Íamos passar toda a manhã deste dia na baixa da cidade e começámos por ir diretamente de Metro até ao Brooklyn Bridge Park, com vista para o downtown do outro lado da ponte.
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A tecnologia de suspensão dos tabuleiros, utilizando milhares de cabos cruzados, marca bem a imagem singular de uma ponte que nos habituámos a conhecer como uma peça de engenharia rara e preciosa.
O facto da ponte ter um pouco menos de 2km de extensão permite que, turistas e nova-iorquinos, possam realizar o trajeto entre as duas margens de forma bastante fácil, caminhando ou de bicicleta, o que faz com que esse passeio se tenha tornado num dos mais populares da cidade, e imprescindível para quem quiser entrar verdadeiramente no espirito de Nova Iorque.
Assim, atualmente, atravessar esta ponte é uma experiência imperdível, pelas vistas incríveis do skyline de Manhattan, mas sobretudo pela sensação que se experimenta, que chega a ser arrepiante e, certamente, inesquecível.
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À direita da Brooklyn Bridge fica mais uma ponte suspensa sobre o East River, a Manhattan Bridge, que faz também a ligação de Brooklyn até Manhattan, e neste caso vai desembocar na Canal Street, no China Town.
A referência cinematográfica que associo de imediato é a imagem desta ponte no cartaz do filme Once Upon a Time in America, de Sergio Leone, com Robert de Niro, um clássico incontornável dos anos 80.
Começando pelo New York County Supreme Court, na Foley Square, o Supremo Tribunal do Estado de Nova Iorque que é o tribunal de primeira instância do Estado. Trata-se de um edifício do início do século XX com grande riqueza arquitetónica, e com uma bonita fachada com 10 colunas no estilo clássico romano, que era muito popular na arquitetura dos tribunais nessa época.
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O edifício tem duas partes principais, uma base e uma torre com um total de 180m de altura e 37 andares. A base do tribunal é também bastante particular pela sua fachada com colunas romanas.
O prédio, que foi o primeiro a incorporar uma estação de Metro na sua base, a estação Chambers Street, tem uma série de influências clássicas da arquitetura, nomeadamente do Romano, do Renascimento italiano e do Beaux-Arts.
Apesar de ter uma altura 180m, o que, nesta cidade, parece ser razoavelmente baixo, acaba por ser um dos edifícios governamentais mais altos de todo o mundo.
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O edifício é um dos mais antigos e famosos da cidade, com uma arquitetura preciosa, o que levou a que fosse escolhido para diversas aparições em produções de cinema.
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A zona dos piers, sobretudo o Pier 17, é também um local de concentração de restaurantes, a maioria especializados em seafood, e que atraem sempre muitos turistas. É também especialmente emoldurada pela paisagem magnífica de um conjunto de torres na primeira linha, junto ao rio, onde se encontram fundeados alguns veleiros de grande porte.
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Entretanto saímos da zona marginal e deambulámos pelo chamado Financial District, sobretudo a zona mais próxima do coração da finança nova-iorquina, o Wall Street.
Além de um conjunto quase infinito de escritórios de instituições financeiras, o centro desta zona fica na interceção das ruas Wall St, Nassau St e Broad St, onde se localizam o Federal Hall e o New York Stock Exchange.
O Federal Hall foi construído no ano de 1700 como sede do governo da cidade de Nova Iorque, e mais tarde serviu como primeiro edifício do Capitólio dos Estados Unidos, e foi mesmo neste local que George Washington tomou posse como primeiro presidente dos Estados Unidos.
No entanto o edifício original seria demolido e seria construído depois, em 1842, o edifício atual, que funciona como museu comemorativo e memorial ao antigo Federal Hall e a George Washington.
O New York Stock Exchange (NYSE) ou Bolsa de Valores de Nova Iorque, fica um pouco à frente do Federal Hall, na Broad Street. A NYSE, que é atualmente administrada pela NYSE-Euronext, foi criada em 1792 e é uma das principais e das mais antigas bolsas de todo o mundo. O edifício tem uma arquitetura clássica com um conjunto de colunas gregas na sua fachada e uma imensa escultura decorativa de baixo-relevo no seu pórtico… mas o que mais se destaca é a bandeira americana gigante que cobre toda a fachada.
O touro foi concebido pelo artista italiano Arturo de Modica e foi instalado em dezembro de 1989, originalmente na Broad Street, em frente ao edifício da Bolsa de Valores. A instalação foi feita de forma provocatória, sem qualquer aviso prévio... num dia não havia lá nada e na manhã seguinte já lá estava o touro.
Depois da sua instalação junto ao edifício da Bolsa, a escultura foi apreendida pela polícia de Nova Iorque e foi levada para um parque de automóveis, onde ficou alguns dias. Mas, o protesto público que se seguiu, fez com que a estátua fosse rapidamente reinstalada, mas, desta vez, dois quarteirões abaixo, no parque Bowling Green, junto à Broadway, onde se encontra atualmente.
A escultura representa um touro em posição de ataque e simboliza um mercado financeiro agressivo, o chamado bull market. O escultor idealizou a estátua logo após o crash da bolsa de valores de Nova Iorque, em 1987, a chamada "segunda-feira negra", e resolveu oferecê-la à cidade, como símbolo da força e poder do povo americano. Modica gastou (a modica quantia de) 360 mil dólares das suas economias na execução desta obra, mas certamente, de forma indireta e ao longo da carreira, terá tido um benefício significativo com a inclusão no seu curriculum deste ícone da cidade de Nova Iorque.
Trata-se de um parque urbano com cerca de 10 hectares de área verde localizado no Sul da ilha de Manhattan, e que foi construído no início do século XX sobre um antigo aterro sanitário.
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É também deste local que saem os barcos com destino à Liberty Island, onde se encontra a Estátua, um dos principais pontos turísticos da cidade.
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Depois dos ataques do 11 de setembro a escultura foi recuperada de uma pilha de escombros, desmantelada e enviada para um armazém. Entretanto, como se tratava de um objeto que preservava a memória daquele local, a escultura acabou por retornar a Manhattan apenas seis meses depois do ataque, e foi novamente erguida, desta vez no Battery Park, a alguns quarteirões do local onde se encontrava anteriormente. O próprio Koenig supervisionou esse trabalho de remontagem da escultura que passou a ser um memorial às vítimas dos ataques. Koenig disse "Era uma escultura, agora é um monumento", "Agora tem uma beleza diferente, que eu nunca poderia imaginar. Tem a sua própria vida, diferente da que eu lhe dei".
Foi este o símbolo, bem mais que uma escultura, que encontrámos nesta zona da cidade.
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Ainda pela zona do downtown, enquanto percorremos um conjunto de ruas, sempre emparedadas por arranha-céus gigantes, surge-nos inesperadamente uma igreja do século XVIII. A Trinity Church é uma capela pertencente à Igreja Anglicana localizada bem no coração da finança de Manhattan, no cruzamento entre a Wall Street e a Broadway Avenue.
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Não sentimos a importância e a carga emotiva daquele local... penso que nem quiséssemos mesmo sentir o dramatismo que lhe está associado, talvez porque todos nós já tivéssemos feito o luto que aqueles acontecimentos justificavam. Mas talvez mais tarde, com a inauguração do edifício e a criação de um memorial, esse exercício de reflexão volte a ser possível... talvez mesmo inevitável.
O nosso grupo era constituído por cinco engenheiros civis e uma médica e, por isso, não descansámos enquanto não estávamos dentro do estaleiro a fazer perguntas ao encarregado.
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Entre as várias informações que nos transmitiram sobre o novo projeto e sobre a construção, e que vos vou poupar, por serem demasiado exclusivas de quem anda nesta coisa das obras, mostraram-nos ainda algumas imagens virtuais do edifício que virá a ser o futuro One World Trade Center.