terça-feira, 3 de abril de 2012

Lago de Como

A cerca de 50 km, quer da cidade de Milão quer do Aeroporto de Milão-Malpensa, fica a cidade de Como, banhada por um dos Lagos mais glamourosos de toda a Europa, o Lago di Como.

A proximidade do Lago com a cidade de Milão permite que se faça uma viagem ao longo de um dia completo, com regresso na noite desse mesmo dia. Há também quem faça este percurso num comboio da manhã e regresse depois num comboio noturno.

No nosso caso viemos de carro, passámos o dia no lago e optámos por ficar a noite num hotel da cidade de Como.

O Lago de Como é o terceiro maior lago de Itália, depois dos lagos de Garda e Maggiore. A sua origem resulta da água dos degelos de glaciares nos Alpes, que se acumula neste vale cavado entre montanhas íngremes, com extensas florestas e com dezenas de pequenas aldeias e vilas históricas. É um dos lagos mais profundos da Europa, atingindo mais de 400 m de profundidade.

O lago proporciona um cenário absolutamente deslumbrante, com os tons de azul forte das águas, que vão variando em função das profundidades, e com os verdes intensos dos bosques, pontilhados pelas casas que se dispõem desde as encostas até às margens, onde vão sobressaindo algumas mansões de luxo, aqui chamadas de villas, normalmente com jardins majestosos sobre o lago, e que fazem as delícias dos milionários de todo o mundo… como o caso mediático de George Clooney.
Mas antes de “mergulharmos” ao longo das profundezas dos vales cavados do lago e, mal acabados de chegar de Milão, começámos o dia na cidade de Como com “una bella colazione” (ou seja… um belo pequeno-almoço) numa das muitas esplanadas aprazíveis que a cidade oferece.

A cidade de Como tem um certo charme, com uma arquitetura típica italiana que se mistura com algumas igrejas e uma catedral, e com as habituais praças e ruas pedonais... mas não foi a cidade que nos trouxe aqui, tínhamos vindo para visitar o famoso Lago di Como.
    


Fizemos um percurso curto e sem destino definido, apenas deambulando pelas ruas e atravessando os locais mais emblemáticos da cidade, mas de qualquer forma, acabamos sempre por chegar às margens do lago. Percorremos depois as zonas acessíveis ao longo das margens, que nos permitiram visualizar a cidade de ângulos e perspetivas diferentes.
A visita ao lago, para quem não tenha uma villa luxuosa nas suas encostas e nem sequer se consiga alojar num dos hotéis próximos das margens, pode ser feita de duas formas: ou de carro, ao longo da estrada sinuosa que contorna toda a margem do lago, ou então de barco, seguindo um dos passeios coletivos, ou mesmo alugando um barco... em função da disponibilidade de cada carteira.

Resolvemos seguir um pouco das duas alternativas, percorrendo alguns quilómetros ao longo do lado Oeste do lago e parando em alguns dos pontos mais interessantes, e depois fazendo um passeio de barco que nos permitisse contemplar a paisagem de um outro ângulo. Fizemos assim um percurso de cerca de 30km de carro, pela estrada sinuosa que contorna o lago atravessando as aldeias e vilas marginais, chegando até à pequena cidade de Lenno, onde fizemos, entretanto, um passeio de barco, que nos levou ao longo da baía que envolve a cidade, atingindo a península de Bellagio e descendo depois para Sul, pelo contorno da margem descendente até Laglio e voltando de seguida pela margem oposta.

Mas ainda antes de nos fazermos à estrada pela margem do lado Oeste do lago, subimos a colina que se ergue no lado oposto, onde fizemos uma pequena paragem para aproveitarmos a vista panorâmica sobre a cidade que dali pode ser observada.

Já no trajeto de subida do lago, numa estrada de curvas e contracurvas, e com imensa dificuldade para estacionar junto aos pontos mais apelativos, lá fomos conseguindo fazer algumas paragens, mas quase sempre algo longe dos locais a visitar, o que nos obrigava a pequenas caminhadas, mas que se tornavam bem apetecíveis por nos revelarem alguns recantos com paisagens bastante bonitas.
Mas, naquele dia em particular, com a nossa presença, estes lugares nas margens do lago revelavam imagens, como esta, que eram ainda bem mais encantadoras... e não acredito que possam existir fotos mais belas em todo um vasto portefólio de fotografias do Lago di Como.
Fizemos a primeira paragem junto à cidade de Cernobbio, a capital do município, ou comuna, com o mesmo nome. É uma das cidades típicas do lago, com edifícios e monumentos semelhantes àqueles que se encontram por todos os povoados da zona, e também com as famosas villas de alto luxo, autênticos palacetes com jardins radiosos desde as casas até à beira do espelho de água, onde se imaginam festas para celebridades e convidados de muitos milhões de euros ou dólares.

Depois de percorrermos as ruas da cidade, que convergem naturalmente para o largo principal junto ao porto de recreio, detivemo-nos algum tempo e almoçámos numa das esplanadas banhadas pelas águas tranquilas do lago, onde pudemos apreciar as apetecíveis iguarias da cozinha italiana, se bem que aqui os preços estejam um pouco mais inflacionados.
Continuando para Norte fomos parando sempre que as vistas nos iam surpreendendo e sempre que arranjávamos um espaço para estacionar. Passámos assim por várias terrinhas, destacando-se algumas vilas um pouco maiores, como Laglio, Brienno e Argegno.

O final deste percurso foi na pequena cidade de Lenno que fica situada no início da zona costeira designada como costa Tremezzina, e é banhada por uma baía que se forma em torno da Punta Balbianello Bellagio, um promontório localizado do lado Sul, onde emerge sobre o lago a famosa Villa del Balbianello.

A cidade tem alguns monumentos e uma história longínqua para contar, desde os primórdios da época romana, mas não é isso que se procura nas margens do Lago de Como. De qualquer modo surge uma curiosidade histórica, que não passa disso mesmo, uma curiosidade, pois não acrescenta nada à nossa visita. E o facto é que, a cerca de 1 km, junto a Azzano, se encontra a aldeia de Giulino, lugar onde Benito Mussolini e a sua amante, Claretta Petacci, foram baleados na manhã de 28 de abril de 1945, quando Mussolini tentava escapar às forças da resistência italiana disfarçado de soldado alemão.

Lenno é também um dos locais a partir do qual se pode fazer um passeio de barco, que faz um percurso ao longo da baía junto à cidade e passa pela bonita península de Bellagio, na margem oposta, e depois desce para Sul, regressando de novo até Lenno.

Já sobre as águas, ligeiramente a Norte da cidade de Lenno, junto a Tremezzina, deparámo-nos com uma das joias arquitetónicas desta zona, o Grand Hotel Tremezzo, um dos hotéis de luxo mais bonitos e mais antigos do Lago de Como. É um autêntico palácio com uma arquitetura em estilo liberty italiano (o nome que foi dado em Itália ao movimento de art nouveau). Atualmente a imagem deste hotel faz-nos necessariamente lembrar o mítico Grand Budapest Hotel, mas, àquela data, muito antes da estreia do filme de Wes Anderson, o hotel era apenas um edifício muito bonito mas não suscitava qualquer referência cinematográfica.
Ainda antes da travessia para o lado oposto do lago o barco contornou a margem Oeste e avistámos a bonita cidade de Cadenabbia, apertada entre o rochedo imponente das montanhas e o espelho de água.
Já do lado Este atingimos uma das zonas balneares mais concorridas desta região, a península de Bellagio, por onde passámos bem próximo do Hotel Metropole Bellagio.
A viagem é deslumbrante e vai-nos revelando alguns dos recantos mais preciosos que não conseguimos observar no percurso de carro.

Fizemos assim a descida do lago junto à margem esquerda até invertermos a marcha e atingirmos a aldeia de Laglio, por onde já tínhamos passado de carro, mas que, desta forma, pode ser contemplada de maneira diferente.

Uma das curiosidades deste local é a Villa Oleandra, que só pode ser observada a partir do lago, e que, aparentemente, é apenas mais uma villa luxuosa junto ao lago, com um imenso jardim desde a casa até ao ancoradouro privativo. Mas esta tornou-se especial quando foi adquirida por George Clooney em 2002, pela quantia simpática de 7 milhões de dólares, tornando-se assim o local ideal, para quem esteja autorizado, ir tomar o seu Nespresso... what else? Mas não foi o nosso caso, por muito que isso vos espante... mas já tínhamos coisas combinadas!
O lago está perfeitamente encaixado entre as montanhas que, naquela zona, são altas e bastante íngremes, o que caracteriza a paisagem típica deste local, com aldeias pitorescas que se dispõem sobre as encostas verdejantes no meio dos bosques viçosos.
Já muito próximo de regressarmos a Lenno e depois de deixarmos à nossa esquerda a Isola Comacina, passámos por mais uma atração deste local, a Villa del Balbianello. É uma visão deslumbrante a partir do lago quando avistamos a Punta Balbianello Bellagio, um pequeno promontório que se destaca da margem exibindo um edifício colossal do século XVIII, cercado por árvores, jardins e terraços, a Villa del Balbianello. Trata-se de uma das mais sumptuosas villas de todo o lago que tem tido diversos proprietários ao longo dos anos mas, recentemente, foi doada ao Fundo Ambiental italiano.

Os fãs de James Bond talvez se lembrem de uma cena do filme Casino Royale passada nos jardins desta casa, com a vista do lago como fundo, quando o agente secreto 007 recuperava da tortura a que foi sujeito. A villa apareceu também no filme Star Wars II - o Ataque dos Clones.
Acabámos esta visita, sabendo, contudo, que o lago tem muito mais para ver, pois limitámo-nos a percorrer um dos braços da parte Sul do lago, com a forma de um Y invertido, não tendo visitado o outro braço, que se desenvolve a partir da cidade de Lecco, nem toda a parte Norte, até à cidade de Domaso, onde o lago se começa a formar, já na proximidade da cordilheira dos Alpes.

Faltava agora voltar até à cidade de Como, onde iríamos ainda ficar uma noite para sairmos na manhã seguinte continuando a viagem pelo Norte de Itália... fizemos apenas uma última foto de família (ainda não tinham inventado as selfies e por isso o fotógrafo ficava sempre de fora... neste caso foi a Ana).