segunda-feira, 17 de abril de 2023

Outros Castelos


Saímos neste dia de Tours com o objetivo de visitar alguns dos châteaux do Loire, onde se inclui um dos grandes palácios, o de Chambord, e mais alguns bastante menores, cujo registo deixo nesta crónica a que chamei de “Outros Castelos”.

Começo por representar a localização destes castelos no mapa seguinte, e definir o percurso que tivemos de realizar no mesmo mapa que tenho usado para localizar os trajetos ao longo do Vale do Loire:



Château de Amboise

Fizemos a nossa primeira paragem na pequena cidade de Amboise, situada nas margens do Loire. Depois de um breve passeio junto ao rio e à ponte que o atravessa, a Pont du Maréchal Leclerc, um general do exército francês com nome de supermercado, onde se conseguia apreciar a silhueta do castelo da cidade, o Château de Amboise.
O palácio surge num penhasco acima do Loire, com os seus jardins suspensos sobre a pequena cidade de Amboise, num espaço que foi um dos locais favoritos dos reis de França quando transformaram o país durante o período renascentista. Figuras como Ana de Bretagne, François I ou o italiano Léonard de Vinci, são rostos familiares que estão associados à história deste château.

Ao entrarmos nesta pequena cidade começámos por explorar as rua do centro histórico, umas ruas pitorescas encostadas ao penhasco onde se ergue o castelo, que é visível cá de baixo.

O próprio castelo de Amboise, que conseguimos contemplar bem melhor se nos afastarmos até à ponte que atravessa o Loire, é um a joia arquitetónica do Renascimento, que resulta da antiga fortaleza medieval que foi gradualmente desmantelada, dando lugar a uma residência real que durou nos reinados de Carlos VIII e de Francisco I.
Para além da corte francesa, também os grandes pensadores, artistas e cientistas da época, eram convidados dos reis e frequentavam o palácio. 

Um deles tem um principal destaque, tanto por ser o mais ilustre de todos, como pelo facto de ter mesmo sido sepultado na capela do castelo. Trata-se do grande Leonardo da Vinci, que, depois de ter vindo de Itália para França nos últimos anos da sua vida, sendo frequência habitual dos palácios reais, acabou por morrer neste país e encontra-se aqui sepultado na capela do Château de Amboise.
Mas apesar da grandiosidade de algumas das salas deste castelo, a sua grande beleza resulta do seu espaço exterior, os jardins e as belas fachadas, que conseguimos apreciar tanto melhor, quanto mais nos afastamos deste local.
Um último episódio trágico deste château e da cidade de Amboise, aconteceu durante a Segunda Guerra Mundial, quando, a partir de setembro de 1939, este castelo foi requisitado pelos nazis, obrigando à retirada dos serviços do governo francês para Bordeaux, dando lugar à ocupação alemã.

Depois disso ocorreram alguns eventos relevantes, como em 1940, quando vários confrontos com as tropas aliadas vieram a danificar o castelo.

Mas o final da história é conhecido, e a derrota dos nazis permitiu a devolução deste castelo aos franceses, e depois de várias obras de recuperação, encontra-se hoje com a sua arquitetura original devidamente recuperada... um bonito castelo que repousa sobre as águas do Loire.


Château de Chaumont-sur-Loire

O percurso seguinte leva-nos ao longo das margens do Rio Loire, que fomos apreciando pelo caminho e nas várias paragens que fomos fazendo.

O Loire não é diferente de muitos outros rios em todo o mundo, mas quem visita o seu vale, apesar de andar sobretudo à procura de castelos, não deve deixar de tentar apreciar as paisagens que nos são oferecidas ao longo das suas margens… e foi o que fizemos, fomos andando e fomos parando sempre que possível, desfrutando das paisagens que nos eram oferecidas.

Fizemos uma próxima paragem, desta vez, muito breve, em frente ao Château Chaumont-sur-Loire, um dos mais belos castelos desta zona, apesar de ser dos mais pequenos. Mas não estava na nossa lista de castelos a visitar, pelo que nos ficámos pela margem oposta, de onde apreciámos a sua silhueta à distância.
Este castelo foi construído no século X pelo conde de Blois, e esteve sujeito a várias disputas e intrigas regionais entre o poder local e a própria corte de Paris, o que fez com que tivesse passado de mão em mão durante vários séculos.

Em 1560, a nossa conhecida Catarina de Médici, viúva do rei Henrique II, e mãe do regente do reino de França, comprou o Castelo de Chaumont-sur-Loire e forçou Diane de Poitiers, antiga favorita do rei, a dar-lhe em troca o Château de Chenonceau… o que fez com que Diane se tivesse de resignar a ocupar um edifício tão “modesto” como este, a pobrezinha.



Blois

Neste caso fizemos apenas uma breve visita à cidade de Blois, e não tanto ao seu castelo, o Château Royal de Blois. Na verdade, a cidade é bastante grande e até é interessante, com vários monumentos e edifícios históricos, mas, por outro lado, o seu castelo não é minimamente comparável com muitos outros que estão espalhados ao longo do vale do Loire.

Assim, fizemos um percurso que nos permitiu obter uma panorâmica geral da cidade, observando alguns dos principais monumentos, onde se incluem a Igreja de Saint-Nicolas e a Catedral St. Louis, esta localizada ao lado de um outro edifício importante, o chamado Hôtel de Ville, que corresponde à Câmara Municipal, como em todas as cidades francesas.

Em quaisquer dos casos, não chegámos a entrar nas igrejas, pois preferimos ficar em miradouros mais distantes onde era possível observar as silhuetas enquadradas com os edifícios envolventes, formando um conjunto bastante interessante.

Um dos locais de observação é mesmo uma das pontes da cidade, neste caso a Pont Jacques-Gabriel, também ela bastante bonita.
Mas a visita à cidade de Blois também se faz pelas ruas pitorescas do centro histórico, onde se vamos percorrer umas rampas e até mesmo algumas escadarias, que permitem vencer os declives da colina sobre a qual a cidade de desenvolve. Um dos lugares interessantes da cidade, que nos obriga a subir uma escadaria, é a plataforma onde se ergue a Catedral St. Louis e onde se estende a imensa esplanada do edifício do Hôtel de Ville.
E é através de uma outra escadaria que chegamos até ao Château de Blois, com acesso a um imenso terreiro com esplanadas de onde podemos observar a fachada exterior de uma parte do palácio. 

Se quisermos conhecer este castelo em pormenor devemos pagar o ingresso e visitar o seu interior, mas nós não tínhamos tempo para uma visita mais demorada e acabámos por ficar apenas no lado exterior, observando a fachada principal do edifício. Este château foi uma antiga residência dos reis de França e é formado por um edifício majestoso que reúne vários estilos arquitetónicos: gótico, flamboyant gótico italiano, renascentista e clássico… o que constitui uma amostra da diversidade da arquitetura francesa da época.

Do lado de fora do castelo fica a Place du Château, o tal terreiro com esplanadas e com vista para o rio e para a bonita fachada do palácio.
Reconheço que esta visita a Blois não foi a mais interessante, pois não dispúnhamos de tempo suficiente para uma permanência mais demorada e mais detalhada.


Terminámos assim uma breve visita a um conjunto de castelos do Loire menos relevantes, cujo percurso resolvi juntar nesta crónica, e seguiríamos agora até a um dos châteaux mais interessantes, o Castelo de Chambord.


Carlos Prestes