Saímos de Verona rumo à região dos Alpes italianos para um percurso de cerca de 230 km e passámos o dia inteiro junto às margens do Lago de Garda, o maior dos lagos alpinos italianos, localizado ao longo das regiões de Trentino, Veneto e Lombardia. O espaço é todo ele uma paisagem espetacular, dominada pelo azul forte das águas do lago, pelo verde das montanhas que o rodeiam e pelas pequenas aldeias encaixadas ao longo das suas margens.
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Começámos por fazer uma primeira paragem exatamente na pequena Città de Garda a apenas 40km de Verona. A Cidade de Garda surge algo diferente dos restantes vilarejos que se dispõem ao longo das margens deste imenso lago. É um dos principais aglomerados e apresenta a arquitetura típica desta zona, misturando os traços italianos com alguma influência do Tirol, que é ali bem perto. E neste caso a cidade apresenta um centro histórico interessante com um pequeno castelo e com algumas ruelas, por vezes bastante típicas e só de acesso pedonal, com lojas de souvenires e de artesanato, que nos conduzem sempre até à zona marginal, com um porto de recreio, onde se encontram as principais infraestruturas de apoio aos turistas, com muitas esplanadas de cafés e restaurantes e com alguns postos de apoio às atividades mais procuradas, como o aluguer de barcos ou a venda de passeios no lago.
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O ambiente é encantador e a paisagem envolvente é extraordinária, por isso, foi bem agradável fazermos uma pausa numa esplanada junto ao lago para uns gelatos italianos, que são sempre deliciosos, e para uns cappuccinos que nos souberam especialmente bem, como acontece muitas vezes nestas ocasiões.
Há coisas que têm um sabor especial por serem naquele local e por serem irrepetíveis... esse é um dos grandes fascínios das viagens, a possibilidade de vivermos momentos, por vezes tão simples e naturais, mas que nos deixam marcas que vão perdurando nas nossas memórias. E nesse dia, enquanto a luz da manhã refletia nas águas do lago, sentimos o encanto de ali podermos estar, inspirando aquele ar puro e desfrutando de um instante maravilhoso que era só nosso e jamais se poderá repetir, pelo menos daquela mesma forma e oferecendo aquela mesma sensação.
A apenas 3 km da cidade de Garda chegamos à Punta San Vigilio, um dos lugares mais encantadores do lago. Constituída por um aglomerado de edifícios históricos numa pequena península onde se fecha a baía da cidade de Garda.
É ocupada maioritariamente pela charmosíssima Villa Brenzone, mas nos espaços envolventes, mais próximos do lago, localizam-se algumas das principais atrações do local, como uma igreja do século XII, dedicada a San Vigílio, uma marina para pequenas embarcações e um edifício histórico de dois pisos, com vista para a marina, onde funciona um hotel de charme designado como Locanda San Vigili, que inclui um restaurante e uma taverna.
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Quem não quiser arriscar uma conta demasiado alta, pode experimentar a alternativa da Taberna San Vigilio, um local aconchegante, perfeito para comer e beber alguma coisa mais simples enquanto desfruta da fantástica paisagem sobre o lago.
E há também a referência aos visitantes ilustres que por lá passaram. Diz-se que Napoleão, o Czar Alexandre II, Winston Churchill, o Príncipe Charles, o Rei Juan Carlos de Bourbon, os atores Lawrence Olivier e Vivien Leigh, estarão na lista das pessoas que procuraram refúgio das suas vidas stressantes em San Vigilio. Mas este é também um local que sempre inspirou artistas e filósofos, e tem servido para selar e celebrar novos e antigos amores.
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A Villa Brenzone é uma propriedade privada e, embora seja visitável, tem um acesso muito restrito. Assim, o local só torna acessível pela existência do hotel e do restaurante. De qualquer forma, para lá chegarmos temos que deixar o carro junto à estrada principal e fazer um trajeto a pé ao longo da península, passando junto aos muros e portões da Villa Brenzone, até chegar à zona da marina, às portas do hotel, do restaurante e da taverna.
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Após mais 5 km para Norte fizemos uma nova paragem em Torri del Benaco, uma comuna da região de Garda, que faz parte dos centros turísticos da zona.
O centro histórico é bastante acolhedor, com ruas pedonais, como a via marginal Lungolago Berto Barbarani ou a via interior Dante Alighieri, ambas cheias de esplanadas e lojas até atingirem a Piazza Calderini, onde surgem os dois principais pontos de interesse da cidade, o porto e o castelo.
O porto pitoresco, com os seus barcos de pesca coloridos, rodeados por casas típicas e pelo Albergo Gardesana e, logo em frente, um pequeno castelo que funciona como museu e é o símbolo principal da vila. O castelo, que é atualmente um museu etnográfico e foi originalmente da família Scala de Torri, é uma fortaleza romana composta de três torres.
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Chegámos já a meio da tarde a Riva del Garda, umas das cidades mais importantes do lago, e parámos para um almoço tardio numa pizzaria de forno de lenha com umas pizzas divinas, que saboreámos serenos à beira do lago.
A cidade de Riva del Garda (também chamada simplesmente de Riva) está localizada entre as montanhas no extremo Norte do Lago de Garda, onde o rio Sarca desagua, dando assim origem à formação deste imenso espelho de água.
A arquitetura da cidade é muito peculiar, com a influência dos edifícios clássicos dos Alpes, mas adotando as cores pastel das casa típicas italianas, como na zona marginal onde encontramos edifícios históricos coloridos, que formam alguns recantos de uma beleza invulgar.
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Percebe-se que a cidade está bem preparada para a afluência de turistas, não tanto nesta altura de Primavera, mas sobretudo na época balnear, quando os italianos correm para as praias que se vão formando nas margens do lago. Assim, é bem visível uma oferta turística massiva, com muitos hotéis e várias ruas pedonais com lojas e restaurantes, algumas transformadas em esplanadas contínuas, sobretudo nos espaços junto às margens, onde se podem contemplar as paisagens mais encantadoras do lago e das montanhas.
A cidade está encaixada numa zona de montanhas com uma configuração que se assemelha a um anfiteatro, com o Monte Rocchetta, do lado Oeste (que atinge a altitude de 1.575 m) e o Monte Baldo, a Leste (com 2218 m), fazendo lembrar as bancadas, enquanto que, em frente, se estende o colossal lago, como se de um palco se tratasse.
Nessa configuração, o ponto central, que é também o polo mais importante do centro histórico da cidade, fica na Piazza Tre Novembre, junto às margens do lago e dominada pela Torre Apponale, um dos principais símbolos da cidade.
No final do dia percorremos ainda os 145 km que nos separavam da zona alpina dos Dolomitis e das estâncias de ski de Val Gardena.