Se escolhermos um alojamento em Cagliari e alugarmos um carro, vamos conseguir explorar algumas praias no Sul da ilha que, embora sejam menos famosas do que as praias da Costa Esmeralda, na zona Norte, não lhes ficam nada atrás, com as areias brancas e finas e a água transparente e quentinha.
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Nesta zona Sul escolhemos dois dias para ir à praia, num deles pela costa do lado Nascente, ou Sudeste, perto do município de Villasimius, e no outro, na parte mais a Sul da ilha, nas zonas de Teulada e Chia, entre os cabos Spartivento e Malfatano.
No mapa seguinte representam-se os trajetos realizados a partir de Cagliari, até às praias a Sudeste, assinaladas a roxo, e pelas praias do Sul, marcadas a cor verde:
Spiaggia di Porto Giunco
Próximo da região turística de Villasimius, a cerca de uma hora de Cagliari, seguindo sempre na estrada mais marginal, chegamos ao extremo Sudeste da Sardenha onde fica uma praia bastante extensa, e das que mais gostámos em toda a ilha, a praia de Porto Giunco.
Registei previamente no mapa as localizações do estacionamento de cada praia, pois é algo bastante relevante para o acesso às praias, saber onde deixar o carro. Neste caso, o parque estava super-bem organizado e, por 5€, podíamos estacionar durante todo o dia.
Esta praia tem a particularidade de se encontrar junto a uma lagoa, que, às vezes, permite avistar grupos de flamingos... mas não foi o caso. Os flamingos são uma espécie de símbolo não-oficial da cidade de Cagliari, pois existem várias famílias nos muitos espelhos de água que se formam na envolvente da cidade, mas aqui, no lago junto à praia de Porto Giunco, não existia nenhum.
Entre a lagoa e o mar estende-se um imenso areal de uma areia muito branca e muito fina, o que faz com que esta praia não tenha problemas de espaço para se esticar as toalhas e cravar os chapéus de sol, embora haja tendência para toda a gente se amontoar na primeira linha, quase em cima da água.
Mas é natural que todos queiram estar à beira do mar, pois estas praias valem sobretudo pelas suas águas. O mar estava bastante calmo, pois não havia vento, que é o grande inimigo de um dia de praia. Assim, num dia calminho e soalheiro, como este, a praia estava uma autêntica piscina, com as águas paradas, transparentes e quentinhas, ótima para miúdos e graúdos, aquilo que se costuma chamar, uma praia familiar… e, pelo menos para a minha família, foi mesmo mesmo assim, uma praia maravilhosa.
Nas praias da Sardenha vamos sempre encontrar zonas com bares e restaurantes, que garantem um apoio de praia, se lá quisermos almoçar ou tomar uma bebida, mas com o inconveniente de ocuparem grandes extensões de areia com espreguiçadeiras e chapéus de sol para alugar, reduzindo o espaço livre do areal.
Do lado Sul da praia existe um penhasco, no topo do qual se encontra a antiga Torre di Porto Giunco, localizada a cerca de 50 metros acima do nível do mar. É uma torre de vigia espanhola e é possível chegar até lá a pé, seguindo um caminho que serpenteia pela mata mediterrânia, e de onde se pode desfrutar das magníficas paisagens sobre o areal, mas, com o calor de um dia de praia, não esteve nos nossos planos percorrer os trilhos até lá acima, e limitámo-nos a olhar a torre à distância.
Deixámo-nos ficar nesta praia durante toda a manhã, alternando entre a água e o areal, muito mais na água, que, com os seus 26º, nos convidava a ficar até estarmos todos engelhados.
Cala di Monte Turno
Depois de um percurso de carro de 17 km encontramos uma encantadora baía de areia fofa que mergulha no mar cristalino, e que foi escolhida como a praia mais bonita de 2018 pelos especialistas do Skyscanner… vale o que vale.
O estacionamento, desta vez, tem pagamento automático, mas que aceita cartão e tem duas modalidades, se chegarmos antes das 14h, pagam-se 10€, mas nós chegámos só à tarde, e pagámos 6€.
A Cala di Monte Turno estende-se por 300 metros em forma de arco e deve o seu nome ao perfil arredondado da montanha que se destaca por detrás da baía.
A praia está localizada perto da chamada Costa Rei, no município de Castiadas, entre o rochedo de Sant'Elmo, a Norte, e a marina de San Pietro, a Sul, e é frequentemente descrita como a mais tranquila e menos movimentada praia dessa zona turística… mas não será bem assim, pois o areal encontrava-se completamente apinhado de chapéus de sol, com muitos italianos, que têm o hábito de juntar vários chapéus, altos e de grande diâmetro, formando uma espécie de tendas, onde eles passam o dia.
Por isso, nesta praia, como noutras que iriamos encontrar durante a viagem, temos sempre o areal apinhado de pessoas e chapéus, mas, felizmente, na água nunca há muita gente, o que é ótimo, porque areia temos nós muita nas nossas praias, mas água a 26º é que não passa por cá e, por isso, voltámos a estar a maior parte do tempo dentro de água.
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Esta praia tem uma paisagem particularmente sugestiva pelo contraste entre o azul-turquesa da água cristalina, o verde da vegetação envolvente e o escuro da rocha vulcânica da colina, quebrado ainda pelo branco dourado da areia fofa e fina.
Desta vez aproveitámos o bar de praia para um almoço ligeiro, que, por estarmos em Itália, mas junto ao mar, segue muito as ofertas de pasta ou de saladas com camarões e mexilhões.
Mais tarde regressámos a Cagliari seguindo por uma estrada que atravessa vários túneis, num trilho afastado da costa, mas mais rápido, quase direto até à praia do Poetto, já próximo da capital da ilha.
Spiaggia di Tuerredda
No dia seguinte saímos de Cagliari para Sul e a cerca de uma hora de carro, chegámos a Tuerredda, onde fica uma praia lindíssima, numa baía que está encaixada entre os promontórios do Cabo Spartivento e do Cabo Malfatano.
Tal como na maioria das praias da Sardenha, também esta tem uma areia branca e fina, e águas mornas em tons de azul-turquesa. Neste caso, o areal tem um formato em V, com o vértice ao centro, que avança sobre o mar, desenhando uma praia de cada um dos lados.
Como se trata de uma praia muito procurada, deve-se tentar chegar cedo ou então só ao final da tarde, para não termos dificuldades com o estacionamento, que aqui custa 10€ por todo o dia.
Esta praia é uma das mais interessantes da zona Sul, muito bonita, por estar completamente envolvida por uma densa vegetação mediterrânica, e animada, pela presença de um restaurante-bar de apoio que é uma referência, chamado de Tuerredda Beach Club, em frente do qual fica a parte do areal que forma o V.
Mas as faixas de areia que contornam as duas baías são muito estreitas e mal dão espaço para esticar as toalhas, com os italianos sempre em grupos e com vários chapéus de sol por família. Por isso, e como já vai sendo uma constante, deixamos a toalha na areia e lá vamos nós para dentro de água, que é ali que estamos bem.
Ao longo do dia, fomos fazendo umas caminhadas pelas margens das duas baías, disfrutando das imagens fantásticas que nos são oferecidas num lugar tão bonito como este.
Ao centro das duas praias, bem em frente do Tuerredda Beach Club, fica a Isola Tueredda, uma pequena ilhota qua nos faz lembrar a ilha da Anicha no Portinho da Arrábida, e onde os banhistas chegam de canoa ou de paddle, num enquadramento que é mesmo muito parecido… mas com a água com mais 10º do que na nossa Arrábida.
A praia mais distante, que fica à direita do restaurante, tem uma faixa de areia muito estreita e, por isso, tem espaço para menos gente, mas é claramente a mais bonita, nem carece de qualquer descrição, basta ver as fotografias.
À esquerda do restaurante e mais próxima de que vem do estacionamento, fica a outra praia, esta com uma faixa de areia bem maior, mas que, por isso, também acolhe muito mais gente. No final, não a achei tão bonita como a sua vizinha do lado direito, mas, ainda assim, será sempre uma praia bastante agradável.
Ficámos pela Spiaggia di Tuerredda durante toda a manhã, e saímos com alguma pena, pois tínhamos vontade de permanecer ali todo o dia, mas ainda queríamos conhecer outras praias naquela tarde. Tive logo a sensação de que esta praia seria uma das mais bonitas de toda a ilha da Sardenha e, uns dias mais tarde, haveria de confirmar essa posição no ranking.
Cala Cipolla e Spiaggia di Su Giudeu
Estas duas praias são servidas pelo mesmo parque de estacionamento, de onde saem dois trilhos, um deles plano e com um passadiço de madeira, que nos leva até à praia de Su Giudeu, e um outro por um caminho íngreme de terra, de acesso à Cala Cipolla. Como são duas praias diferentes, ambas merecem ser visitadas.
Deixámos o carro no parque que cobrava apenas 4€ depois das 16 horas, e 6€ pelo dia todo… realmente não encontrámos qualquer padrão nos estacionamentos, cada um tem as suas regras.
Começámos por percorrer os 350m que nos levaram até à Cala Cipolla, que fica para lá do promontório rochoso revestido por dunas de areia e mata mediterrânica, onde termina a praia Su Giudeu.
Trata-se de uma enseada resguardada e calma, com um areal com alguma profundidade, permitindo que os chapéus de sol não fiquem todos uns em cima dos outros, e a baía que ali se forma, é suficientemente espaçosa para acomodar todos os banhistas.
Aproveitámos para uns mergulhos prolongados nas águas desta baía, também cristalinas e quentinhas, mas muito menos atraentes do que as da praia anterior, apesar da beleza do conjunto formado pela vegetação envolvente, pelo areal e pela água do mar.
Não nos detivemos por ali muito tempo, pois queríamos experimentar uma praia diferente, e essa seria a Praia Su Giudeu, que é tida como uma das praias mais bonitas da região de Cagliari.
Esta praia é conhecida por ter um mar com ondas, algo raro aqui na ilha e, por isso, chega a atrair alguns praticantes de surf.
Mas ainda antes de chegar ao mar, encontramos uma lagoa, tal como na praia de Porto Giunco, que visitámos ontem, mas esta quase seca e cheia de sal, e também não tinha flamingos. Logo depois entramos por um areal profundo, com um espaço de sobra para chapéus de sol.
E depois atingimos o mar e lá estão as ondas, nada que dê para surfar, mas o suficiente para estarmos por ali nos mergulhos e a fazer carreirinhas, sem vontade de sair… é que estas ondas são bem distintas das nossas, são ondas quentinhas, e isso faz muita diferença.
Esta praia está bem servida de restaurantes e bares, e ainda aproveitámos para tomar um drink de final de tarde, enquanto o sol ia baixando e nos preparávamos para o regresso a Cagliari.
Estávamos a cerca de 60 km, quase uma hora de viagem até à capital da Sardenha, onde iriamos jantar e dormir, naquela que seria a nossa última noite no Sul da ilha.
No dia seguinte partiríamos para Norte, deixando para trás uma belíssima cidade e um conjunto de praias fantásticas, que são muitas vezes ignoradas pelos turistas que chegam a esta ilha apenas focados nas praias da Costa Esmeralda, que fica a Norte… mas sem saberem o que estão a perder.
Agosto de 2024