quarta-feira, 4 de setembro de 2024

Arcipelago della Maddalena


A cidade de Palau marca o início da chamada Costa Esmeralda, onde se encontram os spots turísticos mais famosos de toda a Sardenha. Mas o que leva mais gente a esta cidade é a sua proximidade em relação ao Arquipélago da Madalena, e o facto de saíram diariamente do seu porto, dezenas de barcos em visita àquele arquipélago.

Assim, muitos turistas saem de Palau até à cidade da Madalena, em barcos de passageiros ou em ferries, onde podem levar os seus próprios carros, ficando alguns dias e de onde saem de barco em visita às belíssimas praias que estão distribuídas pelas suas ilhas.

A outra hipótese, que foi aquela que escolhemos, será reservar uma viagem de barco durante um dia completo, na qual se irão conhecer algumas das principais ilhas e praias do arquipélago.

Escolhemos um programa do GetYourGuide, com uma viagem de sete horas, num barco relativamente grande, com capacidade para cerca de 50 pessoas, pelo preço de 55€ por cada passageiro. Existem barcos maiores e barcos menores, uns são mais lentos, como é o caso dos veleiros, outros são mais rápidos, como as lanchas e os semirrígidos… cada um com o seu preço e cada qual escolhe o que achar mais adequado.

A viagem estava bastante bem organizada e levou-nos até a algumas das mais bonitas praias do arquipélago, com paragem para banhos em três delas, terminando no final do dia na pequena cidade da Madalena.

O trajeto seguido pelo barco ao longo deste dia é o representado no mapa seguinte, onde se assinalam todas as praias em que estivemos:

Nas várias paragens que fomos fazendo, fomos encontrando enseadas e praias perfeitamente maravilhosas, algumas delas até com acesso proibido, para garantir a proteção das condições naturais.

Mas basta parar em frente a uma dessas baías para ficarmos completamente encantados, com os tons de azul-turquesa, tão vivos que quase encandeiam, e os pequenos areais, quase sempre brancos... mas com umas variantes um pouco mais exóticas.

A viagem começou no porto de Palau, onde deixámos o carro num dos três parques que assinalei no mapa. Apesar de todos terem pagamento com parquímetro, todos aceitavam cartão bancário, e não tinham o tempo limitado, ou seja, podemos fazer o pagamento até à hora prevista para o regresso do barco, pelo custo de 2 €/hora.

Chegados ao barco, que era uma espécie de autocarro de dois pisos e sem capota – o que não é nada o meu estilo, mas acabou até por ser agradável – seguimos num primeiro trajeto até à cidade da Madalena, para entrar uma nova remessa de passageiros.

Daí seguimos para uma das ilhas mais a Norte e, pelo caminho, até se avistavam as falésias esbranquiçadas que envolvem Bonifácio, uma cidade bastante bonita, onde já estivemos, e que fica na Córsega, ou seja, já em território francês.


Isola di Santa Maria e Isola Budelli

Começámos pela ilha de Santa Maria e fomos diretamente para a baía onde fica a sua principal praia, a Spiaggia di Santa Maria.

Ao chegarmos o barco descarrega toda a sua lotação numa estreita faixa de areia, mas como a praia é relativamente comprida, vamo-nos acomodando sem invadir a privacidade dos demais banhistas.

O tempo começou algo cinzento, mas, apesar disso, a água estava quentinha e muito apetecível. No período em que por lá estivemos o sol ainda foi brilhando aos bocadinhos, avivando os azuis da água… tendo aberto completamente apenas quando já estávamos no barco e já de saída, mas ainda deu para mostrar que se tratava de uma praia bastante bonita.

A parte inferior da ilha de Santa Maria está virada para a ilha Budelli, formando, em conjunto com mais alguns ilhéus, uma baía totalmente protegida, com águas calmas que ali adquirem uma cor de azul ainda mais vivo, fazendo lembrar uma autêntica piscina. É por isso que esta zona é chamada de Piscinas Naturais de Budelli.

Foi nestas piscinas que fizemos a segunda paragem do dia, desta vez, saltando diretamente do barco para a água, onde nos deixaram ficar durante 20 minutos, apreciando aquela temperatura irresistível.


De regresso ao barco pudemos contemplar a belíssima paisagem da envolvente, sempre marcada pela cor das águas e rodeada pelas pequenas isolas de Carpa e de Padulledi, e pelas enseadas da própria ilha de Budelli.

É nesta ilha que ficam as duas praias que vamos ver de seguida. Uma delas, a Spiaggia del Cavaliere, é habitualmente acessível aos banhistas que ali cheguem com os seus barcos, mas sem poderem chegar ao areal… por razões de proteção da natureza.

De qualquer forma, como a enseada é pequena, os barcos maiores não se aproximam muito, e ficamos a ver à distância uma pequena língua de areia branca, e uma bela baía de água azul-turquesa, como vem sendo habitual por estas paragens.

Um pouco depois aproximámo-nos da praia mais especial do arquipélago, a chamada Spiaggia Rosa. O nome resulta da tonalidade da areia da praia que, em certos momentos e com uma determinada incidência dos raios solares, fica com tons cor-de-rosa.

À distância, diria que a areia é apenas branca, mas, ainda assim, e mesmo sem serem evidentes os seus tons rosados, estamos na presença de uma das mais bonitas praias jamais vistas… um enquadramento perfeito de uma baía bem desenhada, o verde da colina, uma faixa de areia brilhante e um mar azul vivo que, ainda por cima, tem a água a 26º… que cenário maravilhoso.

Porém, não há bela sem senão, desde há várias décadas que ninguém se pode aproximar desta enseada, numa medida tomada pelo estado para proteger a praia dos banhistas, que costumavam levar pequenas amostras de areia. Assim, nem as embarcações mais pequenas se podem aproximar e ninguém pode nadar naquelas águas. No areal existe um único chapéu de sol, mas pertence à autoridade para a conservação da natureza que faz a supervisão da local. Há um funcionário que passa ali o dia, mas sem poder pisar a areia nem ir ao banho… imagino a vontade que ele terá de aproveitar alguns dias mais calmos para dar uns bons mergulhos... se fosse eu talvez não resistisse.

Saindo da ilha de Budelli fizemos um percurso um pouco mais longo até à ilha de Spargi, onde se encontram mais algums praias bastante bonitas.


Isola di Spargi

Trata-se de uma ilha não habitada, que é quase apenas um penhasco, em que a faixa costeira do lado Poente é totalmente constituída por rochedos e, por isso, sem qualquer interesse, mas, do lado oposto, a Nascente, tem uma costa recortada e protegida, ao longo da qual se encontram diversas enseadas, cada uma com a sua pequena praia.

Foi ao longo dessas praias que fizemos o nosso percurso, parando junto às respetivas baías, tendo voltado depois a uma delas, a Cala Granara, onde permanecemos uma hora e meia e aproveitámos as delicias desta praia.

A nossa primeira paragem foi na Cala dell'amore di Spargi... e a partir de agora as descrições destas praias serão sempre semelhantes, referindo que se trata de uma baía de águas azul-turquesa e de areia branca, por isso, só vão mudar as fotos, e nem muito, pois existem semelhanças evidentes entre todas elas.

Os barcos vão deixando turistas em cada uma das praias e, assim, podemos encontrar algumas mais desertas e outras mais concorridas, mas tem apenas a ver com o instante em que por lá passamos… minutos depois chega um barco e uma praia deserta fica subitamente cheia de gente.

A praia seguinte seria a Cala Granara, mas, como iríamos voltar para passar ali algum tempo, guardo para mais tarde.

Logo depois surge a Cala Soraya, constituída por duas pequenas praias separadas por um rochedo, e com uma duna de areia branca que acompanha a subida da colina.

Por fim chegámos àquela que é a enseada mais procurada e também a maior, a Cala Corsara, que comporta várias praias pequenas e um pontão que permite que os barcos maiores possam ancorar.

Só entrámos na baía, como fazem muitos barcos, e ficámos a apreciar a imagem das várias embarcações que ali estão fundeadas, mas também do conjunto rochoso de uma das margens da enseada e das praias que ficam na sua envolvente, como a Spiaggia di Cala Corsara.


Regressámos de novo a uma das praias por onde tínhamos passado, a Cala Granara, onde ficámos agora o tempo suficiente para usufruir da qualidade das suas águas e das suas areias brancas.

Na enseada existe um rochedo saliente onde os barcos se aproximem, permitindo a saída dos passageiros pela prancha de proa, deixando-nos num carreiro florestal que nos conduz sobre a baía, onde podemos apreciar logo a bela imagem desta praia.
A praia é bastante bonita e totalmente selvagem, no meio de uma vegetação densa, com a areia branca e a água cristalina… mesmo como nós gostamos. Até nos fez lembrar uma das nossas praias favoritas, os Galapinhos, na Arrábida, à exceção da temperatura da água, claro.

Avisaram-nos que existem famílias de javalis que costumam chegar à areia, e que são pacíficas e interagem com as pessoas sem problemas, mas para termos cuidado porque costumam tentar roubar comida… outra semelhança com a praia dos Galapinhos, onde também se veem javalis de vez em quando.

Ocupámos o nosso espaço na areia, que nem estava assim tão cheia, e lá fomos para dentro de água, que é o que se faz nas praias da Sardenha.

Ao fim de uma hora e meia de banhos voltámos ao barco onde aproveitámos, por uma última vez, a paisagem desta baía tão bonita, com uma das praias de que mais gostámos desde que chegámos à Sardenha.

O trajeto seguinte levou-nos até ao porto da cidade da Madalena, a capital do arquipélago.


Isola Maddalena

Esta é a maior ilha do arquipélago e é onde fica o seu principal porto e a sua única cidade. A cidade da Madalena é pequena e pitoresca, com um centro histórico que está localizado entre as duas principais marinas do porto, ligadas entre si pela Via Giuseppe Garibaldi.

De um dos lados do porto, onde atracam as maiores embarcações que fazem a visita às ilhas, encontramos uma rua simpática e movimentada, a Via Amendola, que continua até à maior praça da cidade, a Piazza Umberto I.

É junto a essa praça que entramos na Via Giuseppe Garibaldi, uma rua pedonal bastante animada, com muitos turistas que ali chegaram depois de um dia de visita às praias do arquipélago.

Esta rua tem uma grande concentração de lojas e restaurantes, típica das ruas sem trânsito dos centros turísticos.


Mas a Via Garibaldi tem também, nas suas transversais, alguns recantos mais tranquilos, e bastante bonitos, como estas duas escadarias floridas, por onde passámos.
     
No final desta rua chegamos à Piazza Giuseppe Garibaldi, onde se encontra o edifício da Comune di La Maddalena, a câmara municipal e, um pouco depois, entramos no Largo Giacomo Matteotti onde está a principal igreja da cidade, a Chiesa Parrocchiale di Santa Maria Maddalena.

Andando só um pouco mais e chegamos à marina da Cala Gavetta, que é sobretudo um porto de pescadores, bonito e pitoresco, com as casas coloridas que o rodeiam.
Seguimos depois pela marginal, a mesma Via Amendola onde tínhamos o barco ancorado, terminando assim este dia pelo arquipélago mais famoso da Sardenha.


Foi apenas uma breve vista de olhos sobre este arquipélago, onde gostaríamos de ter ficado mais tempo, mas as viagens são quase sempre assim, por muito que se veja, há ainda muito mais que fica por ver.

Mas este conjunto de ilhas não é facilmente visitável, pois as praias só são acessíveis de barco, o que justificava uns dias com um barco alugado, explorando devidamente todas aquelas enseadas… mas isso teria um custo de um outro patamar.

Por isso, se pensarmos bem, esta solução de uma única jornada num barco cheio de passageiros, até que nem foi nada má, e deu para passar um ótimo dia e ter uma ideia geral deste sítio cheio de coisas bonitas.


Setembro de 2024