A cidade de Roma que hoje encontramos, moderna e glamourosa, mostra ainda em cada recanto os vestígios da Roma Antiga, a grande capital do império romano, que prosperou durante mais de mil anos, desde o século VIII a.C..
Durante um dos dias da nossa visita à cidade escolhemos o percurso que nos levaria aos principais vestígios da Roma Antiga, embora, nos restantes dias e noutros percursos, fomos sempre tropeçando noutras ruínas romanas que, por si só, poderiam ser convertidas em sites arqueológicos de referência, mas que ali, naquele santuário arqueológico, não adquirem um particular destaque.
Por isso focámo-nos apenas nos vestígios mais grandiosos da civilização romana que encontramos ao longo da cidade, e percorremos mais ou menos os trilhos assinalados no mapa seguinte:
Largo di Torre Argentina
Esta praça surge-nos logo pela manhã como um aperitivo para o que nos iria ser mostrado ao longo deste dia. À partida seria só um simples conjunto de ruínas dos muitos que a cidade vai revelando, mas este lugar tem uma importante histórica especial, porque era ali que se reunia o senado romano e foi também neste local que, no ano 44 a.C., ocorreu o assassinato de Júlio César, um dos grandes estadistas da antiga República de Roma. Aliás, a sua morte marca mesmo o fim dessa República e o início do chamado Império Romano.
Com o excesso de poder de que dispunha, Júlio César criou um sistema ditatorial diminuindo o poder do Senado. Foi por esta razão que foi atraindo inimizades e acabou a ser vítima de uma conspiração, tendo sido assassinado neste local com 23 facadas disferidas por um grupo de 60 senadores, liderados por Caio Cássio e por Marcus Julius Brutus, o seu filho adotivo.
Júlio César ainda começou por tentar defender-se, mas desistiu assim que notou a presença de Brutus entre os traidores… proferindo então a sua última frase, que ficaria para a história: “Até tu, Brutus, filho meu? “.
Piazza Venezia
É uma das principais praças da cidade onde se intersectam duas das suas avenidas mais importantes, a Via del Corso e a Via dei Fori Imperiali, ligando, dessa forma, o Centro histórico à Roma Antiga, que nos é mostrada pelos vestígios que se encontram no Fórum Romano, logo depois desta praça. Foi por isso que inclui a Piazza Venezia neste percurso da Roma Antiga.
Mas esta praça não é só a porta de entrada para um dos principais sites arqueológicos de todo o mundo, a Piazza Venezia vale por si própria, sobretudo pelas suas principais atrações, como o imponente Monumento Nazionale a Vittorio Emanuele II, também chamado por Altare della Patria ou pelo nome popular de "Bolo de Casamento".
Trata-se de um monumento concebido por Giuseppe Sacconi em 1885, e somente concluído em 1935, com o objetivo de homenagear Vittorio Emanuele II, o primeiro rei da Itália unificada, que surge numa estátua equestre ao centro do monumento.
De um dos lados da praça encontramos o Palazzo Venezia, ou Palazzo Barbo, um edifício castanho alaranjado que atualmente abriga o Museo Nazionale di Palazzo Venezia.
Ao longo da sua história este palácio serviu de quartel-general a um dos governantes mais marcantes da história de Itália, embora pelas piores razões. Era justamente naquela varanda, que se ergue ao centro da fachada deste edifício, que Benito Mussolini fazia os seus discursos mobilizadores para a multidão que se aglomerava na praça.
Ao longo da sua história este palácio serviu de quartel-general a um dos governantes mais marcantes da história de Itália, embora pelas piores razões. Era justamente naquela varanda, que se ergue ao centro da fachada deste edifício, que Benito Mussolini fazia os seus discursos mobilizadores para a multidão que se aglomerava na praça.
De um dos lados desta praça, junto ao Monumento a Vittorio Emanuele II, ergue-se o Monte Capitolino, uma das sete colinas da cidade, no topo da qual se localizam a igreja de Santa Maria in Aracoeli e três palácios que formam os chamados Museus Capitolinos. A praça que encontramos no topo da colina, a Piazza del Campidoglio, tal como o palácio central, o Palazzo Senatorio, e a rampa de acesso, a chamada Cordonata Capitolina, foram projetados por Michelangelo e são preciosidades da arquitetura.
O Palazzo Senatorio, cujo nome regista o facto de ter sido um antigo senado, funciona hoje como sede da comuna romana, e é o edifício dominante na Piazza del Campidoglio, ao centro da qual encontramos a estátua equestre de Marco Aurélio, o antigo imperador romano.
Lateralmente ao Palazzo Senatorio, já com vista para o Fórum Romano, encontra-se sobre um pedestal uma réplica da Lupa Capitolina, uma escultura que é também um importante símbolo da cidade de Roma.
A Loba Capitolina, que alimenta os gémeos Rómulo e Remo que, segundo a mitologia romana, terão sido os fundadores da cidade, é uma escultura de bronze que se encontra exposta nos Museus Capitolinos, e cuja réplica podemos apreciar no exterior, constituindo um ponto de paragem obrigatória para quem visita o Monte Capitolino.
Descendo de novo até à Piazza Venezia, e já no início da Via dei Fori Imperiali, que nos leva ao longo do Fórum Romano até ao Coliseu, encontramos a Chiesa di Santa Maria di Loreto, uma igreja do século XVI localizada de frente para a Coluna de Trajano.
Fórum Romano
A Coluna de Trajano, construída por ordem do Imperador com o mesmo nome, assinala o início de um conjunto de ruínas da cidade antiga, que ali começam e que se distribuem ao longo de uma vasta área designada por Fórum Romano.
O primeiro dos vestígios arqueológicos que nos aparece é o Mercado de Trajano, que faz parte de um moderno complexo de edifícios da época romana localizado na encosta do monte Quirinal, e que atualmente é utilizado como Museu dos Fóruns Imperiais.
No meio de tantas ruínas destacam-se ainda alguns dos monumentos de referência daquela época, como o Arco de Sétimo Severo ou o Templo de Saturno.
E, claro, encontramos também o monumento mais importante de toda esta cidade em ruínas, o grande Anfiteatro Flaviano, que todos conhecemos como Coliseu de Roma.
Coliseu de Roma
Ao fundo da Via dei Fori Imperiali surge a imagem do monumento que é a principal referência, não só da própria cidade, mas de todo o Império Romano.
Foi construído no século I, por ordem do imperador Flávio Vespasiano. As obras demoraram oito anos e, quando ficaram prontas, já Roma era governada por Tito, o filho de Vespasiano que, em homenagem ao pai, batizou esta construção como Anfiteatro Flaviano.
O Colosseo di Roma é um monumento imponente em forma de elipse, com 189 m no eixo maior e 156m no menor, e com 48,5 m de altura.
Não se sabe ao certo quem foi o arquiteto que o projetou, mas é indiscutivelmente o maior e o mais célebre de todos os símbolos do Império Romano e, apesar de se encontrar em ruínas, mostra ainda o grande anfiteatro de outrora, usado para combates entre gladiadores ou onde os cristãos eram lançados aos leões.
Os jogos que decorriam neste anfiteatro levavam o público ao delírio, e tinham a presença habitual do Imperador de Roma, num camarote próximo da arena, onde era reverenciado pelos gladiadores antes de cada luta, com uma saudação que se tornaria famosa: “Salve, César! Aqueles que vão morrer te saúdam”.
Numa das minhas viagens a Roma experimentei visitar o interior do Coliseu, mas foi só isso, não voltei a repetir, desde então opto apenas por uma volta completa pelo exterior da arena, apreciando as fachadas, que constituem a riqueza principal deste monumento.
Nesse percurso de 360º em torno do Coliseu, encontramos o Arco de Constantino que foi construído para comemorar a vitória de Constantino I - o Grande, na Batalha da Ponte Mílvia, no ano de 312, e que é o mais moderno de todos os arcos erguidos na Roma Antiga.
Junto a este arco, do lado do Fórum Romano, encontra-se o Templo de Vénus e Roma. Foi construído pelo imperador Adriano no século II e era um dos maiores templos de Roma, dedicado às divindades de Vénus Félix e Roma Eterna.
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Monte Palatino
Ao nos afastarmos do Coliseu, embora sem sair daquele ambiente de ruínas romanas, surge o Monte Palatino, que corresponde à mais central das sete colinas de Roma e a uma das partes mais antigas da cidade. Tem uma elevação de cerca de 40 m acima do Fórum Romano, para o qual tem vista de um dos lados, enquanto que, do lado oposto, no limite deste monte sobre o vale ocupado pelo Circo Máximo, se encontra o Templo de Apollo Palatinus, um templo que foi dedicado pelo imperador Augustus ao seu Deus e patrono Apollo.
Circo Máximo
Logo depois do Templo de Apollo Palatinus encontramos os vestígios de uma outra arena, o Circo Máximo, neste caso em forma oval, como uma espécie de estádio, que era utilizada para diversos jogos de entretenimento na Roma Antiga.
O Circo Máximo, ou Circus Maximus, marcou profundamente o início da história de Roma, no século II a.C.. Era o principal estádio para jogos e diversões criados pelos antigos réis etruscos de Roma, tornou-se palco de grandes jogos e corridas de bigas, como aquelas que foram imortalizadas no filme Bem-Hur.
Inicialmente, era formado por uma estrutura de madeira, da qual nada encontramos atualmente, restando apenas os terrenos envolventes numa forma de arena, e os contornos do que teriam sido as antigas pistas de corrida.
Bocca della Verità
Um pouco abaixo do grande estádio do Circo Máximo surge a Basilica di Santa Maria in Cosmedin, uma igreja bastante simples, sobretudo quando comparada com tantas outras igrejas da cidade, embora tenha um campanário bastante bonito e que a diferencia.
Mas aquilo que é realmente singular nesta igreja, e que a torna num ponto de paragem obrigatório em qualquer visita turística à cidade de Roma, é a estátua que encontramos na nave de entrada, feita de mármore rosado e representando uma enorme cara com a boca aberta, a chamada Bocca della Verità.
Diz a lenda que se um mentiroso colocasse a mão dentro da Bocca della Verità, esta fechava-se decepando-lhe os dedos. Por isso, todos aguardamos na fila para chegarmos até à estátua e, sem quaisquer receios, podermos pôr a mão dentro da boca e assim tirarmos a foto da praxe.
Em frente à igreja fica o Fórum Boário, mais um local de vestígios da Roma Antiga, onde encontramos, entre as ruínas de vários monumentos, a Fontana dei Tritoni.
Terminámos o percurso planeado ao longo das principais referências históricas da Roma Antiga, que constitui uma das atrações imperdíveis para quem visita esta cidade.