Junto à costa do mar Egeu, a menos de uma centena de quilómetros da cidade de Izmir, encontramos as ruínas da antiga cidade de Éfeso. Trata-se de uma cidade da Grécia antiga, construída no século X aC, e que se transformou depois numa das capitais mais importantes do Império Romano na Ásia Menor.
Chegou a fazer parte do Império Persa, antes de Alexandre - O Grande, e passou depois pelo domínio egípcio, até cair nas mãos dos romanos, tornando-se na grande capital da Ásia Menor no período Bizantino e uma das cidades mais importantes do Império Romano, depois de Roma.
Sofreu alguns terramotos que a destruíram parcialmente e, mais tarde, durante o Império Otomano, foi ocupada pelos muçulmanos e aí sofreu profundas alterações, ao serem eliminadas as referências cristãs existentes da cidade.
Com toda esta história, e apesar da destruição a que foi sujeita, a cidade é atualmente uma espécie de museu ao ar livre e uma das cidades do mundo antigo que se encontra em melhor estado de conservação.
Encontramos extensas ruas em mármore, como a Rua Curetes, e vários vestígios das colunas e pórticos de antigos templos, e uma série de esculturas com um valor histórico incalculável.
Esta imagem de pedra serviu de inspiração à marca de artigos desportivo Nike para criar o seu logótipo, que apresenta uma forma triangular deitada, semelhante à da representação desta deusa grega.
A biblioteca foi construída para armazenar 12 mil rolos de pergaminho, e era referida nos textos históricos como a terceira maior da antiguidade, só superada pela biblioteca de Pérgamo e, principalmente, pela grande Biblioteca de Alexandria.
Mas a qualidade daquela fachada que hoje ali encontramos, resulta de uma extraordinária combinação entre a arqueologia e a engenharia. Na verdade, durante os séculos da sua existência, a biblioteca foi sendo danificada, primeiro por um incêndio e, posteriormente, por terramotos, que a foram derrubando, deixando-a totalmente destruída. Só recentemente, na década de 1960, uma equipa de arqueólogos austríacos desencadeou um projeto de reconstrução desta fachada, uma tarefa quase impossível que, no entanto, acabou por ser bem-sucedida. Com os trabalhos de reforço projetados pelos engenheiros da equipa, foi possível garantir a estabilidade daquele monumento até à atualidade, e a biblioteca é agora uma das atrações mais populares da antiga cidade de Éfeso.
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Na zona do antigo porto começava a entrada Sul da cidade, com a chamada Rua do Porto, que permitia que os recém-chegados por via marítima, entrassem diretamente na cidade junto à sua maior edificação, o Grande Teatro.
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Trata-se de um anfiteatro do século III aC, que ao longo dos tempos foi espaço para lutas de gladiadores e peças de teatro. É o maior de toda a Turquia com capacidade para 25 mil pessoas, ao longo das 66 filas da enorme bancada e encontra-se, ainda hoje, num estado de conservação muito razoável, o que permite a sua utilização na realização de eventos musicais ou de teatro.
A sensação de estar naquele espaço é fantástica. Subimos até ao ponto escolhido, sentamo-nos, inspiramos fundo e deixamo-nos por lá ficar observando aquela envolvente. Há sempre alguma pantomina com o que cada um resolve fazer, e há quem cante ou quem declame, só para testar a acústica do espaço. Mas mesmo com toda a azáfama que os turistas sempre trazem, acaba por se experimentar uma sensação interessante de alguma introspeção, quando tentamos imaginar os espetáculos que acontecerem naquele mesmo espaço durante séculos e séculos.
Terminámos assim a visita a Éfeso, a grande cidade romana do oriente, que chegou a albergar mais de 250 mil habitantes, e que hoje é uma espécie de museu a céu aberto que atrai milhares de turistas todos os anos, desde os apaixonados pela história de arte e pelos temas religiosos, a todos os outros que, como nós, são apenas curiosos que escutam atentamente o que os guias lhes dizem, tiram muitas fotos e seguem em frente, sem a inspiração que aquela carga histórica tão fantástica deveria merecer.
Este é mais um dos problemas duma viagem à Turquia, a densidade de informação é tanta e em turbilhão, que nem conseguimos processar para apreciarmos convenientemente a preciosidade de locais como este.