Mais um dia e uma nova zona para explorar, desta vez chegámos até aos picos mais altos da ilha e percorremos toda a envolvente da costa Nordeste.
Pico do Arieiro
Começámos de manhã, ainda bem cedo, pelo Pico do Arieiro, um local que se consegue visitar indo de carro, embora tenhamos seguido depois, já a pé, pela vereda que liga este pico ao pico do Ruivo, mas essa caminhada estará registada numa outra crónica deste blogue.
Fica apenas uma foto do trilho que sai do Arieiro, onde se salienta a imagem do radar militar em forma de globo, que é a referência deste pico e materializa o seu ponto mais alto, aos 1817 m.
Ribeiro Frio
Saindo do pico do Arieiro seguimos pela vertente Norte da ilha, através da ER 103, atravessamos uma floresta de pinheiros, grandiosa e densa, e também muito bonita, que nos vai acompanhando ao longo da descida entre a Casa-Abrigo do Poiso e o Ribeiro Frio.
O parque florestal de Ribeiro Frio contém uma concentração vasta de espécies que fazem parte da Laurissilva, a típica floresta da ilha, considerada como património pela UNESCO (já referida noutras crónicas).
Aqui, no Ribeiro Frio, toda a gente estaciona para um pequeno passeio, incluindo os autocarros de turismo. Além de algumas caminhadas que ali se podem fazer, existe também o viveiro de trutas arco-íris, que toda a gente visita.
Encontramos vários tanques onde se dispõem as trutas, desde as recém-nascidas, até à idade adulta. No final, umas vão diretamente para alguns restaurantes, mas, a maior parte delas, vai repovoar as ribeiras da ilha, permitindo até, posteriormente, que se faça alguma pesca à linha. Não há venda pública o que faz com que esta produção de trutas seja controlada e não esteja sujeita à especulação de preços e quantidades.
Vereda dos Balcões
Desta zona do Ribeiro Frio saem algumas levadas e veredas, sendo uma delas bastante frequentada. Trata-se da Vereda dos Balcões, uma caminhada quase plana com apenas 1,5 km, para cada lado, sendo suficientemente tranquila para permitir um acesso fácil a famílias com crianças e idosos. Desta vez não fizemos este percurso, mas já o tínhamos feito há uns bons anos atrás, na altura, com três crianças.
Porto da Cruz
Continuando o nosso percurso na direção do mar, fomos visitar a vila do Porto da Cruz, uma das povoações deste lado do quadrante Nordeste. Mas sabemos que a própria vila, tal como acontece com outras, nunca são muito apelativas, mesmo que tenham alguma oferta turística, como a piscina municipal, construída junto ao mar, e que atrai muitos dos moradores locais, nunca é algo que nos encha as medidas. Preferimos sempre escolher outros locais para visitar que melhor aproveitam a componente natural que envolve o povoado. Assim, preferimos tentar encontrar os acessos de mar em zonas mais naturais, como as águas protegidas junto ao cais do Miradouro da Furna, ou a belíssima Praia da Alagoa, que até mete algum respeito, entre a montanha escarpada e o mar, tantas vezes bravio, mas que hoje era um autêntico espelho de água.
Faial
Mais uma vila que não quisemos ver de perto, passando diretamente para a zona costeira. Neste caso, forma-se um ponto alto junto ao mar, o Miradouro do Guindaste, com vista para a praia do Faial, uma pequena faixa de areia preta protegida por um quebra-mar, e uma longa linha de falésias.
Do lado oposto, estende-se uma ampla baía, maravilhosa num dia como estes, de águas calmas e de um azul vivo.
Santana
A capital de concelho de toda esta zona continua a ser uma pequena povoação, apesar de ser já uma cidade. De qualquer forma, Santana é um local importante nesta ilha, por exemplo, é aqui que encontramos os locais de acesso a alguns dos percursos pedonais mais importantes, nomeadamente a Vereda do Pico do Ruivo ou a Levada do Caldeirão Verde, e isso atrai muita gente a este concelho.
No entanto, Santana tem um outro polo de atração para turista ver que são as suas casas típicas com teto coberto de colmo, mais conhecidas por “Casinhas de Santana”, e que são quase um símbolo da ilha da Madeira.
Estas casas remontam à descoberta da ilha e representam uma parte do seu património. São pequenas casas, triangulares e coloridas, eram feitas de madeira e cobertas de palha, obtida da plantação de cereais, o que garantia o equilíbrio da temperatura no interior. A inclinação dos telhados permitia a drenagem das águas da chuva evitando infiltrações.
Dentro destas casas existia um sótão, onde os produtos agrícolas eram guardados, e um piso térreo, onde ficava a área residencial, dividida em duas partes separadas, a cozinha e o quarto.
Existem ainda hoje muitas destas casas em toda a freguesia de Santana, porém, já não têm ocupação residencial, constituindo apenas um abrigo para guardar produtos e ferramentas agrícolas e, talvez por isso, já é difícil encontrar estas casas devidamente decoradas, com o telhado de colmo e as paredes brancas, com frisos em azul e vermelho.
Só no centro da cidade de Santana conseguimos observar estas palhotas tradicionais, num espaço junto à Câmara Municipal, onde se encontram várias destas casas coloridas, intercaladas com alguns jardins muito bem cuidados, que ali estão sobretudo para que os turistas façam as suas fotografias da praxe.
Pico do Ruivo
Desde Santana subimos a serra e escolhemos uma de duas direções, ou seguimos para as Queimadas, local onde começa a Levada do Caldeirão Verde, ou escolhemos o trajeto da Achada do Teixeira, o ponto onde sai a Vereda do Pico do Ruivo.
Já tinha subido ao pico, mas também já tinha ido à Levada do Caldeirão Verde. Optei por voltar ao pico do Ruivo, que obrigava a um percurso de apenas 5,7 km, enquanto o Caldeirão impõe uma caminhada de mais de 13 km.
De qualquer forma, numa outra crónica deste blogue farei a descrição destas duas caminhadas, deixando aqui apenas uma imagem representativa deste percurso, quando as nuvens baixaram e descobriram as montanhas envolventes, deixando ver o topo do pico do Arieiro, lá muito ao fundo, por onde tínhamos começado este dia de aventura.
De São Jorge a Ponta Delgada
Utilizam nomes relevantes do arquipélago dos Açores, mas são duas freguesias desta costa Norte da Madeira, São Jorge pertence a Santana, enquanto Ponta Delgada já pertence ao concelho de São Vicente.
Este percurso foi feito ao final da tarde por estradas secundárias, até porque encontrámos uma parte dos túneis em construção ou reabilitação. Assim, fomos parando nos locais que nos ofereciam as melhores paisagens, nomeadamente nos miradouros que fomos encontrando.
Começámos pelo Miradouro da Vigia, junto a São Jorge, com a paisagem sobre as falésias verdejantes de um dos lados, e a vista do farol, do lado oposto.
A paragem seguinte foi no Miradouro das Cabanas, com vista para a enorme fajã que se dispõe lá em baixo, junto ao mar.
Por fim, atingimos a freguesia de Ponta Delgada e, através do Miradouro de São Cristovão, pudemos contemplar o extraordinário rochedo que ali se eleva.
Entrámos depois por São Vicente para fazer a ligação à costa Sul, com regresso ao Funchal sempre por vias rápidas, túneis e viadutos.