(Maio de 2002)
A Viagem:
Que melhores férias se poderão fazer do que a nossa própria lua-de-mel, uma viagem de sonho que queremos partilhar com quem escolhemos para partilhar toda a nossa vida…..e que melhor local para esse momento tão sedutor do que um paraíso na terra como o arquipélago das Maldivas.
Que melhores férias se poderão fazer do que a nossa própria lua-de-mel, uma viagem de sonho que queremos partilhar com quem escolhemos para partilhar toda a nossa vida…..e que melhor local para esse momento tão sedutor do que um paraíso na terra como o arquipélago das Maldivas.
Foi essa a nossa escolha….foi esse o palco do nosso encantamento. As Maldivas, um local paradisíaco que quisemos desfrutar neste momento tão importante da nossa vida, aproveitando tudo aquilo que este pequeno país nos podia oferecer.
Para além de ser o local ideal para namorar num cenário de lua-de-mel, esta escolha teve ainda um outro propósito. É que além de gostarmos imenso de luas-de-mel….naturalmente, gostamos também muito de praia e de mergulho e, nesse aspeto, não haverá melhor sítio no nosso planeta com praias tão maravilhosas e locais para mergulhar tão fantásticos.
Assim, partimos uns dias depois de nosso casamento a 20 de Abril de 2002, num voo da Lufthansa com escala em Frankfurt, para fazermos cerca de 10 mil km até à cidade de Malé, capital do arquipélago das Maldivas, localizado em pleno Oceano Índico, a cerca de 500 km da Índia e do Sry Lanka.
Esperávamos passar pouco mais de uma semana numa lua-de-mel de sonho, que queríamos complementar com longas horas entre as águas transparentes e quentes, pintadas de azul-turquesa, do Índico, e as areias brancas de coral que formam as várias ilhas que se agrupam nos 26 atóis que formam o país.
Mas ainda mais que isso, queríamos também aproveitar a nossa presença naquele local para fazer uma semana completa com mergulhos diários, que deram uma dimensão muito especial a esta viagem, pois não é com frequência que encontramos locais com um fundo do mar tão espetacular, e é muito rara a oportunidade de podermos fazer parte daquele ambiente inacreditável, como se andássemos literalmente à procura de Nemo…..por entre centenas de familiares da Dori.
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O País:
A República das Maldivas é um pequeno país insular localizado em pleno Oceano Índico a Sudoeste do Sri Lanka e da Índia, constituído por 26 atóis onde emergem 1196 ilhas, das quais apenas 203 são habitadas. Os atóis, onde se formam cadeias de ilhas, são compostos por recifes de corais e bancos de areia, situados no topo de uma cordilheira submarina com 960 km de comprimento, que se ergue no Oceano Índico e se dispõe de Norte para o Sul. As ilhas que formam Maldivas resultam dos ligeiros afloramentos do recife, sendo por isso o país com a mais baixa altitude em todo o mundo, com o ponto mais elevado a 2,3 m acima do nível do mar e com uma altitude média de 1,5 m.
A República das Maldivas é um pequeno país insular localizado em pleno Oceano Índico a Sudoeste do Sri Lanka e da Índia, constituído por 26 atóis onde emergem 1196 ilhas, das quais apenas 203 são habitadas. Os atóis, onde se formam cadeias de ilhas, são compostos por recifes de corais e bancos de areia, situados no topo de uma cordilheira submarina com 960 km de comprimento, que se ergue no Oceano Índico e se dispõe de Norte para o Sul. As ilhas que formam Maldivas resultam dos ligeiros afloramentos do recife, sendo por isso o país com a mais baixa altitude em todo o mundo, com o ponto mais elevado a 2,3 m acima do nível do mar e com uma altitude média de 1,5 m.
A linha do equador passa a sul do arquipélago, pelo que, naturalmente, o clima é tropical e húmido, intercalando momentos de céu limpo com um sol tórrido, com grandes chuvadas tropicais que, normalmente, nos chegam aos finais de tarde, antes do pôr-do-sol.
Historicamente o país foi colónia portuguesa (desde 1558), holandesa (desde 1654) e britânica (desde 1887). Em 1965 tornou-se independente e depois disso foi instaurada uma república.
Atualmente a população segue maioritariamente a religião islâmica, sendo o país menos populoso entre todos os países muçulmanos. É também o menor país e menos populoso de toda a Ásia.
Malé é a maior cidade e a capital das Maldivas, localizada no extremo Sudeste do Atol Kaafu, muito próxima da ilha vizinha onde se encontra o aeroporto internacional Ibrahim Nasir que recebe milhares de voos com turistas provenientes de todo o mundo. A cidade é fortemente urbanizada e tem cerca de 80 mil habitantes, o que, tendo em conta a sua pequena dimensão, a transforma numa cidade densamente povoada, ao contrário da grande maioria das restantes ilhas do arquipélago.
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Felizmente a nossa viagem aconteceu cerca de dois anos e meio antes desta catástrofe.
A maior parte das cerca de 200 ilhas que são habitadas, não têm qualquer povoação local residente, funcionando apenas como ilhas-hotel, totalmente ocupadas e geridas como resorts, muitos deles bastante luxuosos e, aproveitando a qualidade e beleza das águas, em alguns deles são construídos conjuntos de bungalows de alto luxo, em estacas de madeira cravadas sobre o mar. Existem hotéis ao longo de todo arquipélago e de todos os atóis. Os hotéis nas ilhas mais próximas de Malé permitem que as viagens de acesso se possam fazer de barco ou em pequenos hidroaviões. Os atóis mais distantes obrigam a viagens de aviões maiores até a alguns aeroportos e depois é feita a distribuição dos passageiros de barco.
O hotel escolhido por nós foi o Holiday Island Resort, na Ilha de Dhiffushi, no Atol Alifu Dhaalu (também conhecido como South Ari Atoll), localizado a cerca de 100 km para Sudoeste de Malé, representado neste mapa, com todo o arquipélago e no mapa seguinte com destaque de apenas alguns dos atóis.
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O Holiday Island fica localizado na extremidade Sul do Atol Alifu Dhaalu na Ilha de Dhiffushi, a apenas 97 km de Malé, que podem ser feitos de hidroavião, como neste caso, num aparelho da Trans Maldivan Airways, ou então em barcos rápidos, mas que se tornaria demasiado demorado.
A ilha tem cerca de 700 m de comprimento e 140 m de largura. Por entre uma vegetação tropical densa, encontra-se o complexo principal, onde fica o restaurante, rodeado por jardins integrados na vegetação. Existem também outros edifícios de uso público, como bares ou outras zonas de lazer e um cais localizado na extremidade do pier, que avança sobre o mar numa extensão 300 m.
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Aliás, a ilha é especialmente ocupada por italianos, principalmente por casais ou grupos de adultos, ao contrário de outras ilhas, com ofertas de hotel mais apelativas para grupos de famílias, por exemplo. Nesta ilha não há sequer uma piscina nem aquela animação típica de hotel, o que é ótimo. Também não se vê ninguém a praticar desportos motorizados, como as motos de água, que são tão incomodativas. O que nos pareceu é que esta ilha é frequentada sobretudo por quem procura as saídas para mergulhar.
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Não foi com o objetivo de comer muito e bem que para ali fomos, mas de facto, naquele restaurante, comia-se bastante bem e, quase sempre, muito. Os pratos eram sobretudo dentro dos paladares ocidentais, mas haviam sempre umas alternativas mais indianas, por vezes picantes, que eu nunca deixei de provar. As sobremesas eram também uma arte do chef que um dia nos recebeu com uma série de esculturas feitas em chocolate……nem sei se seriam para comer, mas impressionaram bastante.
A Praia:
A praia é a essência daquelas ilhas……posso admitir que nem todos os visitantes sejam fãs de mergulho, que é algo muito específico e que obriga a alguma técnica e destreza, mas uma pessoa que não goste de praia, tem que fazer um favor a si própria, nunca ir para as Maldivas. Digo isto, que parece quase uma evidência de La Palice, mas porque tenho ouvido vários relatos de pessoas que escolhem este destino, sobretudo em lua-de-mel, mas que depois referem que não gostam muito de praia….que a areia atrapalha muito e o sol e a água, é tudo um tremendo incómodo. E há quem diga que não saiu da piscina……que sacrilégio, meu Deus!!!! Como é que é possível alguém trocar uma piscina por um mar azul-turquesa, com 28ºC, sobre uma areia finíssima de um branco que até encandeia……que praias magníficas estas, queria poder viver ali uma eternidade.
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Passar os dias na praia é muitas vezes um tédio, há quem diga. Mas para nós não, nadávamos horas a fio, parávamos para descansar nas espreguiçadeiras, líamos mais umas páginas dos livros que nos acompanhavam, voltámos a nadar, agora noutra zona da ilha, e voltámos a parar…….e era assim….uma grande maçada…..e tudo isto nestas paisagens de sonho, e ainda por cima com as praias completamente desertas, como se tivessem sido reservadas em exclusivo para a nossa lua-de-mel.
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O arquipélago das Maldivas é um dos destinos mais desejado e sonhado entre a comunidade de mergulho, com recifes coloridos, peixes pequenos com todas as formas e cores e peixes grandes……dos mais assustadores aos mais pacíficos, e ali está tudo aquilo ao nosso alcance…..entramos naquele admirável mundo e durante os minutos (perto de uma hora) em que o oxigénio nos vai deixando respirar, sentimo-nos como se pertencêssemos àquele universo deslumbrante.
Programámos fazer vários mergulhos, embora quiséssemos também conhecer o recife de águas mais superficiais a pouco mais de 1 km da ilha, onde se podia fazer snorkeling, numa experiência quase tão interessante como nos mergulhos de profundidade que fizemos.
Tínhamos programado um total de 5 mergulhos, uns mais madrugadores e outros à tarde, mas o primeiro contacto que tivemos com este mar magnífico foi explorando o recife fazendo apenas snorkeling, isto é, nadando com máscara, respirador e barbatanas. Tínhamos chegado nessa mesma manhã e fomos até ao apoio de praia onde nos forneceram o equipamento e nos indicaram a hora em que uma embarcação nos iria deixar sobre o recife para 40 minutos de surpresas. No último momento, antes de deixarmos o barco, e convém dizer que éramos apenas nós dois e o rapazinho que ficou no barco nossa espera, ele fez uma breve explicação. Comecem por aqui, sobre o recife, que encontram corais de formas e cores diferentes, muitos peixes coloridos e moreias. Vão depois chegando ao limite do recife onde o mar passa para profundidades muito maiores, e aí começam a aparecer alguns peixes maiores…..há tartarugas e alguns tubarões!!!!!! E esse final da frase ficou a ecoar na minha cabeça, já não consegui ouvir mais nada. Mas, como não somos de fugir, lá fomos mar adentro.
O que ele disse era mesmo o que nos esperava……mas a máquina fotográfica era fraquinha (ainda não existiam câmaras GoPro) e, por isso, a ideia transmitida fica muito aquém da beleza encontrada……mas dá para perceber alguma coisa do que nos foi passando pelo espírito naquela meia hora.
Começámos a explorar o recife e fomos avançando……
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Mal tínhamos acabado de aterrar e já tínhamos a adrenalina a mil. E nessas situações raramente queremos fugir da experiência, pelo contrário, temos é vontade de repetir……e era isso que iriamos fazer nos próximos dias.
No dia seguinte dirigimo-nos ao local de apoio às atividades de mergulho, uma escola com monitores italianos com a chancela da PADI Scuba Diving.
Neste local é possível fazer um curso expedito para poder realizar o batismo de mergulho. Mas nesta ilha em concreto, pelo menos durante aquela semana, a maioria dos hóspedes que procuraram estas viagens eram já credenciados e com experiência, o que melhorou a escolha dos locais de mergulho, que está sempre dependente do nível dos mergulhadores que se conseguem juntar.
Eu e a Ana tínhamos certificados internacionais de mergulho obtidos em escolas PADI, e cadernetas de mergulho bastante carimbadas, no meu caso sobretudo devido aos mergulhos feitos na Madeira, enquanto a Ana vinha mergulhando há muito mais tempo e em vários locais.
Assim fomos integrados em grupos experientes e fizemos reservas para cinco dias, com um preço bastante relevante, de cerca de 80 € por pessoa para cada dia.
As saídas são feitas até diversos pontos de mergulho pré-identificados pela maior concertação de fauna marinha, localizados a distâncias diversas da nossa ilha, alguns próximos mas outros mais distantes, embora sempre dentro do mesmo atol.
As ilhas resultam dos afloramentos de barreiras de coral, cobertas por bancos de areia. No limite dessas barreiras formam-se desfiladeiros em coral que definem canais mais profundos entre as várias ilhas do atol. São exatamente esses canais, com profundidades diversas, que são escolhidos como locais de mergulho. Ali é possível encontrar na própria barreira de coral, em toda a sua profundidade, uma infinidade de espécies de pequenos peixes de mil cores, e logo ali ao lado, já em pleno canal, encontram-se as maiores espécies, que por ali vão circulando.
O que todos procuram são sobretudo as grandes espécies, principalmente as mantas e os tubarões baleia. Mas depois há sempre as tartarugas, os peixes napoleão e algumas espécies de tubarões, o withetip, o blacktip, o tubarão cinzento do recife e o tubarão martelo…..entre outros.
As mantas têm uma época específica para aparecerem e não é o mês de Maio, pelo que não vimos nenhuma. Também não vimos tubarões baleia nem os martelo……mas de resto vimos tudo o que tínhamos direito.
Só mais uma particularidade destes mergulhos…….como mergulhávamos nos canais que se formam entre os afloramentos das barreiras de coral, com os movimentos das marés, criavam-se correntes fortes. Assim, o barco largava-nos num determinado local e recolhia-nos a grande distância. Éramos arrastados pela corrente e assim contemplávamos aquelas maravilhas, sem sequer ser preciso bater as barbatanas, a não ser para nos aproximarmos ou afastarmos dos corais.
Quando emergíamos, já com o oxigénio a atingir a reserva, não fazíamos ideia onde estaria o barco e ficávamos a aguardar que o piloto nos avistasse…….o que criava um certo desconforto, por estarmos alguns minutos a nadar num mar que já não conseguíamos ver, e que sabíamos estar infestado de tubarões.
Para os mergulhos, propriamente ditos, já não pudemos levar a nossa câmara fotográfica, que não estava preparada para grandes profundidades, e aqui chegámos a atingir os 38 m. Assim pedimos algumas fotos que os monitores tiraram num dos mergulhos.
Qualquer mergulho começa sempre nos corais, onde gravitam pequenos peixes que aqui eram ainda mais bonitos……tal como o próprio coral, que por vezes é um espetáculo.
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Passeios de Barco:
A viagem foi feita num barco tradicional que demorou apenas 15 minutos na travessia. Cruzámo-nos com um pequeno bote, o que nos permitiu perceber a forma de pesca artesanal que ali é praticada.
Para além das várias atividades que a ilha nos oferecia e também dos vários momentos de ócio que foram sempre aproveitados da melhor forma, quisemos ainda fazer alguns passeios de barco, sem ser com o propósito de irmos mergulhar.
Escolhemos duas saídas, uma delas até à vizinha ilha de Maamigili, uma das ilhas com habitantes locais, a maioria trabalhará certamente nos resorts mais próximos, mas percebia-se que a pesca seria também uma das principais fontes de rendimento da população….que vive em condições muito parcas, embora não deva existir fome, com um mar tão rico por perto.
A viagem foi feita num barco tradicional que demorou apenas 15 minutos na travessia. Cruzámo-nos com um pequeno bote, o que nos permitiu perceber a forma de pesca artesanal que ali é praticada.
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A segunda saída de barco foi para uma pescaria ao pôr-do-sol e tivemos a oportunidade para confirmar a nossa inabilidade para esta tarefa. Toda a gente do barco ia sacando peixes e nós dois nem um peixinho….mais concretamente, pesquei apenas meio peixe, que terá sido apanhado a meio da subida por um tubarão.
Ainda assim não deixámos de participar no jantar que preparam com o peixe que tínhamos pescado…..que os outros tinham pescado, para ser mais exato. Fizeram um peixe grande, talvez um robalo, em prata sobre o carvão, mas o resultado final foi uma treta…..sem sabor nenhum, provavelmente por ser um peixe sem gordura devido às águas quentes. Fizeram ainda algum sushi e sashimi com os peixes apanhado e serviram com todos os preceitos japoneses. Entretanto, a Ana, sem se ter apercebido que tinham mudado a agulha para um ambiente japonês, viu uma tijela de wasabi e pensou que se tratava de um suculento guacamol, por isso encheu uma colher e engoliu sem hesitar. Como se pode imaginar, ia falecendo ali mesmo, e eu a ver-me viúvo em plena lua-de-mel. Porém, apesar do susto, o episódio acabou por ter um final feliz.
Uma visão do paraíso:
Refiro-me aos maravilhosos sunsets, que nos proporcionaram alguns dos momentos mais extraordinários destas férias……e que vivemos diariamente com toda a intensidade e paixão.
Enquanto caminhávamos até à zona do restaurante, ou nos preparávamos ainda para sair do bungalow, havia sempre um momento que que o céu nos presenteava com uma pintura inesquecível, e quase sempre diferente.
Era nesses momentos, em que a paisagem e o silêncio nos esmagavam, que melhor entendíamos a profundidade dos sentimentos que nos uniam e que tínhamos acabado de selar. Pelo menos é assim que eu recordo as emoções ali vividas…..apesar de terem já passado tantos anos, é como se tivesse sido ontem.
E não haverá melhor maneira de fechar a crónica desta viagem de sonho do que deixar aqui algumas dessas imagens…….ficam a faltar as emoções, porque essas são apenas nossas e não partilháveis.
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Carlos Prestes
Maio de 2002
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