Saindo de manhã da cidade de Nantes, onde dormimos, começámos o percurso que nos iria levar ao longo do vale do rio Loire, aproveitando para visitar alguns dos castelos que se encontram nesta região... digo castelos devido ao nome francês de châteaux, mas, na verdade, não têm nada a ver com a ideia tradicional de um castelo, feito em pedra, com muralhas e ameias, neste caso, o que vamos encontrar serão enormes e belíssimos palácios.
O caminho seguido nestes dois dias iria passar pelos pontos assinalados neste mapa:
A primeira paragem foi feita em Angers, mas foi apenas uma breve pausa para um café, pois resolvemos nem visitar a cidade, porque era só mais uma cidade francesa, sem grandes atrativos.
Assim, seguimos logo para o primeiro dos châteaux que tínhamos programado visitar, o Château Azay-le-Rideau. Trata-se de um dos mais românticos castelos do Vale do Loire, um pequeno palácio que foi construído numa ilha no rio Indre, um afluente do Loire, e que impressiona pela sua arquitetura inspirada no Renascimento Italiano.
Esta obra-prima é cercada por um romântico parque de oito hectares, por onde entrámos depois de comprarmos o ingresso (já não me recordo em pormenor quanto custaram os bilhetes de acesso a este e aos outos palácios, mas andaram todos entre os 13€ e os 20€).
Já mais próximos da ilha onde se ergue o castelo, começámos por contornar o espelho de água que se forma no lago, que é alimentado pelo rio Indre, e que contribui para que a envolvente deste château seja extraordinariamente bonita.
Por volta de 1510, Gilles Berthelot, conselheiro e tesoureiro de Louis XII, comprou a fortaleza medieval de Azay e os terrenos vizinhos. Berthelot distinguiu-se ao serviço do rei, criando novos impostos que encheram os cofres da realeza, e tornou-se assim num homem nobre e muito rico.
É assim que, alguns anos depois, já em 1522, mandou construir este belíssimo palácio, que é, ainda hoje, um dos mais bonitos desta região do Loire, apesar de ser bem mais pequenino do que outros, que têm uma dimensão colossal. Mas a sua beleza distingue este château e faz dele um dos imprescindíveis em qualquer visita ao vale do Loire.
Depois da morte de Berthelot, este espaço foi perdendo brilho e ficou até meio abandonado durante um longo período, e só nos séculos XVIII e XIX, o Marquês de Biencourt e os seus descendentes, voltaram a fazer obras de reabilitação que lhe deram o aspeto atual, tanto ao castelo como aos seus jardins.
Estas obras de renovação deram o Château de Azay-le-Rideau o charme do Primeiro Renascimento, que combina a tradição arquitetónica francesa com a influência da arte italiana na decoração e disposição das fachadas.
Já em 1905, depois do castelo ter passado por vários donos, acabou finalmente por se tornar propriedade do Estado francês e, mais recentemente, entre 2015 e 2017, beneficiou de um grande projeto de restauro que lhe conferiu a excelente condição em que se encontra atualmente.
Neste caso visitámos também o interior do château, embora eu não seja particular apreciador da decoração das mansões reais… as camas, reposteiros e tapeçarias, nunca me entusiasmaram. A razão pela qual pago os ingressos para ver estes palácios, é porque, na maior parte dos casos, só com o bilhete é que conseguimos chegar à proximidade do edifício, e só assim conseguimos apreciar as suas fachadas, que é aquilo que mais me interessa.
De qualquer forma, quem aprecia decoração do século XVII, tem aqui algumas salas muito compostas.
Durante a visita passámos pelo rés-do-chão, com a sala de estar do Marquês de Biencourt, a cozinha, a sala de jantar e a biblioteca.
Já no primeiro andar visitámos o apartamento do rei, o quarto renascentista e o oratório, e entrámos ainda no sótão para apreciar a estrutura de madeira do século XVI, de suporta toda a cobertura do palácio.
E terminámos a visita ao Château de Azay-le-Rideau com a sensação de que será um dos mais bonitos castelos do Loire, não tanto pela sua decoração e pelos seus espaços interiores, mas, sobretudo, pelas fachadas lindíssimas e pelo seu enquadramento na paisagem envolvente, que reflete bem a inspiração deste edifício e dos seus jardins, no movimento do Renascimento Italiano.
Carlos Prestes
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