Passámos um dia e meio em Edimburgo, uma cidade que já conhecia da primeira viagem lá nos anos 80, e que me tinha impressionado bastante, o que aumentava as expetativas… e que, felizmente, se vieram a confirmar.
O período de visita pareceu-me adequado, talvez pudessem ser dois dias completos se quiséssemos entrar em alguns monumentos que não visitámos, como o Palácio de Holyroodhouse, mas a nossa opção não era essa e o dia e meio escolhido foi mais do que suficiente… e assim, resolvemos dividir o tempo disponível nos percursos que represento neste mapa com três cores distintas:
No primeiro dia, que foi só uma tarde, começámos pelas ruas do centro, onde ficava o hotel e percorremos os trilhos assinalados no mapa anterior a roxo.
Podendo escolher um hotel no centro, como nós fizemos, será uma grande vantagem, pois passaremos a dispor de um polo de apoio às várias caminhadas que fazemos pela cidade. Nem costumo fazer referência aos hotéis que utilizo, mas, desta vez, deixo aqui o respetivo link, pois estava mesmo no coração da cidade, e é uma excelente escolha, embora o preço fosse um bocado puxado: Motel One Edinburgh-Royal.
O hotel fica no início da Cockburn Street, uma rua com edifícios bonitos que nos leva numa subida íngreme até à High Street… e estamos logo no coração do centro da cidade.
A High Street faz parte do conjunto de ruas que formam o principal eixo do centro histórico da cidade, que é conhecido como Royal Mile.
É a mais importante via da cidade e é formada por uma sucessão de ruas que ligam os dois principais monumentos que pertencem à família real, o Castelo de Edimburgo e o Palácio de Holyroodhouse.
Estes dois importantes edifícios da coroa inglesa, o Castelo e o Palácio Real, distam entre si exatamente 1.814,2 metros, uma medida desconhecida, mas que foi consagrada como uma milha escocesa, ou milha real (enquanto que a milha inglesa é de 1,609 m)… e esta é a razão de ter sido atribuído a esta via o nome de Royal Mile.
No final do eixo formado por este conjunto de ruas vamos encontrar o Scottish Parliament Building, o edifício do parlamento escocês, que foi inaugurado no início do século XXI e se apresenta com uma imagem modernista, bem diferenciada da envolvente clássica desta parte da cidade.
O parlamento pode ser visitado, mas não escolhemos fazer essa visita, optando por explorar a sua envolvente, onde se encontra um outro edifício de aspeto futurista, o Dynamic Earth.
Este espaço oferece um Centro de Ciências e um Planetário de classe mundial que permite experiências interessantes, como uma viagem através do espaço e do tempo, para testemunhar a história do planeta Terra desde o seu início. Mas como não estávamos em modo científico, ficámos outra vez do lado de fora, apreciando apenas a silhueta arrojada do edifício, localizado no sopé da grande montanha da cidade, o Arthur's Seat.
O Arthur's Seat é a principal colina da cidade, com uma geologia que resulta do antigo vulcão que ali existia e com uma vegetação viçosa que faz desta montanha um excelente local para longas caminhadas, que oferecem as melhores vistas sobre a cidade.
Mas trata-se de um passeio um bocado difícil e ficámos só a olhar cá de baixo, não nos vão faltar oportunidades de fazer caminhadas quando chegarmos às Terras Altas. Além disso, a cidade de Edimburgo tem outras alternativas para podermos desfrutar de belas paisagens, como o Calton Hill, um monte que fica ali perto e de onde observámos esta bela imagem do Arthur’s Seat.
Em frente do edifício do parlamento encontra-se o The King's Gallery, uma galeria de arte pública do Palácio de Buckingham, que mudou recentemente de nome com a morte da Rainha… durante mais de sete décadas foi conhecida como The Queen's Gallery.
A galeria exibe obras de arte da Coleção Real de forma rotativa e, normalmente, expõem-se ali cerca de 450 obras, principalmente pinturas e desenhos… interessante para quem aprecia o mundo da coroa britânica, que não é o meu caso, por isso limitei-me apenas à loja de souvenirs do palácio que fica no mesmo edifício.
Por detrás da galeria fica o Palácio Real de Edimburgo ou Palácio de Holyroodhouse. Trata-se da residência oficial da Família Real na Escócia e é uma joia arquitetónica impressionante, no seu estilo barroco.
Durante a Idade Média a monarquia deixou o frio e húmido Castelo de Edimburgo e estabeleceu-se na confortável pousada da Abadia de Holyrood, localizada exatamente a uma milha real, ou Royal Mile, de distância. Em 1503, o rei Jaime IV construiu o primeiro edifício ao lado da Abadia, dando assim início à construção deste magnífico palácio.
No século XVII começou a construção do palácio barroco que hoje encontramos e que é um dos palácios mais bonitos da Escócia.
Quanto à possibilidade de visitarmos este palácio, e uma vez mais, quem gostar, das “bugigangas” da família real, tem aqui um extraordinário local para uma visita. Mas quem não aprecia muito a temática, como eu, evita de pagar 22 £, apreciando apenas as fachadas do palácio, que são visíveis através das grades dos três grandes portões que ali se encontram. Na verdade, também lá chegámos depois da hora de fecho, o que facilitou a tomada de decisão.
Nesta mesma zona encontramos um pequeno pátio que funcionava como uma das estalagens mais conhecidas de Edimburgo, antes do final do século XVIII, a White Horse Close.
Hoje em dia, este pátio faz parte de um atraente bairro com um conjunto de belas e pitorescas moradias residenciais, mantendo as antigas construções que foram restauradas na década de 1960, recuperando a traça original tipicamente escocesa.
O próximo percurso leva-nos a subir uma colina escolhendo uma das escadarias que ali se encontram, até atingir um patamar no sopé da montanha que ali se ergue, o Calton Hill, e onde existem mais dois edifícios notáveis, o Old Royal High School e o Scottish Government.
Estes edifícios, apesar de grandiosos, não são nada bonitos, sendo que o Old Royal High School se encontra completamente degradado, necessitando urgentemente de obras de recuperação. Já o prédio do governo escocês, continua ainda operacional, mas tem umas fachadas que não são minimamente interessantes.
E olhando agora à nossa volta estaremos na base de um dos grandes parques naturais da cidade, o Calton Hill, uma colina que podemos alcançar subindo por vários percursos, desde logo podemos escolher escadaria, que constitui o caminho mais curto, ou então podemos utilizar um trilho mais longo, mas que eu recomendo, pois trata-se do chamado de Hume Walk, que é considerado o primeiro trilho público pedonal da Grã-Bretanha.
Mas ainda antes de subir esta montanha podemos explorar os vários ângulos de observação cá de baixo, e constatar a riqueza patrimonial que ali se concentra, com vários monumentos de diferentes estilos e épocas, que ali surgem numa espécie de museu ao ar livre.
Subindo ao Calton Hill, esta bela montanha relvada, como quase toda a Escócia, que está classificada como Património Mundial da UNESCO, vamos encontrar vários monumentos importantes, e também algumas das melhores vistas sobre a cidade. Esta zona de um vulcão extinto foi transformada num parque público no ano de 1775, onde foram, entretanto, edificados vários monumentos em diferentes épocas, que ainda hoje ali se encontram.
Um dos monumentos que ali se destaca é o chamado Collective, um antigo observatório transformado num centro de arte contemporânea que apoia e dá visibilidade aos trabalhos de novos artistas. Este centro de arte utiliza o antigo City Observatory, que foi restaurado, e o City Dome, um espaço de exposição construído especificamente para este conjunto.
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Mas o destaque principal no topo deste monte é a torre designada por Nelson Monument. Construído em homenagem ao almirante Lord Nelson, que morreu em 1805, na Batalha de Trafalgar, durante as Guerras Napoleónicas. A batalha foi uma vitória para a Marinha Real, mas Nelson foi mortalmente ferido. Quando a notícia chegou a Edimburgo, um grupo de habitantes da cidade uniu-se no sentido de obter fundos para um monumento em sua homenagem, e foi assim contruída a torre que aqui encontramos.
O outro grande monumento é o National Monument of Scotland, que se parece com a estrutura da acrópole. Foi Iniciado em 1816, um ano após a derrota de Napoleão em Waterloo, e pretendeu ser uma réplica do Pártenon de Atenas, como um memorial aos que morreram nas Guerras Napoleónicas.
Mas, para mim, aquilo que mais apreciei no topo do Calton Hill, foi permanecer por ali algum tempo a apreciar a vista sobre a cidade que nos é oferecida, como esta imagem que enquadra um outro monumento desta montanha, o Dugald Stewart Monument, com a paisagem extraordinária da cidade, onde se destaca o seu Castelo e o Hotel The Balmoral.
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Nesta paisagem um dos edifícios mais distintos é o do Hotel Balmoral ou simplesmente The Balmoral. É um luxuoso e famoso hotel construído em estilo Vitoriano e está localizado numa das extremidades da famosa Princes Street, a principal rua da cidade nova de Edimburgo.
O hotel foi inaugurado em 1902, tendo sido projetado pelo arquiteto William Hamilton Beattie e ficou conhecido durante todo o século XX como Hotel Britânico do Norte. Foi concebido para acolher os passageiros da Estação Ferroviária Warveley e manteve o seu primeiro nome até o final da década de 1980, quando foi remodelado e rebatizado como Balmoral Hotel, em referência ao Castelo de Balmoral, propriedade da Coroa Britânica.
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Depois de entrarmos na Princes Street e de passarmos à porta do Hotel Balmoral, fizemos um pequeno desvio até ao St James Quarter, onde se encontra um mega centro comercial, mas não foi isso que nos levou até lá, o que nos atraiu foi a existência do edifício futurista do novo W. Hotel Marriott Bonvoy, com uma arquitetura interessante, que não quisemos deixar de observar de perto.
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O próximo trajeto, de pouco mais de 200 m, leva-nos até a um jardim, o St Andrew Square Garden, onde se encontra o Melville Monument. Este monumento é uma homenagem a Henry Dundas, o Visconde Melville, cujo poder político era tal que ganhou o nome de Rei Sem Coroa da Escócia.
O monumento é um obelisco com 20 m de altura que se encontra ao centro do relvado, sobre o qual está pousada uma estátua do Visconde Melville.
Voltando de novo à Princes Street estamos próximos do Scott Monument, um monumento que é uma das imagens de marca da cidade de Edimburgo. Trata-se de um conjunto artístico, composto basicamente por uma enorme torre e a estátua do escritor escocês, Sir Walter Scott. Funciona como um memorial que exalta a obra e a trajetória de Walter Scott, que viveu entre os anos de 1771 a 1832.
O projeto deste monumento, com um design gótico, tem assinatura de George Kemp, que não era arquiteto, mas, ainda assim, venceu o concurso de ideias. No processo criativo inspirou-se na silhueta de outros edifícios britânicos, com telhados pontiagudos, para construir este conjunto.
A estrutura deste monumento atinge os 60 m de altura o que lhe dá uma envergadura que faz dele um dos símbolos mais marcantes na paisagem da cidade, surgindo como referência desta zona de jardim, juntamente com o Hotel Balmoral.
Tínhamos chegado perto do nosso hotel e iriamos agora fazer uma pausa até voltarmos a sair mais tarde, para descobrir a cidade durante a noite.
Para a manhã do segundo dia tínhamos reservado uma visita ao Castelo de Edimburgo, seguindo depois pelos trajetos assinalados a amarelo no mapa da cidade.
Como a marcação para o Castelo foi feita para as 10 horas ainda tínhamos algum tempo e aproveitámos para um passeio ao longo do East Princes Street Gardens, o jardim mais próximo do centro da cidade, chegando depois à imensa praça empedrada onde se erguem dois edifícios clássicos que constituem dois dos mais relevantes museus da cidade, o The Scottish National Gallery e o The Royal Scottish Academy.
Estes dois edifícios monumentais têm uma arquitetura semelhante, em que as fachadas são revestidas por um conjunto de colunas gregas e, no seu interior, funcionam dois museus importantes e muito ricos, que podem ser visitados gratuitamente.
Em ambos os museus podem ser apreciadas as exposições que ali estão patentes, com algumas obras de artistas de renome mundial, como El Greco, Van Gogh, Velázquez, Rembrandt ou Rubens, entre outros grandes mestres.
Mas se não estivermos com tempo livre podemos apenas apreciar a arquitetura destes dois edifícios, que podem ser contemplados do alto da colina que tivemos de subir para chegar até ao Castelo.
Nessa mesma colina passamos por um outro edifício de referência, o Assembly Hall. Trata-se de uma enorme sala de conferências, construída em 1858, que funciona como ponto de encontro da Assembleia Geral da Igreja da Escócia, mas que se destaca, sobretudo, pela aparência das suas fachadas, a fazer lembrar o ambiente da escola de magia da saga Harry Potter, sabendo-se que foram ali gravadas algumas cenas da série.
Ao longo da subida vamos poder contemplar a silhueta do Castelo de Edimburgo no alto de um rochedo que já foi um antigo vulcão, e que hoje é chamado de Castle Rock ou Castle Hill.
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O Castelo é uma antiga fortaleza e um dos lugares mais emblemáticos da cidade, além de ser também um dos mais visitados, com mais de um milhão de visitantes por ano.
Com três dos seus lados empoleirados sobre desfiladeiros, a única via de acesso ao castelo é feita pela Royal Mile, por onde fizemos a nossa entrada, ficando depois numa fila para apresentar os bilhetes e entrarmos pelo portão principal.
Ao passarmos para o interior das muralhas começamos por aproveitar as extraordinárias paisagens que nos são oferecidas dali do alto daquela colina, sobretudo se estiver um dia de sol, como aconteceu no dia da nossa visita.
Assim, demorámos algum tempo a apreciar a envolvente da cidade que se pode disfrutar das ameias do castelo, com destaque para o vale do lado Nascente, onde se salientam o Calton Hill e o Hotel Balmoral.
Mas do lado Poente as paisagens também são interessantes, com a silhueta marcada pelo campanário da St Mary's Episcopal Cathedral.
O Castelo foi construído no século XII e destruído várias vezes durante os séculos, e é mesmo considerado como o castelo mais atacado em todo o Reino Unido, mas, atualmente, está completamente reformado e possui diversas salas interessantes que pudemos visitar, desde o Great Hall, o hospital, o museu de guerra, o palácio real, a biblioteca, as Honours of Scotland e a Capela do Castelo.
A Capela de Santa Margarida foi construída pelo Rei David I, que lhe deu o nome da sua mãe, a Rainha Margarida, que foi canonizada como santa pelo Papa Inocêncio IV, em 1250.
A sua origem, no século XII, faz deste pequeno templo a mais antiga capela ainda existente em toda a Escócia e o edifício mais antigo de Edimburgo.
Num dos pátios do Castelo existe um enorme canhão do século XV, designado por Mons Meg, que podia disparar uma pedra de 160 quilos a 3 km de distância.
Atualmente, esta peça de artilharia já não é usada, mas, em sua substituição, é utilizado um outro canhão, mais moderno e mais ligeiro, chamado de One O’Clock Gun, e que é disparado diariamente com pólvora seca às 13 h, exceto aos domingos, num evento muito especial que reúne todos os visitantes do castelo, e que funciona desde 1861 (quando era disparado o tal canhão antigo, o Mons Meg). Este tiro diário funcionava como uma demostração da potência de fogo da imponente fortaleza durante o reinado de Jacob II da Escócia, e foi utilizado durante a guerra contra os ingleses. Mas servia também como referência da hora certa, sincronizado com o observatório da cidade, e permitindo que os relógios fossem acertados. Atualmente é só um evento turístico, mas bastante apreciado, pois é escutado em quase toda a cidade.
O Castelo já foi residência real e, por isso, encontram-se ali várias salas dos antigos aposentos… no entanto, a residência oficial do rei em terras escocesas foi mudada para o Hollyrood Palace, que fica no extremo oposto da Royal Mile.
O acesso às salas principais do Castelo faz-se a partir de uma praça monumental rodeada pelos edifícios mais importantes, o Scottish National War Memorial, o Great Hall e o Royal Palace.
De todos estes espaços destaco o Great Hall, uma sala imensa que dizem ter inspirado o salão nobre de Hogwarts.
Mas a verdadeira joia do local está no Royal Palace, na sala a que chamam Honours of Scotland, onde se mostram as Joias da Coroa.
As joias da coroa escocesa são compostas pela Coroa, a Espada e o Ceptro, que são expostos em perfeito estado como um dos conjuntos de objetos reais mais antigos do cristianismo.
Juntamente com estas relíquias encontra-se também a chamada Pedra do Destino ou Pedra da Coroação, um símbolo muito valioso para a Escócia. Esta pedra era usada na coroação dos reis da Escócia até ao século XIII, quando foi capturada pelo Rei Eduardo I e levada para a Inglaterra no ano de 1296.
A partir dessa altura foi apropriada pelos ingleses e passou a ser usada na cerimónia de coroação dos monarcas do Reino Unido, durante a qual a pedra é colocada na base da cadeira de coroação em que o monarca se senta. Foi assim usada em todas as coroações até ao ano de 1953, quando a Rainha Isabel II foi coroada.
Depois disso, em 1996, 700 anos depois do roubo que levou esta pedra até Londres, para a Abadia de Westminster, por ordem da Rainha Isabel, a Pedra da Coroação foi finalmente devolvida à Escócia, permanecendo agora a maior parte do tempo no Castelo de Edimburgo.
Recentemente esta pedra voltou a Londres para a coroação do Rei Carlos III, e regressou à Escócia, mas, temporariamente, foi levada para a cidade de Perth, o seu local original, no Palácio de Scone.
Assim sendo, a pedra não estava em Edimburgo e só pudemos ver as restantes joias… bastante bonitas e muito bem enquadradas no espaço de exposição.
Como não estávamos autorizados a fotografar, deixo aqui uma foto retirada da net com o conjunto completo, com as joias e a Pedra do Destino.
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Saímos do Castelo pela Royal Mile, que, neste sentido, vai sempre descendo até ao Palácio Real, no lado oposto da cidade, a uma distância exata de uma milha escocesa, ou 1.814,2 metros.
Pelo caminho vamos encontrando várias atrações que estão localizadas no principal eixo da cidade. É o caso do The Hub, um bonito edifício que nos parece ser uma igreja, mas que, na realidade, nunca foi consagrado como tal.
O edifício foi construído em meados do século XIX para albergar a Assembleia Geral da Igreja da Escócia. Durante a sua existência foi sendo reformado e foi adaptado àquela que é a sua ocupação atual, funcionando como escritórios da organização e espaço para apresentações, do Festival Internacional de Edimburgo.
Já mais recentemente, em 1999, quando foi inaugurado cerimonialmente pela Rainha Elizabeth II, é que este edifício passou a ser chamado como 'The Hub'.
Um pouco mais abaixo encontra-se a St Giles' Cathedral, ou Catedral de Santo Egídio. Trata-se de uma igreja protestante e constitui o principal local de culto da Igreja da Escócia. Foi construída sobre um antigo santuário do século IX, e foi consagrada a St Giles, o padroeiro dos leprosos, sendo hoje um belíssimo edifício gótico.
Durante a sua história a Catedral foi alvo de sucessivas restaurações e, depois de ter sofrido um incêndio provocado pelos ingleses em 1385, ficou severamente destruída. Só no século XV veio a ser reconstruída, desta vez em estilo gótico e com o aspeto que mostra ainda hoje, tanto no exterior como no interior.
Podemos visitar o seu interior gratuitamente, onde se salientam as diferentes cores e texturas dos tetos e os belos vitrais que projetam uma luz acolhedora.
Um detalhe curioso é que, embora seja conhecida como a Catedral de Edimburgo, a verdade é que esta igreja não possui esse título, já que isso obrigava à existência de um bispo, neste caso, um bispo protestante… que não existe.
Fechando com uma última referência sobre esta bonita igreja, deve ser mencionado que a praça que a envolve é um dos lugares mais interessantes da Royal Mile, não só pela beleza do edifício da Catedral, como pelos demais edifícios clássicos da zona e pelo conjunto de estátuas que ali se encontram, formando um enquadramento bastante bonito.
Ainda na envolvente da Royal Mile surgem várias ruelas e pátios, assinalados no mapa, como o The Mary King's Close ou o Makars' Court, que são formados por praças, pequenas escadarias, ruelas e becos, todos interligados, alguns deles muito escuros e assustadores.
Esta zona é explorada para a realização de passeios noturnos onde os visitantes são levados a experimentar um ambiente tenebroso que se assemelha à imagem que temos dos crimes do Jack o Estripador e de como as pessoas viviam e morriam durante a época da peste. Não fizemos essa experiência, mas encontrámos alguns grupos preparados para enfrentar os medos da noite de Edimburgo.
Ainda percorremos esta zona, mais de dia do que de noite, mas sem termos tido qualquer experiência assustadora... mas admito que, durante a noite e no espírito adequado, se possa sentir a envolvente que é pretendida nos passeios que ali se realizam.
Saindo do alto da Royal Mile e após uma pausa para almoço, descemos de novo para o vale que divide o centro histórico da cidade nova, e preparámo-nos agora para um passeio um pouco mais demorado.
Começámos por entrar na Princes Street, a principal rua da cidade nova, mas seguimos depois para outras ruas desta parte da cidade, como a George Street.
Trata-se da avenida mais ilustre desta parte da cidade e, quando a percorremos, passamos por edifícios elegantes, neoclássicos e georgianos, alguns com fachadas decoradas com colunas gregas, e vamos também encontrar um conjunto de estátuas em plena avenida. Na envolvente da George Street, surgem algumas ruas pedonais, que às vezes estão bastante animadas, com as suas lojas e restaurantes.
Voltámos à Princes Street, a outra grande avenida desta zona da cidade e aquela que marca a separação entre o centro histórico e a cidade nova.
É num vale que começa junto a esta rua que se estende o mais belo jardim da cidade, os Princes Street Gardens.
A beleza deste jardim deve-se, sobretudo, ao facto deste vale se desenvolver ao longo do sopé da colina de Castle Hill, permitindo o enquadramento entre os campos relvados e arborizados do jardim, com o topo do rochedo, onde se ergue o Castelo da cidade, que podemos contemplar cá de baixo.
Uma das mais típicas imagens deste espaço é aquela que enquadra a Ross Fountain, uma antiga fonte de ferro Vitoriana que se encontra no parque, com o castelo lá em cima, no topo da colina.
O percurso seguinte é mais extenso, um pouco mais de 1 km, e leva-nos até Dean Village, um belíssimo bairro que merece uma visita, apesar da distância a percorrer.
Mas ainda antes, mesmo no final do Princes Street Gardens, tivemos ainda a oportunidade de apreciar mais uma belíssima paisagem com o Castelo no topo, desta vez com a silhueta do Dean Ramsay Memorial, uma cruz de granito com 8 m de altura, com relevos de bronze, localizada no cemitério da St John's Scottish Episcopal Church.
O Dean Village é um pequeno vilarejo e um lugar encantador, pelos seus traços medievais, que são ainda visíveis nas suas casas, que se dispõem em torno de um pequeno rio.
Deixámo-nos ficar no Dean Village algum tempo, percorrendo o passadiço que se encontra numa das margens do rio e entrando depois pelas ruas e praças do bairro.
Saindo do Dean Village, seguimos de novo até ao centro da cidade, desta vez, percorrendo o caminho assinalado a vermelho no mapa apresentado no início desta crónica.
A primeira paragem neste trilho foi feita numa das grandes igrejas locais, a St Mary's Episcopal Cathedral.
A Catedral Episcopal de Santa Maria foi inaugurada em 1879 e é a Catedral Católica da cidade, servindo de residência ao Bispo Católico de Edimburgo. Trata-se de um belo edifício neogótico e é uma das grandes igrejas católicas da Escócia.
No regresso ao centro, passámos pelo West End de Edimburgo e pela praça onde fica o The Usher Hall, uma das mais importantes salas de concertos da cidade.
Este auditório foi construído em 1914 e tem uma capacidade para 2.200 espetadores. É muito apreciado pelos artistas devido à sua excelente acústica e tem servido de palco aos principais concertos que vão sendo realizados na capital escocesa.
No troço seguinte contornámos o rochedo do Castelo pelo seu sopé até chegarmos ao Grassmarket, uma praça popular, cheia de pubs, tabernas e esplanadas, ideal para fazer uma paragem e beber uma cerveja.
Esta praça tem um ambiente super acolhedor, fazendo esquecer que, no passado, esta era uma das praças mais sangrentas da cidade, pois eram ali realizadas execuções públicas dos condenados… mas, hoje em dia, a atmosfera é de grande diversão e animação, muito em torno da comida e da cerveja.
Ao sairmos por um dos topos da Grassmarket entrámos diretamente numa das ruas mais típicas da cidade, a Victoria Street. Trata-se de uma rua pitoresca e inclinada, é quase uma rampa, e uma das vias mais emblemáticas de Edimburgo, pelas suas casas pintadas de cores vivas, que lhe dão uma imagem distinta e muito bonita.
A rua está repleta de uma mistura eclética de boutiques, galerias e lojas especializadas, com uma oferta desde as peças vintage até ao artesanato contemporâneo.
Na parte superior dos edifícios coloridos forma-se uma galeria, chamada de Victoria Terrace, onde se encontram alguns bares e restaurantes, que oferecem uma ótima localização sobre a Victoria Street.
Na paragem seguinte entrámos num cemitério, um dos mais populares de Edimburgo, que fica localizado no jardim em torno da igreja de Greyfriars Kirk, onde se dispõem as sepulturas.
Este local tem um símbolo muito especial, a estátua do pequeno Bobby, um cão da raça Skye Terrier que, segundo a lenda, ficou ao lado da campa do seu dono após a sua morte em 1858 e durante os 14 anos seguintes. No final desse período o próprio Bobby foi também ali enterrado, não no próprio cemitério, mas na sua envolvente, pois era contra a lei enterrar um cão num local sagrado… como compensação e homenagem ao Bobby, foram feitas duas estátuas suas, uma delas no cemitério, junto à sepultura do seu dono, e outra, que é a mais popular, fica cá fora junto ao restaurante Greyfriars Bobby e é visitada por milhares de turistas que vêm a este cemitério todos os anos.
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Ainda nesta zona fizemos mais uma pequena caminhada passando por alguns edifícios notáveis, como é o caso do National Museum of Scotland.
O Museu Nacional da Escócia é um edifício moderno, foi inaugurado em 1998, e guarda mais de 10.000 objetos, entre obras de arte, joias e armas, através dos quais o visitante é levado a viajar pela história da Escócia, desde suas origens até aos nossos dias.
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Continuando a percorrer um pequeno troço nesta mesma zona chegamos à praça Bristo, uma das mais importantes do campus universitário, e encontramos o McEwan Hall, um edifício grande, antigo e circular, com um interior formado por uma abóbada e enormes pilares de pedra, e com lotação para 1.700 visitantes.
O McEwan Hall é o local das cerimónias de formatura da Universidade de Edimburgo, e serve também para conferências, assembleias gerais e concertos de música clássica.
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Depois do entardecer voltámos a explorar alguns dos locais mais interessantes deste local, aproveitando para apreciar as novas imagens que a noite traz e para desfrutar os encantos que a noite vai revelando em alguns dos recantos desta bonita cidade.
É nesta altura que vamos escolher os restaurantes onde poderemos jantar e deixo aqui algumas alternativas, todas elas bastante recomendáveis:
- Makars Mash Bar: um restaurante com comida local;
- Copper Still: oferece também comida local, mas é mais conhecido pelos seus gins;
- The Booking Office - JD Wetherspoon: um bar/restaurante de apoio à estação ferroviária.
Terminámos assim a nossa viagem a Edimburgo, algumas décadas depois da minha primeira visita. A cidade mudou bastante, eu também estou muito mudado, mas o que se mantém intacto é a envolvente mágica que cidade transmite… e que me encantou agora como já me tinha encantado há quase 40 anos.
Abril de 2024
Carlos Prestes