segunda-feira, 18 de abril de 2022

Cantábria

A nossa primeira experiência nesta região aconteceu enquanto visitávamos os Picos de Europa, do lado mais Oriental desta cordilheira, onde o acesso à montanha se faz através do Teleferico Fuente Dé. Mas nesta zona da Cantábria junto aos Picos de Europa existe um outro local bastante interessante, trata-se da vila medieval de Potes, que fica a pouco mais de 20km do teleférico e que quisemos visitar.

Foi por aí que entrámos nesta região do Norte de Espanha, seguindo depois até perto da costa onde visitámos as vilas de Comillas e Santillana del Mar, onde se encontra o complexo paleolítico de Altamira e, mais tarde, visitámos também a cidade de Santander, a capital da região da Cantábria.

Não posso deixar de registar que esta região espanhola não é particularmente extraordinária, apesar dos lugares que visitámos se terem revelado interessantes, mas, por exemplo, não tem uma grande cidade, pois Santander fica muito aquém de outras cidades espanholas. Assim, esta zona acaba sempre por ser visitada de passagem, para quem vem ou vai entre os Picos e o País Basco, e foi também assim que a visitámos… ficou-nos em caminho.

O nosso percurso pela Cantábria seguiu mais ou menos os trilhos identificados neste mapa:   


Potes

É um dos vilarejos mais pitorescos de toda a Cantábria, situa-se em torno dos rios Quiviesa e Deva, na zona histórica da antiga província da Liébana, uma área de onde se avistam as montanhas imponentes dos Picos de Europa.

O centro histórico da vila de Potes leva-nos no imediato às referências medievais, com as suas ruas apertadas, as pontes que atravessam o rio e um conjunto de edifícios e monumentos com séculos de história.


Alguns dos edifícios e palacetes que encontramos são monumentos importantes e constituem a marca deste povoado, apesar da sua aparente simplicidade, em estilo barroco, construídos em alvenaria de pedra à vista.

Assim, encontramos referências importantes como a Casa-torre de Orejón de la Lama, uma torre quadrada de três andares, ou a Torre do Infantado, uma robusta construção do século XV, que até pouco tempo era a sede do Ayuntamento e é atualmente um dos principais monumentos da vila, que domina a sua praça central, a Plaza Capitán Palacios.

Encontramos também uma importante referência religiosa, a Igreja Paroquial de San Vicente, que possui alguns elementos construtivos que vão dos séculos XIV ao XVIII.
O centro histórico da vila de Potes está intrinsecamente ligado ao rio que o atravessa, o Quiviesa, só mais à frente é que este rio se junta com o rio Deva. Assim, a imagem desta zona histórica é marcada pelas suas pontes, uma delas mais recente, que é mesmo chamada de Puente Nuevo, e as outras duas mais antigas, as pontes de La Cárcel e de San Cayetano.


Além do centro histórico mais monumental a vila continua por mais uns quarteirões com a mesma imagem de uma aldeia antiga e pitoresca, sobretudo os edifícios que surgem nas margens do rio Quiviesa, que mantêm o aspeto de construções medievais.

Esta é talvez a zona mais bonita da vila, menos preenchida por esplanadas de rua, e também com menos afluência de turistas, tornando-se assim mais autêntica.


Mas encontramos também nesta parte da vila outras ruas mais turísticas, com bares, restaurantes e esplanadas que acolhem os turistas para uma bebida, ou mesmo para um almoço ou jantar onde poderão provar algumas especialidades desta zona da Liébana, como os guisados de carne de caça ou o típico cocido lebaniego.

         
Voltando ao centro historio, a tal zona com monumentos e pontes, encontramos também um conjunto de ofertas turísticas, como as esplanadas e as galerias comerciais, vocacionadas na oferta de souvenires, e que ocupam quase toda a envolvente da principal praça da vila, a Plaza Capitán Palacios.



Saindo depois de Potes em direção aos Picos de Europa, subimos uma ligeira colina com pouco mais de 2 km, e encontramos o Monasterio de Santo Toribio de Liebana, que justifica uma breve visita. É um mosteiro católico que é considerado um dos cinco lugares do cristianismo que, juntamente com Roma, Jerusalém, Santiago de Compostela e Caravaca de la Cruz (perto de Múrcia), têm o privilégio de emitir indulgências perpétuas… seja lá o que isso for, mas deve ser como quando os processos prescrevem e o perdão se torna eterno!
O mosteiro foi fundado em torno do século VI e venera a Lignum Crucis original (mais conhecida por Vera Cruz, ou a cruz verdadeira, aquela onde Jesus terá sido crucificado) descoberta em Jerusalém por Santa Helena, a mãe do imperador Constantino. Terá sido trazido para este mosteiro o braço esquerdo da Vera Cruz e é aqui mantido num relicário de prata dourada.

No ano de 1961, foi confiada a guarda desta relíquia aos frades franciscanos, e o mosteiro tornou-se num templo franciscano. O aspeto do mosteiro é bastante sóbrio e sem quaisquer luxos, o que é típico das igrejas franciscanas, mas não deixa de ser um edifício bonito, sobretudo pelas suas fachadas.


Descemos depois o caminho que nos iria levar de novo até à vila de Potes, de onde saímos mais tarde para explorar outras paragens da região da Cantábria.

Carlos Prestes
Abril de 2022


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