segunda-feira, 16 de abril de 2012

Parma

Uma grande desilusão... foi a principal sensação que me ficou desta cidade. Mas talvez a culpa tenha a ver com a concorrência fortíssima das cidades que acabámos de visitar há poucos dias, quando andámos por Pádua, Bolonha e, sobretudo, Veneza... e depois chegamos a Parma e já não encontramos nada que nos fascine. E o facto de estar um dia cinzento e chuvoso também não terá ajudado nada.

Mas como esta é também a cidade do delicioso prosciutto di Parma e do famoso formagio parmegiano, contava, pelo menos, poder degustar essas iguarias, mas nem nisso me calhou, talvez por azar, mas não passámos por nenhum restaurante onde pudéssemos degustar in situ aquelas especialidades locais. 

Mas ainda assim não deixámos de fazer a visita à cidade passando por alguns dos locais mais interessantes, que se dispõem num centro histórico bastante pequeno, o que faz com que o percurso necessário para conhecer a cidade seja muito curto, pouco mais de 2 a 3 km. 
Saindo do estacionamento na marginal junto ao rio, il fiume Taro, seguimos até à zona histórica começando por passar junto ao Teatro Régio

O exterior do edifício que alberga o teatro e a sala de ópera da cidade, não aparenta a dimensão e o luxo que se encontram no seu interior. Também não se suspeita de uma história tão importante como aquela que foi vivida nesta sala de espetáculos, sobretudo quando o compositor Giuseppe Verdi, que nasceu em Busseto, a apenas 30 km de distância, alcançou, neste mesmo espaço, a fama e o estrelato que o fizeram ser conhecido como um dos grandes compositores de todos os tempos.

O auditório tem 1.400 lugares e está em funcionamento desde a sua inauguração em 1829. Atualmente são apresentadas algumas óperas ao longo da temporada, de meados de janeiro a abril e, todos os anos, decorre nesta sala em outubro o festival Verdi, que atrai sempre muitos espetadores.
A apenas 50 m do teatro encontramos a Basílica di Santa Maria della Steccata, uma igreja católica do século XVI que apresenta traços do renascimento e do barroco.
Mais à frente chegámos a uma das grandes praças da cidade, a Piazza Giuseppe Garibaldi, o coração de Parma. É nesta praça que se localiza o Palácio do Governador, a Chiesa di San Pietro, o Palazzo del Podestà e a Comuna de Parma.

O Palácio do Governador, antigo palácio do governo local, localizado do lado Norte da Piazza Garibaldi, é um edifício de estilo barroco e neoclássico, dominado pelo seu campanário, a torre do sino, uma torre construída no século XVIII, que é também conhecida como torre do relógio. Mas além do relógio mais visível a torre inclui também na sua fachada outros dois relógios de sol, junto ao nicho onde repousa uma imagem da virgem com o menino ao colo.

Atualmente o palácio é um local de exposições de arte moderna e contemporânea.
Bem em frente da fachada do palácio emerge a estátua Giuseppe Garibaldi, um guerrilheiro e patriota italiano, apesar de ter nascido em França, e que dá o nome a esta praça, a principal da cidade de Parma.

Do lado Poente fica a Chiesa di San Pietro. A sua fachada remonta ao século XVIII e é composta por um pórtico, e o seu portão de entrada que fica resguardado num nicho em semi-abóbada e, no exterior, elevam-se ainda quatro colunas monumentais feitas em pedra.
No lado Sul da praça fica ainda um conjunto formado por dois importantes monumentos do século XIII, a Comuna de Parma, ou Câmara Municipal, e o Palazzo del Podestà.
Saímos da Piazza Garibaldi percorrendo a malha de ruas do centro histórico na direção da Piazza Duomo, onde é visível a arquitetura clássica que a cidade vai revelando.
Chegámos assim à praça mais monumental de Parma onde se dispõem as duas maiores preciosidades da cidade, o Duomo e o Battistero.

O Duomo ou Cattedrale di Parma, também chamada como Catedral de Santa Maria Assunta, é o mais importante local de culto católico da cidade e a igreja-mãe da diocese local. Juntamente com o Batistério e com o Palácio Episcopal formam o conjunto arquitetónico preciosíssimo que preenche a pequena Piazza Duomo. 

O seu exterior é de estilo românico, com uma fachada típica das igrejas das cidades do norte de Itália. Pelo interior o estilo românico é ainda predominante, embora algumas das partes principais, como a nave central e a cúpula, tenham sofrido várias intervenções renascentistas e algumas das capelas laterais tenham sido mais tarde reformuladas em estilo gótico.

A antiga igreja existente neste local foi destruída após um incêndio no século IX. Depois disso começaram as obras de reconstrução dando origem a um templo dedicado à Virgem Mãe de Deus. Desde então não pararam as reconstruções e reabilitações e no século XIII foi construído o atual campanário. A partir do século XV as capelas laterais foram decoradas com frescos de interesse considerável. Mas só mais tarde, em 1834, o papa Gregório XVI elevou a igreja ao estatuto de basílica.

O Batistério de Parma, um templo dedicado ao ritual batismal, faz conjunto com a Catedral de Parma numa junção entre a arquitetura românica e a arquitetura gótica.

O batistério foi começado no final do século XII, como se refere numa inscrição no seu portal. No estilo gótico e com utilização do precioso mármore rosa de Verona a construção foi evoluindo ao longo de quase um século até ao ano de 1270, quando o edifício foi consagrado solenemente. A beleza arquitetónica daquele edifício é incontestável e será talvez o monumento mais marcante de toda a cidade de Parma.


O dia estava chuvoso e a Piazza Duomo completamente vazia, e sem as cores que um dia de sol poderia fazer realçar, os dois monumentos perdiam a beleza que uma arquitetura tão valiosa deveria revelar. Resolvi então fazer esta foto apenas em tons de sépia, para que os contornos fossem visíveis e a imagem revelasse um requinte semelhante àquele que nos era mostrado no local... um espaço solene, quase intimista, vazio e silencioso, sem cor e sem movimento. 
Depois de uma pausa em torno da Piazza Duomo seguimos até à Igreja de San Giovanni Evangelista, localizada logo atrás da catedral. 

Trata-se de mais uma igreja monumental, foi construída no século XVII e está integrada num convento beneditino. Tem uma fachada de mármore em estilo barroco e enverga um belo campanário no seu lado direito com uma altura de 75 m, o mais alto da cidade de Parma.
Faltava apenas o caminho de volta depois de uma visita à cidade bastante curta, sobretudo porque a cidade é pequena, mas também porque não é, de todo, um daqueles destinos que nos inspirem grandemente.

Mas passámos ainda por algumas ruas onde tentámos provar as iguarias locais, o presunto de Parma e o queijo parmegiano... mas nada disso, encontrámos vários restaurantes, e até talvez fosse possível comer uma pasta com queijo, mas ralado de uma fatia guardada em embalagem plastificada ou de um pacote com o queijo já ralado, mas nenhum deles oferecia um daqueles queijos gigantes, que parecem pneus, e de onde se vão retirando pedaços suculentos do belo parmegiano (que já encontrei noutros locais até fora de Itália).

Curiosamente encontrámos uma excelente gelataria de uma rede regional no Norte de Itália que se chama “Come una volta”... e que tinha um gelado de pera perfeitamente divinal. 

Passámos ainda pela Piazza della Pace, onde se encontra o Palazzo della Pilotta, sede do Museo Archeologico Nazionale.

Terminámos a visita à cidade de Parma nos Jardins do Parco Ducale, um bonito palácio num grande jardim público.


Concluímos esta visita com uma sensação de que se trata de uma cidade muito pouco interessante. Partimos em direção ao Mediterrâneo, até à cidade de La Spezia, numa viagem que nos iria levar depois às Cinque Terre e à Riviera italiana.


Voltar à página "Pelo Norte de Itália, de costa a costa"