(Julho de 2009)
Nova Iorque é, e sempre foi, a minha principal referência planetária, uma espécie de capital do mundo, que conhecemos desde sempre, mesmo antes de a termos visitado, por ser uma cidade que nos habituámos a reconhecer pelos filmes, pelas séries e pelas notícias, que nos entram diariamente em casa. Mas a realidade é sempre bem diferente e sempre surpreendente e, na cidade de New York, essa surpresa é mesmo avassaladora e chega-nos em cada avenida, cada praça, cada recanto, e envolve-nos de forma tão marcante que nunca mais deixamos de considerar esta cidade como um dos nossos locais favoritos em todo o mundo.
Conheci a cidade em 1996 numa viagem que fiz ao longo da costa Leste dos Estados Unidos, mas vou sobretudo referir-me a uma outra viagem que fiz em junho de 2009, na companhia da Ana, a minha mulher, e da Marisa Martins, o Rui Cabrita, a Palmira Carvalho e a Tânia Meneses.
A descrição desta viagem será feita através dos vários percursos que fomos fazendo ao longo da cidade, mas a duração de cada percurso e da própria estadia irá depender do ritmo que cada um queira imprimir aos seus passeios e às suas pausas. A nossa estadia durou cinco dias completos, mas admito que se possa prolongar a viagem por mais um ou dois dias, de forma a sobrar tempo para fazer outras coisas, ou para fazer exatamente o mesmo, mas com mais calma. De qualquer maneira, apesar dos cinco dias, nem fiquei com a sensação que tivesse sido uma correria desenfreada.
Em qualquer dos casos recomendo que se faça alguma preparação e planeamento para tentar minimizar o tempo mal perdido, sobretudo numa cidade onde o tempo é precioso porque a estadia é bastante cara (isto é uma deformação profissional, mas uma viagem começa por ser gerida como um projeto... e depois tem desvios que vamos adaptando e corrigindo, tal como em todos os projetos). De qualquer forma esse planeamento que nos leva a estabelecer um guião para visitarmos a cidade nunca poderá ser uma peça rígida, tem que existir espaço para improvisarmos, essa é uma regra universal e que é bastante recomendável numa cidade tão surpreendente como esta.
Quando falo em preparação refiro-me à definição dos espaços que vamos querer visitar, para que possamos comprar previamente os ingressos ou fazer reservas, quando necessárias, e só dessa forma evitaremos filas e não correremos o risco de perder algo que gostaríamos de visitar, o que será um benefício relevante para a qualidade da nossa estadia. E refiro-me, por exemplo, ao acesso a museus, às subidas a arranha-céus, aos espetáculos, a cruzeiros de barco e às reservas em restaurantes.
No nosso caso adquirimos um CityPASS que incluía a utilização de transportes públicos, mas também o acesso a museus, subidas aos arranha-céus visitáveis e um cruzeiro de barco à volta da ilha de Manhattan. Não vos refiro qual o preço e nem sequer qual o nome exato deste passe porque já passaram vários anos e certamente existirão coisas novas. De qualquer forma lembro-me bem que o passe era bastante caro. Talvez a aquisição prévia de ingressos apenas para os espaços escolhidos seja uma solução mais económica. E mesmo o uso de transportes talvez não justifique um passe, porque os maiores percursos são feitos a pé e os regressos ou as saídas à noite normalmente são feitos de táxi.
Ainda no âmbito da preparação da viagem queria mencionar que esta é uma cidade servida por dois aeroportos, o JFK, em New York, e o aeroporto de Newark, no estado de New Jersey e ambos ficam a cerca de 30 km do centro de Manhattan. Desta forma a escolha dos voos poderá recair em qualquer destes dois aeroportos podendo-se optar pelas alternativas mais económicas.
Já a escolha dos hotéis é quase sempre uma dificuldade. Não porque não exista oferta, mas porque os preços têm vindo a tornar-se insuportavelmente elevados (recordo que em 1996 o dólar estava em baixa e tudo era baratíssimo, e mesmo em 2009 os preços estavam ainda razoáveis e deu para escolher um hotel junto à Times Square).
No entanto, apesar a subida em flecha dos preços dos hotéis, sugiro que isso não vos faça desistir de visitar a cidade e, se for necessário, escolham um hotel em Newark. Procurem hotéis na proximidade da estação ferroviária (a Penn Station de Newark) e terão ligação direta de comboio em 20 min até à Pennsylvania Station na 7th Avenida, no coração de Manhattan.
Antes de entramos nos percursos e atrações a visitar quero falar-vos de um momento que me marcou decisivamente… o momento da chegada à cidade. Como a abertura de uma ópera ou de uma sinfonia, a chegada à cidade de New York é incontornavelmente um dos instantes decisivos de toda a nossa visita. Naquele momento em que pomos pela primeira vez os pés na ilha de Manhattan, a cidade arrasa-nos, faz-nos estremecer, como se entrássemos num imenso carrossel de vibrações e emoções.
Não é fácil descrever aquilo que se sente e deixo-vos aqui um desafio… tentem registar (ou recordar, para quem já lá foi) as emoções na vossa chegada à cidade, tentem perceber como é que se estão a sentir quando a cidade vos esmagar… e depois vejam se tenho ou não razão, se não é mesmo um instante decisivo, para a vossa viagem e mesmo para a vossa vida, porque as coisas nunca mais serão vistas da mesma forma, a partir daquele momento o mundo será diferente... ”haverá sempre New York”.
No nosso caso, depois de aterrarmos no aeroporto JFK e apanharmos o transfer, a nossa chegada à cidade aconteceu já à noite, depois de pararmos no Paramount Hotel na 46th Street e após um breve percurso de 150 m, chegámos ao coração palpitante da cidade, a incrível Times Square... e não podíamos ter tido melhor cartão de visita, fomos imediatamente engolidos por uma vibração que ainda hoje me deixa arrepiado.
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Ao longo de cinco dias seguintes fizemos vários percursos por toda a cidade cujas crónicas se apresentam nas seguintes publicações:
Carlos Prestes
Junho de 2009