca de 437 mil judeus húngaros para Auschwitz… é apenas Victor Orbán a ser ele próprio, fiel às suas ideias nacionalistas e de extrema-direita, protegendo a imagem de um governo colaboracionista com o poder alemão.
Para historiadores e comunidades judaicas, o monumento representa uma tentativa de reescrever a história, branqueando a responsabilidade húngara no Holocausto. Em protesto, sobreviventes do Holocausto e seus descendentes, ativistas e outros cidadãos, ergueram em frente ao memorial uma “contramemória” espontânea: uma instalação com fotos, velas, malas e objetos pessoais, lembrando as vítimas de forma direta e testemunhal… e hoje encontramos também esse Memorial que é alimentado pelo contributo espontâneo das pessoas.

Parlamento húngaro
Ao nos aproximarmos do Parlamento húngaro, começámos pela praça Kossuth Lajos, que está localizada em frente à sua entrada principal, mas não é deste lado que fica a fachada mais conhecida do edifício, que é sobretudo visível a partir da margem oposta do rio Danúbio.
O Parlamento Húngaro (ou Országház) é o edifício mais importante da Hungria e o principal símbolo da cidade de Budapeste.
Está localizado junto à margem esquerda do Rio Danúbio, no lado de Peste, com vista para Buda e para o Castelo, e é justamente a paisagem deste imenso palácio, enquadrada com imagem do rio, que melhor representa a cidade de Budapeste e a própria Hungria.
O palácio foi construído num estilo arquitetónico neogótico, com influências renascentistas e barrocas, com inspiração no Palácio de Westminster em Londres.
Destaca-se sobretudo pela bela cúpula central de 96 metros de altura, (o 96 é mesmo um número de referência para a história deste país – em que o ano de fundação da Hungria aconteceu em 896 d.C., e o milénio de sua existência, com diversos eventos relevantes, em 1896).
A construção começou em 1885 e foi concluída em 1904, segundo um projeto do arquiteto húngaro Imre Steindl. Constitui um dos maiores e mais importantes parlamentos da Europa, com 268 metros de comprimento e 123 metros de largura. Tem um total de 691 salas, 10 pátios, e cerca de 20 km de escadarias.
As melhores imagens deste edifício são as captadas a partir de Buda, na margem direita do Rio, ou mesmo do interior de um dos barcos que fazem cruzeiros no Danúbio, com o objetivo de proporcionar as mais belas paisagens da cidade.

À noite, o edifício está totalmente iluminado, criando uma imagem espetacular quando observamos à distância, o que torna obrigatório uma caminhada à beira-rio do lado de Buda ou um passeio noturno de barco… e optámos exatamente por uma das viagens de barco durante a noite, que são muito populares, e que nos proporcionou algumas das mais incríveis imagens desta cidade.

Sapatos a Beira do Danúbio
Ao percorrermos a margem do rio do lado de Peste, vamos ainda encontrar uma instalação artística ao ar livre, chamada "Sapatos à Beira do Danúbio", criada em 2005 pelos artistas Can Togay e Gyula Pauer.
Trata-se de um dos Memoriais mais emocionantes e simbólicos da cidade de Budapeste, um tributo silencioso, mas muito poderoso, às vítimas do Holocausto. É composta por 60 pares de sapatos de ferro, fixados no pavimento ao longo do rio, que representam o calçado que foi deixado para trás pelos judeus húngaros que ali foram executados durante a Segunda Guerra Mundial pelos milicianos do Partido da Cruz Flechada (uma polícia política local, fascista e pró-nazi, que funcionava sobre a alçada do governo húngaro, colaboracionista com os nazis).
As vítimas eram forçadas a tirar os sapatos, que eram considerados valiosos, e eram depois mortas e atiradas ao rio. Os sapatos são de estilos variados, incluindo masculinos, femininos e infantis, o que reforça ainda mais uma sensação dolorosa que esta instalação provoca a quem a observa de forma introspetiva.
A simplicidade do memorial contrasta com o peso de sua mensagem - é comum assistir a pessoas comovidas e num silêncio profundo, prestando a sua homenagem, e ver flores, velas ou pedras, deixadas pelos visitantes, marcando assim a sua presença neste memorial.

Academia de Ciências da Hungria
Depois de uma pausa para reflexão e homenagem às vítimas que ali são representadas, temos ainda um último ponto de paragem nesta zona de Peste, que é a Academia de Ciências da Hungria, uma das instituições mais respeitadas do país, tanto pelo seu papel científico quanto pela sua arquitetura monumental.
É a principal instituição científica da Hungria, fundada para promover e apoiar a pesquisa científica, preservar a língua húngara e disseminar conhecimento. Foi fundada em 1825 e apoia centenas de pesquisadores em diversas áreas: ciências naturais, sociais, humanas e tecnológicas.
A sede da Academia está localizada num prédio neorrenascentista bastante bonito, localizado junto ao Rio Danúbio, e bem próximo da Ponte das Correntes, e serve de base a salas de conferência, bibliotecas e arquivos históricos, além de eventos científicos e culturais.
Percurso 4
No dia seguinte percorremos o trajeto que nos levou pelas colinas que formam a margem direita do rio Danúbio, na antiga cidade de Buda.
Ponte das Correntes
O nome húngaro de Széchenyi Lánchíd, que se traduz para português como Ponte das Correntes, corresponde à ponte mais icónicas da cidade de Budapeste.
Tal como todas as pontes da capital da Hungria, também esta cruza o rio Danúbio, ligando os lados de Buda e Peste, que juntos formam a cidade. Mas esta é a mais antiga de todas as pontes, tendo sido a primeira passagem permanente sobre o Danúbio na zona de Budapeste, quando foi inaugurada em 1849. Foi idealizada pelo conde István Széchenyi, um grande reformista húngaro e é por isso que o seu nome oficial é Széchenyi Lánchíd.

Trata-se de uma ponte com duas torres de pedra sobre o rio e com os tabuleiros suspensos por correntes metálicas… formando um conjunto que é indiscutivelmente bastante bonito.

A ponte foi destruída durante a Segunda Guerra Mundial pelos nazis, como quase todas as pontes de Budapeste, e foi depois reconstruída em 1949. Recebeu ainda algumas renovações depois disso e, na última intervenção, foram abertas faixas para pedestres e veículos.
A Ponte das Correntes tem um simbolismo muito especial, representando a união entre Buda e Peste, e em cada uma das margens encontram-se as estátuas de dois leões, que guardam as entradas da ponte e constituem a sua principal marca distintiva.

Do alto do castelo, a imagem da ponte ganha uma importância especial, surgindo como um traço elegante de ferro e pedra a ligar Buda e Peste, com as enormes estátuas de leões a guardarem as suas entradas. O Danúbio reflete o brilho do sol, realçando o verde-acinzentado das suas águas e a ponte é claramente o elemento dominante.
Várkert Bazár e Funicular do Castle Hill
Depois de atravessarmos a ponte até à margem de Buda, encontramos o Funicular do Castle Hill, que nos pode levar ao topo da colina onde fica o castelo, e existem também as escadas que nos permitem fazer essa subida a pé… mas deixaríamos para um pouco depois a decisão dessa escalada.
Seguimos primeiro pela avenida marginal até ao chamado Várkert Bazár. Trata-se do Mercado do Jardim do Castelo, que é um complexo histórico do final do século XIX, localizado no sopé da colina do castelo, e que era originalmente um mercado coberto e uma área de lazer pública.
Este complexo é famoso pelas imponentes arcadas de pedra, as escadarias e os terraços ajardinados, onde se identificam diversos detalhes neorrenascentistas.
Atualmente, o Várkert Bazár serve como um centro de arte e cultura e é um ponto de interesse turístico, com várias galerias de arte, lojas e restaurantes, mas também como centro de exposições.

Entretanto, optámos por subir pelo Funicular do Castle Hill e voltámos à Praça Clark Ádám. Trata-se de um equipamento de 1870, e um dos mais antigos da Europa, que sobe 90 metros, entre o nível do rio Danúbio e o topo da colina do Castelo.
Ficámos algum tempo na fila para adquirir os respetivos bilhetes e, quando soubemos o preço, percebemos que íamos ser assaltados… 12,7€ ida e volta (e nem havia bilhete só de ida), para uma subida de menos de 40 segundos (só como exemplo, dois anos antes, em Zagreb, a capital da Croácia, uma subida equivalente num funicular, também ele um dos mais antigos da Europa, custou-nos 83 cêntimos, que era 1 cêntimo por cada um dos 83 metros da subida).
Mas apesar deste roubo, lá fizemos a nossa subida de sorriso nos lábios, quando poderíamos perfeitamente ter optado por subir pelas escadas.
Castelo de Buda
No topo da colina situa-se o complexo do Castelo de Buda, formado por um conjunto de palácios, entre os quais, o Palácio Real, que foi residência oficial dos reis da Hungria.
A figura deste complexo desempenha o papel dominante na colina de Buda, e é visível da cidade de Peste com a sua imponência monumental, o que faz dele um dos ex-libris da capital húngara.

O local é visitado pelos turistas que procuram desfrutar das melhores paisagens sobre Budapeste e o Rio Danúbio, mas há também outros atrativos, para quem quiser visitar o interior destes palácios, com várias salas, galerias e museus, como a Biblioteca Széchenyi, a Galeria Nacional Húngara e o Museu de História de Budapeste.
O Castelo de Buda foi construído no século XIII, ampliado no período renascentista e destruído várias vezes ao longo da história, sobretudo durante a ocupação Otomana e, mais recentemente, durante a Segunda Guerra Mundial.
Depois de restaurado no pós-guerra, deixou de ser residência real e foram sendo atribuídas novas funções, sendo hoje um espaço onde se encontram vários museus e a Biblioteca Nacional.
Trata-se atualmente de um dos maiores símbolos históricos e turísticos deste país, mas o seu grande destaque é, sem dúvida, a imagem imponente que ocupa o alto da colina, e que forma, a par do edifício do Parlamento, a principal marca da cidade de Budapeste e da própria Hungria.
Palácio de Sándor
À saída do Castelo fica um edifício histórico que é usado como residência oficial do Presidente da Hungria, o Palácio de Sándor. Foi construído em 1806 em estilo neoclássico e foi inicialmente residência aristocrática, para depois se tornar na sede oficial do primeiro-ministro húngaro. Gravemente danificado na Segunda Guerra Mundial, permaneceu em ruínas até ser restaurado, já recentemente, entre 2000 e 2002, para voltar a ser a residência oficial do Presidente da Hungria e local de cerimónias de Estado.

Além da fachada do palácio, que é bastante bonita, é também muito conhecida a cerimónia do render da guarda que ocorre diante do edifício, na mudança dos turnos dos soldados.
Ruas de Buda
Percorremos depois as ruas de Buda, sempre na parte muralhada da antiga cidade, onde se encontram algumas atrações, como o Labirinto do Castelo - um sistema de túneis subterrâneos que é usado como uma atração turística misteriosa, e que leva os visitantes a entrar num teatrinho assustador; ou a Casa de Houdini - um museu sobre a o famoso ilusionista e escapista nascido em Budapeste em 1874.

Pouco depois, ao chegarmos à Praça da Santíssima Trindade, encontramos a belíssima fachada do edifício do Ministério Real das Finanças húngaro e, logo ao lado, a extraordinária Igreja de Matias.
Antigo Ministério Real das Finanças da Hungria
Este bonito edifício foi construído entre 1899 e 1901 em estilo neogótico, num conjunto estético em harmonia com a vizinha Igreja de Matias. O edifício tornou-se a sede do Ministério das Finanças do Império Austro-Húngaro na parte húngara da monarquia e, mais tarde, da Hungria independente. Sofreu danos significativos durante a Segunda Guerra Mundial e, nas décadas seguintes, perdeu parte da sua ornamentação original. Após longos anos de uso administrativo e algum abandono, durante o período do governo comunista, iniciou um processo de restauração, já no século XXI, para recuperar os seus traços históricos e devolver-lhe a importância que desempenhava no conjunto arquitetónico do Castelo de Buda.

Igreja de Matias
Esta parte da antiga cidade de Buda funciona como miradouro privilegiado sobre a zona do Danúbio onde se ergue o Parlamento, mas constitui também uma bonita paisagem quando é observada do lado de Peste ou de uma das pontes da cidade, com uma silhueta onde se destaca a torre do campanário da Igreja de Matias.
Esta é uma igreja católica que foi construída entre os séculos XIII e XV e sofreu uma importante reforma no final do século XIX e, atualmente, o seu estilo é predominante o neogótico, onde se salienta a bonita torre do campanário.

Era chamada de Igreja de Nossa Senhora, mas ficou conhecida como Igreja de Matias porque o rei Matias Corvino, um dos mais famosos reis da Hungria, ali se casou duas vezes.
Ao longo da sua história chegou a ser transformada numa mesquita, no período de ocupação Otomana, no século XVI.
No seu interior estão as sepulturas do rei húngaro Bela III e da sua esposa Ana de Châtillon, e é usada para casamentos reais e coroações, uma das mais importantes foi a de Carlos IV, o último rei da dinastia dos Habsburgo, em 1916.
Graças à sua acústica, a Igreja Matias também é muito utilizada para concertos de música clássica, especialmente de órgão.
Bastião dos Pescadores
Por detrás da Igreja de Matias encontra-se o chamado Bastião dos Pescadores. Trata-se de uma atração muito visitada, sobretudo pelas incríveis vistas que proporciona sobre o Danúbio e o Parlamento húngaro.
Este monumento foi construído entre 1895 e 1902, em estilo neogótico e neorromânico, como parte das comemorações dos mil anos da Hungria e, apesar do seu nome, nunca foi uma fortaleza militar, mas sim uma obra que homenageia a classe dos pescadores, que supostamente defendia essa parte da muralha da cidade durante a Idade Média.
Se quisermos subir a um dos terraços do complexo do Bastião teremos de pagar bilhete, mas podemos descer a imensa escadaria sem nada pagar, e teremos acesso às mesmas paisagens. Esta escada vai-nos conduzir até à baixa de Buda, junto ao rio, enquanto deixamos para trás a imagem de uma outra perspetiva do conjunto que forma este Bastião dos Pescadores.
Igreja Reformada da Praça Szilágyi Dezső
Já na baixa de Buda, encontramos um bairro elegante com edifícios clássicos e monumentais, mas o nosso objetivo era percorrer a marginal até ficarmos em frente ao Parlamento. Mas, pelo caminho, fomos apreciando o bairro e fizemos uma primeira paragem junto à Igreja Reformada da Praça Szilágyi Dezső.
Trata-se de uma igreja protestante, construída no final do século XIX, num edifício neogótico com uma estrutura feita em tijolos vermelhos e com um campanário muito esguio, com 62 metros de altura.
Os telhados são adornados com telhas esmaltadas que definem desenhos em tons de grená, amarelo e verde, o que dá a esta igreja um aspeto muito singular.
A sua imagem é marcante na paisagem do lado de Buda, diferenciando-se dos demais edifícios e monumentos, pela sua tonalidade avermelhada. Mas a melhor forma de apreciarmos esta igreja, não é quando estamos lá perto, mas sim quando a observamos da margem oposta ou do passadiço da Ponte das Correntes, que é quando a sua silhueta mais se destaca.
Depois de uma caminhada pela marginal posicionámo-nos bem em frente do Parlamento húngaro, e ficámos por ali algum tempo a contemplar e belíssima arquitetura deste fantástico monumento, cujas fotos tenho vindo a mostrar ao longo do texto desta crónica.
Terminámos assim da melhor forma esta visita à cidade de Budapeste… faltava apenas regressar ao centro, desta vez haveríamos de ir de Tram, e para fechar mesmo em beleza, iriamos ainda fazer um passeio noturno num dos muitos barcos que percorrem o Danúbio de dia e de noite e que nos oferecem paisagens de nos fazer tirar o fôlego.
Foram estas as últimas imagens que guardámos, imagens deslumbrantes desta cidade lindíssima que iremos recordar como uma das mais belas de toda a Europa.