segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

Prestes a Partir – Blogue de Viagens


Chamo-me Carlos Prestes, sou engenheiro civil e professor na faculdade, mas sou também um apaixonado por viagens, por fotografia e pela escrita sobre as experiências vividas nos locais que vou visitando. Assim, este espaço surge de forma quase natural, permitindo o registo das crónicas de viagens que tenho feito, com descrições e relatos das aventuras e emoções vivenciadas, sempre ilustradas com as fotos mais representativas.    

Este Blogue surgiu pela sugestão, quase persistente, de vários amigos, que foram também companheiros de algumas das viagens que aqui vou relatar, e constitui, sobretudo, um veículo para fazer perdurar as memórias e emoções vividas ao longo de mais de três décadas, por quase 40 países e 300 locais, que aqui vou tentar recordar.

Antes de mais e para quem pretenda uma visão mais instantânea de alguns lugares, sem entrar no detalhe que o formato da crónica impõe, recomendo também a ligação ao Blogue que criei recentemente com esse conceito mais light. Neste caso, e como o nome indica, a cada foto corresponderá apenas uma breve história ou descrição: 

(site em construção)


Mas no caso do "Prestes a Partir" encontraremos crónicas mais detalhadas de cada viagem, sendo o acesso a cada uma dessas crónicas feito através dos links ativos que surgem ao longo do índice representado nas páginas que organizei por continentes, sendo que, até agora, a grande maioria dos locais visitados e aqui descritos, ficam no continente europeu, esperando gradualmente vir a visitar outros destinos mais longínquos, cujas crónicas irei trazendo a este espaço.



Complementando ainda a narrativa exibida na forma de crónicas detalhadas, mostro-vos um breve registo feito em vídeo, com algumas das viagens relatadas, apresentando as principais fotos que foram utilizadas.

Estas crónicas não são um espaço de escrita apenas pessoal, porque as viagens aqui descritas foram muitas vezes uma partilha de experiência e emoções com aqueles que me acompanharam. Desde logo a minha companheira de todas as aventuras de uma vida e cúmplice desta paixão de viajar, a minha mulher Ana Lúcia, a quem vou dedicar cada um dos textos e imagens que aqui venha a registar. Às minhas quatro filhas, nem sempre companheiras de viagem, mas sempre as principais fontes de inspiração, dedico também cada uma das memórias que aqui vou relatar.

Vou também escrever para quem me queira ler, quem queira conhecer os meus relatos, não apenas pela curiosidade mas também pela informação que vou tentar transmitir, tornando este Blogue numa espécie de guia de viagens. Não terei a preocupação de ser consensual nas escolhas que aqui vou relatar, pelo contrário, tentarei ser sempre fiel às viagens que fiz, tal como as fiz, sem quaisquer filtros, ainda que, em várias situações, um determinado destino ou uma determinada escolha não se tenham revelado como os mais favoráveis. O registo de viagens que aqui vou referir será necessariamente o meu, com a minha busca daquilo que mais gosto, da forma e no ritmo que entendi ser o mais adequado a cada situação e em cada local. Não existem fórmulas para que uma viagem cumpra o seu objetivo de nos encher a alma e nos fazer sentir vivos, por isso, cada um de vós, leitores, terá de seguir o seu próprio caminho e escolher o seu próprio ritmo, tal como eu e os meus parceiros de viagem, seguimos e escolhemos os nossos.

Antes de iniciar a escrita senti necessidade de organizar a forma de apresentação dos relatos de cada viagem, sabendo que algumas estão ainda bastante presentes e outras estão já muito distantes. Mas, para que esse efeito de memória, mais viva ou mais vaga, não se torne evidente na escrita, decidi recordar cada uma das viagens de forma totalmente aleatória. E será desta forma que serão publicados, pela ordem em que os vou escrevendo e não pela sua ordem cronológica.

Carlos Prestes
Abril de 2015

José Carlos Prestes
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Engenheiro Civil e Professor no Instituto Superior de Engenharia de Lisboa

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segunda-feira, 9 de setembro de 2024

Costa Esmeralda (zona de Olbia)


Mais um dia pela Costa Esmeralda, desta vez saindo de Olbia para Sul, e começando pelas praias do município de San Teodoro, seguindo os locais assinalados a azul no mesmo mapa desta região, que apresento abaixo:
 

As duas principais praias de San Teodoro ficam a cerca de 30 km de Olbia e são servidas pelo mesmo parque de estacionamento, que tem uma tarifa horária de 2,5 €, e onde chegámos ao princípio da manhã.


Spiaggia di Lu Impostu e Spiaggia di Brandinchi

Mas mal chegámos, apanhámos logo um susto, pois os cartazes anunciavam a necessidade de reservar o acesso à praia, algo que não tínhamos lido em lado nenhum. Ainda assim, estacionámos e só confirmámos esta dificuldade quando nos preparávamos para entrar na praia di Lu Impostu, já junto ao casinhoto que faz de portaria, quando saiu um funcionário simpático que nos contou a história toda… ficámos então a saber que deveríamos ter feito, antecipadamente, uma reserva através do site: https://santeodorospiagge.it/

A reserva pode ser solicitada para o próprio dia ou para o dia seguinte, não sendo possível solicitá-lo por vários dias consecutivos. O valor para cada pessoa é de 2 €/dia e só poderá incluir, no máximo, até seis pessoas com mais de cinco anos, sendo que só vão pagar os maiores de 12 anos.

Esta exigência tem a ver com o facto de ambas as praias terem uma estreita língua de areia, não comportando muita gente e, por isso, precisam de limitar as entradas.

Ainda tentámos perceber se poderíamos fazer ali mesmo, através da APP, as reservas para o próprio dia, mas não valia a pena pois já estava tudo esgotado. No entanto, face ao nosso pedido de que queríamos apenas espreitar a praia para tirar umas fotografias, permitiram-nos entrar e permanecer por uma hora, estando autorizados a tirar fotos e a ir à água à vontade, só não podíamos levar nada para pôr na areia, nem toalhas nem chapéu de sol. Talvez seja um modelo que funciona para aqueles que ali chegam sem reserva, mas não tenho a certeza se não terá sido apenas sorte, por termos sido atendidos por pessoas simpáticas.

Mas lá voltámos ao carro onde deixámos mochilas e toalhas, e seguimos apenas com uma t-shirt que servia para proteger as coisas mais valiosas, como a chave do carro, os óculos escuros e a máquina fotográfica.

Uma hora depois, repetiríamos o procedimento à entrada da praia di Brandinchi, e o resultado foi o mesmo, uma hora de praia, mas sem toalhas e mochilas… o que acabou por ser a custo zero, e o suficiente para conhecermos e usufruirmos um pouco das águas destas duas praias, ambas lindíssimas.

Quanto às praias, e começando pela do Lu Impostu, não há dúvida que se trata de uma das mais belas baías da ilha, com as águas rasas e transparentes, formando um enquadramento perfeitamente fantástico… e à hora em que chegámos, embora tenha um areal bastante estreito, a praia nem estava muito cheia e o mar estava totalmente por nossa conta.

Desta praia já é visível ao fundo, a silhueta do imenso rochedo da Isola di Tavolara, a principal ilha desta zona da Sardenha, que marca a paisagem de todas as praias que iriamos visitar durante o dia.
Uma hora depois seguimos até à praia Brandinchi, de novo com permissão para uma hora sem toalha, e que, por já ser mais tarde e porque tem uma língua de areia ainda mais estreita, já estava completamente atafulhada de banhistas… pareceu-me que, se tivéssemos toalhas, não teria sido fácil arranjar onde as esticar.

Esta praia tem as águas ainda mais rasas, parece que poderíamos avançar pelo mar adentro, que iriamos continuar a ter pé.

Devido às águas que aqui ainda parecem ser mais transparentes, esta praia é conhecida como a Pequena Tahiti, mas não me parece que seja muito diferente de outras praias que já encontrámos na ilha, embora esteja claramente no top-dez.

Nesta baía estamos ainda mais próximos da Ilha de Tavolara e a imagem do seu rochedo é aqui bastante mais marcante.


Spiaggia La Cinta

A uma distância de 9 km para Sul, encontramos a praia de La Cinta, a maior e mais concorrida praia desta zona. O parque de estacionamento é enorme e a praia é também muito grande, com um areal em arco numa extensão de 3,5 km de dunas de areia branca e fina, sem quaisquer rochedos à vista, e em frente, uma imensa baía de águas azul-turquesa. Podia bem ser assim e certamente que estaríamos numa das melhores praias da ilha, mas a verdade é que não estava exatamente como esperávamos… primeiro, porque não tivemos sorte com o tempo, e o vento soprava de Sudeste, exatamente na direção da praia, destruindo a acalmia das águas que contávamos encontrar; e depois há também a quantidade de pessoas, que aqui é colossal, por ser uma praia grande e muito popular.

Assim, limitámo-nos a chegar ao areal e a caminhar pela beira da água, e nem nos estava a apetecer entrar no mar.
Ainda apreciámos a paisagem da baía, com a Ilha Tavolara, à distância, percebendo que poderia ser tão bonita como as suas vizinhas onde estivemos de manhã, mas enquanto aquelas estavam protegidas face à direção do vento, esta baía é muito maior e, por isso, muito mais exposta ao vento que soprava e que agitava as águas.
Por tudo isto, decidimos nem entrar na água e, às tantas, demos meia-volta e regressámos ao carro para tentar encontrar outra alternativa para o resto do dia… e em boa hora o fizemos.


Spiaggia di Capo Coda Cavallo

Ao olharmos para o mapa percebemos logo que teríamos de escolher uma praia virada para o lado oposto do vento, que certamente estaria devidamente protegida… e foi assim que escolhemos a praia da Capo Coda Cavallo, que estava realmente muito calma e, assim que a vimos, ainda à distância, percebemos que se tratava de uma baía lindíssima.

Ainda bem que descobrimos esta praia, pois é realmente diferente das anteriores, que começavam a ser muito do mesmo estilo. Esta é bem distinta, desde logo muito mais selvagem, integrada numa montanha que termina num cabo com a configuração de um rabo-de-cavalo, e com uma vegetação bastante densa e verdejante.

E durante toda a descida fomos apreciando as paisagens fantásticas que nos são oferecidas, tanto do lado da praia como do lado oposto da baía, onde surgem algumas ilhas, formando um enquadramento bastante interessante.

E entre as várias ilhas e ilhéus que nascem do mar, encontramos também a Isola Tavolara, que aqui nos surge bastante mais próxima.
Depois de deixarmos o carro no parque que apoia esta praia, continuámos por um trilho florestal que nos leva até à beira-mar, e ao chegarmos, a sua beleza não nos desilude, mas constatamos que aqui não vamos encontrar a habitual areia branca e fina, mas sim uma espécie de saibro, mais grosseiro acastanhado… mas ao contrário do que eu próprio pensava, não fez diferença nenhuma, e o resultado é uma praia lindíssima e com uma água fantástica.

Para usufruirmos convenientemente desta praia ficámos por lá algumas horas, quase sempre ao banho, apreciando as deliciosas águas quentes, mas também as bonitas paisagens daquele ambiente magnífico… tendo sido evidente que estávamos em mais uma das praias do top-dez de toda a Sardenha.

Ainda partimos até a uma outra praia, mas já sem intenção de por lá permanecer muito tempo, pois estávamos plenamente satisfeitos com algumas das praias deste dia, sobretudo esta última.


Spiaggia di Porto Istana

Seguindo apenas um pouco mais para Norte, chegamos à praia de Porto Istana. Pensava que era mais uma praia de areia branca e águas claras, como muitas outras, e esta com a particularidade de ficar em frente à ilha de Tavolara, o grande rochedo que domina a paisagem de todas as praias de San Teodoro.

Mas esta não nos iria encantar minimamente, pois estava também tocada a vento. Assim, fizemos apenas um passeio pelos vários troços do areal, acompanhando as águas agitadas, e a imagem omnipresente do rochedo de Tavolara.

Estávamos a terminar esta viagem de dez dias pela Sardenha, e esta era mesmo a nossa última praia, pois amanhã já só iriamos visitar a cidade de Olbia. Assim, e em tom de despedida, deixo aqui duas imagens que marcam a nossa presença nesta região italiana tão interessante e de que muito gostámos… Arrivederci Sardegna.



Olbia

Antes de nos deslocarmos, a meio da tarde, até ao aeroporto, tínhamos ainda toda a manhã para tentar conhecer um pouco melhor a cidade de Olbia, que é o principal centro urbano da Costa Esmeralda. Já ali tínhamos jantado duas vezes, e a visita durante o dia não veio a acrescentar muito à ideia de que se tratava de uma cidade pouco interessante.

O centro histórico de Olbia é formado, genericamente, por uma rua principal, o Corso Umberto I, que vai subindo desde o jardim, que fica junto ao porto, guiando-nos pelos principais edifícios e restaurantes, que ocupam os passeios com as suas esplanadas.

Assim, começámos por estacionar num dos parques gratuitos que ficam ao pé do porto (e onde é preciso ter um bocado de paciência para arranjar lugar), entrando depois num grande jardim, que, nesta altura, estava até adaptado como parque de diversões.
O início do centro histórico é assinalado pela presença do edifício clássico da Câmara Municipal da cidade, a Comune di Olbia. E é aí que entramos no centro, e onde começa o Corso Umberto I, a principal rua de comércio e animação, sobretudo à noite.

É ao longo desta rua, e também nalgumas ruas transversais mais estreitas, que vamos encontrar a dinâmica desta cidade, com muitos turistas que percorrem o empedrado, ou ocupam as esplanadas, ou ficam nas filas para comprar gelados.

Foi por aqui que ficámos durantes as duas noites em que jantámos na cidade, e também neste dia em que aqui almoçámos. Escolhemos as esplanadas dos restaurantes que achámos mais apelativos, sendo que não diferem muito uns dos outros, o menu é semelhante, tanto nos pratos que oferecem como nos preços, por isso nem faço qualquer referência aos restaurantes que experimentámos, pois o melhor será fazer a escolha daquele que pareça mais agradável no momento. 

Mas falando de menus, aproveito agora para vos falar da comida que encontramos aqui na Sardenha. Apesar de estarmos em Itália, um dos melhores países para se comer, e de haver ainda uma influência muito evidente da presença espanhola durante séculos, a verdade é que a comida sarda fica sempre aquém dos sabores requintados que encontramos nestes dois países de referência.

Aqui, nem as pastas são tão extraordinárias como as que experimentámos por toda a Itália, nem as pizzas se aproximam das que se podem encontrar em Nápoles, nem os frutos do mar estão perto dos pratos que se comem na Liguria... e nem as frituras de peixe ou as paellas se aproximam das originais espanholas. E apesar da proximidade com a Córsega, não se encontra grande influência dos paladares franceses... o que prova que o original é, muitas vezes, bem melhor do que qualquer imitação.

De regresso às ruas, é no Corso Umberto I que vamos encontrar os principais edifícios da cidade, como a Biblioteca local ou a Igreja de São Paulo Apóstolo, que se distingue pela cúpula revestida a azulejos e, no seu interior, pelo belíssimo altar.



Voltando outra vez às ruas, e sempre ao seu eixo principal, o Corso Umberto I, mas também a uma das praças mais agitadas deste centro, a Piazza Regina Margherita, estamos de novo entre lojas e restaurantes e no ritmo marcado pelos turistas a qualquer hora do dia e, sobretudo, durante a noite.

    


Terminamos aqui a visita à cidade de Olbia, mas terminamos também uma viagem de 10 dias pela Sardenha, uma ilha com lugares lindíssimos e com uma oferta de praia que é do melhor que podemos encontrar por toda a Europa… um destino imperdível para quem gosta de praia, como nós gostamos.


Setembro de 2024


sexta-feira, 6 de setembro de 2024

Costa Esmeralda (Zona de Palau)


Nos próximos três dias da nossa viagem fomos explorando a Costa Esmeralda, passando por um conjunto de praias, incluindo algumas que fazem parte da lista das mais bonitas praias da ilha.

Nesta viagem de três dias saímos de Palau até Ólbia, e fizemos os percursos que se encontram assinalados neste mapa:

A Costa Esmeralda é o principal centro turístico da Sardenha e a zona que atrai as grandes fortunas, sobretudo vindas do continente italiano, mas também de outros locais da Europa onde haja gente muito rica.

Mas ao longo da nossa visita a este local nem nos vamos aperceber bem dessa tendência para o luxo e para o glamour… nesse aspeto até foi uma certa desilusão, fica muito aquém da Riviera Italiana, na Ligúria, ou, mais a Sul, na Costa Amalfitana, onde essa áurea luxuosa se torna muito mais evidente.

Isso acontece porque o grande atrativo desta ilha não são as suas cidades, mas sim o seu mar, e nem tanto as praias, porque essas estão cheias de turistas de chapéus de sol, são mesmo as águas, quentes e transparentes, e muitos azuis. Por isso, os turistas mais endinheirados nem dão à costa, ficando sobretudo nos seus iates luxuosíssimos, onde passam os dias, dormem, fazem os seus banquetes, que lhes são servidos pela tripulação… e depois terminam com grandes festas, onde abusam do caviar e do champagne, terminando a noite a snifar linhas de coca… ou sou só eu a imaginar, por força de tantos filmes e séries.

Mas a verdade é que só observamos os grandes iates e veleiros à distância ou quando vamos a alguma marina, como é o caso de Porto Cervo, a maior desta costa, e não damos por estas pessoas nos restaurantes, e muito menos na areia da praia a esticar a toalhinha.

E é assim que funciona, mesmo em zona de ricos, está tudo bem dividido… ricos para um lado e pobres para outro. E nós, que neste contexto sentimo-nos pobres, mas muito felizes, que é o que interessa, e que se dane o caviar e o champagne.


Spiaggia del Piccolo Pevero e Spiaggia del Grande Pevero

E foi assim, pobretes, mas alegretes, que saímos de Palau à procura das primeiras praias da Costa Esmeralda, vindo de Norte para Sul. Depois de cerca de 30 km chegámos às praias de Pequeno Pevero e Grande Pevero, que são servidas pelo mesmo parque de estacionamento.

São duas das mais populares praias da zona de Porto Cervo, uma zona com uma marina enorme cheia de grandes iates, e onde se encontram vários aldeamentos de boa qualidade, como neste caso, junto à baía onde fica a praia do Pequeno Pevero.
As praias são sempre parecidas, águas transparentes e areia branca, mas, neste caso concreto, esta pequena baía tem uma areia ligeiramente grossa e de um branco um bocado escurecido, o que foi suficiente para que tivéssemos escolhido não ficar por lá, seguindo diretamente para a sua vizinha, a praia do Grande Pevero, a cerca de 400 m.

De qualquer maneira, não se pode dizer que a Spiaggia del Piccolo Pevero não seja uma praia bonita, porque estaríamos a mentir.
Mas a verdade é que a Spiaggia del Grande Pevero atinge um patamar diferente, o que faz com que seja considerada como uma das melhores praias de Costa Esmeralda, com as águas do costume e aqui com uma areia bem fina e muito branca… um espetáculo.

Esta baía lindíssima, com uma encosta verdejante cheia de moradias de luxo e um espelho de água sempre calma, e com os habituais tons de azul bem definidos, é um ótimo refúgio para as embarcações de recreio, quase como uma marina natural que atrai todo o tipo de barcos, das pequenas lanchas aos iates de milhões de euros… mas é também um excelente local para quem se limita a nadar nestas águas, deixando-se ficar por ali numa espécie de SPA natural, que nos faz bem ao corpo e à alma.


Foi por aqui que passámos toda a manhã, com a toalha numa nesga de areia onde, de vez em quando, nos esticávamos um pouco, mas mal o calor começava a incomodar, até porque não tínhamos chapéu de sol, que é difícil de transportar nos aviões, regressávamos logo à água para continuar na nossa talassoterapia incessante.


Porto Cervo

A menos de 5 km da praia de Grande Pevero entramos num dos portos de recreio mais luxuosos da Sardenha, a Marina de Porto Cervo. Trata-se de uma urbanização enorme e cheia de casas de luxo, que acompanha toda uma enseada que foi transformada numa imensa marina, formando um belíssimo conjunto quando o observamos à distância.

Fizemos por ali apenas um breve passeio, pois não estávamos convidados para nenhum dos grandes barcos que por ali se encontravam, como alguns dos iates mais luxuosos em que nos apetecia entrar, nem que fosse só para provar se o champagne estava fresquinho.

Digo isto, mas não é de coração, na verdade aquilo que mais me entusiasmou nesta marina, foram os grandes veleiros que participavam numa regata que terminava ali, fazendo-me recordar os tempos em que fazia parte da tripulação de um veleiro… mas com as devidas diferenças, claro.
A marina tem também uma zona comercial, com lojas de luxo e restaurantes de luxo, e onde se encontram alguns carros de luxo… um bom sinal para se escolher outro sítio para ir almoçar. E depois ainda encontramos uma pequena praia, bastante bonita, mas quase deserta, apesar do seu aspeto apetecível… mas o facto de estar na mesma enseada da marina não deve contribuir para a pureza das suas águas, servindo mais para a fotografia do que para banhos.


Spiaggia del Principe

Depois de escolhermos um outro local para o almoço, que não na marina de Porto Cervo, seguimos para mais uma das praias que está na shorlist das melhores da Sardenha, a Praia do Príncipe (também conhecida como Poltu Di Li Cogghj, isso num idioma que é partilhado pelos sardos e pelos corsos).

Sempre que tentamos entrar nas praias depois de almoço, os parques de estacionamento estão mais cheios e podemos ter de ficar à espera pela saída dos carros até termos vaga, e foi o que aconteceu aqui, mas não esperámos mais do que 10 minutos.

Esta praia encontra-se perto da aldeia turística de Cala di Volpe e da sua marina, mas fica encaixada numa encosta bastante selvagem, e surgem de novo as parecenças com algumas das enseadas da Arrábida.

Desta vez o trajeto do parque até à praia é de cerca de 400 m, e por um trilho estreito e inclinado que desce a colina até ao areal… mas oferecendo-nos, pelo caminho, algumas bonitas vistas sobre a praia, mesmo parecido com o que acontece na Arrábida.

Apesar da água ter imenso espaço para podermos fazer os nossos banhos de SPA, desta vez a areia estava cheia de chapéus de sol e mal sobrava espaço para esticar uma toalha. Mas isso é algo que já superámos… se a temperatura da água fosse como nas nossas praias, em que só arriscamos um mergulho de quando em quando, e passamos a maior parte do tempo na toalha, esta falta de espaço seria um problema, mas aqui estamos sempre de molho.

A praia é formada por duas baías e, antes de entramos na água e por ali nos deixarmos ficar, começámos por percorrer os rochedos que permitem desfrutar das melhores paisagens das duas enseadas, ambas bastante bonitas.

A segunda baía, que fica encaixada depois do rochedo que limita a enseada, é bem mais pequena, mas é igualmente bonita. Mas a baía maior é mesmo uma das melhores praias de todas as que temos encontrado nesta viagem ao longo da ilha.



Spiaggias di Capriccioli

A menos de 3 km da Praia do Príncipe encontram-se quatro praias com o mesmo nome de Capriccioli, associadas a cada um dos pontos cardeais e servidas por uma única zona de estacionamento.

Estivemos por lá ao entardecer e constatámos que duas delas eram bem melhores do que as outras duas, porque as praias do lado Este e Norte, estavam muito mais protegidas do vento e, por isso, as águas encontravam-se bastante calmas. Assim, escolhemos ficar nesse lado e visitar o outro lado apenas de passagem.

Nas praias de Oeste e de Sul, o vento fustigava a costa e as águas estavam um pouco picadas e sem a habitual beleza, quer na praia localizada a Oeste quer na do lado Sul.

Ainda percorremos estas duas praias que, num dia calmo e com as águas paradas, seriam tão bonitas como a maioria das outras praias da ilha, mas o vento a soprar contra o areal estragava a paisagem, e afastava a maioria dos banhistas.

De seguida regressámos à praia do lado Este, a mais famosa das quatro, talvez por ficar encostada a um clube de praia muito popular, o Vesper Beach Club, mas que, para nós, talvez seja mais negativo do que positivo, por atrair muita gente. Este clube tem um serviço de bar e restaurante, e tem as habituais espreguiçadeiras, mas que aqui são camas muito sofisticadas, ocupando toda a área de vegetação que fica junto à praia, mas que está devidamente assoalhada, provavelmente para funcionar como pista de dança, quando clube vira discoteca.
Ao pôr-do-sol, com as cores alaranjadas a refletir na água, este Club aproveita o ambiente para comemorar os sunsets, promovendo um espetáculo de luzes e cores, numa onda festiva ao som dos DJ's que animam os serões. Esta atração e os eventos que ali se realizam, fazem com que muita gente se junte nesta praia aos finais de tarde e, talvez por isso, o areal estivesse cheio, embora com pouca gente na água.

Quanto à qualidade da praia localizada a Este não há muito a dizer, é mais uma baía de águas transparentes e mornas, com a areia branca e fina, e com uma vegetação densa em toda a envolvente.

Nesta zona conseguimos avistar à distância duas ilhas que se erguem em frente à Costa Esmeralda, a Isola de Soffi e a Isola Mortorio.

Quanto à praia que fica a Norte, é um pouco mais pequena e com menos gente, mas é mais do mesmo... igualmente apetecível, rodeada por uma vegetação verdejante e com as águas calmas e transparentes.

Terminámos este dia seguindo por cerca de 25 km até à cidade de Ólbia, para dar entrada no alojamento e visitar o centro da cidade, onde fomos jantar.

Mais um dia em que usufruímos de praias extraordinárias, explorando a zona mais a Norte da Costa Esmeralda, num itinerário que nos levou a algumas das principais atrações da ilha da Sardenha.


Setembro de 2024