quarta-feira, 17 de abril de 2019

Pamukkale - O castelo de algodão


Próximo da aldeia de Denizli, bem nas profundezas da Turquia, a quase 600 km de Istambul, avistamos o que nos parece ser uma montanha coberta de neve, com 200 m de altura e cerca de 1 km de extensão. Mas outrora, os turcos, bem mais criativos, imaginaram que ali se encontrava um imenso castelo feito de algodão e, por isso, resolveram batizar aquela montanha com o nome de Pamukkale, o que em turco significa literalmente Castelo de Algodão (Pamuk: Algodão e Kale: Castelo).
Mas este maciço de cor branca não é a única atração do local, nem a única razão pela qual a UNESCO o declarou como Património Histórico da Humanidade. Pamukkale faz parte de um complexo termal que inclui o conjunto de piscinas que se formaram como uma escultura natural no calcário e também as ruínas bem conservadas de Hierápolis, uma importante cidade do Império Romano.
E são estas piscinas de água termal e curativa, que atraíram os romanos que por ali passaram há mais de 2200 anos, que hoje levam milhares e milhares de turistas a visitar o imponente Castelo de Algodão.

A origem destas formações geológicas deveu-se à existência de correntes termais de águas quentes no subsolo, que foram provocando o derrame de carbonato de cálcio, que depois foi solidificando como mármore travertino, dispondo-se numa configuração invulgar em forma de bacias. Com o passar dos séculos foi-se formando este conjunto piscinas termais que descem em cascata pela colina.
Pelas fotos percebe-se que se trata de um local lindíssimo, pelo menos é o que parece (e não deixa de ser verdade), mas a realidade é um bocadinho diferente e a beleza não é assim tão sublime. 

É que Pamukkale, como toda a Turquia, padece do problema do excesso de turistas. Começa pela dificuldade em chegar ao estacionamento, pelas dezenas de autocarros de turismo que percorrem os mesmos acessos, depois são as multidões, sempre em grupos e em torno dos respetivos guias, descaracterizando toda a autenticidade do local….bem, lá estou eu a esquecer-me que nós também somos turistas e que, desta vez, até chegámos de autocarro como todos os outros.

De qualquer forma há uma tendência para que os grupos de turistas se acumulem quase sempre nos mesmos lugares, o que nos permite fugir para o lado oposto. É que dessa forma podemos tentar evitar as multidões, afastando-nos das piscinas abertas ao público, onde as pessoas vão chapinhar e partilhar os respetivos pés-de-atleta, só para terem a certeza de que a água está bem quentinha. 
Assim, ao nos afastarmos da restante multidão, podemos escolher as piscinas mais vazias e desfrutar demoradamente das melhores paisagens, onde a natureza se apresenta ainda em estado quase puro. 

Mas ao entrar no complexo de Pamukkale, antes de atingirmos o Castelo de Algodão, encontramos as ruínas da cidade de Hierápolis, fundada no século II aC, durante a presença do Império Romano nesta região. 

O enquadramento das ruínas romanas é fantástico. A paisagem é dominada pelo verde viçoso dos campos, pontilhado pelo vermelho das papoilas que ali florescem, e por uma envolvente lindíssima, onde se incluem as montanhas nevadas na cordilheira que fica em frente.

O local para a criação desta cidade não podia ser mais apropriado. A existência de água em abundância e, neste caso, até com propriedades terapêuticas, mas também a extraordinária beleza da envolvente, incluíam todos os requisitos que eram apreciados naquela época. 

Foi assim construída uma cidade com todo o tipo de edifícios públicos e monumentos, como acontecia nas principais cidades do Império Romano. São por isso encontrados vestígios de vários monumentos, entre os quais um teatro romano majestoso, uma arena que chegou a abrigar mais de 12 mil espectadores.

Tal como acontece sempre nas cidades romanas, também aqui existiram as habituais termas. E uma das atrações deste complexo é mesmo uma piscina dessas termas, que funcionou como uma espécie de centro de saúde. Chama-se a Antique Pool ou Piscina Sagrada, mas é sobretudo conhecida por Piscina de Cleópatra, porque, segundo a lenda, a própria Cleópatra terá usado as suas águas para tratamentos. 

Ninguém pode confirmar que foi mesmo assim, mas a piscina funciona como atração especial do complexo. Por um pagamento extra podemos nadar nas suas águas termais quentes, num espaço que se encontra rodeado por palmeiras e descobrir as colunas jónicas de mármore, dos primórdios da construção da cidade, que se encontram tombadas no fundo da piscina.


Fazendo um breve balanço da visita a este local, desde logo não podemos negar a sua beleza, que é evidente, sobretudo pela combinação entre as ruínas romanas e o fenómeno geológico, bastante raro, que está na origem do Castelo de Algodão. É, por isso, indiscutível que se trata de um ponto de visita obrigatório para quem queira conhecer este país.

No entanto, sofre dos mesmos problemas das restantes atrações turcas: o excesso de turistas e a necessidade de percorrer centenas de quilómetros para aqui chegarmos. 


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