sábado, 13 de junho de 2009

New York - Percurso 5 - Lower Manhattan


Depois de uma manhã completa no downtown quisemos aproveitar o resto deste dia ainda na zona do Lower Manhattan, percorrendo os bairros do Chinatown, do Little Italy, do SoHo e do Greenwich Village, cada um deles com as suas características muito particulares e bem diferentes entre si, mas com a semelhança de serem todas zonas que fazem lembrar pequenas cidades ou mesmo aldeias, sem a marca dos grandes arranha-céus que domina o resto da cidade.
Começámos por visitar o bairro do Chinatown, um dos maiores bairros chineses em todo o ocidente e também um dos mais antigos enclaves asiáticos fora da Ásia, com origem em meados do século XIX.

O bairro chinês desenvolve-se entre a Chatham Square e a Canal Street, e estende-se até às margens do East River junto ao viaduto da Manhattan Bridge.

Na Chatham Square o início do bairro chinês é assinalado com a estátua de Lin Zexu um estudioso chinês da dinastia Qing, do século XVIII.
Por toda esta zona desenvolve-se um bairro ocupado por chineses, com todo o tipo de características bem orientais, do comércio à cultura, da gastronomia à economia. Mas para um turista, incapaz de perceber a complexidade daquele bairro ao nível do poder económico e financeiro das empresas chinesas que ali estão sediadas, o Chinatown é apenas o local onde encontramos restaurantes e lojas ou armazéns chineses, para venda de quase tudo, como comida, roupa, equipamentos e aparelhos eletrónicos. Existem também alguns espaços dedicados a atividades culturais e religiosas, como templos chineses ou aquelas lojas cheias de um aparente misticismo, algumas onde se tenta adivinhar o futuro.
Mas nas ruas, o que realmente faz diferença e nos faz sentir num ambiente exótico, são os letreiros sempre em caracteres chineses e é também, à porta das lojas de comida, uma quantidade imensa de patos pendurados que nos criam desconforto e não nos convidam minimamente para uma refeição naquele local.

Conhecer o Chinatown não vai além de serpentear pelas várias artérias do bairro, descer até ao rio e voltar a subir, até terminar na Canal Street... mas ir sempre entrando em algumas lojas, com ou sem interesse nos produtos que estão a ser vendidos.

Em tempos, e concretamente em 1996, a contrafação era feita naquele local sem qualquer pudor, vendiam-se, por exemplo, as melhores marcas de relógios a “ten dólar”, um preço que se anunciava à porta de cada loja como um pregão. E lá estavam as imitações perfeitas dos melhores Rollex... e que iriam durar e dar horas certas pelo tempo em que a máquina eletrónica funcionasse, o que poderia acontecer por vários anos.

Em 2009 a contrafação estava muito mais controlada e esta venda de material pirateado já não se fazia de forma descarada e massiva, e reconheço que, com essas novas regras, o bairro perdeu uma parte da piada e do interesse que tinha anteriormente.

A saída do bairro faz-se pela Canal Street, que recebe o trânsito da Manhattan Bridge, numa zona adornada por um monumento com colunas romanas. Esta é a rua principal do bairro e estão aqui as melhores lojas, nomeadamente uma série de ourivesarias... as tais que antes vendiam Rollex's a ten dólar.

Saindo da Canal Street para Norte entramos num outro bairro, com influências bem diferentes, desta vez marcadas pela comunidade de imigrantes italianos que ali se instalaram no início do século XX, formando o chamado Litle Italy.

Entretanto, com o grande fluxo de imigrantes vindos de Itália, sobretudo com a 2ª guerra mundial, foram sendo criadas outras comunidades de italianos na cidade, principalmente em Brooklyn e Staten Island, e o Litle Italy, por estar em Manhattan e ser um bairro mais caro, começou a ser ocupado por outras comunidades, tendo atualmente na sua população permanente apenas cerca de 10% de italo-americanos. No entanto o bairro continua a representar o espirito e a cultura de Itália, materializado através das lojas e sobretudo dos muitos restaurantes italianos que ali se concentram.

Nas referências no cinema às comunidades italianas, que são tão comuns, por exemplo nos filmes sobre as famílias mafiosas, a ação raramente se passa no Litle Italy mas quase sempre noutros bairros, como o Brooklyn.

Mas o Litle Italy é ainda o rosto mais visível da influência italiana na cidade de Nova Iorque.
Percorremos as várias ruas do bairro, sempre muito concorridas e com uma imensa oferta de cafés e restaurantes, e não deixámos de apreciar a boa cozinha italiana num almoço tardio que nos soube divinamente. 



Saímos do Litle Italy e caminhámos até ao SoHo, o bairro dos artistas de Nova Iorque.

O nome original do bairro resulta da abreviatura de South Houston, por ser o bairro que fica a Sul da Houston Street. Mas ao mesmo tempo representa um conceito de bairro, que existe em algumas grandes cidades, como em Londres, e que se chamam SoHo na abreviatura de Small Office-Home Office. E é este o ambiente que ali se encontra, quer na sua vivência diária quer na ocupação dos espaços urbanos, com a existência de muitas lojas, galerias de arte e ateliers. 

E assim, encontramos nesta zona da cidade, uma arquitetura residencial de grande requinte, e um sem número de lojas, quase sempre bastante acolhedoras e com grande qualidade.


O conceito SoHo de Small Office-Home Office, privilegia os espaços residenciais onde surgem pequenos negócios, normalmente em pequenos escritórios ou oficinas. E, naturalmente, os negócios mais comuns num espaço residencial como este estarão sobretudo ligados às artes, quer seja pintura e escultura quer sejam outros tipos de design, como o mobiliário, a roupa e calçado ou a joalharia, mas sempre de marcas exclusivas. 

E é esse tipo de produtos que são oferecidos em estabelecimentos que se assemelham a galerias de arte e que ocupam as ruas do bairro, intercalados com outras lojas mais comuns, mas sempre com elevada qualidade, e com restaurantes, bares ou lounges, com o mesmo nível de requinte. 


No final do SoHo entramos no Greenwich Village, a “aldeia” chique de Manhattan, cheia de restaurantes, cafés e clubes de jazz. 

Começámos a Sul na zona da Our Lady of Pompeii Church, uma das igrejas do bairro, mas o que importa fazer nesta zona da cidade é percorrer, mais ou menos sem destino, as ruas que vão oferecendo diferentes locais de interesse, como lojas ou restaurantes.


A Norte do bairro, e depois de termos encontrado, para além de muitos cafés e restaurantes, também alguns clubes de jazz, como o famoso Blue Note, chegámos ao coração do Greenwich Village, o Washington Square Park.

É um parque público com 40 mil m² de área verde e é um dos espaços mais importantes do Village. A Este do parque fica a Universidade de Nova Iorque e a Sul ergue-se a igreja protestante Judson Memorial Church.
O parque tem sido palco para a rodagem de muito filmes mas vou destacar uma única cena do filme August Rush, onde o ator Freddie Highmore, ainda miúdo, toca guitarra num improviso incrível... só visto, não só esta cena, mas o próprio filme.

O ex-libris do parque é o Washington Square Arch, um arco de triunfo construído em mármore no final do século XIX, que alinha com a 5th Avenue e marca o início desta avenida.