Escolhi os bairros da zona central da cidade, que ocupam a margem direita do Sena, para começar este primeiro percurso, onde vamos deambulando por entre alguns dos mais importantes edifícios clássicos da cidade, seguindo aproximadamente o roteiro assinalado neste mapa:
L’Opéra Garnier
Este percurso começa numa das praças mais emblemáticas da cidade, a Place de l'Opéra, onde encontramos o imenso edifício da Ópera de Paris, que será sempre muito mais do que apenas uma sala de espetáculos. O edifício que alberga este espaço, o Palais Garnier, é um imponente monumento neobarroco que, juntamente com a Ópera Bastille, constituem a Ópera Nacional de Paris. Mas este é bem mais importante, por toda a sua história, e também pelo fascínio de ter sido este espaço a inspirar a criação da famosa obra "O Fantasma da Ópera".
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Passaram vários anos sem ter visitado o interior do edifício da Ópera Garnier e, só agora em 2023, pude apreciar o luxo e a opulência que este palácio vem exibindo durante os séculos da sua existência. E ainda hoje os espectadores assistem aos espetáculos nesta sala como se viajassem no tempo, voltando a um ambiente que ficou retido na história deste espaço… talvez mais na história ficcionada do que na real, e eu próprio imagino sempre o interior deste teatro associado à figura enigmática do seu fantasma, algures por ali escondido.
Mas a minha visita a esta sala de
espetáculos não iria incluir o privilégio de poder assistir a um espetáculo, nada
disso. Foi apenas uma visita turística normal, acompanhada por um audioguia, que
neste caso até incluía um tablet com imagens e vídeos. Mas, de
qualquer forma, é bem interessante podermos visitar os locais mais importantes deste palácio, como a sua imensa escadaria, o Grand Foyer e, sobretudo, a sua sala de
espetáculos.
A grande escadaria cerimonial, que se divide em dois lances de escada divergentes, é contruída em mármore branco com uma balaustrada de mármore vermelho e verde. É de uma dimensão e de uma beleza que nos impressiona e nos deixa logo rendidos à opulência deste espaço.
Já no primeiro andar encontra-se o Grand Foyer, uma sala fantástica, de um luxo incandescente, sobretudo pelos seus lustres e pelos tetos pintados, a fazer lembrar a Galeria dos Espelhos do Palácio de Versalhes.
Quanto à sala de espetáculos começo por chamar a atenção de que esta nem sempre se encontra disponível para ser visitada, devido à eventual existência de ensaios. Foi o que nos aconteceu, mas não aceitámos que assim fosse e reclamámos... acho que eramos os únicos a reclamar. Mas valeu a pena, validaram-nos os ingressos para podermos voltar noutro dia e assim, voltámos lá, mas perguntámos à porta se a sala de espetáculos estaria aberta e só depois é que entrámos... fica esta nota, antes de comprar os bilhetes façam esta pergunta, para assegurar que vos deixam entrar nos camarotes onde irão poder contemplar uma das mais icónicas salas de espetáculos em todo o mundo.
A sala é enorme, tem 1.979 lugares forrados a veludo vermelho, e apresenta várias superfícies trabalhadas e folheadas a ouro. A sua cúpula central é muito bonita, e forma uma coroa imperial dourada, que envolve a pintura do teto, feita por Marc Chagall em 1964. O candelabro central que pende desta cúpula é, também ele, uma bonita obra de arte, que pesa mais de seis toneladas.
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Mas a imagem mais comum deste palácio, e não menos bonita do que a dos pormenores dos espaços interiores, é aquela que contemplamos correntemente, sempre que passamos junto à belíssima fachada principal do edifício.
Registo ainda que este edifício foi construído após decisão de Napoleão Bonaparte de criar uma nova ópera para a cidade, e de ter sido organizado um concurso de ideias, onde foi escolhido o projeto do jovem arquiteto Charles Garnier.
Durante a construção do edifício, Napoleão considerou necessária a criação de uma avenida que ligasse a Ópera às Tulherias. Por isso, dezenas de famílias foram expulsas das suas casas para que a vontade do imperador pudesse ser cumprida. Foram assim construídos até ao ano de 1875, o próprio edifício do Palais Garnier e a imensa Av. de l'Opéra, composta por diversos edifícios clássicos, bem representativos da arquitetura parisiense.
Só uma breve curiosidade, no evento de inauguração do edifício da Ópera, em 1875, o arquiteto Charles Garnier não foi sequer convidado, visto que as suas relações com Napoleão não eram as melhores, e sabe-se que o arquiteto teve mesmo de pagar o bilhete de ingresso para um espetáculo, para poder apreciar de perto o resultado da sua obra.
O Boulevard dos grands magasins
Logo por detrás do edifício da ópera, a cidade é
atravessada pelo Boulevard Haussmann, que é conhecido como o boulevard des
grands magasins, devido à existência de duas lojas de grande dimensão, os
armazéns Printemps Haussmann e as Galerias Lafayette Haussmann.
Foi neste último centro comercial que resolvi entrar numa das viagens que fiz a Paris, mesmo sem ter intensão de fazer quaisquer compras. Na verdade, o acesso a este espaço comercial foi feito com o objetivo pré-definido a apreciar duas atrações que ali podem ser encontradas... e que nada têm a ver com as magníficas coleções de sapatos de senhora, de marcas como Louboutin, Louis Vuitton ou outras afins, com preços de quatro dígitos cada par. Nada disso, aquilo que quis apreciar é completamente gratuito, e inclui o hall central destas galerias e o terraço do prédio.
O hall principal deste edifício é algo magnífico, ocupa o espaço central onde convergem as galerias comerciais que se desenvolvem nos vários pisos, e é coberto por uma extraordinária cúpula envidraçada, que merece uma visita turística, como se de um monumento se tratasse.
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Place Vendôme
Voltando a descer a Av. de l'Opéra e mudando de direção mais à frente, chegamos a uma outra praça emblemática desta cidade, a Place Vendôme, um espaço que aparenta ter sido desenhado a régua e esquadro, seguindo os padrões do urbanismo clássico francês.
A praça é uma das mais famosas de Paris e encontra-se totalmente rodeada por edifícios sóbrios e imponentes. Mas, em contraponto com essa aparente sobriedade, esta praça é também um dos maiores expoentes do luxo e da opulência, com a presença das principais joalherias parisienses, e com marcas de grande prestígio, como Dior, Chanel ou Cartier… e ainda com um dos mais luxuosos hotéis de toda a cidade, o Ritz.
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A praça chegou a ter uma estátua equestre de Luís XIV, mas que seria destruída durante a Revolução Francesa. Posteriormente, no lugar que antes era ocupado pela figura de Luís XIV, foi colocada uma enorme coluna - a Coluna Vendôme - com um baixo-relevo que imita a original Coluna de Trajano de Roma.
Palais-Royal
O Palácio Real de Paris está situado ao Norte do Museu do Louvre e, curiosamente, e apesar do seu nome, não foi construído como residência para os reis, mas sim para servir de alojamento ao Cardeal Richelieu… uma figura que conhecemos do universo ficcionado de Alexander Dumas, os Três Mosqueteiros. A sua utilização como residência do cardeal, decorreu até à sua morte, e aí, o palácio foi doado à coroa francesa e passou a ser chamado pelo nome que ainda hoje é usado, de Palácio Real.
No piso térreo do Palácio encontramos, em toda a sua periferia, um imenso conjunto de pórticos, que são a principal marca deste edifício.
Durante a sua história os jardins do palácio foram remodelados várias vezes e, numa dessas remodelações, passaram a estar abertos ao público, mantendo-se assim, com acesso livre, até aos dias de hoje. Embora não se tratem de jardins particularmente especiais, o conjunto que ali se forma, com o palácio, algumas estatuetas e a vegetação envolvente, merece ser visitado.
Musée du Louvre
Este imponente palácio que encontramos na margem direita do rio Sena, contém o riquíssimo Museu do Louvre, com uma das maiores e mais importantes coleções de arte de todo o mundo.
Estamos perante o mais importante museu de todo o país e um dos mais conceituados mundialmente. Foi inaugurado nos finais do século XVIII, e continha as coleções da monarquia francesa e o resultado das espoliações impostas durante o império de Napoleão, criando um conceito inovador à época, em que a arte deixava de ser um bem acessível apenas às classes dirigentes e mais favorecidas, para estar disponível para o desfrute do público geral. Desde então e até à atualidade, este museu tem sido visto por vários milhões de visitantes a cada ano.
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O Palácio do Louvre era uma fortaleza do século XII que foi ampliado e reformado em diversas ocasiões, mesmo antes de se transformar num museu, tendo sido utilizado como residência real por alguns monarcas, como Carlos V e Felipe II, e até o próprio Napoleão Bonaparte, numa época em que palácio ia acumulando as coleções artísticas dos seus ilustres inquilinos. Depois da transferência da residência real para o Palácio de Versalhes, este impressionante edifício de 160 mil metros quadrados, começou o processo de transformação que deu origem àquilo que é hoje o Museu do Louvre.
Uma das principais alterações a que este palácio foi sujeito aconteceu no ano 1989, quando foi construída a imensa pirâmide de vidro que agora ali encontramos, um projeto do arquiteto Chinês Ieoh Ming Pei, que criou uma rutura clara com o estilo arquitetónico do palácio, o que, naquela época, se tornou altamente controverso. A polémica levou a uma acesa discussão de prós e contras, como acontece sempre que surge algo disruptivo. Na altura criticava-se um eventual “complexo faraónico" do presidente François Mitterrand que o teria levado a avançar com a obra.
Mas, sejamos a favor ou contra, hoje em dia seria impossível aceitarmos uma imagem diferente deste espaço sem a existência da imponente pirâmide de vidro no centro do grande palácio… e eu ainda cheguei a conhecer o Louvre antes desta alteração, mas agora já não seria capaz de o imaginar sem a presença da pirâmide, que conferiu a este monumento uma beleza sublime, sobretudo durante a noite, quando o local se encontra mais vazio e devidamente iluminado.
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Existem alguns dados relacionados com esta pirâmide que serão sempre discutidos pelos autores das teorias de conspiração e que não costumo valorizar. Porém diz-se (mas não tenho a certeza se será mesmo assim) que a pirâmide inclui exatamente 666 vidros… e pronto, é muita pontaria, e lá vem a relação com o número de Satanás e com o poder obscuro da Besta, e todas as especulações que daí podem resultar.
De qualquer maneira, e tenha lá quantos vidros ela tiver, acontece que a Pirâmide constitui a principal entrada do museu e é, na verdade, apenas a maior das várias pirâmides de vidro que foram construídas no âmbito do mesmo projeto, incluindo, a pirâmide invertida, La Pyramide Inversée, que aponta para baixo e funciona como claraboia, e que neste dia refletia as cores do arco-íris sobre a minha filhota Marta, ainda pequenina.
Voltando ao museu, propriamente dito, visitei-o apenas numa das minhas viagens a Paris… e ficou visto. Atualmente limito-me apenas a espreitar um imenso hall do museu que conseguimos ver através de uma vidraça para o exterior, só para termos uma ideia daquilo que será o seu interior.
O Louvre é uma canseira, parece não ter fim, e só tem expostas 35 mil das quase 300 mil obras da sua coleção. A imensa exposição está organizada de forma temática e por diferentes áreas: antiguidades orientais, antiguidades egípcias, antiguidades gregas, romanas e etruscas, história do Louvre e o Louvre medieval, pintura, escultura, objetos de arte, artes gráficas e a arte do Islão.
No meio de números tão esmagadores, e quase assustadores, aquando da minha visita ao museu, resolvi apenas focar-me nas peças de arte mais mediáticas (e penso que a maioria dos visitantes fará o mesmo… ou então passam lá dias inteiros).
Neste caso, e começando pelas esculturas, destaco apenas duas delas, a “Vitória de Samotrácia” e a “Vénus de Milo”, ambas da Antiga Grécia.
Entre as pinturas mais importantes encontramos “As Bodas de Caná” de Veronese, “A Liberdade Guiando o Povo” de Delacroix e a inevitável “Monalisa” de Leonardo da Vinci, que é a joia principal do museu.
Apesar da importância e relevância histórica de cada uma destas obras, na verdade, é difícil sentir qualquer emoção enquanto as observamos, tal a quantidade de turistas que preenchem o espaço, com filas organizadas e controlo do tempo de observação… que só dá mesmo para a fotografia, ou pelo menos dava, é natural que agora até já seja proibido fotografar.
Se formos interessados em arte, e eu sou, e se tivermos tempo, mas eu raramente tenho, reservamos pelo menos meio-dia e vamos depois seguindo as orientações de um audioguia com comentários sobre cada obra... e que hoje em dia, nalguns museus, até pode ser descarregado previamente para o telemóvel.
Quem não for grande apreciador o melhor mesmo será escolher outra alternativa, em vez de assumir uma jornada que pode ser muito cansativa.
A magia do Sena
A cidade de Paris é fortemente marcada pelo rio que a percorre e que ajuda a criar algumas das imagens mais bonitas que podem ser encontradas em toda a cidade. É junto ao rio, nas pontes que o atravessam, ou nas ruas marginais e nos passadiços rebaixados, que são aqui designados como “Quai's” ou “Promenade's” (em português, docas ou passeios), que nos deparamos com algumas das mais belas paisagens, por vezes bucólicas e encantadoras.
A melhor maneira de conhecer o traçado deste rio, com as suas pontes e as suas margens, será fazer um passeio num dos muitos barcos de turismo que o percorrem… e falarei disso numa outra crónica deste blogue.
Mas, desta vez, como em tantas outras, escolhi a zona do rio junto ao Louvre para fazer uma pausa e apreciar toda a envolvente do Sena, num troço onde encontramos algumas pontes, incluindo a Pont Royal, a Pont des Arts e a Pont Neuf, essa já no início da Île de la Cité.
Durante anos explorei esta zona do rio de máquina fotográfica em riste, ora com rolos a preto e branco ora com rolos coloridos, captando algumas imagens deste local ao longo dos anos, que hoje me parecem já desbotadas, mas não deixam de representar algo da magia que era visível nessa altura em que as tirei e, por isso, quero aqui recordá-las.
As Docas, ou Quai's, que acompanham o traçado de todo o Sena, são ideais para um passeio bem perto do rio onde encontramos a combinação da silhueta das pontes, com o contorno das margens, num conjunto que chega a ser magnífico, sobretudo num dia de Inverno como este, com as árvores despidas de folhagem, fazendo salientar toda a pureza deste ambiente.
Numa outra época, e ainda usando uma máquina de rolo, voltei a cruzar-me com duas dessas pontes, tendo obtido, dessa vez, imagens em tons difusos e com uma textura irregular e meio pontilhada… que quase me faz reconhecer a representação de uma qualquer tela impressionista, tão apropriada a esta cidade.
Mas mesmo sem a nostalgia das antigas viagens, encontraremos sempre nestas margens do rio Sena alguns traços de extrema beleza e de uma magia incontornável… como nestes magníficos pores-do-sol, fotografados com mais de 20 anos de intervalo.
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Les Halles de Paris
Este bairro central da cidade de Paris foi, durante séculos, um terreno quase baldio ocupado por feiras e mercados. Só recentemente, em 1960, foi devidamente urbanizado, o que provocou a saída dos comerciantes de rua, mas, ainda assim, não deixou de continuar a ser um bairro focado no comércio, sobretudo com a construção naquele lugar, 10 anos depois, de um conjunto de galerias que constituem o chamado Forum Les Halles.
De qualquer forma, com os padrões dos anos setenta, o centro comercial ali construído, apesar da sua arquitetura moderna, para a época, não tinha nada do habitual charme parisiense. Era composto por vários pisos abaixo do solo e estava integrado no complexo de uma estação metro-ferroviária, aliás uma das mais importantes da cidade, a estação de Chatelet Les Halles.
Mas mesmo sem ser o último grito da moda parisiense, quando visitei estas galerias na década de 80, achei-as o máximo, até tinham uma megastore só para venda de discos, livros e aparelhagens, algo que aqui em Portugal nem se sonhava… chamava-se FNAC e deixou-me quase louco com tanta oferta ali disponível.
De qualquer maneira, e goste-se ou não se goste do Forum Les Halles, este bairro tornou-se agradável, com uma imensa zona pedonal, muito utilizada pelos mais jovens para atividades desportivas e de ar livre, e tinha também outro tipo de atrações, como a Igreja de Santo Eustáquio ou o Bourse de Commerce, formando um conjunto bastante interessante.
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A Église Saint-Eustache é uma igreja em estilo gótico, da época do renascimento, e com uma dimensão que se assemelha quase à de uma catedral. No interior, destacam-se uns vitrais lindíssimos, que já pude visitar, e também os órgãos, que são dos mais importantes de todo o país, o que faz com que a igreja seja muito utilizada para concertos.
O Bourse de Commerce, o antigo edifício da Bolsa que se identifica pela imagem da sua cúpula, trata-se de um monumento histórico que foi restaurado e transformado num museu, a Bourse de Commerce – Pinault Collection. Como o nome indicia, este local apresenta um programa de exposições, encontros e eventos artísticos, através da coleção privada do milionário François Pinault. Registo apenas que nunca lá entrei, só apreciei a envolvente do edifício e, principalmente, o seu aspeto exterior.
Depois de ter passado pela zona de Les Halles durante todas as minhas visitas a Paris, a última das quais em 2023, constatei entretanto que toda essa área de galerias, cada vez mais antiquadas e até já deprimentes, e já sem a novidade tecnológica de uma qualquer FNAC desta vida, foram, entretanto, transformadas com um projeto arrojado, preconizando uma imensa cobertura de toda aquela área, toda em tons de dourado, integrando a antiga zona comercial, o jardim e a estação de metro e comboio Chatelet Les Halles.
Este novo projeto, com uma zona comercial moderna, foi inaugurado em 2016, ano do Euro em França, e tem o nome de La Canopée, que significa, mais ou menos, A Cobertura.
Do lado oposto a esta zona comercial encontramos a Fontaine des Innocents, uma fonte imponente de estilo renascentista, construída em 1550 em homenagem ao Rei Henrique II, e que representa ninfas e deuses gregos.
Châtelet
A Place du Châtelet surge junto ao Sena logo depois da zona de Les Halles e constitui um espaço de referência da cidade, onde se concentram alguns monumentos interessantes.
Em plena praça encontra-se o imponente Théâtre du Châtelet, mandado construir no final do século XIX pelo Barão Haussmann. Tem capacidade para duas mil e quinhentas pessoas, é uma das importantes salas de espetáculos parisienses. Atualmente a sua programação inclui principalmente óperas, ballet e concertos de música clássica. Mas é também nesta sala que ocorre anualmente a cerimónia de entrega dos César, conceituados prémios de cinema.
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Logo em frente deste edifício, do outro lado da praça, existe um outro teatro, um pouco menor, mas também bastante importante. Trata-se do Théâtre de la Ville, igualmente contruído no final do século XIX e também propriedade do Barão Haussmann. Esta sala está sobretudo vocacionada para apresentações de teatro, de tal forma que o teatro foi mesmo rebatizado com o nome de Théâtre Sarah-Bernhardt, em homenagem à atriz que ali representou durante mais de duas décadas.
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Entre os dois teatros, ao centro da Place du Châtelet, encontramos a Fontaine et Colonne du Châtelet que, como o nome indica, trata-se de uma fonte na qual se ergue uma coluna. A fonte foi construída em 1806 para fornecer água potável gratuita à população e tem, na sua base, as esculturas de quatro esfinges, em homenagem à vitória de Napoleão Bonaparte no Egito. Quanto à sua coluna, é feita em mármore e serve de apoio a uma estátua de um anjo, a chamada Vitória, que ali surge em cor dourada, e é conhecida por La Victoire de Boizot, numa referência ao autor da escultura.
Num outro jardim, por detrás da praça de Châtelet, é bem visível uma torre, que pode parecer tratar-se do campanário de uma igreja, mas atualmente já não é, trata-se apenas de uma torre isolada, a chamada Tour Saint Jacques. Numa apreciação mais mística, esta torre é considerada um dos principais pontos de energia da cidade de Paris… é bom que se tente captar essa força e aproveitar a boa onda.
A torre foi construída no século XVI, em estilo gótico, e é o antigo campanário e único vestígio, da igreja Saint-Jacques-de-la-Boucherie, destruída em 1797 e dedicada a Saint Jacques le Majeur (ou Santiago, o Maior, um dos doze apóstolos de Jesus Cristo… sempre o nosso Santiago, o mesmo de Compostela). Esta ligação com a história do apóstolo faz com que esta torre seja um dos quatro pontos franceses de partida do famoso Caminho de Santiago.
Le Centre Pompidou
O Centro Georges Pompidou é um museu de arte moderna e contemporânea com uma das melhores coleções de todo o mundo, só comparável às do MoMa, em Nova York, ou do Tate Modern, em Londres... é o que se diz, mas, pessoalmente, achei a coleção do MoMa muito superior a esta.
Mas aquilo que é mais marcante neste espaço da cidade de Paris é a sua modernidade… embora a modernidade seja algo muito subjetivo e também muito datado. O Centro Pompidou foi inaugurado em 1977 num dos bairros mais antigos da cidade e foi uma obra altamente controversa, criando um imenso contraste com a imagem clássica daquela zona. Foi uma obra pioneira da arquitetura contemporânea, criada por uma dupla de arquitetos, na altura ainda jovens, mas que, alguns anos depois, se transformaram em nomes consagrados no panorama da arquitetura mundial - Richard Rogers e, sobretudo, Renzo Piano.
Ora, eu cheguei a Paris ainda miúdo no ano de 1984, apenas sete anos depois da inauguração desta construção, e é natural que tivesse ficado fascinado, um edifício cheio de tubos transparentes e coloridos, a fazer lembrar uma instalação industrial, mas no meio dos edifícios clássicos e monumentais desta zona da cidade, era algo demasiado disruptivo para a época, e certamente para mim… aliás, nessa altura ainda talvez nem houvesse a palavra “disruptivo”, mas se havia, eu não conhecia.
Foi numa das minhas primeiras viagens até Paris que fiz a minha única visita ao museu, e nunca mais lá voltei a entrar… é que Paris chama-me mais aos impressionistas, aos clássicos, acho que não pede Pollock’s nem Kandinsky’s… ou talvez não seja nada disso, e seja apenas porque o tempo é sempre curto para se conseguir visitar tudo.
O museu está dividido em seis andares, cada um deles com uma área de 7.500m2 e tem atualmente dois pisos dedicados às exposições permanentes do Museu Nacional de Arte Moderna, que inclui obras desde o início do século XX até 1960, contendo peças de Picasso, Chagall e Miró, entre muitos outros, de que sou um grande fã… deitando por terra a minha teoria de que Paris não era apropriada à arte moderna.
De qualquer forma, por falta de tempo, ou só por parvoíce minha, nunca mais voltei a visitar o interior deste espaço. Mas o seu aspeto exterior é tão peculiar que nunca deixo de passar por lá e ficar ali algum tempo, apesar da modernidade extrema que me fascinou nos anos oitenta já estar num processo de decadência, a caminho da antiguidade, o Centro Georges Pompidou será sempre uma importante memória das minhas primeiras viagens até Paris.
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E agora, tal como fiz com o Louvre, e farei também com outros museus, deixarei aqui algumas imagens do interior e das obras de referência deste museu, embora se saiba que não encontraremos nenhuma obra icónica ao estilo da Mona Lisa.
Começo assim por uma imagem que pode representar a maioria do espaços interiores, revelando uma outra face do mesmo estilo, a fazer lembrar uma instalação industrial. E é também nessa mesma linha que surge esta obra de arte que ali se encontra exposta, e que propõe uma decoração do Palácio do Eliseu para o Presidente Georges Pompidou, feita por
Yaacob Agam.
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Outros três exemplos da pintura moderna ali exposta, são o ‘Manège de Cochons', de Robert Delaunay, o ‘Azul I, Azul II, Azul III', de Joan Miró e o 'Les Mariés de la tour Eiffel', de Marc Chagall.
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Mas a peça mais disruptiva que aqui trago, e que não é mais do que algo completamente absurdo, é a 'Fontaine', de Marcel Duchamp... ou simplesmente, um urinol.
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Hotel de Ville
A Câmara Municipal de Paris, tal como em toda a França, é designada como Hôtel de Ville. Neste caso ocupa um edifício extraordinário e imponente, da época Renascentista, localizado junto ao rio Sena na praça com o mesmo nome, Place de l'Hôtel de Ville.
Durante a Idade Média a atual Place de l'Hôtel de Ville era conhecida como Place de Grève, um nome que vem da origem da palavra – grève – que significa terreno com areia e cascalho junto a um rio. A praça funcionava como um centro de economia paralela da cidade, onde se reuniam desempregados à espera de ofertas de emprego. Foi devido a esse nome que, nessa época, surgiu a expressão “fazer greve”, que, na altura, significava apenas ficar na praça parado à espera de uma proposta de trabalho. Mais tarde o termo foi adotado nas línguas latinas para o sentido que conhecemos atualmente.
A Praça de Greve era uma das praças públicas da cidade onde eram realizadas as execuções dos condenados à morte. O terreiro era muito grande e acomodava bastante gente que se reunia para assistir às execuções, primeiro nas fogueiras e depois através de decapitações. Foi mesmo ali que, em 1792, foi usada pela primeira vez uma guilhotina.
A escolha deste local para as execuções terá estado ligada à sua proximidade de uma das prisões mais importantes da cidade, que ficava logo do outro lado do rio. Chama-se Conciergerie e era um forte que constitui o principal vestígio do antigo Palácio de la Cité, que era um dos palácios reais da cidade, mas que foi transformado numa prisão, nomeadamente durante a Revolução Francesa. Hoje é um museu que contém ainda a cela de Marie Antonieta, a antiga rainha... sabe-se, no entanto, que, quer a rainha Maria Antonieta quer o rei Luis XVI, foram guilhotinados num outro local, a Place de La Concorde.
Voltando de novo ao edifício atual, o qual foi construído no século XVI, com base num projeto do arquiteto italiano Dominique de Cortone, que é também o responsável pelo projeto do impressionante Castelo de Chambord, no Vale do Loire.
Em 1871 o prédio do Hôtel de Ville sofreu um incendio e ficou completamente destruído, no entanto, na sua reconstrução conseguiram recuperar o aspeto original da bonita fachada que hoje encontramos.
A Place de l'Hôtel de Ville está mesmo encostada ao Sena, o que a torna ainda mais bonita, complementando a imagem do grande palácio, que é lindíssimo, com um enquadramento fantástico dos edifícios monumentais que ocupam as margens do rio.
Atravessando a Pont Notre-Dame iríamos chegar à Île de la Cité terminando assim este percurso, que nos fez caminhar por uma das mais bonitas zonas da cidade.